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Museus a céu aberto como agentes de preservação e valorização do patrimônio cultural: uma análise do papel da gestão na transformação da paisagem urbana

Open-air museums as agents of preservation and enhancement of cultural heritage: an analysis of the role of management in urban landscape transformation

RESUMO

Este artigo analisa o papel dos museus a céu aberto na preservação e valorização do patrimônio cultural e sua capacidade de transformar a paisagem urbana. Essas instituições são importantes agentes de preservação da cultura e história, promovendo a identidade cultural das cidades. A metodologia envolveu consultas a documentos técnicos, pesquisa bibliográfica e documental. Os museus a céu aberto proporcionam uma experiência única aos visitantes, permitindo o contato direto com as obras em um ambiente natural. A gestão dessas instituições é essencial para garantir a preservação do patrimônio cultural e a proteção da paisagem urbana. Nesse sentido, é importante que as autoridades locais e as comunidades estejam envolvidas na gestão dessas instituições, a fim de promover a preservação e valorização do patrimônio cultural. Com isso, busca-se fornecer compreensão mais ampla do papel dos museus a céu aberto na transformação da paisagem e na promoção da identidade cultural das cidades.

PALAVRAS-CHAVE:
Museus a céu aberto; Paisagem Urbana; Patrimônio cultural; Preservação; Gestão

ABSTRACT

This article analyzes the role of open-air museums in the preservation and enhancement of cultural heritage and their capacity to transform the urban landscape. These institutions are important agents for preserving culture and history, promoting the cultural identity of cities. The methodology involved consultations of technical documents, bibliographic research, and documentary analysis. Open-air museums provide a unique experience for visitors, allowing direct contact with artworks in a natural environment. The management of these institutions is essential to ensure the preservation of cultural heritage and the protection of the urban landscape. In this regard, it is important for local authorities and communities to be involved in the management of these institutions in order to promote the preservation and enhancement of cultural heritage. Thus, the aim is to provide a broader understanding of the role of open-air museums in landscape transformation and the promotion of cultural identity in cities.

KEYWORDS:
Open-air museums; Urban landscape; Cultural heritage; Preservation; Management

INTRODUÇÃO

“Qual é o papel dos museus a céu aberto na preservação do patrimônio cultural e na transformação da paisagem urbana?” Essa é a questão central que norteia esse estudo, à medida que buscamos compreender o impacto dessas instituições culturais na morfologia urbana e no contexto geográfico em que estão inseridas.

Os museus a céu aberto são importantes elementos na transformação da paisagem urbana, preservando e expondo obras de arte em ambiente natural e amplo. Eles ajudam a contar a história da cidade e proporcionam aos visitantes uma experiência única. Esses museus são parte da morfologia urbana e contribuem para a compreensão das relações interpessoais e culturais que constituem o espaço urbano. É essencial entender a cidade como um organismo vivo em constante evolução e considerar a interação humana com os elementos naturais e artificiais que compõem essa paisagem. O estudo da morfologia urbana, que envolve a análise da forma e dos fenômenos que contribuíram para a sua origem, é fundamental para a compreensão e planejamento urbano e para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos que habitam esse espaço.

Para definir a paisagem urbana, vários autores abordam desde aspectos concretos, como edificações e características geográficas, até as relações humanas que ajudam a construí-la, tanto de forma física quanto psicológica. Embora a paisagem seja composta por elementos naturais e artificiais, o que realmente importa para sua formação é a interação humana com esses elementos, incluindo as relações interpessoais que ocorrem em ambientes urbanos específicos. Portanto, a paisagem é o resultado da combinação complexa de elementos materiais e imateriais construídos em conjunto pelo homem e o ambiente ao seu redor.

Dessa forma, entendemos que a paisagem urbana é resultado da interação humana com os elementos físicos, biológicos e antrópicos que a compõem, como aponta Bertrand, que define a paisagem como uma “combinação dinâmica, portanto instável” desses elementos.1 1 Bertrand (2004, p. 142).

No final do século XIX, o reconhecimento da importância da paisagem levou a ações significativas de preservação, que incluíram a criação de parques nacionais, reservas ambientais e museus a céu aberto. Essas iniciativas foram estabelecidas para proteger a beleza natural da paisagem, garantir a preservação da biodiversidade e preservar o patrimônio cultural e histórico.2 2 Cf. Lowenthal (1985) e Schama (1996).

A leitura das formas urbanas é polissêmica e envolve outras disciplinas, levando em conta não somente características físicas, mas também a evolução temporal da cidade, que alguns autores denominam de diacronia. Em contrapartida, sincronia é o estudo do objeto analisado no tempo presente. A morfologia urbana supõe convergência e a utilização de dados habitualmente recolhidos por disciplinas diferentes: economia, sociologia, história, geografia, arquitetura etc. a fim de explicar um fato concreto: a cidade como fenômeno físico e construído. Explicação essa que visa a compreensão total da forma urbana e de seu processo de formação.

Com imprecisão de linguagem, no calão arquitectónico, muitas vezes as palavras “morfologia” e “forma” são usadas indistintamente e sem diferenciação de significado. Importa clarificar que a morfologia urbana é a disciplina que estuda o objeto “forma urbana” nas suas características exteriores, físicas, e na sua evolução no tempo.3 3 Cf. Lamas (2011, p. 38).

É importante destacar a interação humana com os elementos naturais e artificiais que compõem essa paisagem. Nesse sentido, autores como Rossi,4 4 Rossi (1966). Lynch,5 5 Lynch (1997). Cullen6 6 Cullen (1961). e Norberg-Schulz7 7 Norberg-Schulz (1980) contribuem para o estudo da relação entre indivíduos e a cidade, abordando a percepção subjetiva que cada pessoa tem da paisagem urbana, influenciada por suas vivências e bagagem cultural.8 8 Lynch, op. cit.

Cullen,9 9 Cullen, op. cit. por exemplo, é apontado como o responsável por difundir o conceito de paisagem urbana e um método de análise que se tornou clássico nas disciplinas de urbanismo. Para ele, o próprio conceito de paisagem já tem uma intenção implícita, pois é a arte de tornar visualmente coerente e organizado o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano.

Assim, a morfologia urbana não se limita apenas à análise física e espacial da cidade, mas envolve a compreensão das relações interpessoais e culturais que a constituem. É importante entender a cidade como um organismo vivo em constante evolução, influenciado pelas mudanças sociais, políticas e econômicas que ocorrem em seu entorno.

