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APAGANDO A NOTA QUE DIZ ESCRAVA: EFIGÊNIA DA SILVA, O BATISMO, O COMPADRIO, OS NOMES, AS CABEÇAS, AS CRIAS, O TRÁFICO, A ESCRAVIDÃO E A LIBERDADE (LUANDA, C. 1770-C. 1811)

Resumo:

Mediante registros de batismo da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de fins do século XVIII, o artigo analisa aspectos da escravidão urbana em Luanda. Salienta que, em um contexto marcadamente impactado pelo tráfico atlântico de cativos, o batismo e o compadrio serviram aos pais, sobretudo às mães, como profilaxia política contra a deportação por meio do comércio de cativos. O simples fato de ser batizado e de receber nome cristão diferenciava os batizados e seus genitores das milhares de cabeças e crias que não recebiam nomes cristãos no ritual do batismo, posto que eram destinadas ao tráfico atlântico de cativos. Isto significa que a hierarquia escravista se manifestou explicitamente nas formas de nomeação cristãs. Assim, não obstante suas dimensões religiosas, católicas ou não, o batismo e o compadrio (re)definiam estatutos jurídico-sociais na cidade, diferenciavam livres de forros e escravos e podiam levar à alforria. Conclui-se que o cristianismo católico, a escravidão em Luanda e o comércio atlântico de cativos estavam umbilicalmente ligados.

Palavras-chave:
Batismo; compadrio; escravidão; liberdade; Luanda

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