A produção de biocombustíveis é fortemente reconhecida em todo o mundo como uma fonte de energia renovável para reduzir a dependência do mercado instável do petróleo. Bioetanol, o principal biocombustível produzido no mundo, é largamente utilizado para a mobilidade no Brasil, e também nos EUA, mas com diferenças de sustentabilidade, porque no Brasil ele é produzido a partir de um subproduto da indústria de cana-de-açúcar, enquanto nos EUA é fabricado com culturas alimentares. Biogás e biodiesel estão crescendo rapidamente, mesmo que em um nível muito menor do que o bioetanol. A União Europeia (UE) observa este assunto com grande interesse e, há dois anos, adoptou uma ampla estratégia para reduzir em 60% as emissões de dióxido de carbono no setor de transporte, até o ano 2050. A fim de alcançar esse resultado, será necessária a transformação do atual sistema europeu de transportes. A ambiciosa meta implicará em medidas complexas, incluindo a limitação do uso de combustíveis fósseis em favor de combustíveis renováveis. Este programa abre várias possibilidades de desenvolvimento dos biocombustíveis (ou seja, biogás, bioetanol e biodiesel). Para concretizar este avanço, é preciso se desenvolver tecnologias de nova geração em fase de experimentação (principalmente para a produção de bioetanol a partir de resíduos florestais), bem como a análise da sustentabilidade econômica e social desta nova fonte de combustível. Este artigo trata da utilização de biocombustíveis nos transportes no cenário europeu e mostra que a produção de biocombustíveis pode aumentar efeitos sociais negativos relevantes, principalmente ligados ao uso da terra para culturas energéticas em vez de alimentos com efeitos sobre o preço de mercado e da escassez mundial de alimentos.
biodiesel; bioetanol; políticas europeias; mobilidade sustentável