Dittmar10 10 Dittmar (2006, p. 25). define a morfologia urbana como o estudo analítico da produção e modificação da forma urbana ao longo do tempo, abrangendo a análise do tecido urbano e seus elementos construídos, suas transformações, interrelações e os processos sociais que os geraram. Com isso, a morfologia urbana é fundamental para a compreensão das dinâmicas da cidade e sua paisagem, uma vez que esses elementos estão profundamente interligados e influenciam-se mutuamente.

Oliveira11 11 Oliveira (2018, p. 2). conceitua Morfologia Urbana como a ciência que investiga a forma física das cidades e os fatores e processos que a influenciam. Esse campo é abrangente e interdisciplinar, recebendo contribuições e abordagens diversas. Os estudos nessa área têm se voltado, em sua maioria, para duas perspectivas: uma que utiliza diferentes abordagens em um mesmo contexto geográfico, permitindo comparações; e outra que emprega um único método ou abordagem em diversas áreas urbanas.

Botechia,12 12 Botechia (2017, p. 42). por sua vez, descreve a abordagem morfológica como um conjunto consistente e coerente de conceitos, métodos e escalas aplicados ao estudo da forma física das cidades e dos processos que a moldam. Essa estrutura teórico-metodológica orienta a análise do ambiente urbano, englobando conceitos específicos, técnicas de coleta de dados, análise espacial e diferentes escalas de estudo, proporcionando base sólida para a pesquisa morfológica.

Para tanto, a gestão da paisagem urbana é um elemento crucial para a manutenção de sua qualidade e sustentabilidade. As decisões sobre a implantação de edificações e espaços públicos devem ser tomadas de forma integrada, considerando a morfologia urbana e a percepção da paisagem pelos cidadãos. A morfologia é importante pois engloba as características físicas da cidade, como disposição de edifícios e espaços públicos, ruas, praças e calçadas, e a forma como esses elementos se relacionam entre si, criando uma identidade única para cada lugar.

Assim, os museus a céu aberto podem ser vistos como uma forma de gestão da paisagem urbana, uma vez que contribuem para a preservação de elementos históricos e culturais, para a construção de novos espaços públicos e para a promoção da cultura e do turismo na cidade. A integração desses museus à morfologia urbana existente, por meio de planejamento e gestão adequados, pode criar novas oportunidades de desenvolvimento e transformação do espaço público urbano, ampliando as possibilidades de interação entre os cidadãos e a cidade.

Nesse contexto, Jan Gehl13 13 Gehl (2013, p. 63). destaca a importância de espaços públicos que promovam convivência e interação entre pessoas, tornando as cidades mais humanas e sustentáveis. Além disso, o autor ressalta que a criação de espaços públicos de qualidade pode ser uma estratégia efetiva para enfrentar problemas urbanos como o trânsito e a poluição, uma vez que estimula o uso de meios de transporte não motorizados e reduz a necessidade de deslocamentos de longa distância.

Os museus a céu aberto, ao oferecerem atividades culturais e de lazer para a população, podem contribuir para a construção desses espaços públicos e para a promoção da inclusão social. Dessa forma, é importante que a gestão de museus a céu aberto seja vista não apenas como um desafio para a conservação e preservação do patrimônio cultural e histórico, mas também como uma oportunidade para a construção de espaços públicos de qualidade e para a promoção de inclusão social e sustentabilidade urbana. Para que isso seja possível, é fundamental que esses locais sejam planejados e gerenciados de forma participativa, envolvendo a comunidade local e diferentes atores que atuam na cidade, e que sejam acessíveis a todos os segmentos da população.

Quando bem planejados e integrados à cidade, os museus a céu aberto podem trazer benefícios significativos para a paisagem urbana, como a valorização de áreas degradadas, a criação de novos espaços públicos de lazer e cultura e a preservação de elementos históricos e culturais. Além disso, experiências únicas proporcionadas por essas instituições podem atrair turistas e impulsionar o desenvolvimento econômico da região.

Porém, é importante destacar que os museus a céu aberto não são a solução definitiva para a preservação e valorização do patrimônio cultural e da paisagem urbana. Eles devem ser vistos como um complemento a outras políticas de preservação e desenvolvimento urbano, considerando necessidades e demandas da comunidade local. Além disso, a implantação desses museus deve ser realizada de forma cuidadosa e planejada, levando em conta os impactos na morfologia urbana e na percepção da paisagem pelos habitantes da cidade.

Assim, a gestão deve considerar não apenas aspectos físicos e materiais da cidade, mas também as relações humanas e culturais que ajudam a construí-la.

A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se em consultas a documentos técnicos, bem como em pesquisa bibliográfica e documental. Por meio dessas técnicas, foram levantados dados e informações relevantes para a análise das relações entre espaço urbano e cultura, bem como para a compreensão da história e evolução das paisagens urbanas.

OS MUSEUS A CÉU ABERTO

O conceito de museu como instrumento de transformação social, delineado durante a mesa redonda de Santiago do Chile em 1972, representa um marco significativo que se integra a um movimento mais amplo de mudanças ocorridas desde a década de 1960 na sociedade, no universo dos museus e do patrimônio. Scheiner,14 14 Scheiner, 2012. em seu trabalho Repensando o Museu Integral: do conceito às práticas, destaca a relevância desse momento histórico, enfatizando como lançou as bases para a chamada “nova museologia”.

A “nova museologia” propõe uma abordagem dinâmica e participativa dos museus, contrastando com práticas tradicionais centradas na mera preservação e exibição de objetos. Duarte Cândido,15 15 Duarte Cândido (2003). em Ondas do Pensamento Museológico Brasileiro, fornece uma visão abrangente das diferentes correntes de pensamento na museologia brasileira, incluindo aquelas relacionadas à “nova museologia”. Essa abordagem transformadora converte os museus em agentes de mudança que não apenas influenciam as práticas museológicas, mas também moldam a morfologia urbana das cidades.

O termo “nova museologia” remete a uma era em que as instituições culturais têm a liberdade de experimentar diferentes formatos, combinando tipologias para se tornarem mais atraentes ao público. A proposta de transformar os museus em agentes de mudança é corroborada por Rosemarie Lucas16 16 Lucas (2015). em A origem do ecomuseu nos parques naturais (traduzido em 2015 no livro Museus e Patrimônio: experiências e devires). Lucas explora como a ideia de ecomuseus, integrada a parques naturais, contribui para essa transformação, proporcionando uma experiência envolvente e participativa.

É evidente que as mudanças radicais não se limitam aos museus tradicionais, estendendo-se a centros de ciência, monumentos históricos e ecomuseus. Neste contexto de transformações, as instituições culturais enfrentam desafios e oportunidades únicas ao se adaptarem às demandas contemporâneas. A capacidade de experimentação e a busca por formatos inovadores tornam-se imperativas para garantir a relevância e a atratividade dessas instituições diante de um público em constante evolução.

