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Revisitando a trajetória histórica do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” do Jardim Botânico de São Paulo

Revisiting the Historical Trajectory of the “Dr. João Barbosa Rodrigues” Botanical Museum at the São Paulo Botanical Garden

RESUMO

Este trabalho faz uma incursão sobre o Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues”, um espaço de memória localizado no Jardim Botânico de São Paulo, e dialoga sobre suas origens históricas e transformações materiais, institucionais e contextuais até os dias atuais. Tal espaço teve seus avanços, recuos, desafios e potencialidades como pequeno museu de história natural. Passou por três reformulações de estruturas físicas externas e internas, aos poucos modernizando seu conceito museal, sem deixar sua identidade de museu de discurso unitário voltado à botânica. O museu reabriu no início de 2020 e tem estado atualmente em uma fronteira sutil estabelecida pelo público-privado em função da concessão de operação do Jardim Botânico de São Paulo à iniciativa privada, permanecendo ainda sob controle público. Vê-se nesse museu renovado sua contribuição como espaço de responsabilidade social de significações e funções que proporcionam o imagético por meio de seus espaços de memória relacionados às preocupações de seu idealizador, o botânico Frederico Carlos Hoehne. Em seus 82 anos de existência, o museu evoluiu de um espaço neutro para um ambiente de engajamento na conservação da natureza e nas questões ambientais contemporâneas. Sua exposição agora contextualiza esses temas, tornando-o um museu narrativo que responde aos desafios locais em constante mudança. Sua função pedagógica é essencial em uma sociedade inclusiva e equitativa, promovendo o ensino e a aprendizagem. O museu se apresenta como um espaço atual, indo além das tradicionais funções de preservação, conservação e pesquisa, servindo a sociedade por meio de iniciativas educacionais sobre botânica, conservação da natureza e sustentabilidade ambiental.

PALAVRAS-CHAVE:
Pequenos museus; História natural; Exposição botânica; Sociedade inclusiva; Equidade social

ABSTRACT

This study delves into the historical journey of the “Dr. João Barbosa Rodrigues” Botanical Museum, a space of memory located within the São Paulo Botanical Garden. It discusses its historical origins and material, institutional, and contextual transformations up to the present day. This space has seen advancements, setbacks, challenges, and potentialities as a small museum of natural history. It has undergone three reconfigurations of its physical and internal structures, gradually modernizing its museum concept while retaining its identity as a museum with a unified focus on botany. It reopened in early 2020 and is currently operating within a subtle boundary established between the public and private sectors due to the concession of the São Paulo Botanical Garden’ operation to private initiatives, although it remains under public control. In this renewed museum, one can observe its contribution as a space of social responsibility, imbued with meanings and functions that evoke imagery by its memory spaces related to the concerns of its founder, the botanist Frederico Carlos Hoehne. Over its 80 years of existence, this museum has evolved from a neutral space to one engaged in the conservation of nature and contemporary environmental issues. Its exhibition now contextualizes these themes, becoming a narrative museum that responds to everchanging local challenges. Its pedagogical role is vital in an inclusive and equitable society, promoting education and learning. The museum constitutes a contemporary space, transcending its traditional functions of preservation, conservation, and research, serving society by educational initiatives on botany, nature conservation, and environmental sustainability.

KEYWORDS:
Small museums; Natural history; Botanical exhibition; Inclusive society; Social equity

INTRODUÇÃO

Através de experiências rememoradas pela articulação de imagens a lugares e espaços, é possível vincular pessoas e seu ambiente de socialização àquilo que outrora foi vivido e aprendido por cada um deles, e ao que também se associou ao compartilhamento coletivo. O avivamento de memória pode ser praticado por meio do museu como teatro da memória.1 1 Cf. Meneses (1994). Essa concepção abarca as transformações do museu ao longo do tempo como sendo uma maneira de assegurar a ação de rememorar2 2 Cf. Hooper-Greenhill (1994). que, por sua vez, oferece na essência do theatrum memoriae, um museu com concepção de coleções especialmente capazes de documentar e rememorar com inerente qualidade de significação às pessoas. O teatro de memória refere-se ao lembrar e salvaguardar informações significativas e, em seu conceito, estão os museus como ambientes interativos à criação e partilha de histórias e culturas ao invés de apenas repositórios de objetos.3 3 Cf. Salazar (2020). Nesse escopo, os museus são lugares de memória cujas organizações não são espontâneas; pelo contrário, são espaços construídos com intenções que refletem os interesses e visões do mundo daqueles que os criaram.4 4 Cf. Gonçalves (2015); Soares (2023). Os museus têm papel fundamental na preservação e divulgação da memória coletiva da humanidade. Na atualidade, são como um theatrum memoriae moderno, em que objetos, narrativas e conteúdos são cuidadosamente escolhidos e exibidos para representar e simbolizar diversos períodos históricos, vidas individuais e práticas culturais, sociais e artísticas.

De um ponto de vista cognitivo, o relembrar, a partir do construtivismo como linha de pensamento relacionada à aquisição de conhecimento e como forma de linguagem, permite ao sujeito evocar objetos e acontecimentos outrora ausentes5 5 Cf. Dias (2010). ou até mesmo esquecidos. Isso leva, de certa forma, à ideia de que avivar a memória denota que as lembranças nem sempre são completas e acabadas, mas são passíveis de serem resgatadas, complementadas, interpretadas de distintas maneiras e até mesmo reconstruídas. Nesse contexto de rememoração, o museu de história como teatro da memória pode ser um artifício mais eficiente do que a escrita e outros sistemas intermediados de registro, em função de possuir uma matriz sensorial facilitadora ao rememorar. Ao levar em consideração que o museu possui, ao menos, suas camadas de “observação” (um sinal de curiosidade), “movimento” (caminhada multitarefa + visão), “cenário” (se mover em relação ao acervo e paredes que o cercam) e “encontro” (resposta emocional), têm-se incorporado nesse espaço dimensões humanas em vários níveis de consciência, como “percepção” (emoção e razão), “envolvimento” (sensação, imagem e ideia) e “memória” (sistematização das ideias e imagens e suas relações).6 6 Cf. Rússio (1981). Além disso, a partir do relembrar, do ordenamento, do registro, da interpretação e da síntese cognitiva proporcionados pela apresentação visual, o museu de história afirma-se como verdadeiro e autêntico espaço de impacto pedagógico e contribuinte à produção do conhecimento histórico.7 7 Cf. Meneses (1994).

