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Analises de livros

Analises de livros

SCIENTIFIC ASPECTS OF NEUROLOGY. Hugh Garland (Editor). Um volume (16X24,5) com 264 páginas e 79 figuras (15 coloridas). E. & S. Livingstone Ltd., Edinburgo-Londres, 1961.

Êste livro reúne 22 conferências feitas na Universidade de Leeds, durante o biênio 1959-1960, em curso de pós-graduação. Segundo o editor, houve intenção de apresentar um livro para médicos não especialistas e, por isso, não houve a preocupação de expor novos conhecimentos ou relatar pesquisas originais. Entretanto, como se deprende pelos breves comentários sugeridos pelo conteúdo do livro, mesmo os neurologistas nêle encontrarão fatos, depoimentos e idéias de alto valor para seus estudos, para complemento de suas observações diagnósticas e para o tratamento de seus pacientes.

O livro é iniciado com excelente estudo sôbre a origem e conceituação anatômica do feixe piramidal, no qual Sir Francis Walshe, repisando argumentos que vêm desenvolvendo há largos anos e agora corroborados por estudos histológicos de van Crevel, demonstra que êste feixe tem origem predominantemente no giro pré-central e refuta, convincentemente, a afirmativa de Bucy de que não existe um feixe de fibras individualizado ao qual se possa dar o nome de feixe piramidal. No capítulo seguinte, C. E. Lundsen focaliza aspectos interessantes da patologia e patogênese da esclerose múltipla, analisando a localização e a forma das placas de desmielinização e as razões dos surtos registrados na evolução da moléstia. Êste capítulo, até certo ponto, é completado por dois outros: um, no qual Henry Miller analisa as várias leucoencefalites, procurando conceituá-las sob um critério uniforme, baseado na lesão primordial de caráter alérgico - infiltrações e desmielinizações perivenosas - comum a tôdas elas na fase aguda e que tem sido demonstrada mesmo em algumas nas quais a desmielinização vinha sendo considerada como primária; outro, no qual Ludo van Bogaert salienta a variabilidade clínica da esclerose múltipla, chamando a atenção para os erros diagnósticos mais comuns. De grande interêsse é o trabalho no qual Denis Harriman mostra o valor da colheita de material nos pontos motores para o estudo biópsico das afecções neuromusculares (motor-point muscle biopsy), pois o método preconizado - localização exata pela excitação elétrica e coloração vital e pós-vital - permite obter preparados de notável precisão e nitidez. Em excelente revisão, O. L. Zangwill analisa aspectos da assimetria funcional dos hemisférios cerebrais, salientando que se o hemisfério esquerdo é considerado como dominante em relação à linguagem, as lesões do hemisfério direito perturbam a integração do esquema corpóreo, a visão espacial e a interpretação paisagística do cenário ambiental, levando a admitir que, em relação a estas funções a dominância seja diversa. De grande valor como pesquisa é o capítulo em que D. Whitteridge estuda o córtex calcarino dentro da organização cerebral, procurando sistematizar a representação cortical da retina. Comentando a contribuição de Broca ao estudo das afasias, MacDonald Critchley disserta sôbre um de seus assuntos favoritos, demonstrando que, no homem, a linguagem expressiva não se limita a uma simples emissão de sons compreensíveis e que a palavra é apenas um dos meios para a exteriorização do pensamento, completada pelo gesto, pela mímica e pela atitude emocional. Sir Geoffrey Jefferson aborda a fisiologia do sono, analisando as modificações sômato-vegetativas e humorais, assim como as repercussões eletrencefalográficas do sono normal e patológico, e atualizando os conhecimentos sôbre a alternância sono-vigília com base na inibição e excitação da substância reticular. Logo a seguir, K. A. Exley estuda a farmacologia da substância reticular. J. N. Cumings que, desde 1953, vem publicando sucessivos trabalhos sôbre as lipidoses cerebrais, retorna ao assunto, relatando dados interessantes para o diagnóstico, obtidos seja por exames histológicos ou por análises químicas de materiais colhidos mediante biopsias de tecido cerebral. A epilepsia mereceu duas conferências nesta série: uma, de Denis Hall, versando sôbre o diagnóstico eletrencefalográfico dos focos epileptogênicos e, outra, de Sir Charles Symonds, analisando aspectos da facilitação e inibição de crises epilépticas. J. Pennybacker analisa aspectos atinentes à etiopatogenia e ao tratamento das nevralgias do trigêmeo. Muito interessante e original é a contribuição de L. A. Liversedge, atribuindo a patogenia das caimbras dos escrivães - baseado em casuística de 38 casos - ao estabelecimento de reflexos estimuladores nocivos e expondo os excelentes resultados terapêuticos que tem obtido em numerosos casos pela criação de reflexos condicionados inibidores. Muito didático é James W. D. Bull quando expõe a contribuição da radiologia para o diagnóstico etiológico dos ictos cerebrais. Logo a seguir Willie McKissock discute o tratamento dos aneurismas da artéria comunicante posterior, apresentando argumentos que justificam em alguns casos o tratamento conservador e discutindo as índicações e contra-indicações do tratamento cirúrgico. As síndromes causadas pela insuficiência da artéria basilar são estudadas por Denis Williams, salientando o caráter clínico proteiforme e as modalidades evolutivas. Baseado em elementos anatômicos, radiográficos e clínicos, J. B. Cook trata do diagnóstico das tetraplegias traumáticas, chamando a atenção para o fato de que não são necessários traumatismos violentos para a produção de lesões raquimedulares graves e extensas. No último capítulo - Utilização racional de drogas tranqüilizantes - J. M. Roberts, depois de classificar os medicamentos pelo seu modo de ação e posologia, analisa as respectivas indicações e contra-indicações, comparando sua eficácia no tratamento de psiconeuroses.