Mesmo considerando o contexto da experiência cultural e patrimonial, é fundamental manter o rigor patrimonial, histórico, científico e cultural como um valor central inalienável. Isso deu origem ao conceito de “edutainment”17 17 O termo combina as palavras “educação” e “entretenimento” referindo-se a qualquer forma de entretenimento educacional com o objetivo de tornar o aprendizado agradável e divertido. , que propõe uma abordagem radicalmente diferente para as instituições patrimoniais em comparação com as exclusivamente voltadas para o mercado de lazer e tempo livre.

Assim, as instituições culturais deveriam ter a liberdade de experimentar diferentes formatos, como, por exemplo, combinar tipologias para tornar-se mais atraentes para o seu público. Mudanças radicais estão acontecendo atualmente em instituições patrimoniais, que são definidas de forma ampla. Essas mudanças estão afetando não apenas os museus tradicionais, mas também centros de ciência, monumentos históricos, parques naturais e ecomuseus.

O museu é um equipamento que tem implicações tanto físicas quanto simbólicas na produção e percepção do espaço urbano ao seu redor, assim como bibliotecas, hospitais e escolas. Sua concepção e instalação podem afetar o ambiente físico e seu significado para a comunidade.

Muitas instituições patrimoniais, independentemente de sua arquitetura, são atrações-chave que desempenham um papel importante no fortalecimento da imagem de uma cidade ou na promoção de uma região. Frequentemente, essas instituições equilibram vários objetivos diferentes, alguns dos quais ultrapassam as funções de um museu, como definido pelo Conselho Internacional de Museus.

Portanto, compreendemos que o conceito de museu, por ser evolutivo, aponta para horizontes mais amplos que podem ir além da definição dos museus tradicionais ou clássicos. É necessário repensar o museu não apenas como um edifício, mas também como um lugar.

Os debates em torno da redefinição dos conceitos de museu e de património, a reorientação da sua missão e finalidades, a renegociação das suas relações com os públicos e utilizadores, bem como uma reflexão mais profunda sobre o seu papel numa sociedade pós-industrial e pós-colonial, simultaneamente global e local, constituem apenas algumas das questões suscitadas pelos museus e pelo património na contemporaneidade. Espelhos e laboratórios do seu contexto social, os museus e locais patrimoniais devem estar atentos às principais características da sociedade do século XXI: uma sociedade plural, multivocal, fragmentada, consequência de um conjunto de factores que englobam os processos de descolonização, a criação de blocos supranacionais, o crescimento do turismo e o desenvolvimento de um sistema económico à escala global, entre outros, um contexto que proporciona uma multiplicidade de possibilidades para a sua adaptação, transformação e reimaginação.18 18 Anico (2005, p. 84).

Os modelos contemporâneos de museus exercem uma influência significativa na configuração urbana das cidades, ultrapassando as fronteiras físicas das instituições. A salvaguarda e preservação da memória e identidade de uma localidade têm o potencial de desencadear sua valorização e crescimento, catalisando investimentos e aprimorando a qualidade de vida dos habitantes locais. No entanto, é crucial considerar que, apesar dos benefícios potenciais, a ideia de resgatar uma memória prontamente recuperável não está imune a críticas contundentes entre estudiosos.

Meneses,19 19 Meneses (2006). em suas considerações sobre museus e patrimônio, destaca a substancial influência dessas entidades na morfologia urbana. A concepção de que a preservação da identidade de uma região automaticamente resulta em valorização e desenvolvimento pode negligenciar as intrincadas nuances sociais, econômicas e culturais envolvidas. O risco reside na utilização da recuperação da memória e preservação do patrimônio como ferramentas de gentrificação, excluindo as comunidades locais originais e promovendo uma visão seletiva da história que atende a determinados interesses.

Para uma compreensão mais abrangente, é imprescindível explorar as diversas camadas de significado associadas à memória e patrimônio. O papel dos museus e instituições culturais deve ser analisado para promover uma abordagem inclusiva e participativa, envolvendo as comunidades locais na construção e interpretação de suas próprias narrativas históricas. Isso pode contribuir para evitar abordagens simplistas e garantir que o resgate da memória seja uma prática enriquecedora, que respeita a diversidade de perspectivas e experiências presentes em uma região específica.

A recuperação e a preservação de edifícios históricos e monumentos também podem contribuir para aprimorar a paisagem urbana, gerando novos espaços de convivência e lazer para a população. A expansão do conceito de museu para além de sua função tradicional de preservação e apreciação de um acervo teve um impacto marcante na morfologia urbana. Ao se transformarem em agentes de transformação social, os museus passaram a influenciar na valorização e desenvolvimento de regiões e bairros, contribuindo para a construção de cidades mais equitativas e inclusivas.

Menezes20 20 Menezes (2012, p. 41). destaca a versatilidade desses museus, que se adaptam ao meio ambiente e às mudanças que ocorrem em seu entorno. Essa adaptabilidade permite que esses espaços sejam utilizados de diversas formas, como locais de lazer, turismo e educação. Além disso, os museus a céu aberto também podem servir como espaços de convivência e integração entre diferentes comunidades que habitam a cidade.

Os museus a céu aberto desempenham um papel primordial nos estudos urbanos contemporâneos, possibilitando investigar e pesquisar as dinâmicas entre território, diversidade cultural e topografia local. Estes museus constituem espaços essenciais para a preservação e disseminação da cultura e história de um povo. Ao longo do tempo, as instituições museológicas evoluíram, transitando de ambientes exclusivamente internos para a exposição em espaços externos.

Consequentemente, a modalidade de museu a céu aberto tem ganhado crescente popularidade em grandes cidades ao redor do mundo. Estes locais deixaram de ser simples abrigos de obras de arte para se transformarem em centros culturais de apelo coletivo, convertendo-se em lugares de “entretenimento de massas”. No âmbito museológico, a crítica ao “entretenimento de massas” frequentemente se relaciona à preocupação de que a busca por popularidade e acessibilidade possa comprometer a integridade e o propósito educacional das instituições culturais.

Museus que optam por estratégias de entretenimento desse tipo frequentemente buscam atrair um público mais amplo, mas podem ser acusados de sacrificar a profundidade e autenticidade das experiências oferecidas.

Arantes21 21 Arantes (2000, p. 244). afirma que a arquitetura contemporânea se apresenta cada vez mais como valor em si mesmo, como obra de arte a ser apreciada como tal, e não apenas como construção destinada a abrigar obras de arte.

Essas características fazem dos museus a céu aberto importantes instrumentos para a valorização do patrimônio cultural e histórico das cidades, assim como para a promoção da educação e da cultura junto à comunidade local e aos visitantes. Além disso, esses museus podem ser utilizados como espaços de lazer e convivência, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida urbana.

