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Análises de livros

SLEEP AND ITS SECRETS: THE RIVER OF CRISTAL LIGHT. MICHAEL S. ARONOFF. Um volume (14,5 x 22 cm) encadernado, com 278 páginas. New York: Plenum Press, 1991. Endereço: Plenum Press, 233 Spring Street, New York, NY 10013, USA.

A quase totalidade dos livros médicos sobre sono, de publicação recente, procura respostas específicas para aspectos científicos bem determinados, ou técnicos, ou ensina diagnósticos e tratamentos. Aronoff traz um aspecto distinto dos demais, com um texto interessante, abrindo a janela de possibilidades para divagar sobre o sono comoi função fisiológica, de adaptação ao meio e à sociedade. Discute tais facetas quase desconhecidas do dormir.

É uma leitura leve, principiando com uma visão geral do sono, ciclos, estágios e seus distúrbios. Nesta porção inicial inclui pontos já exaustivamente encontrados em outros tomos, mas alcança alguns tópicos menos usuais como os efeitos da nutrição sobre o sono, bem como as correlações entre as características do dormir e a atividade do dia seguinte, medidas em testes psicológicos de desempenho. Escrito para o médico, mas usando um linguajar coloquial, une conjecturas com base na neurofisiologia, na psicologia e na sociologia. As citações da literatura clássica são numerosas, particularmente da inglesa, e emprega dados sobre as artes, traçando paralelos e comparações. Sem as tradicionais figuras e tabelas, seu forte é fazer o leitor pensar com base no discurso. A mim parece um texto recomendável aos que possuem conhecimentos iniciais de neurofisiologia e buscam ver o objeto sob outros ângulos.

RUBENS REIMÃO

CEREBROSPINAL FLUID IN DISEASES OF THE NERVOUS SYSTEM. R.A. FISHMAN. Um volume (18,5 x 26,5 cm) encadernado, com 431 páginas. Philadelphia: W.B. Sauders, 1992. Endereço: W.B. Saunders, The Curtis Center, Independence Square West, Philadelphia. PA 19106, USA.

Finalmente, em 1992, cerca de 100 anos após a introdução da punção lombar para fins diagnósticos, Robert A. Fishman publica a segunda edição, reescrita e atualizada, da sua obra «Líquido Cefalorraqueano em Doenças do Sistema Nervoso», cuja primeira edição, publicada em 1980 foi, por uma década inteira, o livro de referência para a classe neurológica, sobretudo para aqueles que se dedicam ao estudo do Líquido Cefalorraqueano. Esta segunda edição é praticamente um novo livro, contendo aproximadamente o dobro do número de tabelas e figuras e 2400 referências bibliográficas sendo 800 delas publicadas após 1980, data da primeira edição desta obra.

O livro, muito didático e indispensável também para todos os residentes de Neurologia, é dividido em dez capítulos, todos escritos pelo autor. O capítulo 1 é dedicado a aspectos históricos do exame do LCR incluindo os mais recentes, até a data atual. O capítulo 2 éuma revisão sobre aspectos anatômicos, em que são discutidos: anatomia do sistema ventricular, plexo-corióide, células dos capilares endoteliais, epêndima, membranas pia-anacnóides e du-ra-máter, vilosidades aracnóides, líquido extracelular cerebral e líquido do ouvido interno. No capítulo 3, aspectos fisiológicos, é analisada a formação do LCR, seja pelos plexos co-rióides, seja extracoroidal, assim como a absorção do LCR e suas determinadas funções. Segue-se o capítulo 4, dedicado à barreira hêmato-cerebral, em que aspectos morfológicos, fisiológicos, bioquímicos, farmacológicos e patológicos são enfocados com extrema clareza. Os capctulos 5 e 6 são dedicados ao estudo da pressão intracraniana, através de sua fisiologia e fisiopatologia, bem como através das principais alterações que podem ser observadas nas hidrocefalias, edema cerebral, pseudotumor, hipotensão intracraniana e condições relacionadas. O capitulo 7 é todo ele relacionado à coleta do LCR, técnicas e sítios e, sobretudo, complicações como herniações cerebrais, hematoma subdural, cefaléia, sangramentos, diplopia, dores radiculares, aracnóides e infecções pós-punção. No capítulo 8, composição do LCR, são analisados todos os aspectos do exame, desde os clínicos até os mais atuais como dosagens de acetilcolina, prostaglandinas, poliaminas e neuropeptidios, entre outros. O capítulo 9, o mais extenso do livro é dedicado aos principais achados do LCR em diversas afecções do sistema nervoso. Nele, o autor analisa aspectos do LCR próprios à infância e ao post-mortem, seguin-

