RESUMO
Os edifícios são colecionáveis? Houve quem colecionasse projetos, como o casal Tremaine, para quem Niemeyer e Johnson projetaram casas nunca construídas; certas exposições incorporaram protótipos arquitetônicos, como a casa que Breuer levantou no jardim do MoMA em 1949. Mas na grande maioria das vezes, as obras de arquitetura entram nos museus e na historiografia através de algo que as representa. Essas representações - fotografias, desenhos - geralmente compõem catálogos que, de certa maneira, desfrutam de uma vida independente das exposições que os originaram e superam-nas em longevidade. Latin American Architecture since 1945, catálogo decorrente da exposição homônima organizada por Henry-Russell Hitchcock para o MoMA em 1955, é hoje amplamente reconhecido como peça fundamental na construção historiográfica da arquitetura moderna latino-americana, bem como o Brazil Builds de Philip Goodwin (1943)GOODWIN, Philip Lippincott; SMITH, G. E. Kidder. Brazil builds: architecture new and old, 1652-1942. New York: The Museum of Modern Art , 1943.. Os catálogos de arquitetura são produtos bibliográficos onde as imagens têm papel preponderante sobre os textos. Entram na categoria da coleção de figuras ou do álbum fotográfico. Contudo, não obstante a prioridade da imagem sobre a palavra, o catálogo constitui, também, uma narrativa. O objetivo deste texto é interrogar a condição narrativa própria do catálogo como coleção de arquitetura, como álbum fotográfico, em suas correlações com os métodos da historiografia e com a formação do conceito de arquitetura moderna, através de Latin American Architecture since 1945.
PALAVRAS-CHAVE:
Coleção; Narrativa; Arquitetura moderna; América Latina