RESUMO
O texto analisa as narrativas turísticas como práticas de memória, discutindo sua relevância no reconhecimento do papel dos negros escravizados na construção social de cidades históricas brasileiras e seus patrimônios. O estudo se concentra no Vale Histórico, localizado entre Rio de Janeiro e São Paulo, cuja história esteve marcada pela lavoura cafeeira e pela presença maciça de escravizados africanos e seus descendentes no século XIX. A partir da análise de visitas oferecidas em fazendas cafeeiras convertidas para uso turístico, observa-se como a instituição da escravidão, a presença e a individualidade dos escravizados são minimizadas ou invisibilizadas nestes programas turísticos, não obstante a extensão, a produtividade e o contingente de negros escravizados tenham sido enormes nessa região. O trabalho é um recorte dos resultados da pesquisa Turismo, Patrimônio e Desenvolvimento Social no Vale Histórico Paulista, desenvolvida na Universidade de São Paulo e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).3 3 Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelos recursos que financiaram o projeto "Turismo, patrimônio e desenvolvimento social no vale histórico paulista", desenvolvido no vale histórico entre 2016 e 2021, associando ações de pesquisa, ensino e extensão. Uma síntese dos resultados obtidos pode ser conferida no e-book Turismo no vale histórico paulista: debatendo experiências integradas de ensino, pesquisa e extensão.
PALAVRAS-CHAVE:
Narrativas turísticas; Escravidão; Negros; Memória; Representação