Assim, a existência de museus a céu aberto pode contribuir para uma abordagem mais ampla e integrada do patrimônio cultural das cidades, valorizando tanto o patrimônio material quanto o imaterial.

Para incentivar a participação do público nos espaços culturais, é importante considerar o programa e a tipologia dos museus modernos. De acordo com Nuno Grande,22 22 Grande (2005, p. 88). os museus deixam de ser espaços elitistas e fechados para se tornarem locais de socialização cultural, com livre acesso e concebidos com uma nova lógica curatorial.

Ao considerarmos a morfologia urbana, é importante destacar que os museus a céu aberto desempenham papel significativo na incorporação da arte e da cultura na paisagem urbana. Como afirmam Konstantios et al.,23 23 Konstantios et al. (2005, p. 11). os museus contemporâneos são organizações culturais complexas que se comunicam com a sociedade por meio de diversas ações e funções. Por isso, é crucial facilitar a tomada de decisões para que essas instituições possam concretizar seus objetivos finais e cumprir sua missão.

Os museus a céu aberto oferecem uma variedade de exposições artísticas e culturais que contribuem para o desenvolvimento econômico da instituição. Além disso, têm a responsabilidade de preservar a memória e a história da sociedade, valorizando e salvaguardando sua paisagem cultural como elemento ativo e vivo da cidade. Nesse sentido, a perspectiva sociológica oferecida pelos museus a céu aberto permite compreender as causas das transformações das paisagens culturais ao longo do tempo.

Outrossim, podem ser utilizados como um instrumento de revitalização de espaços degradados, como praças e parques urbanos, possibilitando a criação de novas rotas turísticas e culturais, assim como a criação de novos espaços para a cultura e lazer da população. Assim, apresentam-se como importante ferramenta de promoção da cultura, preservação da história e requalificação urbana, contribuindo para a criação de uma identidade estética própria e única. É importante que esses espaços sejam valorizados e preservados, para que possam continuar a exercer sua influência positiva na paisagem urbana e na vida das pessoas que a habitam.

Os museus têm sido vistos como instrumentos para aplicação de estratégias de revitalização urbana, e utilizados há décadas como elemento principal desses projetos. Essa abordagem se baseia na compreensão de que os museus possuem um público-alvo bem definido e são símbolos da cultura, o que os torna importantes para a melhoria da imagem da cidade e a atração de comércios e turistas. Investimentos em projetos culturais emblemáticos, como museus icônicos e grandes centros de arte, são estratégias comuns para a revitalização de áreas urbanas degradadas.24 24 Cf. Grodach (2008).

Esses museus podem ajudar a promover a cidade como destino turístico e cultural. Isso, por sua vez, pode ter efeito positivo na economia local, impulsionando o comércio e incentivando o investimento em projetos de desenvolvimento urbano. Muitos desses museus apresentam exposições que destacam a história e a cultura local, proporcionando aos visitantes uma visão única da cidade e de sua história.

Considerando a crescente demanda por espaços culturais e de lazer na cidade contemporânea, os museus a céu aberto têm se tornado uma opção cada vez mais popular e relevante. No entanto, para garantir a sustentabilidade desses espaços e sua contribuição efetiva para a paisagem, é crucial adotar abordagem integrada entre eles e as políticas públicas de planejamento urbano. É necessário considerar esses espaços como elementos relevantes para a construção da identidade cultural e social da cidade e integrá-los às demais políticas públicas de cultura, turismo, meio ambiente e mobilidade urbana.

Apesar disso, o impacto dos museus a céu aberto na paisagem urbana tem sido amplamente discutido por diversos autores. Arantes,25 25 Arantes (1991, p. 166). por exemplo, os descreve como “os principais culpados pela disseminação da atmosfera de uma quermesse eletrônica que envolve a vida pública reproduzida em modelo reduzido”.

Nesse sentido, seria inútil desejar o retorno de uma relação com a arte armazenada nos museus, que se tornou inviável e perdida em uma sociedade de massas. Ao contrário, a autora sugere que precisamos entender os motivos por trás da expectativa fracassada de potenciais progressistas na atenção distraída à arte, como previsto por Walter Benjamin.

De acordo com Walter Benjamin,26 26 Benjamin (2005). os museus são considerados como casas e espaços que despertam sonhos, sendo ambientes preparados e organizados para que os visitantes possam experimentar a arte.

O autor acredita que esses espaços permitem que os indivíduos se desconectem do mundo exterior e se concentrem exclusivamente na arte, o que pode desbloquear a imaginação e permitir que sonhem com possibilidades e potencialidades. Dessa forma, é possível compreender que os museus são locais importantes para a promoção da experiência artística e para o estímulo da criatividade e da imaginação.

Por conseguinte, é essencial reconhecer o potencial de museus na transformação da paisagem urbana, desde que seu planejamento e gerenciamento sejam inclusivos e conscientes, levando em consideração a diversidade cultural e as necessidades das comunidades locais. É importante evitar que a construção desses espaços resulte em processos de gentrificação e exclusão social, e, ao invés, contribua para a valorização e preservação do patrimônio cultural e histórico da cidade.

PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE URBANA: OS DESAFIOS NA GESTÃO DE MUSEUS A CÉU ABERTO

A preservação da identidade urbana emerge como um tema cada vez mais relevante diante das rápidas transformações nas cidades. Conforme ressaltado por Stuart Hall,27 27 Hall (2006). a identidade não é algo estático, mas um processo contínuo de negociação e articulação em resposta a diversas influências sociais, culturais e históricas. A noção de uma identidade única e estável é frequentemente associada a concepções de essencialismo e naturalismo. Por outro lado, Hall advoga por uma visão de identidade como um processo dinâmico de identificação.

Nesse contexto, os espaços culturais desempenham papel fundamental na preservação da identidade urbana, oferecendo ambiente propício para a expressão e a negociação de identidades coletivas. Museus, centros culturais, espaços públicos e eventos culturais são exemplos de espaços culturais que contribuem para a salvaguarda dessas identidades. Tais locais têm o potencial de preservar e disseminar a história e a cultura da cidade, promover interação social, construir senso de comunidade e celebrar a diversidade e pluralidade urbanas.

Entretanto, a gestão desses espaços enfrenta diversos desafios em um contexto de gentrificação e especulação imobiliária. A gentrificação, por exemplo, caracteriza-se pelo processo de revitalização de áreas urbanas degradadas, e ocupação por camadas mais abastadas da população, resultando em alterações significativas na dinâmica e na identidade de uma região.