Os museus de história são locais nos quais as pessoas aprendem sobre o passado e debatem e desenvolvem ideias preexistentes sobre a história, muitas vezes baseadas em experiências extracurriculares da escola, histórias de familiares ou visitas a museus dessa temática. O fato é que as pessoas, ao visitarem o museu de história, naquele momento, estão procurando se conectar ao passado, estabelecer vínculos sociais, reminiscências, relaxamento e muito mais, o que sugere um papel mais afetivo desse tipo de museu com seu público. Nesse sentido, o espaço museal na atualidade está cada vez mais se transfigurando em um espaço afetivo que conta com a frequência de seus visitantes, proporcionando a construção de conhecimento compartilhado por meio de um exercício de reflexão coletiva e de desestabilização do imaginário, exercitando o relembrar. Tem sido instituída cada vez mais a ideia de envolver os visitantes na agenda dos museus de história,8 8 Cf. Poulot (2007). em função de serem locais nos quais cada vez mais pessoas se encontram, debatem e discutem os acervos e, de forma simultânea, estabelecem relações sociais. Ainda, os museus de história se beneficiam de uma imagem renovada perante a sociedade como fruto de sua construção, estando de forma presente e sendo muito mais um museu da atualidade do que um museu de história no sentido tradicional do termo.8

Essas primeiras impressões denotam que o museu procura atender a função do ser humano como indivíduo e ser social, atraindo para seu interior novos e diferentes públicos e buscando atuar como espaço reflexivo e memorável na vida das pessoas. Portanto, o cenário museal deve ser um espaço socialmente comum, o que tem sido evidenciado nos últimos tempos com o distanciamento institucional de seu caráter elitista pretérito, caráter este que prevaleceu por muito tempo e favorecia a educação e o conhecimento de parte minoritária da sociedade, desatendendo à cultura e à memória da maioria da população. Nesse sentido, ainda vale comentar que persistem grandes museus que ainda mantém em suas narrativas mestras o elitismo organizado por sociedades historicamente bem abastadas que, desde o início, apoiaram a construção e a manutenção de suas coleções museais. O que tem ocorrido é que, com o passar do tempo, essas instituições se tornaram reféns da dependência financeira elitista quase perpétua ao longo de sua existência. Esses museus tradicionalmente ainda não se posicionam quanto a tendência, cada vez maior, da inclusão social nos espaços museais, em função de, ao menos, persistirem quatro amarras do elitismo: quem os administra; quais são seus conteúdos; a forma como foram e ainda são executados; e, principalmente, para quais narrativas e para quem elas foram executadas. Contudo, quando o museu se dispõe ao combate da exclusão social e acena para uma sociedade mais equitativa, já sabe que está sendo advertido e, talvez, seja o momento de repensar e assumir que não está sendo suficiente à sociedade que, por meio da história, o constrói e o mantém.

Em contrapartida, no trajeto inverso de muitos dos grandes museus - que, no caso do Brasil, podem ser exemplificados por aqueles que são os museus nacionais, como o Museu Paraense de 1911, o Museu Paulista de 1893 e o Museu Nacional de 1818 -, estão os pequenos museus de história, instituições ora com acervos matizados, ora monocrômicos, contudo, com valores sociais, culturais e históricos importantes, que não repelem àqueles pouco abonados; pelo contrário, ao remeterem sua identidade local, fortalecem o sentimento de pertencimento na construção de uma memória coletiva. Nesse contexto, podem ser citados aqueles museus que exercem seu papel de theatrum memoriae significativo na preservação e celebração das tradições culturais e históricas locais das comunidades. Como exemplo, há os museus étnicos de Chicago, como o Hellenic Museum and Cultural Center, o Chinese American Museum of Chicago, o National Museum of Mexican Fine Art, o National Italian American Sports Hall of Fame e o Swedish American Museum/Children’s Museum of Immigration. Também se cita alguns representantes desses museus na cidade de São Paulo, os quais surgiram de uma variedade de iniciativas, muitas vezes impulsionadas pela dedicação de indivíduos e comunidades locais. Exemplos são o Museu da Pessoa, o Museu do Futebol, o Museu da Polícia Civil, o Museu do Transporte Público “Gaetano Ferolla” e o Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues”. Todos esses pequenos museus são espaços que, diferentemente dos grandes museus, são especializados em áreas específicas da cultura, arte, história ou ciência, oferecendo uma experiência mais intimista e focada para os visitantes. Os pequenos museus propiciam um espaço público para celebrar a cultura dos grupos que representam, com a maioria de suas declarações de missão afirmando que irão celebrar não apenas as culturas nacionais dos grupos envolvidos, mas também sua história, com o propósito de documentar e expor as contribuições, experiências e tradições culturais, sendo, portanto, pequenos guardiões da herança cultural de seus grupos representados.9 9 Cf. Pacyga (2009).

Os pequenos museus desempenham um papel fundamental de rememorar a identidade local por meio de seus pequenos acervos que contém narrativas ou histórias que os tornam museus inclusivos locais, em constante luta para se manterem abertos ao público em geral. São instituições que não recebem atenção, histórias de eventos sociais exclusivos e exposições de destaque, mas estão cada vez mais atentas aos apelos inclusivos da sociedade; logo, contribuintes à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e para uma mudança social mais ampla e sem preconceitos. Pequenos museus permitem vislumbrar de forma mais prática mecanismos de acesso a seus visitantes, como a isenção de taxa de admissão, sendo talvez essa uma iniciativa social inclusiva, pois garante que cada pessoa se sinta parte do museu e compartilhe essa sua perspectiva. São museus que deliberadamente procuram atrair a população comum, de tal maneira que a inclusão social preenche a enorme lacuna da oferta de museus com algo como “damos valor à sua história e queremos que você venha ao museu”10 10 Cf. Fleming (2002, p. 25). .

Nesse contexto da representação de pequenos espaços museais, os museus de história representam pilares da preservação e divulgação da memória coletiva de uma sociedade, pois, além de resguardarem artefatos e documentos históricos, essas instituições desempenham um papel essencial na educação, conscientização e inclusão social, ao oferecerem oportunidades de aprendizado enriquecedoras e representarem de forma fiel a diversidade cultural e social de uma comunidade. Por meio de suas exposições e programas educacionais, os pequenos museus inspiram a criatividade, promovem o orgulho cívico e fortalecem os laços sociais dentro da comunidade, contribuindo assim para o enriquecimento cultural e desenvolvimento social sustentável.

Agora e cada vez mais, os museus de história apostam em sua competência cognitiva, análise crítica e compreensões do passado contextualizado no presente com vistas à complexidade global das questões sociais, políticas e ambientais, tornando-se, portanto, instituições reconhecidas, na medida que passam a exercer suas funções sociais, culturais, educativas e afetivas voltadas de fato à maioria da sociedade. O museu, assim como a sociedade que agora o busca, está em constante transformação que acompanha novos desafios, transfigurando-se em um museu mais reflexivo que se autoavalia para se elaborar e ser capaz de atender seu compromisso de construção cultural com a comunidade.11 11 Cf. Oliveira (2013). De fato, museus que praticam uma política de avaliação e autoavaliação12 12 Cf. Falk e Dierking (2000) e Oliveira, op. cit. têm clara a necessidade de cumprimento de critérios fundamentais, como ser atração com significação a diferentes públicos e ser local de interação social que corresponda aos desafios de proporcionar experiências e oportunidades ao conhecer e aprender. Nesse sentido, o museu pode ir muito além das funções de preservar, conservar, expor e pesquisar, sendo instituição servidora à sociedade sem exceções e que busca, por meio da prática pedagógica de uma educação atual, tornar-se elemento vivo na dinâmica sociocultural de uma sociedade.13 13 Cf. Sandell (2007).