O. LANGE

MORPHOLOGICAL STUDIES ON THE LARGE CEREBRAL ARTERIES WITH RE-FERENCE TO THE AETIOLOGY OF SUBARACHNOID HAEMORRHAGE. Ove Hassler. Monografia (16X24) com 145 páginas, 35 figuras e 10 tabelas. Suplemento nº 154 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

Valendo-se de material humano, de estudos comparativos em outros mamíferos e de trabalhos experimentais, o autor estuda aspectos da etiologia da hemorragia meníngea, focalizando particularmente os casos em que a causa da hemorragia não é aparente. Nos primeiros 6 capítulos foram estudadas as condições anatômicas necessárias, embora nem sempre suficientes, para que uma rotura arterial tenha lugar. O primeiro capítulo versa sôbre os assim chamados aneurismas do tipo congênito; no segundo são estudados os aneurismas fusiformes e as arteriectasias; no terceiro, os grandes defeitos da túnica média; no quarto, os espessamentos localizados da íntima; no quinto, as soluções de continuidade nas lamelas elásticas; no sexto, as pontes intravasculares. No capítulo dos aneurismas ditos congênitos é dada ênfase aos aneurismas mínimos, com diâmetro inferior a 2 mm, condição encontrada, isolada ou associada a outros defeitos vasculares, em 35 preparações de artérias encefálicas retiradas de 250 cadáveres. Aneurisma do mesmo tipo foi também encontrado em um paciente portador de hemorragia meníngea operado. O estudo comparativo em outros mamíferos, assunto a que é dedicado o 7º capítulo, mostra a ocorrência de defeitos vasculares semelhantes aos observados na espécie humana. Essa semelhança diz respeito não só às estruturas envolvidas como também à sede dêsses defeitos, preferencialmente nos pontos de ramificações das artérias. Nos oitavo e nono capítulos são relatadas experiências com tubuladuras plásticas imitando as ramificações arteriais mais comuns e resultados de trepanações seguidas de inibição parcial das modificações estruturais pós-natais das artérias de maior calibre.

O valor prático dêste trabalho, com vultosa contribuição pessoal, reside no demonstração de causas de rotura arterial compatíveis com arteriografia normal e que por vêzes passam despercebidas mesmo no exame necroscópico.

J. ZACLIS

CEREBRAL PARAGONIMIASIS. S. K. Kim e Earl Walker. Acta Psychiatrica et Neurol. Scandinavica, suppl. 135, vol. 36, 1961. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

Êste livro contém o resultado do estudo de 47 casos de paragonimíase cerebral acompanhados entre 1952 e 1957 por um dos autores (S. K. Kim) no Third Army Hospital, na República da Coréia. O diagnóstico foi cirúrgico em todos os casos, exceto 2, em que foi feito na autópsia. Os casos estudados são descritos em detalhe no capitulo 3º, após dois capítulos iniciais sôbre o histórico e sôbre o ciclo parasitário do trematódeo. O Paragonimus westermani é parasito causador de formas endêmicas e benignas de hemoptise entre os nativos do Extremo Oriente. É conhecida desde fins do século passado a infestação pulmonar dêste parasito e, desde a mesma época, sabe-se que pode infestar também o cérebro (Otani, 1887). Os ovos do parasito são eliminados especialmente no escarro dos pacientes. A partir dêles, no meio ambiente, se desenvolve a primeira forma larvária (miracídio) que vai se introduzir num caramujo, no qual se desenvolve até transformar-se em cercária. Esta abandona o molusco e penetra num caranguejo, em cujos tecidos se encista e se desenvolve (metacercária). Sendo êste crustáceo parte fundamental da alimentação dos nativos, o homem vai adquirir o parasito pela ingestão do caranguejo cru. No duodeno do homem a metacercária perde seus envoltórios, penetra na parede intestinal e pelo sistema venoso vai atingir, de preferência, o pulmão. Neste evolui para a forma adulta que pode viver durante vários anos nos tecidos peri-bronquiais. Seus ovos são eliminados pelo escarro, completando-se assim o ciclo parasitário humano. Das localizações ectópicas do parasito adulto no homem tem maior importância a encefálica que é a mais comum. Nesta pode atingir tamanhos variáveis, registrando-se dimensões desde 6x3x3 mm até 9X5X5 mm. O modo pelo qual o parasito atinge a cavidade craniana é discutido. Provàvelmente migra até ali através dos tecidos conjuntivo frouxo perivascular e perineural. Uma vez no cérebro, pode deslocar-se de um ponto para outro, deixando em seu trajeto abscessos de tamanhos variáveis, nos quais se encontram ovos. A infestação cerebral é quase sempre secundária, é mais comum no homem e atinge de preferência pacientes com menos de 30 anos de idade.

A sintomatologia decorre em especial da localização do parasito no encéfalo. Os múltiplos aspectos clínicos da paragonimíase cerebral são estudados no capítulo 4º Entre os sintomas de localização encefálica destacam-se, pela maior freqüência, as convulsões (observadas em 45 dos casos estudados) geralmente de caráter focal: comprometimento da motricidade, sinais de irritação meníngea e alterações psíquicas. A localização raquidiana da paragonimíase é rara; quando ocorre, costuma determinar quadro de compressão medular. Ao lado da sintomatologia neurológica é habitual o achado de sinais de comprometimento pulmonar e de febre. Nas zonas onde a paragonimíase é endêmica, o diagnóstico da forma nervosa é sugerido pelo encontro de sinais de comprometimento do sistema nervoso central em pacientes jovens e com hemoptise. O encontro de ovos, ou do parasito, no escarro confirma o diagnóstico. Contribuem também para o diagnóstico o exame do LCR e a exploração radiológica. Encontram-se alterações liquóricas caracterizadas por discreta hipertensão, leve xantocromia e pleiocitose predominantemente linfomonuclear. É comum o achado de calcificações patológicas intracranianas pelo exame radiológico. Da exploração imunológica podem resultar dados úteis tanto pelo emprêgo da intradermo-reação como da reação de fixação do complemento. Esta é utilizada desde que Anto, em 1921, demonstrou a presença de anticorpos no sôro sangüíneo de pacientes com paragonimíase. No LCR, segundo Chung, a mesma reação continua ser positiva em 83% dos casos.

