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ANÁLISES DE LIVROS

DURAL ARTERIOVENOUS MALFORMATIONS. ISSAM A. AWAD & DANIEL L. BARROW, editores. Um volume (18x26 cm) encadernado, com 253 páginas. ISBN 1-879284-06-5. Park Ridge, 1993: American Association of Neurological Surgeons Publications Committee (22 South Washington Avenue, Park Ridge, Illinois, 60068 USA).

Malformações arteriovenosas (AVMs) durais são raras, com prevalência de 10% a 15% entre todas as AVMs. São, contudo, entidade pobremente entendida, propensa a ser erroneamente diagnosticada e tratada de modo inapropriado. Ela pode ser completamente esquecida, quando dos diagnósticos diferenciais.

Esta nova publicação da American Association of Neurological Surgeons (AANS), resume aspectos dos conhecimentos correntes sobre AVMs durais, cranianas e medulares. Este livro conta com a colaboração de vários autores, todos eles renomados e com grande experiência em AVMs, que compuseram os 15 capítulos em que a matéria é distribuída. Esta consta de tópicos como: definição, classificação, fisiopatologia, etiologia, hemodinâmica, fatores prognósticos, tratamento endovascular e cirúrgico, localizações específicas de AVMs durais. A seção dedicada a anatomia e embriologia da vascularização normal das meninges ajuda a elaborar conhecimentos que auxiliam no entendimento dessa patologia. O último capítulo apresenta esclarecimentos finais sobre esse assunto complexo.

O texto é exposto de maneira compreensiva e de modo didático. Muitas ilustrações são desenhadas de maneira anatômica simples. Angiografia, ressonância eletromagnética e tomografia computadorizada estão presentes com alta qualidade e em quantidade suficiente, ilustrando os textos. Por apresentar discussões minuciosas e acessíveis, este livro representa uma leitura importante para todos os neurocirurgiões em treinamento, neurocirurgiões gerais que desejam expandir seus conhecimentos sobre o assunto, bem como para os neurocirurgiões que têm interesse em doenças cerebrovasculares. Deve ser parte integrante da biblioteca de neurorradiologistas intervencionistas, que desempenham importante papel no diagnóstico e no tratamento dessas lesões através de embolização seletiva.

MAURO AUGUSTO DE OLIVEIRA

CAVERNOUS MALFORMATIONS. ISSAN A. AWAD & DANIEL L. BARROW, editores. Um volume (18x26 cm) encadernado, com 224 páginas. ISBN 1-879284-07-3. Park Ridge, 1993: American Association of Neurological Surgeons Publications Committee (23 South Washington Street, Park Ridge, Illinois, 60068 USA).

Este livro sobre malformações cavernosas (MC) é publicado pela American Association of Neurological Surgeons (AANS). Seus editores contaram com a colaboração de 27 autores, todos com larga experiência no assunto, para escrever os 16 capítulos que compõem o livro.

MCs causam hemorragia intracerebral espontânea e déficit neurológico focal. Seu diagnóstico e sua compreensão têm sido ampliadas graças à maior atenção que o tema vem recebendo na literatura. Um dos grandes desafios deste livro, talvez seja a utilização e o reforço do termo "malformações cavernosas" como expressão única, distinta de outras malformações vasculares (MAV) intracranianas. Esta é uma obra oportuna para os neurocirurgiões que apostam no papel da caracterização da história natural na abordagem dos pacientes com esta patologia.