Tem sido uma constante dos museus o empenho na reavaliação de suas coleções e histórias com significações contemporâneas. Somado a isso, os desafios colocados pela internet e tecnologias associadas têm compelido para uma evolução que acompanhe as transformações sociais. Assim como diversos museus, os museus de história, independente do porte, devem também procurar cada vez mais se destacar na transposição de suas fronteiras físicas atuais de acesso a seus bens culturais, buscando maneiras que permitam que um número maior de pessoas tenha contato com a grande diversidade de acervos que possuem. Talvez esse seja um caminho para destacar a participação dos museus de história na produção do conhecimento histórico em uma escala de alcance muito além de seu espaço físico museal, o que vai de encontro às discussões a respeito da exposição museológica e o conhecimento histórico. De acordo com Meneses,14 14 Meneses, op. cit. considera-se necessário que os museus históricos operem em um viés de democratização do acesso à cultura, viabilizando múltiplas possibilidades a seus visitantes, ou seja, o acesso ao conhecimento histórico contido nesses espaços, o que tem sido, segundo o autor, um tema importante, mas ainda marginalizado nas discussões museológicas.

As proposições apresentadas conduzem ao diálogo de que os museus, independentemente de porte e concepção, devem continuamente refletir a respeito de suas missões, o que abarca a ideia de definir ou até mesmo redefinir, em algum momento, sua vocação institucional, suas coleções e a permanência de acervos, entre outros aspectos, que garantam a credibilidade e o reconhecimento perante a sociedade.15 15 Cf. Trindade (2010). Isso conduz à ponderação de algumas questões fundamentais relativas à missão dos museus16 16 Cf. Cogan (2012). a partir de questionamentos que abrangem a autoavaliação e o cumprimento de finalidades, valores, metas, funções e alcance social dessas instituições: Para que existem? Em que se acreditam? O que querem alcançar? O que fazem? Para quem são feitos?

OBJETIVO

Após um breve exame das práticas promovidas pelos museus, comentando sobre pequenos museus que muitas vezes passam despercebidos na sombra dos grandes museus, este trabalho revisita os discursos e práticas associados ao Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” do Jardim Botânico de São Paulo, dialogando sobre suas origens históricas e transformações materiais, institucionais e contextuais, desde sua fundação até os dias atuais. O objetivo foi comparar diferentes momentos do museu e perceber, em um percurso temporal, seus avanços, recuos, desafios e potencialidades como pequeno museu de história natural e de discurso unitário voltado à botânica.

FUNDAMENTAÇÃO

Os museus botânicos são diferentes de outros tipos de museus, além de diferirem entre si. Cada um está vinculado a suas próprias perspectivas disciplinares ou de campo, muitas vezes deslocados do nicho tradicional de outros tipos de museus. Contudo, seus acervos botânicos guardam significativo patrimônio científico, natural e cultural e, graças a seus atributos, alguns deles poderiam facilmente ser considerados não apenas espaços de identidade singular, como também museus que, ao longo do tempo - e assim como outros -, estão ligados à essência do theatrum memoriae por terem potencial de avivar a memória, a partir da seleção mental do relembrar, ordenamento, registro, interpretação e síntese cognitiva proporcionada pela apresentação visual. Nesse tipo de museu, nem sempre o acervo será o cerne, com suas exposições e atividades comunitárias educativas sendo os artifícios de interesse ao estímulo cognitivo, ensino e aprendizagem de seus visitantes.

Método de pesquisa

Com o objetivo de explorar como os museus evocam memórias através da interação com seu espaço e coleções, foi realizada uma revisão bibliográfica que também pudesse oferecer uma fundação consistente de conhecimento sobre o Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” e seu contexto histórico. Adicionalmente, foi feita uma pesquisa documental de jornais digitais da Hemeroteca Nacional Digital para identificar e categorizar textos relacionados ao museu que valorizassem sua narrativa histórica. Também foram realizadas visitas ocasionais ao museu para análise detalhada do espaço atual, observando as exposições permanentes e a estrutura física disponível para interação do público. O museu também foi documentado visualmente por meio de fotografias para garantir uma documentação abrangente e independente. Esta abordagem metodológica proporcionou uma investigação científica e clara da história do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues”.

O Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” do Jardim Botânico de São Paulo

O Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” foi idealizado por Frederico Carlos Hoehne (1882-1959), diretor do Jardim Botânico de São Paulo. Teve seu início de construção em 1940, finalizada em 1941, e foi inaugurado em 15 de março de 1942, mesmo ano do centenário do naturalista brasileiro João Barbosa Rodrigues.

O prédio é construído em formato de cruz, tem estrutura compacta e é composto por cinco salas separadas, resultando em uma área total de 150 m2 (Figura 1). No que diz respeito a sua arquitetura, apresenta uma estética temática, estando externamente adornado por placas de terracota que ilustram exemplares da flora brasileira (Bauhinia sp., Tibouchina sp., Heliconia sp., Cattleya sp., Micrasteria sp. e Pteris sp.) segundo detalhes de Hoehne,17 17 Hoehne (1925, p. 76-78). enquanto as paredes internas foram estrategicamente construídas para a disposição de vitrines,18 18 Cf. Hoehne et al. (1941). semelhantes àquelas do Museu Paulista, para expor inicialmente coleções de exsicatas botânicas. Essa estrutura física proporciona um ambiente fortuito para exposição e contemplação de elementos da botânica e disposição de informações atuais sobre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, além de complementar as atividades educativas e de pesquisa desenvolvidas no jardim botânico.

Figura 1
Planta baixa do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” e imagens internas de suas cinco salas.

A decisão de atribuir o nome de Barbosa Rodrigues ao museu tem como base testemunhos que se relacionam, como diversos estudos taxonômicos botânicos publicados em periódicos científicos como a Revista Rodriguésia. Em um dos estudos, destacam-se debates entre botânicos como Barbosa Rodrigues e Adolpho Ducke na classificação e identidade de Operculina violacea e Maripa passifloroides, com Ducke propondo um novo nome para a espécie. Nesse contexto, está também a figura de Hoehne, que discorda dessa interpretação enquanto Ducke defende a validade das descrições botânicas feitas por Barbosa Rodrigues. Esse cenário de defesa da validade das descrições taxonômicas evidencia as intrincadas discussões entre botânicos daquela época, sublinhando sua importância no avanço da taxonomia e o reconhecimento do legado de figuras como Barbosa Rodrigues para a botânica. Além disso, o fato de Barbosa Rodrigues ser reconhecido postumamente como diretor do Museu Nacional sugere seu papel duradouro na botânica e na própria instituição, somando-se, portanto, a argumentos que justificam a atribuição, por parte de Hoehne, de seu nome ao museu do Jardim Botânico de São Paulo. Pode-se dizer que a escolha do nome do museu e a experiência de Hoehne como botânico foram fatores fundamentais a serem considerados na compreensão do contexto histórico e institucional do museu.

