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Religiosidade e suas manifestações no espaço urbano de Salvador1 1. Boa parte do conteúdo deste artigo já foi publicada em outros trabalhos, normalmente, limitados a um número diminuto de páginas. Algumas informações, inclusive, chegaram a ser incorporadas, por pessoa desconhecida, numa enciclopédia eletrônica. Contudo, o principal motivo para sua publicação, nesta versão, está ligado à deficiência de circulação de trabalhos acadêmicos, não só entre Portugal e Brasil, mas, sobretudo, entre os próprios estados brasileiros.

O Brasil foi descoberto e ocupado sob a égide do cristianismo, reforçado pelo movimento da Contrarreforma Católica. Promovida pela Igreja Católica Apostólica Romana, opunha-se à Reforma Protestante, reafirmava o uso das imagens e ditava uma série de normas a serem seguidas pelos fiéis, expressas nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, de 1707. A Contrarreforma enfatizou a importância das manifestações públicas de fé, a maior participação da população nas coisas da Igreja. As procissões foram o exemplo típico dessas manifestações, promovidas, especialmente, pelas Irmandades e/ou ordens terceiras leigas. Nas procissões, ou cenários públicos de fé, as imagens das figuras santas e festas barrocas tiveram um papel primordial. Dentre elas, se resgatou um uso medieval das marionetes - acrescido da dramaticidade tirada do teatro de ópera -, transformadas em imagens de roca e de vestir. Estas constituíram, sobretudo no século XVIII, instrumentos eficientes para despertar a fé de leigos e religiosos. As ruas e praças - do antigo centro histórico da cidade do Salvador - serviram de grande cenário, no qual evoluía a maior parte das procissões. Destacavam-se as procissões dos Mistérios da Paixão, de Corpus Christi ou cenas correlatas, em datas fixas ou móveis, ao lado da multiplicação das representações da Santíssima Trindade, especialmente a cruz ou o Cristo Crucificado.

Salvador/BA; Procissões; Imagens de roca e de vestir; Barroco; Espaço urbano


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