O primeiro capítulo aborda em detalhes a importância dos achados histopatológicos de várias MAV intracranianas, com respeito aos quais todo residente de neurocirurgia deve estar informado. No capítulo seguinte, sobre epidemiologia, é feita revisão adequada dos dados, que são apresentados de forma organizada. Outro ensinamento que podemos depreender desse capítulo é que o risco de sangramento da MC é significativamente menor (0,3% por ano) que o das MAV. Na síntese do capítulo sobre clínica e curso natural, os AA apresentam, de maneira ilustrada, aspectos fisiopatológicos associados com angiomas cavernosos e descrevem o fenômeno que chamam "exsudação lenta", o qual criaria um foco de irritação cerebral que conduziria a crise convulsiva. Os editores dedicam capítulo especial para os métodos de diagnóstico por imagem. Com texto de fácil compreensão, esse capítulo é ilustrado de maneira adequada, de alta qualidade técnica. Muitos pacientes com MC têm, como primeira manifestação, crises convulsivas; dessa forma, não poderia deixar de haver nesta obra uma discussão sobre bases eletrofisiológicas da epilepsia nesses pacientes.

Os capítulos que apresentam o tratamento cirúrgico dessas lesões ilustram a remoção microcirúrgica e comentam sobre o benefício da remoção estereotáxica de lesões profundas, de difícil acesso. Esses capítulos são escritos de maneira concisa porém completa e possuem ótimas e suficientes ilustrações. McCormick e Stein sugerem abordagem razoavelmente conservadora para as MCs da coluna que são assintomáticas. Este ponto de vista introduz pequena contradição quanto à recomendação que consta do capítulo 7, no qual se sugere que uma abordagem profilática mais agressiva deva ser tomada.

Outros capítulos do livro fazem referência às MCs e outras malformações críticas em pediatria e à radiocirurgia nas MCs e outras MAV angiograficamente ocultas.

Esta obra deve fazer parte da biblioteca de todo serviço com residência em neurocirurgia pois, a nosso ver, serve como guia prático de consultas.

MAURO AUGUSTO DE OLIVEIRA

ATLAS OF OPERATIVE MICRONEUROSURGERY, VOL. 1: ANEURYSMS AND ARTERIOVENOUS MALFORMATIONS. JOHN M. TEW Jr. & HARRY van LOVEREN, editores. Um volume (23,5x31,5 cm) encadernado, com 336 páginas. Philadelphia, 1994: W. B. Saunders Co. (The Curtis Center, Independence Square West, Philadelphia, Pennsylvania, 19106 USA).

Este é o primeiro volume de uma série de livros planejada para abordar o tratamento cirúrgico de doenças neurológicas. Este atlas é o único a fornecer abordagens cirúrgicas e técnicas baseadas na experiência dos AA em microcirurgia e tem o objetivo voltado para o manejo de aneurismas e de malformações arteriovenosas (MAVs). O formato do livro é o de um atlas. Os méritos artísticos dos textos são excelentes e abundantes. Existem 408 ilustrações, incluindo 108 em duas cores e 5 em policromia. Os artistas traduziram a aparência intra-operatória em desenhos anatomicamente precisos. A simplicidade da recriação artística da anatomia e dos acessos apresenta ao leitor princípios básicos e uma excelente apreciação de questões envolvidas em cada uma dessas exposições e procedimentos. Este volume contém detalhado índice de tópicos.

O livro é composto de 4 seções. A primeira trata das abordagens cirúrgicas, descrevendo os acessos pterional, inter-hemisférico, subtemporal, petroso e suboccipital. Os capítulos subsequentes tratam dos aneurismas da circulação anterior, circulação posterior e MAVs. Não estão incluídas referências bibliográficas. O texto de cada capítulo é mínimo.

Este atlas apresenta técnicas cirúrgicas, incluindo aspectos de posicionamento, incisão, craniotomia, dissecção intradural com microscópio. O leitor ainda é presenteado através de vários passos na porção microscópica, com atenção para os aspectos significantes da operação. Não inclui estudos radiológicos e não inclui discussão para a escolha racional de cada abordagem. Não são apresentados métodos e técnicas alternativas. Às vezes, isso conduz a simplificação, como na recomendação do uso de um particular clip angulado para um específico aneurisma.

Entretanto, os AA conseguiram produzir um excelente atlas de microcirurgia para abordagens primárias ou básicas de muitos aneurismas cerebrais e MAVs. Ele deverá ser um precioso texto de referência para neurocirurgiões em treinamento e para aqueles com interesse em doenças cerebrovasculares e seu tratamento cirúrgico.

