Este trabalho parte da produtiva relação entre poesia e filosofia para fazer uma leitura da proposta híbrida, ao mesmo tempo poética e ensaística, do texto "Hegel poeta", em que Haroldo de Campos, além de fazer uma análise do caráter literário da linguagem hegeliana, transforma excertos do clássico Fenomenologia do Espírito em poemas. Essa perspectiva de leitura, que compreende o texto filosófico como um lugar de escrita, pode ser associada a certo entendimento do barroco como um estilo de produção/leitura que se afasta das noções de objetividade e clareza. Ao pensar essa aproximação entre a poesia haroldiana e o neobarroco, tenta-se indiciar novos vieses de discussão sobre o limiar entre as noções de poesia e ensaio na contemporaneidade.
poesia; filosofia; ensaio; barroco