No capítulo 5º são discutidos os aspectos anátomo-patológicos. São destacadas como principais formas de ocorrência da paragonimíase cerebral: a de aracnoidite crônica, a de formação de granulomas e a de formação de abscessos. Êstes diferentes tipos podem ocorrer associadamente num mesmo caso. Os aspectos particulares da reação encontrada servem de base para considerações de ordem geral quanto à patogenia da paragonimíase cerebral, discutida no fim do capítulo. Ressaltando que a terapêutica medicamentosa costuma dar resultados apenas nos casos agudos, com manifestações difusas, enumeram as várias drogas já utilizadas no tratamento (capítulo 6º). O restante dêste último capítulo é dedicado à discussão do tratamento cirúrgico, suas indicações e os resultados alcançados.

A. SPINA-FRANÇA

PARKINSONISM: ITS MEDICAL AND SURGICAL THERAPY. Irving S. Cooper. Um volume (22x28,5) com 239 páginas e 111 figuras. Charles C. Thomas, Springfield (Illinois), 1961.

Êste livro, que pode ser considerado como uma edição ampliada de outro já publicado pelo mesmo autor, expõe os resultados da quimiopalidectomia e da quimiotalamectomia em cêrca de 1.500 pacientes selecionados entre 5.000 parkinsonianos. O primeiro capítulo é dedicado a uma revisão sumária do problema do parkinsonismo, inclusive do tratamento médico sob os aspectos farmacológico, psico-terápico e de reabilitação; no segundo é feita a recapitulação dos vários procedimentos cirúrgicos sugeridos, acompanhada da enumeração dos resultados referidos pelos autores dos métodos. No terceiro capítulo o autor tece considerações anátomo-fisiológicas sôbre o globo pálido e sôbre o tálamo no que se refere à patogenia do tremor e da hipertonia. Após criticar a tendência de Bucy para explicar a síndrome como decorrência da supressão de um sistema inibidor, Cooper aventa a hipótese de que o globo pálido desempenha papel ativo, talvez por hiperirritabilidade decorrente de destruição incompleta. Os problemas relativos à técnica cirúrgica e aos resultados da oclusão da artéria coróidea anterior são expostos no quarto capítulo: segundo essa técnica foram operados 55 pacientes com resultados considerados excelentes quanto ao tremor em 65% e quanto à rigidez em 75% dos casos; três pacientes ficaram hemiplégicos e outros apresentaram complicações menores; a mortalidade foi de 10%. Apesar do entusiasmo com que iniciou a utilização dêsse método, a grande variabilidade no território de distribuição da artéria fêz com que Cooper adotasse ulteriormente outros métodos.

O mais extenso dos capítulos do livro versa sôbre a quimiopalidectomia e a quimiotalamectomia, sendo salientada inicialmente a importância da seleção rigorosa dos casos para obtenção de bons resultados. Os princípios básicos da técnica cirúrgica são documentados com objetividade e clareza, tanto no texto como mediante excelentes ilustrações, Na avaliação dos resultados são referidas a abolição do tremor em 85 a 90% dos casos e percentagens imprecisas no que se refere aos outros sintomas. Não são referidos números relativos a casos com intervenções bilaterais. Ocorreram 23 óbitos nos primeiros 1.000 casos (sendo 17 por hemorragia intracerebral) e apenas 3 nos últimos 300 casos. Apenas em 1,4% dos pacientes ocorreu déficit motor duradouro. Exames especializados mostraram queda nas funções intelectuais no pós-operatório, com regressão total após alguns meses. A palavra ficou transitòriamente alterada em 10% e de modo permanente em 1% dos casos. Interessante é a referência a 36 pacientes em que ocorreram hipercinesias (na maioria efêmeras) do tipo hemicoréia, hemibalismo ou mioclonias no pós-operatório; em 33 dêsses pacientes a operação visara o tálamo, sendo a intervenção bilateral em 23. Em 6 pacientes ocorreram convulsões no pós-operatório imediato e, em 4, as convulsões foram tardias. No sexto capítulo são apresentados 20 casos nos quais foi feita cuidadosa correlação anátomo-clínico-radiológica com documentação radiográfica e anatômica. No sétimo capítulo são relatadas 50 observações clínicas.

Trata-se de livro de leitura fácil e agradável, de grande interêsse como guia para aquêles que adotam ou pretendem adotar métodos cirúrgicos para o tratamento do parkinsonismo.

PEDRO H. LONGO

LE NEOPLASIE METASTATICHE CEREBRALI. R. Montanini. Monografia (17 X 24,5) com 68 páginas, 6 tabelas e 4 figuras. Suplemento nº 37 de Omnia Medica. Instituto di Ricerche V. Baldacci, Pisa, 1960.

