Resumo
Neste ensaio propomos a noção de “modo gráfico autoficcional”; estratégia poética e narratológica empregada pela cartunista chilena Marcela Trujillo, cujo alter ego é “Maliki”, autora de Diario oscuro, e pela cartunista norte-americana Alison Bechdel, com sua graphic novel autoficcional Are You My Mother? Nossa hipótese sustenta que o objetivo por trás do uso do modo gráfico autoficcional e da exposição da intimidade familiar se constituiria como uma transgressão das normas genealógico-filiais estabelecidas entre mães e filhas, o que permitiria reinscrever o eu narrativo a partir de posições-sujeito múltiplas e cambiantes, imbuídas do desejo de “se tornar autoras”, ou seja, como pessoas que se representam enquanto criadoras das suas próprias histórias de vida, realizando com o desenho e a palavra suas próprias subjetividades encarnadas, reflexivas e críticas consigo mesmas, com ambiente e com uma matriz genealógica própria.
Palavras-chave:
narrativas de si; autoria; modo gráfico autoficcional; mães-filhas