Denominado simplesmente como “museu botânico” neste ensaio (Figura 2), foi um espaço concebido com objetivo de completar a educação dos visitantes do Jardim Botânico de São Paulo e estimular o interesse pela pesquisa em botânica. Hoehne sempre se demonstrou interessado em despertar o interesse do público quanto a vegetação, valorização da flora e apreciação estética do natural, abordando inclusive, já naquela época, temas como proteção e conservação da natureza.19 19 Cf. Franco e Drummond (2007). Já em 1938, com a inauguração do Jardim Botânico de São Paulo, Hoehne explanava sobre a importância dessa instituição à “educação e instrução do povo”20 20 Hoehne et al. (1941, p. 13). .

Figura 2
Iconografia do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues”.

Desde a ideia inicial do Jardim Botânico de São Paulo em 1928, um número significativo de pessoas já havia passado por esse espaço verde urbano em visita ao “Orquidário do Estado” e, durante os primeiros anos de funcionamento do museu botânico, o público era atraído principalmente pelas divulgações jornalísticas da época (Figura 3), o que mostra nexo com a ideia mais recente de envolver os visitantes na agenda dos museus de história.

Figura 3
Exemplo de um dos textos jornalísticos informativos sobre a inauguração do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” do Jardim Botânico de São Paulo. Fonte: Jornal Correio Paulistano (1942).

Os vínculos históricos entre o Jardim Botânico de São Paulo e o local em que foi instalado, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, foram determinantes para o propósito do estabelecimento do museu botânico e seu acervo. A coleção viva, com representantes vegetais da flora tropical, visava apoiar o processo educacional da nova instituição, que até o momento contava com apenas quatorze anos de existência. Isso se denota em um folheto de divulgação do Instituto de Botânica (Figura 4), sem data de publicação, em que consta a descrição de suas seções técnicas, dentre elas, a do interior do novo museu botânico:

“[…] ao fundo da avenida onde os veículos estacionam, está o MUSEU BOTÂNICO “DR. JOÃO BARBOSA RODRIGUES” (ft. 3). Nos mostruários desse museu, quase na totalidade de exsicatas, representando, na suposta ordem da evolução, segundo o Sistema de Engler, a escala de desenvolvimentos dos órgãos vegetativos e prolíficos dos sêres vegetais, obedecendo ao respectivo agrupamento em divisões, classes, famílias, gêneros e espécies, ou seja, de acordo com a ordem sistemática (ft. 4). Há também fotografias e quadros mostrando aspectos da nossa vegetação em seus múltiplos ambientes, assim como armários e mesas nas quais estão expostos corpos vegetais em meio líquido, madeiras, órgãos frutificativos, extratos e matérias primas, assim como publicações editadas pelo Instituto. Sôbre os armários do “hall” central estão os retratos dos botânicos que mais contribuíram para o estudo sistemático da Flora do Brasil, cujas biografias se encontram na publicação “O JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO”. O vitral da clarabóia apresenta decoração baseada em motivos da flora indígena.21 21 Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo (s.d.).

Figura 4
Cabeçalho do folheto de divulgação do Instituto de Botânica sobre suas seções técnicas (s. d.).

O papel do museu seria, segundo Costa, Hirao e Zaher,22 22 Costa, Hirao e Zaher (2016, p. 186). empreender uma ação de popularização do conhecimento e do uso das espécies botânicas. Essa concepção concorda com o seguimento de exposições criadas por Hoehne em sedes anteriores, nas quais havia trabalhado desde que chegara na cidade de São Paulo em abril de 1917. Um exemplo foi a exposição botânica realizada no térreo do Museu Paulista nesse mesmo ano, a qual executou junto com o entomólogo Hermann Luederwaldt (Figuras 5A e 5B). Essa exposição, documentada em jornal e no “Album da secção de botanica do Museu Paulista e suas dependencias etc.“,23 23 Hoehne (1925). ocorreu antes mesmo da extinção do Horto Oswaldo Cruz e da transferência de toda a coleção de plantas e materiais de pesquisa reunidos por Hoehne para o Museu Paulista em 1922.24 24 Cf. Molida e Norder (2014). Isso denota que Hoehne, desde os primórdios de suas funções, já tinha interesse em divulgar a botânica à sociedade e a exposição museal representava um dos melhores artifícios para atrair o público.

Figura 5A
Texto jornalístico informativo sobre a exposição botânica nas dependências do Museu Paulista elaborada por Hoehne e Luederwaldt. Fonte: Jornal “O Combate - Independência - Verdade - Justiça”, exemplar de 5 de setembro de 1917, disponível em: https://memoria.bn.br. Acesso em: 28 jun. 2022. Figura 5B - Trecho do “Album da secção de botanica do Museu Paulista e suas dependencias etc. sobre a exposição botânica”.

O acervo do museu botânico possuía artefatos que foram idealizados, em sua maioria, por sua principal personagem, Frederico Carlos Hoehne, e denotavam alguma relação com sua trajetória de vida no campo da botânica. Sua experiência anterior em ambientes museológicos, como os jardins do Museu Paulista e do Horto Oswaldo Cruz, proporcionou-lhe conhecimentos para a concepção do museu botânico. Suas reflexões sobre a organização das exposições botânicas no Museu Paulista, juntamente com a semelhança visual do mobiliário com o museu botânico (Figuras 6A e 6B), indicam uma influência direta de suas experiências passadas. Além disso, seu trabalho nessas instituições contribuiu para sua perspectiva abrangente sobre ciência, cultura e educação ambiental, o que foi fundamental para o sucesso do museu botânico.

Figura 6A
Paredes internas estruturadas para a disposição de vitrines para expor exsicatas botânicas no Museu Paulista. Fonte: Hoehne (1925HOEHNE, Frederico Carlos. Álbum da secção de botânica do Museu Paulista e suas dependências, etc. São Paulo: Imprensa Methodista, 1925. Disponível em: Disponível em: https://www.biodiversitylibrary.org/item/226851#page/5/mode/1up . Acesso em: 24/06/2024.
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). Figura 6B - Disposição atual das vitrines do museu botânico, possivelmente inspiradas no modelo do Museu Paulista.