do-se os achados em uma série de patologias: infecciosas, seja por bactérias, fungos, parasitas ou vírus; autoimunes, tumorais, leucoses, afecções periféricas e doenças degenerativas, entre outras. Destaque é dado aos achados do LCR na esclerose múltipla e na síndrome de imunodeficiência adquirida. Finalmente, no capítulo 10, encerra o livro com as principais indicações e contraindicações do exame, assim como controvérsias encontradas e perspectivas futuras. Segue-se bibliografia com 2400 referências! em ordem alfabética e índice remissivo.

Do acima enunciado, é com prazer que recomendamos esta nova edição do livro de Fischman para todos aqueles que fazem parte da grande comunidade neurológica em qualquer de suas sub-especialidades.

É, no entanto, obra obrigatória para aqueles que se dedicam em particular ao estudo do LCR.

JOSÉ ANTONIO LIVRAMENTO

INFECTIONS OF THE CENTRAL NEERVOUS SYSTEM; W.M. SHELD, R.J. WHITLEY, D.T. DURACK, editores. Um volume (22 x 28,5 cm) encadernado, com 937 páginas. New York: Raven Press, 1992. Endereço: Raven Press, 1185 Avenue of the Americas, New York, NY 10036, USA.

Os editores, Scheld, Whitley e Durack, prepararam este compêndio juntamente com 52 colaboradores para ser o livro de referência de estudiosos de infecções do sistema nervoso central. Tarefa nada fácil, porém plenamente atingida pela equipe editorial. O livro é dividido em 8 secções com 37 capítulos em seu conjunto. Após parte introdutória escrita pelos editores, abordando o manuseio clínico do paciente com infecção do sistema nervoso central, seguem-se 8 seções constituídas por: infecções virais, com 11 capítulos; infecções por micoplas-ma, infecções bacterianas, 10 capítulos; síndromes infecciosas mediadas por toxinas bacterianas, 3 capítulos; infecções causadas por espiroquetas, 2 capítulos; infecções causadas por fungos, 4 capítulos; infecções causadas por protozoários e helmintos, 3 capítulos. Finalizando, 2 capítulos sobre métodos diagnósticos das infecções do SN: um sobre o estudo do líquido cefalorraqueano e o último sobre estudos de neuroimagem, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Cada capítulo contém referências bibliográficas atualizadas e o livro termina com índice remissivo de assuntos sobre a matéria.

Alguns capítulos merecem destaque para comentários, devido a sua forma didática e clareza. O capítulo de meningites virais e as síndromes meníngeas assépticas, escrito por H.A. Rotbart, é um exemplo. Neste o autor analisa, do ponto de vista clínico, epidemiológico, fisiopatológico, diagnóstico, terapêutico clínico e preventivo, as diversas possibilidades etiológicas desta infecção tão frequentemente observada. O capítulo 13, sobre infecções causadas por micoplasmas, também merece destaque pelas dificuldades diagnósticas apresentadas para tais agentes etiológicos, adequadamente analisadas. Também merece destaque o capítulo 10, escrito por B.K. Evans, D.E. Donley e J.W. Whitaker, sobre manifestações neurológicas da infecção causada pelos vírus da imunodeficiência humana: HTV1 e HIV2. Nele, os autores analisam toda a gama possível de manifestações do próprio víurs em si, assim como o painel de principais agentes oportunistas que ocorrem na doença. Comentam de maneira didática todos os testes utilizados para o diagnóstico incluindo o PCR, para o qual também já foi verificada a presença de resultados falso-negativos.

Este é um livro que deve fazer parte de qualquer biblioteca neurológica atingindo seu «gold standard» em doenças infecciosas do sistema nervoso, como tão bem comenta Robert G. Petersdorf, prefaciador desta obra.