MAURO AUGUSTO DE OLIVEIRA

SURGICAL EXPOSURE OF THE SPINE: AN EXTENSIVE APPROACH. EDWARD C. BENZEL, editor. Um volume (18x25 cm) encadernado, com 201 páginas. ISBN 1-879284-25-1. Park Ridge, 1995: American Association of Neurological Surgeons Publications Committee (22 South Washington Street, Park Ridge, Illinois, 60068 USA).

Este excelente livro texto é dirigido para tópicos de abordagem cirúrgica da coluna. Ele está dividido em 13 capítulos e conta com a contribuição de 9 renomados cirurgiões de cirurgias complexas da coluna. Embora seja um livro de múltiplos autores, o formato geral de cada capítulo é semelhante. O relevante em anatomia cirúrgica é apropriadamente revisado antes de ser apresentada a descrição da abordagem cirúrgica. Uma das vantagens deste livro é proporcionar explanação detalhada de acessos lateral e ventral da coluna que são raramente vistos, pois a maioria dos livros texto em técnicas da coluna focaliza detalhes uma vez que a exposição cirúrgica tenha sido realizada. Assim, esta publicação descreve claramente os acessos usados por cirurgiões especialistas em coluna, com detalhes de partes da cirurgia frequentemente encobertas em outras publicações sobre o assunto. Dificuldades cirúrgicas podem ser evitadas com o melhor entendimento dos acessos.

Os seis primeiros capítulos descrevem a coluna cervical, os quatro seguintes detalham informações sobre a coluna torácica e lombar, e os três capítulos finais avaliam o resultado global. A maior parte do livro fornece informações sobre exposição ventral da coluna. Acessos laterais são também significativamente abordados. Entretanto, constam informações mínimas com respeito a outros acessos. Isto por estarem os cirurgiões da coluna, em sua maioria, familiarizados com os acessos dorsais. A possibilidade do aumento de procedimentos radicais descompressivos por acesso ventral ou lateral tem-se expandido. Cada vez com mais frequencia, cirurgiões especializados em reconstrução da coluna estão realizando seus próprios acessos cirúrgicos, e este livro serve de guia para esses acessos.

A particularidade deste livro é conter seções que tratam daquelas áreas que são, tradicionalmente, de mais difícil abordagem e subsequente descompressão. Estão incluídas descrições da exposição ventral da coluna cervical superior, da junção cervicotorácica e da junção toracolombar. Em particular, indicações e técnicas específicas para deslocar o diafragma para baixo são muito bem detalhadas e ilustradas.

Resumindo, este livro apresenta capítulos sobre indicação, complicação e comparação de exposições, que particularmente valem a pena. São descritos pontos anatômicos clinicamente importantes. Comentários específicos sobre indicações para abordagens particulares e advertências específicas são apresentados em detalhe, para serem observados com cuidado no intra e no pós-operatório, quando empregamos essas técnicas. Este livro descreve ainda todas as abordagens comumente usadas, ventral e lateralmente, do ponto de vista de cirurgia descompressiva da coluna.

Esta publicação deverá ser muito bem aceita e é recomendada para todos os interessados em cirurgia ventral descompressiva, bem como de instrumentalização e fusão da coluna. Residentes em neurocirurgia e ortopedia serão beneficiados com esta obra. Em adição, ela poderá servir como guia útil para parte dos colegas cirurgiões gerais e torácicos assim como para anestesistas, durante planejamento pré-operatório para procedimento espinhal ventral principal. Trata-se de livro de fácil compreensão e bem ilustrado, que deverá fazer parte do toda biblioteca de programa de ensino em neurocirurgia.

MAURO AUGUSTO DE OLIVEIRA

APPLICATION OF THE INTERNATIONAL CLASSIFICATION OF DISEASES TO NEUROLOGY: ICD-NA. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Um volume (16x24,5 cm) encadernado, com 574 páginas. Genebra, 1997: WHO (1211 Geneva 27, Switzerland).