Em função do espaço reduzido, percebe-se que as pequenas salas eram marcadas pela simplicidade de uma exposição que proporcionava o compartilhamento de um momento de memória pessoal, motivada por elementos particulares do conteúdo da exposição, como o material pictórico de ilustrações, fotografias e desenhos emoldurados e os textos explicativos distribuídos nos painéis das salas (Figuras 7A, 7B e 7C). Ao acessar sua área interna, o visitante encontrava dez telas pintadas a óleo de autoria de Rodolfo Walter que mostravam, segundo Costa, Hirao e Zaher: “[…] diferentes associações de espécies vegetais características da flora brasileira25 25 Costa, Hirao e Zaher (2016, p. 192). . Vale ressaltar que atualmente os quadros de Rodolfo Walter não estão mais expostos nas paredes do museu botânico (Figuras 7B e 7E).

Figuras 7A, 7B e 7C
Interior do museu botânico antes da reforma de 2020. Fonte: https://commons.wikimedia (A e B - 2008, C - 2017). Figuras 7D, 7E e 7F - Interior do museu botânico após a reforma de 2020.

O descritivo do museu botânico mostrava que, a princípio, o foco era a exibição de exsicatas de plantas, muitas delas resultantes da montagem de inventários de classificação botânica. As vitrines de madeira e vidro embutidas nas paredes eram o espaço mais adequado de layout estético para a exibição das exsicatas. Nessas vitrines, as exsicatas de plantas eram alinhadas por ordem de evolução, havendo material informativo e etiquetas de identificação dos materiais, aludindo a aspectos tradicionais dos gabinetes de curiosidades. Outros objetos tinham sua disposição em mesas no mostruário, centralizadas no interior de cada uma das cinco pequenas salas do prédio (Figuras 7A, 7B, 7C, 7D, 7E e 7F).

A forma pela qual os objetos estavam selecionados, montados e descritos aparentemente deveria ter um efeito informacional pedagógico, refletindo preocupação educativa que estimulasse o interesse do visitante pela pesquisa em botânica. Contudo, o efeito ocasionado pelos objetos em si não favorecia seus marcos interpretativos para abrir ou fechar possibilidades históricas, sociais e culturais, apenas informando sobre botânica, o que estava distante, portanto, de uma pedagogia crítica e mais próximo do que seria um momento de “lembrar para depois esquecer” aquilo que foi visitado no museu.

Ao longo dos anos, a coleção não cresceu e o acervo permaneceu abrigado em seu espaço reduzido, com instalações que aos poucos deixavam de oferecer padrões de atendimento adequados e recursos disponíveis para o manejo do acervo, incluindo conservação, documentação e acesso a ferramentas interpretativas ao público. O que sustentou o interesse do público pelo museu botânico, supostamente, foi a colocação do edifício no espaço central do Jardim Botânico de São Paulo (Figura 8), uma perspicácia de Hoehne. De certa forma, ter o museu botânico na parte central do Jardim Botânico de São Paulo ofereceu algumas vantagens, como o fácil acesso a seus visitantes, independentemente de onde entram no espaço do jardim, tornando o edifício um elemento central da experiência no espaço do jardim botânico. Além disso, sua visibilidade foi otimizada e atraiu o olhar para o edifício, rodeado por elementos vegetais do jardim ou naturais da floresta de seu entorno. Ao integrar o museu ao ambiente natural do jardim, Hoehne proporcionou uma transição suave entre a exploração do jardim e a oportunidade de se visitar o museu.

Figura 8
Posição do edifício no Jardim Botânico de São Paulo (A). Obras de implantação (B, C e D) e sua trajetória temporal de 82 anos (E, F e G).

De um ponto de vista estético, o centro do jardim botânico representa o local mais atraente. No caso do Jardim Botânico de São Paulo, além de atraente, o centro é monumental, em função dos elementos físicos, os portais, as estufas e o lago central, o que torna o museu mais um elemento convidativo do espaço. Essa disposição de elementos físicos intrincados com a floresta auxilia o percurso do visitante no aporte das memórias de uma relação ser humano-natureza, pois a paisagem do espaço transcende o panorama imagético museal, instituindo um cenário físico (museu + jardim) decorrente dos processos da natureza e da construção social histórica do local, ambos em constante transformação. Ainda, o museu se torna um ambiente de partilha de experiências cotidianas passadas, presentes e futuras para os que vêm em visita à flora e para os que vêm aprender e conhecer a história da botânica. O que se denota, em pesquisas aos jornais da época pós-inaugural do museu botânico, foi que houve aumento do número de visitantes em função do museu somar-se ao espaço do jardim botânico, mesmo com fracos financiamentos e investimentos em seu acervo e na simplicidade de seu espaço museal.

Em um contexto temporal, o museu botânico expressa o que Poulot26 26 Poulot (2007, p. 59). menciona para outros museus: uma história constitutiva de coleções composta por desvios e esquecimentos. Ou seja, o museu botânico, apesar de passar por avanços a partir de sua inauguração, impulsionada pelas amplas divulgações da época, com o tempo mostrou recuos, enfrentou desafios e buscou, ao menos, manter e expressar suas potencialidades como pequeno museu de história natural e de discurso unitário voltado à botânica. Apenas após completar 48 anos de existência, já há tempos sem a direção de Hoehne, o museu botânico passou por sua primeira reformulação conceitual, afastando seu caráter de museu-memória e adotando os primeiros traços de museu-narrativa, quando então a exposição, distinta daquela original da década dos 1940, recebeu expografia de longa duração com cunho didático e destaque aos biomas paulistas, além de serem proporcionadas exposições temporárias e ações educativas. Após 25 anos dessa primeira repaginação, a exposição passou por nova reformulação, agora contextualizada na história da botânica, na pesquisa e nas ações de conservação de âmbito institucional.

O museu botânico interrompeu suas atividades em 2019, acompanhando as perspectivas crescentes da pandemia de covid-19, e passou por um revigoramento de suas estruturas físicas externas e internas, modernizando seu conceito museal sem abandonar sua identidade de museu de história natural de discurso unitário. As reformulações concordam com as colocações de Poulot,27 27 Ibid. porque não se intencionou mudar o museu botânico, e sim manter a intenção de preservação, coadunando com a reestruturação de um espaço público mais moderno, aberto à definição do que é comum, sem subestimar seu papel de museu de história natural. Contudo, considerando a premissa de reformulações e ordenações de sua exposição, uma questão que surge na trajetória histórica desse museu é saber se a afirmação que diz: “a ação transformadora dos museus começa pela reflexão nova que eles fazem sobre si mesmos”28 28 Cf. Rússio (1984, p. 12). se cumpriu, sendo, portanto, importante debater a respeito do exercício do planejamento e autoavaliações desse espaço. Isso porque o museu precisa estar em constante transformação, acompanhando novos desafios e transfigurando-se em um museu reflexivo que se autoavalia para se elaborar e ser capaz de atender seu compromisso social. O museu botânico, agora renovado, terá de manter sua significação aos diferentes públicos e ser local de interação social que corresponda aos desafios de proporcionar experiências e oportunidades ao ensinar uma área das ciências naturais - a botânica -, atuando a partir de uma pedagogia crítica e educadora. Nesse sentido, o museu botânico pode ir muito além das funções de preservar, conservar, expor e pesquisar, sendo um espaço servidor à sociedade por meio de suas ações educativas. A seguir, a Tabela 1 sintetiza uma linha temporal e relaciona como o museu exerceu suas funções sociais, culturais, educativas e afetivas, desde sua inauguração até a atualidade.