JOSÉ ANTONIO LIVRAMENTO

MULTIPLE SCKLEROSE: EPIDEMIOLOGIE, DIAGNOSTIK, THERAPIE. Ed 2. R.M. SCHMIDT, editor. Um volume (17,5 x 24,5 cm) encadernado, com 386 páginas. Stuttgart: Gustav Fisher Verlag Jena, 1992. Endereço: Gustav Fisher Verlag, Villengang 2, 0-6900 Jena, Deutschland.

Rudolf Manfred Schmidt, de Wittenberg, um dos mais destacados estudiosos da Neurologia da até há pouco Alemanha Oriental, reuniu grupo de notáveis para, com ele, apresentar súmula dos conhecimentos atuais acerca da esclerose múltipla (EM). Do esforço resultou obra primorosamente editada, em alemão, em que a matéria é distribuída em 21 capítulos, após prefácio de F. Seitelberger e seguida de detalhada listagem dos autores citados, bem como de índice remissivo de assuntos.

Sucessivamente são analisados aspectos da EM próprios a: epidemiologia, sintomatologia, diagnóstico diferencial, prognóstico, fisiopatologia, virologia, imunologia, imunologia celular, citologia do LCR, imunologia humoral (sangue e LCR), neurofisiologia, TC e RM, patologia, imunopatologia, aspectos psíquicos e sociais, terapêutica, reabilitação, imunossu-pressão induzida.

Frick, analisando aspectos imunológicos dos processos desmielinizantes, atualiza criticamente os conhecimentos que servem de base à discussão de aspectos da imunologia celular (Neumann), do LCR em particular (Schmidt e Kuppe), bem como da imunologia humoral do sangue e do LCR (Kuppe e Ludewig). Em sua sequência, esses capítulos permitem visão concatenada de peculiaridades neuroimunes da EM, dentro do que se conhece no presente. Assim como se concatenam esses capítulos, a sequência dos demais capítulos dá mostras da importância da linha editorial adotada no compêndio, devida não só à autoridade dos autores mas, também, à maestria do editor, R.M. Schmidt.

Em seu todo, o texto permite visão conjunta da capacidade crítica ímpar da neurologia germânica no presente e que, assim, mantém sua tradição de relevância dentro do contexto das neurociências no mundo. No entanto, a adoção da língua alemã para a obra restringe a possibilidade de sua difusão, dada a prevalência da língua inglesa no trato de assuntos científicos no presente. Esta prevalência é notada mesmo quanto ao conhecimento avaliado no próprio texto, pois a maioria dos autores cujas pesquisas são referidas apresentou seus resultados em línguas anglo-saxônicas, particularmente em inglês. De lado ficam conclusões, muitas vezes importantes, de pesquisas relatadas em outros idiomas. Mesmo assim, é de esperar que a casa publicadora, Gustav Fisher Jena, ao reassumir sua projeção internacional, ofereça edição em inglês do livro. Esta será oportuna, além de propiciar contato mais fácil e direto às reflexões conceituais de mestres da neurologia, como aqueles que se encarregaram de preparar os capítulos que compõem o livro. Enquanto isso, ficará seu manuseio — obrigatório a meu ver — restrito àqueles poucos da geração atual que, em outros países, dominam o idioma de Goethe.

ANTONIO SPINA-FRANÇA

CURRENT TRENDS IN THE TREATMENT OF PARKINSON'S DISEASE. YVES AGID, editor. Um volume (17,5x24 cm) encadernado, com 106 páginas. London: John Libbey, 1992. Endereço: John Libbey & Co Ltd, 13 Smiths Yard, Summerley Street, London SW18 4HR, UK.

O autor compilou neste volume palestras proferidas por renomados especialistas no estudo da doença de Parkinson (DP), em simpósio com o mesmo título, realizado em Veneza de 3 a 5-maio-1991. O conteúdo do livro é dividido em 4 tópicos: mecanismos de morte neuronal na DP, estratégias para o uso da levodopa, conhecimentos básicos sobre agonistas dopa-minérgicos e experiência clínica com agonistas dopaminérgicos.