O trabalho é baseado em 62 observações de metástases cerebrais decorrentes de neoplasias extracranianas. A grande maioria dos casos corresponde a processos primitivos do aparelho broncopulmonar, seguido, em ordem de freqüência, das neoplasias mamárias, cutâneas (melanomas), gástricas, criptogenéticas e genitais. As metástases originárias de neoplasias pulmonares determinam, com freqüência, distúrbios neurológicos precoces que precedem os sinais de acometimento broncopulmonar. A evolução dêsses processos é, em geral, rápida e tumultuosa, contrastando com aquêles de origem mamária nos quais a sintomatologia é escassa e com pequena tendência evolutiva. Entretanto, se o início dêsses processos é tumultuoso, no período de estado os sintomas de hipertensão intracraniana não são tão intensos como em muitos casos de tumores primitivos do sistema nervoso. Muitas vêzes êsse tipo de evolução pode levar o clínico a diagnóstico impreciso, em virtude da raridade das alterações do líquido cefalorraquidiano e da estase de papila. Alterações psíquicas e crises convulsivas focais são os sinais mais freqüentemente observados. Dos exames subsidiários, a angiografia cerebral permite a localização topográfica sem que, na maioria dos casos, consiga demonstrar a pluralidade das metástases. Em alguns casos de metástases múltiplas há discreto aumento de tempo de hemossedimentação.

O autor conclui que tanto o exame clínico como os exames subsidiários não fornecem elementos constantes e característicos que permitam, em todos os casos, o diagnóstico seguro de neoplasias intracranianas metastáticas.

O. RICCIARDI CRUZ

MODERN SCIENTIFIC ASPECTS OF NEUROLOGY. John N. Cumings (Editor). Um volume (15,5X23,5) com 360 páginas e 99 figuras (9 coloridas). Edward Arnold Ltd., Londres, 1960.

Êste livro, reunindo 10 trabalhos de pesquisadores altamente categorizados, mostra os progressos obtidos nestes últimos anos no terreno da neuroquímica visando esclarecer a patogenia de algumas moléstias do sistema nervoso central e periférico. No primeiro capítulo, Larus Einasson, empregando métodos neuroquímicos de grande precisão (citoquimica microscópica, microfotografia e microspectografia ultravioleta, citofotometria), estuda o comportamento dos ácidos nuclêicos nas células nervosas - distribuição, composição e formação da nucleoproteína citoplasmática, trocas intracelulares do ácido desoxiribonuclêico - e, depois de analisar os conceitos de cromatólise e de cromatofobia, termina estabelecendo o papel desempenhado pelo metabolismo dos ácidos nuclêicos para a atividade e para a exaustão neuronal. No capítulo 2, C. Coérs, depois de recordar a estrutura da placa motora neuromuscular e os métodos histoquímicos usados para estudar a sua fisiopatologia, expõe as mais recentes aquisições no domínio de histopatologia que permitem analisar o comportamento da acetilcolina e da colinesterase na junção mioneural. Paul Bernd Diezel estuda as lipidoses do sistema nervoso central, especialmente aquelas em que a tesaurismose é primária - idiotia amaurótica, doença de Niemann-Pick, doença de Gaucher e gargulismo - ou predominante, como a leucodistrofia metacromática. F. Seitelberger relata os resultados de pesquisas histoquímicas nas afecções desmielinizantes em várias fases evolutivas, mostrando que a desintegração da mielina se faz mediante sucessivas transformações químicas, de tal sorte que o material analisado reage, sucessivamente, como mielina, como gordura neutra e ácidos graxos, como glicolípides, como colesterol esterificado e, finalmente, como proteínas. Fritiof S. Sjöstrand examina o tecido nervoso mediante microscopia eletrônica, analisando aspectos das fibras nervosas mielinizadas e não mielinizadas, do corpo celular do neurônio e das conexões interneuronais. J. B. Finean analisa a composição química e as características estruturais da mielina mediante a difração de raios X e microscopia eletrônica. Em trabalho de caráter puramente químico, E. Klenk e H. Debrich estudam os glicerofosfatides e os esfingolípides do cérebro normal. De bastante interêsse prático é o trabalho em que R. H. S. Thompson refere o comportamento de algumas esterases encontradas no sistema nervoso no estado normal e patológico; além das colinesterases e antico-linesterases, são consideradas as fosfatases, as fosfolipases e as ali-esterases, procurando o autor correlacionar as alterações encontradas com os processos mórbidos causais. Em excelente revisão, Derek Richter expõe as alterações neuroquímicas encontradas na epilepsia, procurando correlacionar os vários aspectos das crises convulsivas a modificações do equilíbrio químico. No último capítulo, John N. Cumings expõe os conhecimentos atuais no tocante às anormalidades do metabolismo lipídico nas lipidoses cerebrais e nas afecções mesmielinizantes, salientando a utilidade de exames biópsicos para o diagnóstico exato.

O. LANGE

DOLOR Y CONDUCTA. V. M. Santander y López de M. Monografia com 137 páginas. La Prensa Médica Mexicana, México, 1961.