Tabela 1
Evolução temporal das funções do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” ao longo do tempo (1940-2020) e relações indiretas com eventos ambientais de caráter global.

A Tabela 1 oferece um panorama de marcos significativos para a história do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues”, ilustrando sua trajetória histórica e diversos papéis ao longo do tempo. Desde sua criação em 1940 até sua recente reabertura em 2020, esse espaço atende plenamente como centro de educação botânica e conscientização ambiental. Mudanças em sua estrutura de exposições, como a reorganização de 1991, enfatizaram a importância da ecologia entre seus visitantes, o que esteve consonante com questões ambientais de caráter nacional, como a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a aprovação da Lei da Mata Atlântica. Esses desenvolvimentos nacionais podem ter sido mecanismos influentes aos esforços do museu na promoção da conservação da biodiversidade e da educação ambiental até os dias de hoje.

O edifício esteve em reforma por quatorze meses e reabriu no início de 2020. Ao visitá-lo hoje, nota-se que a fachada externa mantém os traços arquitetônicos praticamente inalterados desde a sua inauguração (Figura 8). Dentro, os objetos, os quais sempre se mantiveram poucos, como exsicatas e equipamentos outrora usados na construção do conhecimento botânico, estruturas vegetais nas mesas expositoras, movelaria antiga e o vitral com plantas (orquídeas, bromélias etc.) muito prestigiados por Hoehne, agora estão ressignificados e trazem o apelo à conservação da natureza, aproximando o acervo do público em um contexto coletivo de análise crítica de questões ambientais e renovando, portanto, suas funções sociais, culturais, educativas e afetivas de museu atualizado (Figuras 7D, 7E e 7F).

A exposição, apesar de transcender à época da personagem histórica de Hoehne, cujas realizações marcaram a história botânica tanto no contexto científico paulistano como nacional, na verdade, deve ser vista com um olhar muito além do cultuar a memória dessa importante personagem, sendo necessário adotar um sentido de manter viva a memória do edifício singelo e o local em si criado por Hoehne, destacando o espaço museal como referência de atividades como a própria botânica, a educação patrimonial e a história local do Jardim Botânico de São Paulo e do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Pode-se dizer que o jardim botânico com seu museu formam um espaço de identidade local única, dadas as tradições e práticas culturais em suas paisagens e a contextualização histórica que o museu abarca, ampliando o envolvimento das pessoas na conservação da natureza e proporcionando aprendizagem por meio da narrativa aplicada à história da botânica, rememorada por meio de um museu como teatro da memória. Inclusive, elabora uma memória contextualizada com a história brasileira, dado ao fato que o Jardim Botânico de São Paulo abriga as nascentes do riacho Ipiranga, ícone referência na recente comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil. Mais do que isso, o conceito de teatro de memória corrobora com o museu botânico ao proporcionar a “observação”, a “curiosidade”, o “movimento” e o “encontro” em um “cenário” que oportuniza respostas emocionais promovidas por seu percurso histórico, permitindo a prática do imagético contido em suas fotografias, esboços, desenhos, exsicatas, painéis interativos, monitores, cartazes, quadros etc. e colocando em evidência sua função da elicitação que aproxima o público ao espaço museal com a finalidade de ativar sua memória e resgatar parte da história.

Apesar de uma perspectiva confiante, o museu botânico, já com 82 anos, permaneceu anônimo para o grande público por muito tempo, o que se atribui a sua longa introversão como museu-memória, talvez por dois problemas principais: sua governança-administração pelo poder público e a falta de adequado financiamento, situações estas relatadas em diversos relatórios e descritas por Rocha,30 30 Rocha (1999, p. 87). por exemplo, para as décadas de 1980 e 1990, frente a grave situação de deterioração e abandono das dependências do jardim botânico, o que incluía o próprio edifício do museu. Ao reabrir suas portas em 2020, o museu botânico tem estado em uma fronteira sutil estabelecida pelo público-privado, permanecendo ainda sob administração pública no Jardim Botânico de São Paulo, há pouco concedido à operação pela iniciativa privada. Os problemas enfrentados não são novos, mas persistem desde sua criação, porque historicamente o Jardim Botânico de São Paulo, como espaço verde urbano público, tornou-se cada vez mais dependente do governo para seu financiamento e, consequentemente, o mesmo se aplicava ao museu botânico e sua coleção. O segundo ponto é que o status legal, até algum tempo, não permitia que o Jardim Botânico atraísse financiamento privado, o que refletia em sua manutenção. Contudo, vale ressaltar que diante de distintas dificuldades, como a escassez de fomento e as consequências de decisões político-econômicas, o museu botânico buscou oferecer maneiras alternativas para interagir com a sociedade. Apesar das dificuldades, o museu botânico revisitado mostra não ter se tornado um espaço de stress, por não ter passado por uma sucessão dinâmica em suas exposições e não ter sido exposto às demandas de patrocinadores atentos ao consumo e oferta de exposições alienadas e nostálgicas de musealização da vida como experiência social.31 31 Cf. Huysen (2000). O espaço, apesar de pequeno museu de história natural, mantém sua experiência densa que propicia uma rememoração produtiva por meio de sua identidade de museu botânico.

A partir de 2020, a concepção contemporânea do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues”, apesar de seu acervo enraizado em exsicatas e amostras de plantas, deixa de lado seus matizes monocrômicos passados e carrega consigo valores sociais, culturais e históricos de grande importância, oferecendo uma estrutura modernizada com elementos interativos, ressaltando a importância da botânica no cotidiano. Após as recentes reformas, o museu passou por uma transformação substancial em suas instalações. Os esforços de revitalização incluíram a adição de novo mobiliário e iluminação, além do reaproveitamento de materiais como o piso original de peroba rosa. Também foram executados serviços de limpeza, manutenção e pintura para melhorar a experiência geral do visitante. A modernização da exposição permanente incorporou elementos interativos para proporcionar uma compreensão mais profunda da história da botânica e das pesquisas realizadas, com foco no papel central de Frederico Carlos Hoehne.