Para superar tais desafios, é crucial que a gestão dos espaços culturais seja conduzida de maneira participativa e inclusiva, levando em consideração as necessidades e interesses das comunidades locais. Isso implica a participação ativa dessas comunidades no planejamento e implementação das atividades culturais, além da consideração de suas demandas em termos de conteúdos e formatos.

Ao assegurar que os espaços culturais sejam verdadeiros locais de participação e inclusão, é possível contribuir de maneira mais rica e significativa para a preservação da identidade urbana.

Nesse contexto, o gerenciamento dos espaços culturais torna-se uma tarefa complexa, pois é necessário encontrar um equilíbrio entre a preservação da identidade local e a criação de dinâmicas culturais. Além disso, a especulação imobiliária, que ocorre quando o valor dos imóveis aumenta significativamente em um curto período, pode levar à expulsão de artistas e produtores culturais que não podem mais pagar aluguéis elevados.

Outro desafio para os gestores desses espaços é a expansão urbana desordenada, que muitas vezes ocorre sem política de planejamento adequada. Nesse caso, a gestão de espaços culturais se torna ainda mais difícil, uma vez que os recursos são escassos e a demanda por serviços básicos, como saúde e educação, é grande.

Com a rápida transformação das cidades, a preservação da identidade urbana tornou-se cada vez mais importante, e a gestão adequada dos espaços culturais desempenha papel fundamental na criação e manutenção da memória coletiva das comunidades. Para garantir a relevância desses espaços para a população local, é essencial envolver a comunidade no processo de planejamento e gestão dos museus, a fim de criar espaços mais inclusivos e democráticos que atendam às necessidades e desejos da população.

No caso dos museus a céu aberto, a responsabilidade é ainda mais complexa, exigindo atenção constante à manutenção dos bens e à preservação da missão da instituição. Para enfrentar esses desafios, Martín-Barbero28 28 Martín-Barbero (1997, p. 304). destaca a importância de entender as formas de uso por parte do público, considerando lógicas presentes nas imediações e lugares que influenciam as construções que delimitam e configuram a materialidade social e a expressividade cultural. Essa abordagem permite uma compreensão mais ampla do contexto em que os museus estão inseridos e contribui para uma atuação consciente e inclusiva dessas instituições na sociedade.

Brandão29 29 Brandão (2016, p. 22). afirma que, na contemporaneidade, preservação e conservação do patrimônio cultural são cada vez mais relevantes, e os museus têm grande potencial como agentes sociais nesse processo. As coleções de museus se tornam instrumentos para a divulgação de valores educacionais, a inclusão social e a promoção de direitos humanos e liberdades individuais. No entanto, segundo a autora, o papel do Estado é crucial nesse cenário, uma vez que é necessário desenvolver ações junto a gestores de museus e responsáveis pelas coleções, que muitas vezes resistem a mudanças em que as pessoas e comunidades predominam sobre os objetos.

De acordo com Edson,30 30 Edson (2004, p. 148). quando os gestores perdem a percepção da missão do museu e concentram-se apenas em questões organizacionais, podem caminhar rumo ao fracasso da gestão. Uma boa gestão é aquela que se mantém alinhada à missão da instituição, à sustentabilidade institucional, à ética profissional, ao respeito, à lealdade, à honestidade e à dedicação. Todos os envolvidos na gestão de museus, incluindo restauradores, conservadores, pesquisadores, museólogos, assistentes e administradores de acervo, devem desempenhar suas tarefas com integridade, em conformidade com os mais rigorosos princípios éticos e os mais altos padrões de objetividade.

Luchiari31 31 Luchiari (2001, p. 12). destaca a importância de considerar o caráter dinâmico da paisagem como um patrimônio vivo e intrinsecamente ligado à transformação do meio ambiente. Nesse sentido, as estratégias de gestão museológica devem levar em conta a natureza dinâmica da paisagem e sua transformação coletiva em determinado espaço.

Entre os autores importantes que discutem a relação entre a gestão dos espaços culturais e a morfologia urbana está Kevin Lynch,32 32 Lynch (2011, p. 16-17). que em seu livro A imagem da cidade argumenta que os espaços públicos são cruciais para a identidade e coesão social de uma comunidade, e que sua gestão adequada pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos moradores.

Já Jane Jacobs,33 33 Jacobs (2000, p. 54). em seu livro Morte e vida de grandes cidades, discute a importância de espaços públicos vibrantes e bem gerenciados para a segurança e coesão social da cidade.

Assim, a gestão de espaços culturais, como museus a céu aberto, é um assunto de extrema importância para a preservação e disseminação da cultura e história de uma comunidade. A gestão adequada desses espaços envolve a coordenação de diversas atividades, desde a organização de exposições até a manutenção do espaço físico.

Diante disso, é cada vez mais importante estabelecer padrões modernos para a gestão museal, especialmente para instituições polivalentes como os museus a céu aberto. A responsabilidade de gerir tais museus é complexa, exigindo atenção à constante manutenção de bens e à preservação da missão da instituição.

A manutenção e conservação de áreas verdes e edificações históricas é fundamental para preservar o patrimônio cultural e histórico presente em museus a céu aberto. Porém, isso exige investimentos financeiros e técnicos constantes, o que pode ser um desafio para muitos gestores desses espaços.

Para Luchiari,34 34 Luchiari (2001, p. 12). é necessário considerar o caráter dinâmico da paisagem como um patrimônio vivo e intrinsecamente ligado à transformação do meio ambiente. Assim, as estratégias de gestão museológica devem levar em conta a natureza dinâmica da paisagem e sua transformação coletiva em um determinado espaço.

Outro desafio importante é a gestão do fluxo de visitantes, que pode afetar a segurança do local e a qualidade da experiência dos frequentadores. Por isso, muitos museus a céu aberto precisam desenvolver estratégias para gerenciar o fluxo de pessoas, como a limitação do número de visitantes por dia e a criação de rotas de visitação.

Além disso, a promoção de atividades educativas e culturais é essencial para garantir a preservação e difusão do patrimônio cultural presente nos museus a céu aberto. No entanto, muitas vezes isso demanda recursos financeiros e humanos adicionais, o que pode criar dificuldades para os gestores desses espaços.

A preservação da identidade urbana em museus a céu aberto apresenta uma série de desafios únicos na gestão e conservação desses espaços culturais. Museus a céu aberto, também conhecidos como museus ao ar livre, são locais que expõem elementos da cultura e história de uma comunidade ou região em um ambiente natural ou urbano, permitindo que os visitantes vivenciem um contexto histórico e cultural autêntico.

Para enfrentar os desafios relacionados à preservação da identidade urbana nesses museus, várias considerações devem ser levadas em conta. Cada desafio requer uma abordagem multifacetada e colaborativa, envolvendo as várias partes interessadas, incluindo comunidade local, especialistas em patrimônio cultural e profissionais de museus.