Busca o autor as bases neurofisiológicas da integração psicológica do fenômeno doloroso, dividindo o assunto em quatro capítulos: conceito atual de dor; classificação; vias da dor; respostas ao estímulo nociceptivo. Trata-se de trabalho extenso e detalhado, embora constantemente obscuro e omisso, fixado sobretudo às escolas americana, inglêsa e mexicana, contendo acervo onto e filogenético apreciável. A propósito de dor, o autor repassa com freqüência a integração progressiva das sensibilidades somática e vegetativa nos diversos níveis, cuida dos fenômenos básicos responsáveis pelas condutas correspondentes, tudo com método e erudição. São comentadas as respostas bioquímicas tissulares locais, as descargas antidrômicas, as respostas reflexas medulares, as respostas mesencefálicas e hipotalâmicas, as respostas endócrinas, as respostas complexas de níveis talâmicos e supratalãmicos. Recorda o autor os 5 tipos de respostas obtidas, sobretudo em macacos, por estimulação direta sensitiva em cinco distintos níveis - tegmento, giro central, núcleo pós-ventral do tálamo, fórnix e hipocampo - enumerando a vocalização (gritos), a expressão facial, os movimentos ofensivos e defensivos, as incidências vegetativas e a ansiedade. Nesta última, fármacos ajudaram o estudo e o autor ergue restrições à conclusão de Head - "o tálamo é o órgão essencial na sensibilidade vital" - porque introduz-se o fator psíquico (memória) e, com isso, o "essencial" se torna passível de debates. As experiências no homem confirmam que não é necessária a participação da consciência para o desencadeamento de uma resposta e uma conduta face à dor. Isto se mostra nas crianças com menos de 2 anos (a dor e conduta atinente derivam de estruturas subcorticais) ainda incapazes de valer-se das experiências passadas. Isso é comprovado também no curso das anestesias cirúrgicas, onde, no segundo período (delírio ou excitação), já não há consciência mas aparecem condutas que habitualmente acompanham a dor. Há, pois, "manifestação inconsciente de um sofrimento que, certamente, seria um componente da dor, mas nunca a dor em si, como tal". Assim, "os esquemas talámicos de respostas a estímulos que normalmente se tomam como manifestações de dor podem ser evocados sem a participação das funções conscientes". Nas respostas corticais entrarão todos os mecanismos filogenéticos, sempre com a hierarquia inerente ao tecido nervoso. O estímulo doloroso que percorrera etapas com poucos departamentos conexos, agora atinge ao último com comutações infinitas. O impulso isolado é uma ficção. Mesmo extirpando o córtex visual de um macaco, as respostas condicionadas à luz se mantiveram, o que parece provar que nexos outros se haviam formado: "o lugar de associação do condicionamento acha-se fora dos caminhos regulares do estímulo condicionado, do estímulo não condicionado e da resposta não condicionada. A dedução natural é que existem vias de associação". Já antes do último relay, o estímulo doloroso tem acompanhantes que também se associam a relays outros, extradolorosos, e êsses acompanhantes compõem a constelação "sofrimento", onde a dor é parcela. Isso transcenderia Pavlov, segundo o autor, o que nos parece discutível, pois os chamados reflexos de 2º e 3º graus podem abranger isso. Crescem manifestamente as dificuldades do autor e do problema a esta altura: procura o indispensável conceito de percepção, que é um dos cruzamentos do neural com o psíquico. Procura-o em vão em sua linha de pensamento psicofisiológica. O tratamento então dado ao assunto alcança níveis psicológicos, mas as obscuridades e interrogações saltam a cada passo. Sobressai que tôda a classe de percepções prévias - o que há de específico e de inespecífico em tôdas as sensações - influi no circuito maior do processo complexo da dor. Foi comprovado que cães nos quais se evitou tôda a espécie de estímulo até os 8 meses de idade são "inábeis para responder inteligente e adequadamente" aos estímulos a que foram submetidos; nem a resposta talâmica foi observada e mesmo os movimentos protetores contra a dor estavam diminuídos. É que não se formaram condutas de diversos níveis por inexistência de caminhos prévios. Daí o importante papel da experiência com a dor em crianças, que influirá no modo como o adulto percebe e responde à dor. "Criamos em nós próprios nossos esquemas conscientes que haverão de nos proteger da dor". Êsses esquemas compõem-se de "constantes, variáveis e excepcionais". Os impulsos dolorosos, ao circular, adquirem juízos comparativos agradáveis e molestos gravados, consciente e inconscientemente, em esquemas formados no curso de tempo e que não têm sede específica no tecido nervoso. Daí "uma boa razão da intratabilidade da dor central". A utilização de drogas altera a qualidade e o esquema da dor apesar da imutabilidade da eletrencefalografia; isto é atestado - é o que parece ser o obscuro pensamento do autor, neste caso - por ser imodificável o registro cortical, apesar da modificação da vivência de dor. Distúrbios cerebrais e mentais também alteram os esquemas dos impulsos dolorosos. Também a dor moderada mas persistente chega a tornar-se prazerosa: mordiscamentos, por exemplo. Um componente negativo, no esquema em formação, "no prazer satisfeito com ausência de instinto", pode determinar ocorrência de dor: o prazer sexual obtido sob mêdo poderá ir até a dor e angústia. O fenômeno de interferência de uma dor atenuando e apagando outra, explicado por uns como "ocupação da via dolorosa", seria "um fenómeno central alto de oclusão no córtex": um foco cortical trabalha e os circunvizinhos inibem-se. Mas as zonas inibidas nem sempre são as vizinhas. Pensa-se então na atenção: um general chinês deixou-se operar sem dor enquanto concentrava-se a jogar uma partida de damas. Haveria, então, "uma soma algébrica entre sensações agradáveis, analisadas juntamente com os estímulos nociceptivos, com interrelação dos circuitos fronto-estrio-tálamo-frontais com os fronto-estrio-hipotálamo-orbitários, cujas cargas diversas com fenômenos de oclusão, ocupação, indução, inibição e facilitação, disso resultando o desvio do lugar final de integrar-se o complexo problema da atenção". Passa o autor ao "comportamento da consciência ante a dor" e sua exposição se desenvolve num crescendo de integrações de noções neurológicas, psíquicas, sociais, filosóficas e mesmo analítico-existenciais, cada vez mais interessantes e vigorosas. Aí se vai percebendo como a dor está presente desde o fenômeno primário e elementar dos juízos perceptivos, automáticos e inconscientes neurais, até os lances gnósticos e filosofantes em tôdas as áreas das cogitações humanas. Exemplos finais mostram como fatôres circunstanciais acompanhatórios da dor podem adquirir importância tão grande ou maior que a dor, pois que fixam determinantes de conduta psíquica e física idênticas à dor.

