Comprometido com um enfoque funcionalista, o trabalho analisa a expressão modalizadora pode ser como predicado encaixador de proposição (pode ser1) e como construção independente (pode ser2), em textos contemporâneos do português brasileiro, de fala e de escrita. Busca-se identificar graus de (inter)subjetividade reveladores de um processo de (inter)subjetivização, conforme proposta de Traugott (2010). Sustentam a análise parâmetros de (inter)subjetividade de elementos modalizadores indicados especialmente em Traugott e Dasher (2002) e a noção de modalidade como categoria multifuncional, que não apenas codifica atitude do falante em relação ao conteúdo modalizado, mas que também atua como estratégia pragmática, como reguladora da situação comunicativa. A pesquisa revela pode ser como uma fórmula de grande aproveitamento no jogo discursivo, um conjunto bastante solicitado, produtivo e útil nas relações interpessoais. O estudo de propriedades semânticas, discursivas e morfossintáticas indica deslizamento na operação da construção, da sintaxe (pode ser1) para o discurso (pode ser2), interpretado como próprio de (inter)subjetivização.
Modalização; Pode ser; (Inter)subjetivização; Funcionalismo