Desde o século XVIII, a nosografia vem expressando o conhecimento e a capacidade diagnóstica quer seja em bases sintomatológica, sindrômica, anátomo-patológica, fisiopatológica ou etiológica. Nas últimas décadas, as ciências vêm proporcionando cada vez maior rigor diagnóstico e expansões classificatórias com ênfase no diagnóstico de primeira ordem, isto é, no etiológico. Com isso, houve a necessidade da organização de outras classificações hierarquicamente ligadas ou suplementares às das Classificações Internacionais das Doenças (CID), originalmente formadas para a construção de bancos de dados voltados a questões administrativas, financeiras e de planejamento em saúde. Esta família de classificações contempla também a CID vinculada à neurologia - CID-Neuro. A sua primeira edição ocorreu em 1987 como adaptação da CID-9 e, bem recentemente, foi lançada a CID-10, ambas precursoras em inglês.

O livro tem no seu corpo prefácio, agradecimentos, quatro seções, índice e uma tabela de drogas e substâncias químicas. O prefácio lida com o desenvolvimento da CID-Neuro desde a sua primeira edição e menciona os seus mentores principais. No setor de agradecimentos, são apresentadas as organizações e pessoas que forneceram suporte e consultoria para o desenvolvimento do documento (também à World Federation of Neurology, representada no caso do Brasil, pela Academia Brasileira de Neurologia, na pessoa do Prof. Antonio Spina França Netto). Na seção I, introdução, há um breve histórico sobre a CID e CID-Neuro, apresentação sumária da CID-10 e famílias de classificações, além de considerações sobre o papel da CID-Neuro e sua estrutura. A seção II tem instruções e recomendações sobre o uso da CID-Neuro. A seção III apresenta os blocos de títulos, mas não todos os existentes nos capítulos da CID-10 são aqui contemplados. Na seção IV, existe a pormenorização dos agrupamentos mencionados na seção III, mas não apenas do capítulo VI, sobre doenças do Sistema Nervoso, mas sim de todos os 21 da CID-10, com expansões para atender as doenças do sistema nervoso, manifestações nele ou associações com ele ou estruturas adjacentes. A seção V apresenta um código de morfologia dos neoplasmas a ser usado pelos interessados junto ao segundo capítulo da CID-Neuro (a partir de uma outra classificação da família de classificações da CID, a de oncologia, a CID-O, de sua segunda edição de 1990). Após, é apresentado o índice remissivo e, para finalizar, as tabelas de drogas e substâncias químicas (relacionadas em colunas com as rubricas de envenenamento ou efeitos terapêuticos adversos correspondentes).

A CID-Neuro preserva a estrutura original da CID, mas a expande para atender com um código praticamente todas as afecções conhecidas ligadas à neurologia, também com 5, 6 ou 7 caracteres, passíveis de serem compactados nas categorias originais da CID-10, usualmente 3 ou 4 caracteres. Lembra-se que a CID-10, assim como a sua afiliada de neuro, tem código alfanumérico. Por exemplo, a epilepsia e síndromes epilépticas generalizadas idiopáticas contida na categoria G40.3, de quatro caracteres, apresenta uma série de tipos de crises especificamente codificadas isoladamente apenas na CID-Neuro, no caso da epilepsia mioclônica benigna da infância com a rubrica G40.30, de cinco caracteres. Portanto, esta é uma classificação em aberto, não consolidada, sujeita a revisões para adaptação a futuras conquistas das neurociências e a críticas dos usuários, que deverão vir principalmente a partir da definição de doenças, dependentes de grandes avanços recentes como os da genética e bioquímica.

A própria classificação mãe, a da CID-10, também está sujeita a revisões em breve. No entanto, recomendamos consultas à CID-Neuro pelos neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras, pelo seu potencial de aplicação em pesquisa, questões epidemiológicas e, mesmo ensino, como demonstração do conhecimento atual neuronosográfico e formulação de conteúdos disciplinares.