Imperdoáveis omissões nesta monografia consistem, a nosso ver: a) na total ausência da patologia das correlações, em cuja dissertação o autor encontraria refôrço para tudo o que disse; b) nem uma palavra sõbre "Heilanesthesie" já carregada de fatos, inclusive na dor e fatos transcendentalmente importantes; c) a percepção motiva considerações conceituais de psicofisiologia sempre insatisfatória. O conceito de Jaspers prestaria ao autor serviços incalculáveis para sua dissertação final de rara firmeza. À pág. 134 lê-se uma coisa realmente estapafúrdia: "Olive-crona e colaboradores reportaram em 1952 hipofisectomias em câncer de Breast". Sabe-se que se trata de câncer de mama e que "breast" é isso em inglês. Como está redigido, parece que o autor indica uma forma especial de câncer isolada por certo Breast.

NELSON PIRES

DIE AMNESIEN: AMNESIEN ALS ORDNUNGSTÖRUNGEN. Wilhelm Zeh. Monografia (16,5X24) com 128 páginas e 4 figuras. Georg Thieme Verlag. Stuttgart, 1961.

Quando se procura considerar as enfermidades cerebrais do ponto de vista de suas manifestações psíquicas, sente-se a necessidade de meditar sôbre os conceitos psicopatológicos fundamentais com que se procura caracterizar o sintoma ou a síndrome. Expressa êste fato a insuficiência da análise psicopatológica destas manifestações. Se os tipos de reação endógena de Bonhoeffer podem ser muito pouco completados no sentido puramente descritivo, muito falta ainda no tocante à pesquisa estrutural.

Das três grandes esferas das manifestações psicorgânicas - alterações da consciência, regressão orgânica da personalidade e síndrome amnéstica - escolheu o autor a síndrome amnéstica para demonstrar ser possível um aprofundamento das pesquisas dos fenômenos psicopatológicos. Não se trata, porém, de uma análise estrutural no sentido de Birnbaun, nem no conceito do diagnóstico pluridimensional de Kretschmer. Wilhelm Zeh orienta-se mais no esclarecimento das dependências intrapsíquicas e na pesquisa genético-causal dos sintomas; genético-causal não no plano da correlação psicológica de causalidade psíquica, como entende Gruhle. Estudando seu material sob diferentes enfoques metodológicos, descreve, em capítulos independentes, a abordagem fenomenológica, a pesquisa estrutural, a dinâmica das leis do decurso e a construção genético-causal da manifestação patológica. Desejando contribuir para a psicopatologia clínica, evitou apoio em qualquer escola psicológica, procurando tirar sua compreensão de maneira puramente empírica. É levado, assim, à tentativa de interpretar a amnésia como um distúrbio da ordem (ordnungstõrung) de regulamentação fundamental puramente psicológica na construção dos sistemas de trabalho mental. No quadro da amnésia, esta ordem significa a correlação consciente do homem em si próprio e em sua relação com o mundo exterior, estabelecido através dos dados fundamentais das vivências do tempo e do espaço; embora a aplicação dêste ponto de vista para a psicopatologia da recordação já tenha sido anteriormente abordada por outros, nunca o fôra em primeiro plano. Apesar de interessante e sugestiva sob vários aspectos, a tentativa do autor de aprofundamento da compreensão das manifestações amnésicas apresenta-se ainda não muito precisa, exigindo maiores pesquisas. Entretanto, o objetivo de chamar a atenção sôbre a possibilidade e a necessidade de pesquisa psicopatológica das manifestações psicorgânicas foi plenamente alcançado.

JOSÉ LONGMAN

DESIGN FOR A BRAIN. W. Ross Ashby. Um volume (14,5X22) com 286 páginas, 69 figuras e 7 tabelas. Segunda edição revisada. Chapman & Hall Ltd., Londres, 1960.

Os estudos da eletrônica e dos problemas eletrofisiológicos vieram influir de maneira nítida no conceito de funcionamento do sistema nervoso, estabelecendo a moderna fisiologia conceitos altamente avançados no sentido dos chamados reflexos, atos automáticos, memória e consciência. A verdade dêsses fatos está na complicação cada vez maior da automação, com a instalação de cérebros eletrônicos com capacidade de cálculo matemático elevado a uma potência impossível ao cérebro humano e com memória matemática e histórica. O autor procura, à luz dos dados cibernéticos, estudar o comportamento cerebral e estabelecer paralelos correlativos entre o funcionamento de certas máquinas e o cérebro. Evidentemente essas máquinas obedecem a princípios que são aplicáveis também ao funcionamento do cérebro, desde que se admita uma teoria de fenômenos eletromagnéticos gerados pelas reações bioquímicas do protoplasma e que, uma vez criados, em virtude de suas propriedades, tornam-se independentes daquelas reações, criando condições de ligação e interrelações próprias da natureza do fenômeno. Nos diversos capítulos o autor apresenta o fenômeno cibernético de maneira clara, começando pelo conceito da relação da máquina com o meio, o sentido do reflexo, a adaptação por circuitos eletrônicos. Procura, depois, interpretar o mecanismo de estabilidade do sistema nervoso com explicações do "feedback", do "goal seeking", assim como da correlação da adaptação e estabilidade e, finalmente, dos fenômenos de homeostase, com a interação do sistema nervoso e sua adaptabilidade a sistemas diversos de integração (em série e múltiplos) e o sistema de amplificação que permite ao cérebro se adaptar às condições de tempo e espaço. Nos últimos capítulos são expostos conceitos matemáticos estatísticos sôbre o funcionamento cibernético do cérebro. Trata-se de livro bastante interessante para leitor que já possua conhecimentos básicos de cibernética.

J. TEIXEIRA PINTO

VERHALTENSPHYSIOLOGISCHE UND ANTHROPOLOGISCHE GRUNDLAGEN DER PSYCHOPHARMAKOLOGIE. J. D. AChelis e H. v. Ditfurth (editores). Coletânea de trabalhos de vários autores. Um volume (16X24) com 110 páginas e 14 figuras. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1961.

