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Ultraestrutura do músculo humano em desenvolvimento: o problema da multinucleação das células musculares estriadas

As células musculares estriadas dos vertebrados são de origem mesodérmica, particularmente do mesoderma para-axial localizado nos somitos. No embrião humano de 32 dias cada somito inicia um processo de diferenciação em três porções: o miótomo que dá origem ao músculo, o dermátomo e o esclerótomo. No miótomo proliferam as células musculares embrionárias mononucleadas, os mioblastos. A partir da oitava semana de vida embrionária já são observadas células musculares mais diferenciadas, os miotubos: são células com mais de um núcleo de localização central. Ao redor dos núcleos, são observadas as miofibrilas. A partir do quinto mês de vida intra-interina, os núcleos migram para a periferia do citoplasma, para as porções sub-sarcolêmicas, dando origem às fibras musculares propriamente ditas. Há três teorias sobre o mecanismo de multinucleação das células musculares: a) cada célula muscular multinucleada é um sincício resultante da fusão de várias células musculares mononucleadas; b) divisão do núcleo, sem divisão do citoplasma (amitose); c) ocorrência de ambos os processos. No presente trabalho, foram estudadas por microscopia eletrônica células musculares provenientes de 27 fetos humanos variando de 9 semanas de vida embrionária até 9 meses. Foi possível se observar que mioblastos em mitose são comuns entre os miotubos e que os mesmos localizam-se entre a membrana plasmática e a membrana basal dos miotubos. Foi possível ainda se observar em vários campos examinados a presença de mioblastos situados nas extremidades de miotubos ou entre dois miotubos longitudinalmente dispostos cujas membranas plasmáticas justapostas encontravam-se em degeneração sugerindo uma possível anexação das células mais jovens (mioblastos) pelas células mais diferenciadas (miotubos). Se isso realmente ocorre, o fato poderia em parte explicar o fenômeno da multinucleação das células musculares estriadas.


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