A exposição permanente atual do Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” permite ao visitante uma imersão na história do Instituto de Botânica, bem como um entendimento sobre a botânica do Brasil. Atende não apenas aos interessados em biologia, mas também aos estudiosos de história, geografia e língua portuguesa. Abrangendo o período do século XVI ao século XXI, a exposição contextualiza historicamente, relata importantes expedições científicas e examina e exibe vídeos e informações quanto à distribuição geográfica dos biomas Mata Atlântica e Cerrado. A experiência é potencializada por textos descritivos, narrativos e dissertativos que também se aprofundam na evolução da botânica. Por meio das cinco salas temáticas, os visitantes conhecem e têm essa experiência imersiva na biodiversidade do Cerrado e da Mata Atlântica e da história da botânica, do Jardim Botânico de São Paulo e de seu museu botânico e seu idealizador, Frederico Carlos Hoehne. Seus elementos também representam uma identidade local e contribuem para o cultivo de uma memória botânica que evoluiu ao longo do tempo, conquistando novos significados.

Inicialmente um pequeno museu tradicional focado na preservação de coleções botânicas, agora adota novas abordagens e inclui áreas de pesquisa, divulgação e educação, sendo reconhecido como local de aprendizagem interativa e prática que incentiva seus visitantes a se envolverem diretamente com os objetos botânicos e a história da conservação da natureza. É um espaço de memória para todos os públicos e serve como um ambiente de aprendizagem moderno, dinâmico e lúdico. Sua missão educacional enriquece a paisagem museológica de São Paulo, colaborando com escolas e promovendo o pensamento crítico sobre botânica, conservação da natureza e os pilares ambiental, social e econômico da sustentabilidade. Por fim, o museu botânico funciona como um centro de partilha de conhecimento e de promoção da consciência sobre a importância da botânica na sociedade, ao mesmo tempo que incorpora uma abordagem moderna e presta homenagem ao passado por meio de seus artefatos. Inspirado no conceito de “fato museológico” de Rússio,32 32 Rússio (1981, p. 42). o Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” é um espaço dedicado à celebração e divulgação da importância da botânica, fomentando o apreço dos visitantes pela natureza e pela sua conservação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O museu botânico estudado, apesar de ser um museu de história de discurso unitário e de porte pequeno, é um espaço conectado ao ensino e pesquisa, permanecendo vinculado ao Instituto de Pesquisas Ambientais do estado de São Paulo. Em função desse vínculo característico de espaço público, atende à proposta dos modelos de museus comunitários como os neighbourhood museums e os ecomuseus, que trouxeram notável renovação e contribuição como espaços de responsabilidade social.

Esse espaço constitui-se como recurso estratégico pelo qual seu acervo de discurso unitário em ciências naturais, especificamente botânica, possui significações e funções que podem alargar e aprofundar o conhecimento histórico de seus visitantes, proporcionando o imagético por meio de seus espaços de memórias que estão carregados de significados e que permitem, a partir de processos cognitivos de seus visitantes, recuperar a informação e remontá-la, incorporando dimensões humanas de razão e emoção a partir de seus objetos e cenários. Pode-se acrescentar ainda que, nesse museu, sua exposição permanente representa um elemento voltado à produção e disseminação da informação ambiental, a qual evolui no tempo e agora agrega sentidos e modos de fazer compreender sua temática em prol da reflexão sobre conservação da natureza e as atuais problemáticas ambientais. Em seu percurso temporal, deixou de ser um espaço neutro e desinteressado ao instituir em sua exposição questões que remetem à luta e ao desafio fundamentados nas representações e ações que constroem, gerenciam e transferem, por meio de seu ambiente expositivo, educação ambiental e conhecimento aos diferentes atores sociais que o contemplam. Nesse contexto, foi importante reprisar brevemente os papéis desse museu botânico em mudança e mostrar como ele foi transformado em resposta aos desafios dinâmicos locais como instituição museal.

Cada vez mais, surge e se afirma a visão ampla da natureza e do potencial dos museus na sociedade. Alimentados por necessidades financeiras e éticas, são instituições que estão se aliando corajosamente ao papel crítico na facilitação da inclusão social e compreendendo seu poder como agentes de mudança. A compreensão deste trabalho sugere um papel crítico para o museu botânico em sua representação e apresentação à sociedade inclusiva e equitativa. Apesar de os museus estarem atualmente preocupados em instituir em sua identidade uma pedagogia crítica capaz de reparar distorções e supressões sociais, existe uma lacuna a respeito de estudos que evidenciem a influência dessas preocupações nas atitudes e ações de seus visitantes. O que se pode observar é que germina, na atualidade, o papel dos museus na luta contra desigualdades, partindo talvez de um fator comum relacionado às exposições, que seria a evolução social dessas instituições nos modos de exibição e de exibir, pautadas em inovações e autoavaliações que trazem um novo sentido em museus, agora focado na pedagogia crítica para conseguir o reconhecimento do propósito, responsabilidade e valor do espaço do museu para a sociedade.