A gestão participativa e colaborativa desempenha papel crucial na preservação bem-sucedida de museus a céu aberto. O Quadro 1 foi desenvolvido mediante análise abrangente dos desafios identificados em museus a céu aberto, levando em consideração a literatura existente, estudos de caso e práticas recomendadas. No entanto, é imperativo prosseguir com a pesquisa e a adaptação, acompanhando a evolução do campo museológico e as demandas em constante mudança das comunidades locais.

Quadro 1
Desafios na Preservação da Identidade Urbana em Museus a Céu Aberto

Diante desses desafios, é fundamental que haja gestão participativa e integrada dos espaços culturais, envolvendo a comunidade, artistas, produtores culturais, empresas e poder público. É necessário que sejam criados mecanismos para garantir a participação da comunidade na gestão dos espaços culturais e que haja permanente interação e colaboração entre as partes interessadas.

Portanto, é fundamental que haja gestão participativa e colaborativa, que leve em consideração a missão e os objetivos do espaço, as necessidades e expectativas dos visitantes e da comunidade local e utilize de modo eficiente os recursos financeiros, humanos e informacionais, de forma a garantir sustentabilidade e sucesso a longo prazo.

O IMPACTO DOS MUSEUS A CÉU ABERTO NA MORFOLOGIA URBANA: UMA ANÁLISE DE CASOS NO BRASIL E NO EXTERIOR

Tradicionalmente, os museus estavam focados na guarda de coleções em espaços fechados, deixando a paisagem e a arquitetura como elementos secundários. No entanto, com o movimento da nova museologia, as instituições museológicas passaram a direcionar o olhar para o território e as comunidades, repensando o museu para além do edifício e das coleções.

Essa mudança de paradigma fez com que os museus se sentissem cada vez mais responsáveis pela paisagem em que estão inseridos e, consequentemente, pela sua preservação. Hoje em dia, os museus são vistos como agentes importantes na promoção do desenvolvimento sustentável, pois conseguem fomentar a conscientização sobre a importância da preservação da paisagem e do patrimônio cultural.

Assim, os museus não são mais vistos como meras instituições que guardam coleções, mas sim como entidades com papel fundamental na promoção da preservação do patrimônio cultural e da paisagem, bem como na conscientização do público sobre essas questões.

O Museu, como instância relacional, processo e instrumento semiótico, se insere naturalmente nesta teia de relações. O Museu Tradicional, ambientado em um (ou vários) espaço(s) construído(s), se relaciona, dialoga e se comunica em primeira instância com o seu entorno imediato e o seu visitante, sua primeira zona de influência. Em ambos os casos - arquitetura e museu, o primeiro espaço relacional e área de influência se encontram, portanto, na sua vizinhança, para a qual se voltam suas primeiras atenções e ações. Sua expressão se dá sob múltiplas formas e elementos influenciados pelo tempo e pelo espaço. Assim considerado, esse museu, enquanto relação e espaço, tem a responsabilidade se abrir para o seu sítio e convidar e instigar o visitante a desvendar os seus mistérios. Neste âmbito a arquitetura exerce papel fundamental.35 35 Carvalho (2016, p. 239).

A proteção e promoção da diversidade cultural e natural são desafios centrais do século XXI. Nesse sentido, os museus e coleções são meios primários pelos quais testemunhos tangíveis e intangíveis da natureza e cultura humanas são salvaguardados.36 36 ICOM (2017).

O Conselho Internacional de Museus (ICOM)37 37 ICOM - International Council of Museums. destaca a responsabilidade dos museus na preservação não apenas de suas coleções, mas também do patrimônio cultural e natural tangível e intangível que os circunda. Os museus podem assumir a responsabilidade pelo patrimônio cultural e natural e garantir sua preservação, conhecimento e comunicação.38 38 ICOM, op. cit., 2017.

A Resolução nº 1 adotada pela Assembleia Geral do ICOM39 39 ICOM (2016). em 2016 legitima as instituições museológicas a realizarem ações para além de seus muros. Os museus têm uma responsabilidade particular com a paisagem que os rodeia, urbana ou rural, e devem gerir edifícios e sítios de paisagem cultural como “museus alargados”, oferecendo maior proteção e acessibilidade a esse patrimônio em estreita relação com as comunidades.

Nos últimos anos, o conceito de museu passou por diversas transmutações, rompeu fronteiras e ganhou o título de espaço vivo que se relaciona com a paisagem, a arquitetura e com o público visitante. Assim sendo, os museus podem desempenhar um papel fundamental na proteção, conservação, comunicação e gestão das paisagens culturais, além de conscientizar a sociedade e comunidades locais, regionais e global, sobre a importância dos bens patrimoniais preservados.40 40 ICOM (2014).

Embora os estudos de Davallon et al.41 41 Davallon et al. (1992). sejam mais focados em questões ambientais e paisagísticas dos museus tradicionais, eles também podem ser aplicados na musealização de áreas naturais, como parques, sítios e paisagens. Segundo esses autores, é importante que o visitante se envolva com a natureza, observando os ecossistemas e absorvendo a multiplicidade de relações entre fauna e flora. A exposição deve permitir que o visitante evolua no tempo e no espaço, descobrindo novos pontos de vista e elementos que agreguem à visita. A museografia deve integrar o visitante à cena, fazendo com que ele ocupe um papel ativo na visita, e não apenas um espaço.

Os museus a céu aberto podem ser uma forma eficaz de promover a preservação cultural e ambiental. Ao integrar-se à paisagem, os espaços museológicos proporcionam uma experiência única aos visitantes, pois permitem uma compreensão mais ampla da relação entre arquitetura, espaços culturais e paisagem.

Durante a pesquisa, foram analisados museus de arte e museus históricos situados em ambientes naturais, tais como parques, sítios arqueológicos e paisagens culturais. A abordagem adotada por essas instituições consiste em integrar a paisagem ao acervo, de modo que os visitantes possam experimentar a relação intrínseca entre a arquitetura, os espaços culturais e a paisagem em sua totalidade. Ao permitir que obras de arte e histórias do patrimônio cultural sejam expostas ao ar livre, essas instituições se tornam parte integrante da paisagem, ao invés de um elemento separado. Nessa perspectiva, elas proporcionam aos visitantes uma visão mais ampla da relação entre os aspectos arquitetônicos, culturais e naturais.