Esta publicação reúne os trabalhos discutidos durante as jornadas realizadas em 8 e 9 de outubro de 1960, sob os auspícios da firma C. F. Boehringer, com a finalidade de discutir questões básicas concernentes a investigações no campo da psicofarmacologia. A existência de uma "psicofarmacologia", ramo da farmacologia, teòricamente separável da "neurofarmacologia", tem sido admitida pelo menos com a finalidade de concatenar os numerosos estudos relacionados às ações das drogas capazes de alterar o estado psíquico, normal ou patológico, sem a pretensão de divorciar-se dos aspectos básicos, particularmente fisiológicos, comuns aos dois campos de investigação.

Inicialmente o Prof. J. D. Achelis expõe os problemas fundamentais da psicofarmacologia, apontando as diversas linhas de investigação seguidas, suas dificuldades e perspectivas; o problema da regulação funcional é focalizado, sendo mostrada sua evolução para a "harmonia biológica"; são recordados, com muita propriedade e detalhes, os trabalhos de Cannon e os de Hess referentes à "função de luta" e à "organização funcional do sistema nervoso vegetativo", respectivamente, inclusive em suas relações com os estados de vigília e de sono; as funções motoras são apresentadas como significando não simplesmente movimento, mas a liberdade do indivíduo em relação ao meio; o autor conclui considerando a "psicofarmacologia" como a farmacodinâmica da harmonia fisiológica. Sem dúvida, apenas êste capítulo já recomenda a oublicação. O primeiro assunto apresentado para discussão por W. Schleidt diz respeito ao comportamento animal e suas alterações pelos agentes farmacológicos, sendo discutidos os métodos de pesquisa em animais de laboratório e suas dificuldades relacionadas à "psicologia animal". Em extenso capítulo referente à terapêutica psiquiátrica por meio de drogas, H. v. Ditfurth mostra diferentes aspectos do emprêgo de substâncias psicótropas, estudando os neuroplégicos quanto a seus efeitos colaterais e mecanismos de ação. E. v. Holst expõe interessantes resultados no campo da fisiologia comparada, obtidos através de investigações sôbre a psicofisiologia do tronco cerebral do galo, utilizando a estimulação elétrica dessa formação anatômica. Trabalho que certamente despertará a atenção do ponto de vista psicológico e que também interessará aos que se dedicam ao tratamento dos cardiopatas é o de H. Plügge e R. Mappes, versando sôbre a percepção e o comportamento de pacientes portadores de afecções cardíacas. A última comunicação, de autoria de R. Bilz, analisa identidades de reações encontradas durante estados hipnogógico e psicótico em decorrência de pesquisa sôbre vigília dissociada.

Tôdas as apresentações são discutidas amplamente por autoridades nos diferentes setores e a publicação é, sem dúvida, de grande utilidade, particularmente para os psiquiatras, neurologistas e farmacologistas.

GIL S. BAIRÃO

THE MURDERER AND HIS VICTIM. John M. MacDonald. Um volume (16X23,5) com 420 páginas. Charles C. Thomas, Springfield (Illinois), U.S.A., 1961.

De "O criminoso e sua vítima", estudo realizado por John MacDonald, professor de Psiquiatria Forense na Faculdade de Medicina de Colorado, pode-se dizer, inicialmente, que muito poucas obras seriam capazes de competir com ela no que diz respeito à extensão do círculo de leitores. O livro é escrito de tal forma que transcende do círculo mais limitado para o qual se supõe ter sido escrito: o estudioso de criminologia nêle encontra larga messe de conhecimentos; com êle o psiquiatra, o psicólogo, o sociólogo, o jornalista e, porque não dizer, o homem comum, interessado em conhecer a sociedade em que vive e pela qual sente-se coresponsável. A linguagem empregada é, ao mesmo tempo, rigorosamente correta e suficientemente clara para ser acessível ao leitor não especializado, virtude pouco difundida, convenhamos. Os vários setores são expostos com minúcia e objetividade, utilizando-se o autor, de maneira muito didática, de exemplos objetivos e adequados. Precedendo o estudo dos vários tipos de criminosos, e de vítimas, são expostos dados estatísticos que informam com precisão sôbre os aspectos paralelos, alguns surpreendentes, mostrando, por exemplo, que as condições meteorológicas influem não apenas sôbre a quantidade como sôbre a qualidade dos crimes, ou seja, que em tempo de calor ocorrem mais crimes de morte e sexuais, enquanto que em tempo frio ocorrem mais crimes contra a propriedade; além disso é demonstrado que certas horas do dia são bem mais propícias que outras para a realização de crimes e que certos locais são mais "letais". A surprêsa está em que o lar se mostrou, quantitativamente, bem mais "letal" que os logradouros públicos.

A análise dos vários tipos de criminosos serve de importante subsídio para o capítulo em que é expostp o método científico de investigação, melhor dito de inquirição dos suspeitos pela realização de um crime. O detetor de mentiras, o "sôro da verdade" e outros expedientes tão conhecidos do leitor de ficção criminal, são passados pelo crivo da análise de MacDonald que estuda, também, os crimes coletivos e a pena de morte, citando os vários tipos de comportamento de criminosos diante da expectativa da própria morte. Um último capítulo, escrito por Stuart Boyd, é dedicado ao estudo da literatura de ficção criminal; nêle são analisadas obras de conhecidos autores do gênero, bem como o espírito peculiar do leitor de "policiais".

