RESUMO
Este artigo visa a analisar como os professores e os falantes da Língua Portuguesa em geral avaliam estruturas morfossintáticas variáveis e qual estatuto cada uma delas recebe (estereótipo, marcador ou indicador). O corpus é constituído por uma redação corrigida por dez professores e outros dez falantes cariocas. A investigação fundamenta-se, sobretudo, nos pressupostos da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, 1972) e objetiva (i) definir o estatuto atribuído a certas estruturas morfossintáticas; (ii) verificar se essas estruturas são ou não estigmatizadas, descrevendo o que os indivíduos cultos tomam como norma-padrão e (iii) estabelecer uma relação entre o problema da avaliação e o ensino de Língua Portuguesa. A partir da análise realizada, verificou-se que, no âmbito do estabelecimento da norma-padrão, não há compatibilidade absoluta entre as escolhas dos participantes e o que se propõe usualmente como norma gramatical; em outras palavras, os participantes, professores ou não, usam, para corrigir a redação, critérios particulares em sua idealização de padrão linguístico (norma-padrão), e não apenas o que se divulga em manuais tradicionais (norma gramatical). Com base em tais resultados, o artigo propõe que, em contexto escolar, sejam consideradas as variedades cultas como ponto de partida para o estabelecimento da norma-padrão.
sociolinguística; variação morfossintática; norma; avaliação; ensino