REFERÊNCIAS

    Fontes impressas

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    Sites

    • 1
      Cf. Meneses (1994MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 9-42, 1994. DOI: 10.1590/S0101-47141994000100002.
      https://doi.org/10.1590/S0101-4714199400...
      ).
    • 2
      Cf. Hooper-Greenhill (1994HOOPER-GREENHILL, Eilean. Museum education: past, present and future. In: MILES, ROGER; ZAVALA, Lauro (ed.). Towards the museum of the future: New European perspectives. Abingdon: Routledge , 1994. p. 133-146.).
    • 3
      Cf. Salazar (2020SALAZAR, Daniela. O lugar da performance artística no museu: memórias, presenças e ausências. Sinais de Cena, Lisboa, n. 4, p. 159-173, 2020. DOI: 10.51427/cet.sdc.2020.0013.
      https://doi.org/10.51427/cet.sdc.2020.00...
      ).
    • 4
      Cf. Gonçalves (2015GONÇALVES, Janice. Lugares de memória, memórias concorrentes e leis memoriais. Revista Memória em Rede, Pelotas, v. 7, n. 13, p. 15-28, 2015. DOI: 10.15210/rmr.v7i13.6265.
      https://doi.org/10.15210/rmr.v7i13.6265...
      ); Soares (2023SOARES, Brunemberg Silva; PEIXOTO, José Adelson Lopes. O Museu Xucurus de História, Artes e Costumes como recurso didático para o ensino da história de Palmeira dos Índios/AL. Campiô - Revista de Estudos Indígenas de Alagoas, Arapiraca, v. 2, n. 1, p. 4-19, 2023. DOI: 10.48017/rc.v2i1.425.
      https://doi.org/10.48017/rc.v2i1.425...
      ).
    • 5
      Cf. Dias (2010DIAS, Fernanda. O desenvolvimento cognitivo no processo de aquisição de linguagem. Letrônica, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 107-119, 2010.).
    • 6
      Cf. Rússio (1981RÚSSIO, Waldisa. L’interdisciplinarité em muséologie. Museological, 1981.).
    • 7
      Cf. Meneses (1994MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Do teatro da memória ao laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 9-42, 1994. DOI: 10.1590/S0101-47141994000100002.
      https://doi.org/10.1590/S0101-4714199400...
      ).
    • 8
      Cf. Poulot (2007POULOT, Dominique. Le musée d’histoire en France entre traditions nationales et soucis identitaires. Anais do Museu Paulista , São Paulo, v. 15, n. 2, p. 293-316, 2007. DOI: 10.1590/S0101-47142007000200021.
      https://doi.org/10.1590/S0101-4714200700...
      ).
    • 9
      Cf. Pacyga (2009PACYGA, Dominic A. Chicago: City of the Big “Little” Museums. Journal of American Ethnic History, Champaign, v. 28, n. 3, p. 55-65, 2009.).
    • 10
      Cf. Fleming (2002FLEMING, David. Positioning the museum for social inclusion. In: SANDELI, Richard (ed.). Museums, society, inequality. Abingdon: Routledge, 2002. p. 233-244., p. 25).
    • 11
      Cf. Oliveira (2013OLIVEIRA, Genoveva. O museu como um instrumento de reflexão social. MIDAS, [s. l.], n. 2, p. 1-15, 2013. DOI: 10.4000/midas.222.
      https://doi.org/10.4000/midas.222...
      ).
    • 12
      Cf. Falk e Dierking (2000FALK, John Howard; DIERKING, Lynn Diane. Learning from Museums: Visitor Experiences and the Making of Meaning. Lanham: Alta Mira Press, 2000.) e Oliveira, op. cit.
    • 13
      Cf. Sandell (2007SANDELL, Richard. Museums and the Combating of Social Inequality: roles, responsibilities, resistance. In: WATSON, Sheila (ed.). Museums and their Communities. Abingdon: Routledge , 2007. p. 95-113.).
    • 14
      Meneses, op. cit.
    • 15
      Cf. Trindade (2010TRINDADE, Silvana Cançado. Planejamento museológico. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura; Superintendência de Museus e Artes Visuais de Minas Gerais, 2010.).
    • 16
      Cf. Cogan (2012COGAN, Andréa. Plano museológico e estratégias de sustentabilidade para museus: estudo de caso - o Museu Histórico Municipal de Dois Irmãos, Rio Grande do Sul, Brasil. 2012. Dissertação (Mestrado em Memória Social e Bens Culturais) - Centro Universitário La Salle, Canoas, 2012.).
    • 17
      Hoehne (1925HOEHNE, Frederico Carlos. Álbum da secção de botânica do Museu Paulista e suas dependências, etc. São Paulo: Imprensa Methodista, 1925. Disponível em: Disponível em: https://www.biodiversitylibrary.org/item/226851#page/5/mode/1up . Acesso em: 24/06/2024.
      https://www.biodiversitylibrary.org/item...
      , p. 76-78).
    • 18
      Cf. Hoehne et al. (1941HOEHNE, Frederico Carlos; KUHLMANN, Moysés; HANDRO, Oswaldo. O Jardim Botânico de São Paulo. São Paulo: Departamento de Botânica do Estado, 1941.).
    • 19
      Cf. Franco e Drummond (2007FRANCO, José Luiz de Andrade; DRUMMOND, José Augusto. Frederico Carlos Hoehne: viagens e orquídeas. História Revista, Goiânia, v. 12, n. 2, p. 317-351, 2007. DOI: 10.5216/hr.v12i2.5473.
      https://doi.org/10.5216/hr.v12i2.5473...
      ).
    • 20
      Hoehne et al. (1941HOEHNE, Frederico Carlos; KUHLMANN, Moysés; HANDRO, Oswaldo. O Jardim Botânico de São Paulo. São Paulo: Departamento de Botânica do Estado, 1941., p. 13).
    • 21
      Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo (s.d.SECRETARIA DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Guia do Jardim Botanico (Água Funda), s.d.).
    • 22
      Costa, Hirao e Zaher (2016COSTA, Luíza Teixeira; HIRAO, Yasmin Vidal; ZAHER, Erika Hingst. Ilustrações no vitral do Museu do Instituto de Botânica de São Paulo. Cadernos de História da Ciência, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 186-208, 2016. DOI: 10.47692/cadhistcienc.2016.v12.33862.
      https://doi.org/10.47692/cadhistcienc.20...
      , p. 186).
    • 23
      Hoehne (1925HOEHNE, Frederico Carlos. Álbum da secção de botânica do Museu Paulista e suas dependências, etc. São Paulo: Imprensa Methodista, 1925. Disponível em: Disponível em: https://www.biodiversitylibrary.org/item/226851#page/5/mode/1up . Acesso em: 24/06/2024.
      https://www.biodiversitylibrary.org/item...
      ).
    • 24
      Cf. Molida e Norder (2014MOLIDA, Ariel de Andrade; NORDER, Luiz Antonio C. A contribuição de FC Hoehne (1882-1959) para o pensamento agroambiental brasileiro. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 70-80, 2014. DOI: 10.53727/rbhc.v7i1.232.
      https://doi.org/10.53727/rbhc.v7i1.232...
      ).
    • 25
      Costa, Hirao e Zaher (2016COSTA, Luíza Teixeira; HIRAO, Yasmin Vidal; ZAHER, Erika Hingst. Ilustrações no vitral do Museu do Instituto de Botânica de São Paulo. Cadernos de História da Ciência, São Paulo, v. 12, n. 1, p. 186-208, 2016. DOI: 10.47692/cadhistcienc.2016.v12.33862.
      https://doi.org/10.47692/cadhistcienc.20...
      , p. 192).
    • 26
      Poulot (2007POULOT, Dominique. Le musée d’histoire en France entre traditions nationales et soucis identitaires. Anais do Museu Paulista , São Paulo, v. 15, n. 2, p. 293-316, 2007. DOI: 10.1590/S0101-47142007000200021.
      https://doi.org/10.1590/S0101-4714200700...
      , p. 59).
    • 27
      Ibid.
    • 28
      Cf. Rússio (1984RÚSSIO, Waldisa. Texto III. In: ARANTES, Antonio Augusto (org.). Produzindo o passado: estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 59-78., p. 12).
    • 29
      Cf. Cerati (2006CERATI, Tania Maria. Jardins Botânicos e a Biodiversidade. Instituto de Botânica - IBt. Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente. Curso de Capacitação de monitores e educadores. São Paulo, 2006. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3RFjM4H . Acesso em: 24/06/2024.
      https://bit.ly/3RFjM4H...
      ).
    • 30
      Rocha (1999ROCHA, Yuri Tavares. Dos antigos ao atual Jardim Botânico de São Paulo. 1999. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999., p. 87).
    • 31
      Cf. Huysen (2000HUYSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.).
    • 32
      Rússio (1981RÚSSIO, Waldisa. L’interdisciplinarité em muséologie. Museological, 1981., p. 42).

    Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Ago 2024
    • Data do Fascículo
      2024

    Histórico

    • Recebido
      17 Out 2023
    • Aceito
      06 Maio 2024
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