ANTONIO B. LEFÉVRE

LIVROS RECEBIDOS

Nota da Redação - A notificação dos livros recentemente recebidos não implica em compromisso da Redação da revista quanto à publicação ulterior de uma apreciação. Todos os livros recebidos são arquivados na biblioteca do Serviço de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

CEREBRAL PARAGONIMIASIS. S. K. Kim e A. Earl Walker. Monografia (16X24) com 85 páginas, 13 tabelas e 36 figuras. Suplemento 153 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

MORPHOLOGICAL STUDIES ON THE LARGE CEREBRAL ARTERIES WITH REFERENCE TO THE AETIOLOGY OF SUBARACHNOID HAEMORRHAGE. Ove Hassler. Monografia (16X24) com 145 páginas, 10 tabelas e 35 figuras. Suplemento 154 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1981.

THE COURSE OF SCHIZOPHRENIC AND SCHIZOPHRENIFORM PSYCHOSES. K. A. Achté. Monografia (16X24) com 273 páginas e 40 tabelas. Suplemento 155 de Acta Neurologica et Psychiatrica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

THE BRAIN IN UREMIA. Steen Olsen. Monografia (16X24) com 128 páginas, 22 tabelas e 20 figuras. Suplemento 156 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

DENTAL INFECTIOUS FOCI AND DISEASES OF THE NERVOUS SYSTEM. T. P. Störtebecker. Monografia (16X24) com 62 páginas e 9 figuras. Suplemento 157 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

THE MURDERER AND HIS VICTIM. John M. MacDonald. Um volume (16X23,5) com 420 páginas. Charles C. Thomas, Springfield (Illinois), U.S.A., 1961.

DIE AMNESIEN. AMNESIEN ALS ORDNUNGSSTÖRUNGEN. Wilhelm Zeh. Monografia (16,5X24) com 128 páginas e 4 figuras. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1961.

CLINICAL AND EXPERIMENTAL STUDIES IN ECHO-ENCEPHALOGRAPHY. Brita Lithander. Monografia (16,5x23,5) com 52 páginas, 8 tabelas e 14 figuras. Suplemento 159 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munks-gard, Copenhague, 1961.

TREATMENT OF MENTAL DISORDERS WITH FRONTAL STEREOTAXIC THERMO-LESIONS. Torsten Herner. Monografia (16,5X23,5) com 140 páginas, 106 tabelas, 10 gráficos e 6 figuras. Suplemento 158 de Acta Psychiatrica et Neurologica Scandinavica. Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1961.

LE NEOPLASIE METASTATICHE CEREBRALI. R. Montanini. Monografia (17X 24,5) com 68 páginas, 6 tabelas e 4 figuras. Suplemento 37 de Omnia Medica. Instituto di Ricerche V. Baldacci, Pisa, 1960.

ESTRUTURAS TENSIONAIS DA CENSURA FAMILIAL. Goncalves Fernandes. Monografia (15X23) com 68 páginas, 8 mapas e 7 gráficos. Editada pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (Série VIII - Vol. 4). Rio de Janeiro.. 1961.

VERHALTENSPHYSIOLOGISCHE UND ANTHROPOLOGISCHE GRUNDLAGEN DER PSYCHOPHARMAKOLOGIE. J. D. Achelis e H. v. Ditfurth. Coletânea de trabalhos de diversos autores. Um volume (16X24) com 110 páginas e 14 figuras. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1961. Preço: DM 14,80.

SCIENTIFIC ASPECTS OF NEUROLOGY. Hugh Garland (editor). Um volume (16X24) com 264 páginas, 40 figuras e numerosas tabelas, contendo 20 trabalhos de diversos autores. E. & S. Livingstone Ltd., 1961.

CLEFT PALATE AND SPEECH. A surgical study including observations on velopharyngeal closure during connected speech, using synchronized cineradiography and sound spectrography. Bengt O. Nylén. Monografia (18x24,5) com 124 páginas, 26 figuras e 32 tabelas. Suplemento 203 de Acta Radiologica, Appelbergs Boktryckeri AB, Uppsala, 1961.

VELOPHARYNGEAL FUNCTION IN CONNECTED SPEECH. Studies using tomography and cineradiography synchronized with speech spectrography. Lars Björk. Monografia (18X24,5) com 94 páginas, 42 figuras e 13 tabelas. Suplemento 202 de Acta Radiologica, Appelbergs Boktryckeri AB, Uppsala, 1961.

STUDIER OVER SCHIZOFRENA OCH SCHIZOFRENIFORMA PSYKOSER HOS MAN. Eva Johanson. Monografia (15,5X23,5) com 17 páginas. Almqvist & Wiksells Boktryckeri AB, Uppsala, 1961.

DOLOR Y CONDUCTA. Santander Y Lopez de M. Um volume (16X22) com 154 páginas e numerosas figuras. La Prensa Medica Mexicana, México (DF), 1961.

PSIQUIATRIA CLÍNICA MODERNA. Arthur P. Noyes. Um volume (16X23,5) com 765 páginas. Segunda edição castelhana da quinta edição norte-americana. La Prensa Medica Mexicana, México (DF), 1961. Distribuído no Brasil por "Arquivos da Clínica Pinei", Av. João Pessoa, 925-943, Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul. Preço: Cr$ 3.600,00.

ASPETTI NEUROLOGICI, PSICOLOGICI E PSICOPATOLOGICI DEL MORBO DI HANSEN. Guido Argenta. Monografia (17X24) com 118 páginas e 35 figuras. Collana di monografie delia Rivista di Neurologia, Editrice Calia, Nápoles, 1961.

PARKINSONISM: ITS MEDICAL AND SURGICAL THERAPY. Irving S. Cooper. Um volume (21,5X28) com 239 páginas e 111 figuras. Charles C. Thomas, Springfield (Illinois), 1961.

MODERN SCIENTIFIC ASPECTS OF NEUROLOGY. John N. Cumings (editor). Um volume (15,5X23,5) com 360 páginas e 99 figuras (9 coloridas). Edward Arnold Ltd., Londres, 1960.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Dez 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 1961
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