MARLEIDE DA MOTA GOMES

NEUROLOGY AND PUBLIC HEALTH IN JAPAN. World Health Organization (WHO /MSA / MNH / NRS / 97.3). Um volume (21,5x28 cm) em brochura, com 297 páginas). Genebra, 1997: WHO (WHO Programme on Mental Health, 1211 Geneva 27, Switzerland).

Este documento contém os Proceedings of the Congress on Neurology and Public Health in Japan (Tokyo, 26-28 September 1995) e é publicado sob os auspícios do Programme on Mental Health, World Health Organization. Seu editor é Kiyotaro Kondo e seus co-editores, Masao Kanamori, Sawako Kawamra, Norio Sakurogawa, Toshiaki Takasu e Tetsuro Sato.

Neurologia e saúde pública é o título da mensagem de prefácio, escrita pelo Diretor-Geral da OMS, Hiroshi Nakajima. O texto, dividido em onze partes e seguido de índice remissivo, abrange: visão geral e magnitude dos problemas; epidemiologia e programas de controle de determinadas doenças neurológicas - entre as quais se destaca a mielopatia associada ao HTLV-I; organização e desempenho de serviços especializados; enfermagem e reabilitação em doenças neurológicas; sistemas de screening diagnóstico - dentre os quais aqueles para infartos cerebrais silenciosos; cuidados regionais, normatização e institucionalização - com ênfase ao tratamento domiciliar e ao cuidado do idoso com afecção neurológica; doenças neurológicas intratáveis; demências senis - com avaliação epidemiológica e dos cuidados assistenciais; investimentos sociais e administração; cooperação entre países do Pacífico Ocidental - como com Taiwan; filosofia e atenção pública a problemas - como cuidados primários e comunitários e como atenção de saúde de interesse ao cérebro do idoso. Esta última parte se encerra com apanhado sobre o modo de compreender a neurologia no contexto da medicina oriental, preparado por Yoshiro Yase.

A clareza da exposição marca a capacidade de cada um dos autores dos 54 capítulos do livro. Este, por sua vez, representa uma das facetas das atividades atuais do Programme on Mental Health da OMS com o objetivo o desenvolver redes de integração do conhecimento especializado, partilhado por países com língua e características comuns. Nesse sentido, o modelo que o Japão oferece ao mundo quanto à integração da neurologia e da saúde pública, levou a que o livro fosse publicado sob os auspícios da OMS, como no prefácio salienta o Diretor-Geral, Hiroshi Nakajima.

ANTONIO SPINA-FRANÇA

NEUROMUSCULAR DISEASE DURING DEVELOPMENT. FERNANDO CORNELIO, GIOVANNI LANZI, ERMELINA FEDRIZZI, editores. Um volume (25,5x17,5 cm) encadernado, com 154 páginas. ISBN 0-86196-541-8. London, 1997: John Libbey & Co. Ltd. (13 Smiths Yard, Summerley Street, London SW18 4HR, England, UK).

Trata-se de compilação de aulas apresentadas durante um curso de pós-graduação da Fundação Pierfranco e Luisa Mariani de Milão, ocorrido em Pavia, em 1995. Como tal, não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas de enfocar aspectos específicos, relacionados aos avanços mais recentes, sobretudo na área de genética molecular. Assim, não poderia funcionar como um livro texto para estudantes e profissionais iniciando a especialidade, visto que dados genéricos como histórico, classificação e formas clínicas são citados apenas de forma resumida.

A obra é dividida em quinze capítulos, dos quais os melhores me parecem ser os dois primeiros, sobre miopatias metabólicas e mitocondriais, e os capítulos 6 e 9, sobre síndromes miotônicas e doenças da junção neuromuscular. Estes discutem de forma resumida, porém simples e clara, aspectos que não são de domínio geral por incluírem dados de bioquímica e eletrofisiologia, habitualmente não enfocados na prática diária.