O primeiro tópico é abordado em 3 capítulos trazendo informações a respeito dos conceitos atuais concernentes à patogênese da DP. Admite-se que os principais mecanismos envolvidos nos eventos que levam à morte dos neurônios dopaminérgicos nigrais sejam: toxinas com ação semelhante à metil-fenil-tetra-hidroperidina (MPTP), substância com ação especifica sobre aquelas células; desequilíbrio entre geração de radicais livres e o sistema tampão que protege os neurônios contra seus efeitos deletérios; participação de aminoácidos excitatórios como o ácido glutâmico na agressão celular; presença de anormalidades do complexo I mito-condrial em neurônios nigrais e mesmo em plaquetas de pacientes com DP, possivelmente conferindo vulnerabilidade à agressão tóxica; e deficiência de fatores tróficos específicos para neurônios nigrais. Esses conhecimentos estão lançando as bases da denominada «terapia» protetora» na DP. Essa modalidade terapêutica, que, diferentemente da terapia sintomática, tem como objetivo retardar ou mesmo impedir a evolução da moléstia, inclui em seu arsenal o L-Deprenil e agentes antioxidantes (alfa-tocoferol e ácido ascórbico) e poderá em futuro próximo acrescentar quelantes de ferro e antagonistas de receptores de glutamato.

No segundo tópico, desenvolvido em 2 capítulos, são destacados os conhecimentos bioquímicos que direcionam a terapia sintomática na DP; os desequilíbrios dopamina/acetilcolina e dopamina/ácido glutâmico. O primeiro já é conhecido de longa data e o segundo tem estimulado ensaios farmacológicos com bloqueadores de receptores de glutamato e procedimentos cirúrgicos estereotáxicos experimentais com lesão do núcleo subtalâmico de Luys (estrutura de onde parte a via glutamatérgica destinada ao pálido interno), ambos com resultados promissores. Trata-se ainda nesta seção da controvertida questão: postergar ou não a introdução da levodopa?

A terceira seção deste volume abrange 3 capítulos voltados ao estudo dos agonistas dopaminérgicos em que são analisadas em profundidade as características farmacológicas das principais drogas componentes deste grupo, a bromocriptina, o lisuride e o pergolide. O destaque maior é para este último, que é de introdução mais recente no mercado.

Na última parte deste livro, em 2 capítulos, é analisado o papel dos agonistas dopaminérgicos no tratamento da DP.

Trata-se, portanto, de obra de vanguarda que deverá atrair a atenção de todos aqueles interessados em novos conhecimentos a respeito da DP.

EGBERTO REIS BARBOSA

CEREBRAL ISCHEMIA: TREATMENT AND PREVENTION. H.J.M. BARNETT, V.C. HA-CHINSKI, editores. Neurologic Clinics, Vol 10, N 1. Um volume (15 x 23 cm) encadernado, com 299 páginas. Philadelphia: W.B. Saunders, 1992. Endereço: W.B. Saunders, The Curtis Center, Independence Square West, PA 19106, USA.

O número inicial da Neurologic Clinics, aparecido em 1983 e do qual foi também o editor H.J.M. Barnett, dedicara seus diversos capítulos à isquemia cerebral. O volume atual, editado quase 10 anos após, demonstra quanto progresso se processou nos conceitos fisiopa-tológicos, nas investigações e nas normas terapêuticas (clínicas ou cirúrgicas) do acidente vascular cerebral. O novo conceito de penumbra cerebral, em que uma área do encéfalo está alterada pela isquemia mas não definitivamente lesada, induz à existência de janela terapêutica em que o dano isquêmico pode ser fundamentalmente reduzido. Estudos sobre os bloqueadores dos canais de cálcio demonstraram sua eficiência e salienta-se a dependência desses efeitos benéficos com a necessária precocidade no tratamento. Estudos cooperativos têm sido feitos com novos agentes antiplaquetários, principalmente tioclipidina, com todas as suas indicações e eventuais complicações.