Ao expor o patrimônio cultural e natural ao ar livre, os museus a céu aberto desempenham papel fundamental na preservação e na difusão do patrimônio, possibilitando que as comunidades locais participem dessa tarefa. Dessa maneira, essas instituições não apenas oferecem uma experiência única aos visitantes, mas também contribuem para a preservação do patrimônio cultural e natural. Por sua vez, essa abordagem demonstra a conexão entre arquitetura, paisagem e arte, que constitui a própria vida dessas instituições, com todas as suas nuances.

Os museus a céu aberto são locais dinâmicos e em constante evolução, em parte devido à sua integração com a paisagem circundante. Ao expor obras às intempéries climáticas, tanto as instituições quanto os artistas que nelas trabalham sugerem que o universo artístico é ilimitado e se estende além do alcance dos olhos. Ao incorporar a paisagem em seu acervo, esses museus oferecem aos visitantes uma compreensão ampla da relação entre arte, arquitetura e natureza. Como resultado, se tornam lugares vibrantes e em constante transformação, repletos de vida e inspiração.

No Brasil e no exterior, muitos museus são exemplos de como essa abordagem pode ser bem-sucedida. Desde museus de arte contemporânea localizados em parques urbanos até museus históricos em paisagens naturais, esses espaços proporcionam aos visitantes uma visão ampliada da relação entre cultura humana e natureza. O Quadro 2 destaca algumas características e peculiaridades de alguns museus a céu aberto, demonstrando a diversidade dessas instituições e seus impactos na paisagem urbana.

Quadro 2
Museus a céu aberto: exemplos e características em diferentes contextos urbanos e naturais

A seleção de casos mencionados, tanto no Brasil quanto no exterior, foi pautada em critérios pré-estabelecidos para garantir a relevância e a consistência dos exemplos apresentados. Alguns dos critérios considerados na escolha dos casos foram:

  • - Representatividade geográfica: museus a céu aberto localizados em diferentes regiões geográficas, abrangendo áreas urbanas e naturais diversas;

  • - Relevância histórica e cultural: museus com acervo significativo de obras de arte ou objetos históricos, bem como de importância cultural e histórica para a região em que estão inseridos;

  • - Contribuição à morfologia urbana: museus que têm impacto significativo na paisagem urbana da cidade onde estão localizados, seja pela transformação de espaços abandonados ou a criação de novos espaços públicos;

  • - Sustentabilidade e conservação ambiental: museus que adotam práticas sustentáveis e de conservação ambiental, minimizando impactos negativos na paisagem natural ao seu redor;

  • - Integração com a comunidade local: museus que interagem com a comunidade local e a forma como participam da vida cotidiana das pessoas, contribuindo para a valorização cultural e social da região;

  • - E, por último, a diversidade de acervo: museus que apresentam ampla variedade de estilos, técnicas e materiais artísticos, refletindo a diversidade da arte contemporânea e a riqueza cultural da região.

Os museus a céu aberto são exemplos concretos de como a preservação cultural e ambiental pode ser alcançada de forma eficaz, uma vez que tem a capacidade de influenciar a paisagem urbana de maneira positiva. Embora existam desafios e oportunidades específicas para cada museu, todos compartilham a habilidade de expor a tríade paisagem-arquitetura-arte com igual importância, transformando os espaços expositivos em locais onde a paisagem pode ser reconhecida, contemplada, vivenciada e formulada pelos frequentadores. Além disso, há outros componentes importantes, como história, cultura e patrimônios materiais e imateriais, que transcendem a abordagem de parque-arte, como é o caso do Museu a Céu Aberto de Paranapiacaba, premiado pelo IPHAN em 2007.

O Instituto Inhotim, localizado em Brumadinho, Minas Gerais, também é um museu a céu aberto que aborda os desafios e complexidades inerentes a este tipo de instituição. O Quadro 2 evidencia seus impactos na paisagem, destacando transformações positivas, como a revitalização de uma antiga mina de ferro, e negativas, como o aumento do fluxo turístico e a construção de infraestrutura.

As pesquisas de Anna Menezes42 42 Menezes (2012). e Luiz Carlos Borges,43 43 Borges (2015, p. 4). no entanto, sugerem que a narrativa de Inhotim vai além da dualidade apresentada. Menezes argumenta que o museu, ao se apresentar como um espaço de arte e cultura, acaba por obscurecer memórias seculares de exploração. Borges, por sua vez, sugere que a “arte” pode funcionar como um véu que encobre narrativas dolorosas e menos palatáveis.

Assim, Inhotim se revela como um espaço complexo, onde a estética contemporânea coexiste com histórias de exploração e resistência. Os dilemas éticos e culturais intrínsecos à transformação de um local histórico em um museu a céu aberto demandam gestão sensível e discussão ampla, incorporando diversas perspectivas para preservar não apenas a paisagem física, mas também as paisagens de memória que residem na comunidade local.

Por isso, ao considerar Inhotim como um bom exemplo para pensarmos sobre as disputas, contradições e apagamentos que atravessam os museus, podemos explorar criticamente os museus como espaços de poder, negociação e representação, desafiando-nos a repensar continuamente o papel e a responsabilidade desses espaços na sociedade contemporânea.

A prática de preservação de sítios históricos urbanos tem demonstrado que o tombamento é um instrumento frágil e inadequado diante das necessidades de preservação, desenvolvimento e continuidade histórica do patrimônio compreendido como paisagem cultural. Nesse sentido, é considerada essencial a multidisciplinaridade do patrimônio e a integração de vários aspectos que antes eram abordados isoladamente em conceitos como patrimônio cultural, natural, material ou imaterial.

Para tanto, é preciso unir conceitos de memória e história aos conceitos de geografia, antropologia e urbanismo, além de pressupor a ação integrada do planejamento urbano e gestão territorial com as políticas culturais, ambientais, econômicas e sociais, requerendo a participação efetiva da comunidade envolvida.

Ao integrarem-se com a paisagem, os museus a céu aberto oferecem aos visitantes uma experiência única, proporcionando compreensão mais ampla da relação entre arquitetura, espaços culturais e paisagem. Além disso, essas instituições tornam-se formas de preservar e difundir o patrimônio cultural e natural das comunidades locais, promovendo o desenvolvimento econômico e cultural dessas regiões. Portanto, os museus a céu aberto são ferramentas importantes para a promoção da preservação e valorização do patrimônio cultural e ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, foi possível realizar uma análise sobre o papel dos museus a céu aberto na preservação e valorização do patrimônio cultural urbano, assim como na promoção da identidade cultural das cidades. A metodologia empregada, que incluiu consultas a documentos técnicos, pesquisa bibliográfica e documental, permitiu evidenciar a relevância dessas instituições como agentes de preservação da cultura.