Os capítulos 10 a 13 sobre tratamento e condutas que são paliativas, porém essenciais na área de reabilitação, também me pareceram interessantes porque o neurologista, frequentemente sem formação fisiátrica, nem sempre está familiarizado com a abordagem destes aspectos, ao longo do acompanhamento da evolução do paciente.

O mesmo pode ser considerado relativamente aos capítulos sobre aconselhamento genético e diagnóstico pré-natal que, devido aos recentes avanços da genética molecular, são áreas que começam a sair do enfoque teórico, propiciando atualmente ao médico maior segurança e eficácia ao orientar a família sobre riscos de recorrência e avaliação do feto numa nova gestação.

Já os capítulos sobre distrofia muscular congênita, distrofinopatias, miopatias congênitas, polineuropatias hereditárias sensitivo-motoras e amiotrofia espinal, apesar de atualizados quanto à maioria dos recentes avanços (o curso ocorreu no início de 1995), me pareceram excessivamente resumidos quanto a aspectos clínicos o que, torno a repetir, classifica o livro como uma boa leitura para neuropediatras que já tenham experiência em doenças neuromusculares, porém apenas como leitura complementar para formação de neuropediatras em geral ou voltados especificamente para o atendimento de crianças com doenças neuromusculares.

UMBERTINA CONTI REED

FALLS IN EPILEPTIC AND NON-EPILEPTIC SEIZURES DURING CHILDHOOD. A. BEAUMOIR, F. ANDERMAN, G. AVANZINI & L. MIRA, editores. Um volume (17x24 cm) encadernado, com 223 páginas. ISBN 0 86196 540 X. London, 1997: John Libbey & Co. Ltd. (13 Smiths Yard, Summerley Street, London SW18 4HR, England, UK).

Lembrando o trabalho de Henri Gastaut na caracterização semiológica e na correlação eletroclínica das crises epilépticas, falecido em 14 de julho de 1995, a Fundação Pierfranco e Luisa Mariani patrocinou o colóquio "Quedas epilépticas e não epilépticas na infância", realizado na Universidade de Milão de 12 a 14 de outubro de 1995, de que resultou este livro. Entre os 33 autores dos diferentes capítulos, 11 foram alunos ou colaboradores do grande mestre francês.

Uma crise epiléptica pode, frequentemente, arremessar um paciente ao solo, fato tão comum em epilepsia que justifica sua designação popular como "doença da queda". As crises de queda constituem um grupo heterogêneo e muito pouco compreendido de fenômenos epilépticos, que inclui diversas condições com mecanismos fisiopatogênicos múltiplos. Os seis primeiros capítulos desta obra destinam-se à caracterização destes últimos, envolvendo a utilização de metodologia moderna como a técnica de estimulação magnética transcraniana. Os três capítulos seguintes destinam-se à caracterização semiológica das crises de queda, incluindo a metodologia para registros poligráficos e a descrição de cada tipo de fenômeno nestes estudos. Seguem-se quatro capítulos nos quais são discutidas as diferentes síndromes epilépticas generalizadas e parciais da infância e adolescência que cursam com crises de queda e no último destes capítulos Loiseau, Jallon e Pédespan analisam o prognóstico das quedas epilépticas na infância. Finalmente, na quarta parte deste volume, em seis capítulos, são apresentados os resultados dos tratamentos farmacológico e cirúrgico bem como aspectos referentes à qualidade de vida dos pacientes acometidos por este tipo incapacitante de crises.

Trata-se de uma obra complexa, como o é o fenômeno ao qual se dedica, porém na qual os epileptólogos e neurofisiologistas encontrarão os avanços mais recentes para possibilitar, pelo menos, uma visão panorâmica das redes neuronais envolvidas no equilíbrio, postura e movimento e dos desajustes nelas causados pelos diferentes tipos de descargas epilépticas.

ELZA MÁRCIA TARGAS YACUBIAN

OS SONHOS E A MORTE. MARIE-LOUISE VON FRANZ (Tradução de Roberto Gambini). Um volume (13x20 cm) com 215 páginas. São Paulo, 1990: Editora Cultrix.

