RESUMO
Introdução:
Na era do ressurgimento da sífilis, a sífilis ocular ganhou grande atenção, pois sua prevalência está aumentando e ela pode causar cegueira e incapacidades.
Objetivos:
Investigar a apresentação clínica e o prognóstico da sífilis ocular.
Métodos:
Estudo prospectivo com 53 pacientes (90 olhos) com sífilis ocular diagnosticados na Santa Casa de Belo Horizonte, Brasil. Os diagnósticos foram feitos com base em manifestações clínicas da doença e marcadores sorológicos (um teste treponêmico e outro não treponêmico positivos ou dois testes treponêmicos positivos).
Resultados:
Trinta e cinco olhos (66%) eram de homens e a idade média foi de 45,3±12,0 anos. A co-infecção pelo HIV foi confirmada em 10 (18,9%) pacientes. O envolvimento ocular bilateral ocorreu em 68%. Neurite óptica foi diagnosticada em 51,7% dos olhos e uveíte, em 48,2%. A mediana do logaritmo do ângulo mínimo de resolução (logMAR) foi 1 (20/200 Snellen), enquanto que após a antibioticoterapia, a mediana foi 0,2 (20/30 Snellen). A baixa acuidade visual após o tratamento, definido como logMAR 1 (20/200 Snellen) ou pior, foi associada a: gravidade da acuidade visual na apresentação da doença (abaixo de logMAR 1.3-20/400 Snellen) (p = 0,001) e idade acima de 50 anos (p=0,001).
Conclusões:
O estudo confirmou o amplo espectro de manifestações clínicas da sífilis ocular. A forma mais frequente foi a neurite óptica, um diagnóstico diferencial importante das neurites inflamatórias. O diagnóstico precoce é essencial, é uma condição tratável e com excelente recuperação, na maior parte dos casos.
Palavras-chave:
Sífilis ocular; Neurossífilis; Manifestações oculares; Neurite óptica