A análise efetuada neste artigo ressaltou a importância da preservação do patrimônio cultural como elemento crucial para a qualidade de vida nas cidades. Observou-se que uma gestão apropriada é essencial para assegurar a preservação e valorização do patrimônio cultural nos museus a céu aberto.

Nesse contexto, é fundamental enfatizar que a gestão desses espaços culturais deve abranger diversos aspectos, incluindo manutenção preventiva e restauração de obras de arte, promoção de atividades educativas e ações de divulgação e segurança do patrimônio e dos visitantes. A participação ativa das autoridades locais e das comunidades é crucial para uma gestão eficiente e para o desenvolvimento de estratégias voltadas à preservação e promoção do patrimônio cultural.

Além disso, os museus a céu aberto podem ter impactos positivos, como a revitalização de áreas urbanas degradadas e a melhoria da qualidade estética do ambiente urbano. No entanto, também podem acarretar impactos negativos, como descaracterização da arquitetura urbana original e aumento do turismo em áreas despreparadas para recebê-lo.

Os desafios enfrentados pelos museus a céu aberto não são apenas administrativos, mas estão intrinsecamente ligados a questões ambientais, socioeconômicas e políticas. A gestão eficaz desses locais exige equilíbrio delicado entre acessibilidade, preservação e compromisso social. Limitar o impacto ambiental, respeitar as comunidades locais e garantir a autenticidade histórica são imperativos essenciais.

Ao examinar casos específicos, como o exemplo controverso de Inhotim, percebemos que museus a céu aberto não estão imunes a disputas, contradições e dilemas. A transformação de uma antiga mina de ferro em um espaço de arte e cultura, embora tenha gerado impactos positivos, também levantou questões sobre o aumento do fluxo turístico e a possível desconsideração das histórias locais seculares.

Por isso, é essencial que a gestão desses espaços leve em consideração não apenas a preservação do patrimônio cultural, mas também o impacto na paisagem urbana e nas comunidades locais. Devem ser implementadas estratégias que visem minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos, garantindo a sustentabilidade e a valorização do patrimônio cultural e da paisagem urbana como um todo.

Por conseguinte, a sociedade deve reconhecer a relevância dessas instituições para a preservação de nossas memórias e história, bem como para a promoção de uma paisagem urbana mais rica e diversificada.

REFERÊNCIAS

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    • 2
      Cf. Lowenthal (1985) e Schama (1996SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.).
    • 3
      Cf. Lamas (2011LAMAS, José Manuel Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004., p. 38).
    • 4
      Rossi (1966ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1966.).
    • 5
      Lynch (1997LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.).
    • 6
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    • 7
      Norberg-Schulz (1980NORBERG-SCHULZ, Christian. Genius Loci: paysage, ambiance, architecture. Edition, 2. Publisher, P. Mardaga, 1981.)
    • 8
      Lynch, op. cit.
    • 9
      Cullen, op. cit.
    • 10
      Dittmar (2006DITTMAR, Adriana Cristina Corsico. Paisagem e morfologia de vazios urbanos: análise da transformação dos espaços residuais e remanescentes urbanos ferroviários em Curitiba - PR. 2006. Dissertação (Mestrado em Gestão Urbana) - Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica, Curitiba, 2006., p. 25).
    • 11
      Oliveira (2018OLIVEIRA, Vítor Manuel Araújo (ed.). Diferentes abordagens em Morfologia Urbana. Contributos luso-brasileiros. Porto: Feup, 2018., p. 2).
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    • 13
      Gehl (2013GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013., p. 63).
    • 14
      Scheiner, 2012SCHEINER, Tereza Cristina. Repensando o Museu Integral: do conceito às práticas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém: Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi, 2012..
    • 15
      Duarte Cândido (2003CÂNDIDO, Manuelina Maria Duarte. Ondas do pensamento museológico brasileiro. Lisboa: ULHT, 2003.).
    • 16
      Lucas (2015LUCAS, Rosemarie. A origem do ecomuseu nos parques naturais. In: Cândido, Manuelina Duarte; Ruoso, Carolina (orgs). Museus e Patrimônio: experiências e devires. Recife: Editora Massangana/FUNDAJ, 2015. p. 21-38.).
    • 17
      O termo combina as palavras “educação” e “entretenimento” referindo-se a qualquer forma de entretenimento educacional com o objetivo de tornar o aprendizado agradável e divertido.
    • 18
      Anico (2005ANICO, Marta. A pós-modernização da cultura: patrimônio e museus na contemporaneidade. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, v. 11, n. 23, p. 71-86, 2005., p. 84).
    • 19
      Meneses (2006MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de et al. A cidade como bem cultural: áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance da preservação do patrimônio ambiental urbano. [Debate]. Patrimônio: atualizando o debate. São Paulo: IPHAN, 2006. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3x9rMUz . Acesso em: 16 jan. 2024.
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      ).
    • 20
      Menezes (2012MENEZES, Anna Thereza do Valle Bezerra de. Arte contemporânea no museu: um estudo de caso do Instituto Inhotim. 2012. Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) - Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO e Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST/MCT, Rio de Janeiro, 2012., p. 41).
    • 21
      Arantes (2000ARANTES, Otília (2000). O lugar da arquitetura depois dos modernos. 3. ed. São Paulo: Edusp, 2000., p. 244).
    • 22
      Grande (2005GRANDE, Nuno Alberto Leite Rodrigues. Arquitectura & Não. Lisboa: Caleidoscópio, 2005., p. 88).
    • 23
      Konstantios et al. (2005KONSTANTIOS, Dimitrios; KONSTANTIOS, Nikolas; TSOMBANOGLOU, Liana. A manual for museum managers. Department of Culture and Cultural Heritage, Directorate General IV - Education, Culture and Heritage, Youth and Sport. (DGIV/CULT/STAGE). 2005., p. 11).
    • 24
      Cf. Grodach (2008).
    • 25
      Arantes (1991, p. 166).
    • 26
      Benjamin (2005BENJAMIN, Walter. Espaços que suscitam sonho, museu, pavilhões de fontes hidrominerais. Revista do Patrimônio: Museus, Antropofagia da Memória e do Patrimônio, Brasília, DF, nº 31, p. 133-147, 2005.).
    • 27
      Hall (2006HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A. 2006.).
    • 28
      Martín-Barbero (1997, p. 304).
    • 29
      Brandão (2016BRANDÃO, Inês Fialho. O que significa hoje a função social dos museus? Boletim Icom Portugal, Lisboa, v. 3, n. 7, p. 22-23, 2016., p. 22).
    • 30
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      https://bit.ly/3TZ8x8X...
      , p. 4).

    Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Ago 2024
    • Data do Fascículo
      2024

    Histórico

    • Recebido
      08 Ago 2023
    • Aceito
      15 Abr 2024
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