Após a menção genérica desses tópicos, vários capítulos merecem comentários. Ao todo são 17 capítulos, iniciados por Welch e col., de Michigan, que excursionaram sobre a espectroscopia pela RM na isquemia cerebral. É um processo antigo aplicado em física e química por cerca de 40 anos e só nesta última década empregado no estudo da isquemia cerebral. Proporciona elementos para monitorização diagnÓstica e pana identificação de marcadores de janelas terapêuticas, assim como fornece elementos prognósticos. Powers estuda a hemodinâ-mica e o metabolismo da doença cerebrovascular isquémica. Através de recentes processos de mensuração do fluxo sanguíneo cerebral regional, conclui que os clássicos conceitos de lesão arterial hemodinamicamente significante merecem reavaliação. Salienta também os riscos de uma redução da pressão arterial sistêmica. Interessante, a propósito, o conceito da fração de extração de oxigênio que, até certo ponto, aumenta à medida em que a pressão da perfusão é reduzida. Buchan (Otawa), passa em revista os processos trombolíticos no tratamento do AVO superagudo. Entre outras atitudes terapêuticas, revê a ação e a eficiência dos antagonistas aos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). Biller faz revisão global do tratamento médico das isquemias cerebrais e, por sua vez, especialistas franceses (Ameri e Bouser) estudam, com o auxílio de neuroimagem, as tromboses venosas cerebrais, mais comuns do que se pensava. Embora frequentemente evoluam favoravelmente para cura, o uso da heparina nesses casos parece ser et ciente. Capítulo que assume grande importância prática trata do icto no jovem, em idade abaixo de 45 anos. Na estatística de Bougousslavsky e Pi erre, esses acidentes em jovens somam cerca de 10% da totalidade de seus casos e dependem, em sua maior parte, de embolias cardiogênicas, da dissecção arterial e da enxaqueca. Coull e col. investigam o papel dos anticorpos antifosfolípides, seguramente correlacionados a enfartes cerebrais e/ou a ataques isquémicos transitórios. Entretanto, as relações causais entre anticorpos anticardiolipinas ou a anticoagulantes lúpicos ou a ambos e a isquemia cerebral ainda não são bem conhecidas. São, a seguir, revistas complicações neurológicas correlacionadas a cirurgia cardíaca (Furlan e col.).

Capítulo que hoje se reconhece como de crescente importância concerne às correlações entre a Cardiologia e a Neurologia, como uma subespecialidade, a Neurocardiologia. Desse capítulo se incumbem Oppenheimer e Hachinski. São hoje reconhecidos os efeitos do icto isquêmico ou da hemorragia cerebral sobre o coração, principalmente sobre o eletrocardiogra-ma, as enzimas cardíacas e as catecolaminas. O rol dos fatores de risco, hoje clássicos, é investigado por Wolf e col. em seus aspectos concernentes ao indivíduo e ao ambiente. Os efeitos deletérios do fumo são realçados. Van Gijn, da Holanda, estuda as doses, a seu ver, indicadas de aspirina na prevenção da isquemia cerebral; conclui pela prescrição de doses muito baixas, de 30 a 75 mg por dia. Sua opinião não é compartilhada pelos editores do livro que, embora respeitem o ponto de vista do autor, em comentário a parte, prescrevem o uso de doses maiores. Ainda na linha do tratamento da isquemia cerebral, sucede capítulo estudando o papel de heparina, o uso de trombolíticos e os benefícios do uso da terapêutica antitrombótica na fibrilação atrial. Bornstein e Norris excursionam por campo muito debatido: que fazer em pacientes com sopros e estenoses da carótida? Minuciosamente, revêem as causas desses fenômenos e estudam as medidas terapêuticas, clínicas ou cirúrgicas, indicadas. Finalmente, no último capítulo desse livro, Barnett faz revisão de outro tema controverso: a prevenção do icto através de cirurgia na doença sintomática do territorio carotídeo. Segundo julga, as anastomoses extra-intracraniamas falharam em sua indicação. Por outro lado, a doença sintomática de pacientes com estenoses da artéria carótida interna em grau avançado se beneficia mais com a endarterectomia, em mãos experimentadas evidentemente, do que com simples terapêuticas medicamentosas. Em pacientes com estenoses mais moderadas, aguarda-se ainda uma resposta decorrente de estudos comparativos em andamento.

Eis um pequeno livro, claro, didático, atualizado, que merece figurar na biblioteca de neurologistas, neurocirurgiões, cirurgiões vasculares e mesmo clínicos gerais.

ROBERTO MELARAGNO FILHO

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Fev 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 1992
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