Resumo
Antecedentes
Queixas de memória são frequentes em idosos e estão associadas ao maior risco de declínio cognitivo.
Objetivo
Investigar o desfecho funcional de indivíduos com queixas de memória acompanhados em centros atenção primária.
Métodos
Os dados foram coletados entre 2016 e 2020 em centros de atenção primária à saúde no Brasil. Os pacientes foram submetidos à Bateria Cognitiva Breve e ao Questionário de Atividades Funcionais.
Resultados
A amostra inicial (2016) foi composta por 91 indivíduos, classificados como tendo declínio cognitivo subjetivo (DCS, n = 15), comprometimento cognitivo leve (CCL, n = 45), ou demência (n = 31). Durante o seguimento, 8 indivíduos (8,8% da amostra inicial) faleceram e 26 (28,5% da amostra inicial) não foram encontrados. Cinquenta e sete participantes foram submetidos à reavaliação clínica. Dos 15 indivíduos com DCS, 7 não foram encontrados (46,7%), 4 (26,7%) declinaram para CCL e 4 (26,7%) permaneceram estáveis. Dos 45 indivíduos com CCL, 11 não foram encontrados (24,4%), 2 (4,4%) morreram, 6 (13,4%) declinaram para demência, 12 (26,7%) evoluíram para DCS e 14 (31,1%) permaneceram estáveis. Dos 31 indivíduos com demência, 8 não foram encontrados, (25,8%), 6 (19,4%) morreram, 2 (6,5%) evoluíram para DCS e 7 (22,6%) para CCL; e 8 permaneceram estáveis (25,8%). A melhora clínica deveu-se ao tratamento de causas reversíveis, como hipovitaminose B12 e transtornos de humor. A idade avançada, a baixa pontuação no Mini-Exame do Estado Mental e os escores de queixa de memória mais altos, mas não o uso de benzodiazepínicos e inibidores da bomba de prótons, foram preditores de declínio funcional.
Conclusão
Apesar de suas limitações (amostra pequena, dados ausentes), esses resultados corroboram que a triagem adequada, o acompanhamento e o tratamento de causas reversíveis de demência na atenção primária são essenciais.
Palavras-chave
Disfunção Cognitiva; Atenção Primária à Saúde; Demência; Transtornos da Memória