Marie-Louise von Franz, que nasceu em 1911, passou toda a sua vida profissional estudando, ensinando e treinando psicoterapeutas, no Instituto Carl Gustav Jung em Zurique, Suíça. Durante 28 anos ela colaborou com C. G. Jung (1875-1961) no desenvolvimento de teorias junguianas, e ela escreveu vários livros sobre diversos aspectos de psicologia e psiquiatria junguiana.

A tese básica deste livro é que, quando uma pessoa está sofrendo de uma doença grave e possivelmente está enfrentando a morte, os níveis inconscientes mais profundos de sua mente (o inconsciente coletivo, na terminologia de Jung) (1) preparam a pessoa, por mensagens transmitidas por sonhos, para a morte, e (2) também preparam a pessoa para a vida que vai ter depois da morte. Um terapeuta pode ajudar este tipo de pessoa por interpretações destes sonhos e as suas assimilações na sua mente. Isso em geral é um tipo de psicoterapia praticada com pessoas de média idade ou na velhice. A terapia junguiana difere de quase todas as outras psicoterapias evoluídas no século 20 pela inclusão de pontos de vista religiosos em seu sistema.

As mensagens aparecem em sonhos na forma de símbolos e o trabalho do terapeuta é interpretar esses símbolos ao seu paciente e ajudá-lo na assimilação. Por exemplo, sonhos em que relva é cortada, ou árvores são derrubadas, ou trigo ou grãos são colhidos, indicam que a morte está se aproximando, e sonhos de grandes campos de flores brilhantes ou de um vasto céu azul-claro indicam uma existência vindoura nova e diferente, depois da morte física. A autora descreve muitos outros símbolos e explica como eles são interpretados e utilizados em psicoterapia. Especialmente interessantes são os sonhos que C. G. Jung teve quando, nos seus últimos anos, estava gravemente enfermo e finalmente morrendo.

Depois desse ponto, nos capítulos de 6 a 12, o livro só pode ser encarado como uma dissertação teológica. Ele trata de assuntos como a natureza da alma antes e depois da morte, o destino final das almas, a natureza da vida depois da morte, e tópicos semelhantes. Em nossa opinião, poucos leitores profissionais vão achar os capítulos de 6 a 12 interessantes. Estes capítulos contêm bem menos casos clínicos e bem menos sonhos ilustrativos. Muito dessa matéria é derivado de publicações, cartas pessoais e conversações particulares de C. G. Jung durante os últimos anos de sua vida, entre as idades de 76 e 86, quando ele frequentemente esteve muito doente, fisicamente. Nas primeiras décadas de sua vida profissional, ele escreveu pouca coisa dessa natureza.

Assim, nós recomendamos os primeiros cinco capítulos deste livro a qualquer profissional que queira informação sobre esse aspecto do sistema junguiano. Nos últimos vinte anos, talvez numa reação contra o materialismo sufocante da nossa época, está surgindo em muitas partes do mundo um interesse crescente pelas obras de Jung e seus seguidores. Este livro é um dos muitos junguianos publicados no Brasil nos anos recentes.

A.H. CHAPMAN

DJALMA VIEIRA E SILVA

SUEÑO Y SUEÑOS: MEDICINA PARA LA NOCHE. MARGARITA S. BLANCO. Um volume (20x27 cm), em brochura, com 58 páginas, 11 figuras e 2 tabelas. Buenos Aires, 1997: Fundación Alfredo Thompson (La Rioja 951, Buenos Aires 1221, Argentina).

Margarita S. Blanco, líder reconhecida no estudo do sono e seus distúrbios na Argentina, lança uma obra breve mas interessante para os que desejam iniciar seus conhecimentos nesta área. A autora, neurologista, é Membro Fundador da Sociedade Latino-Americana para Estudo do Sono, com numerosas publicações em periódicos especializados. Dedicou todo seu empenho para tornar este texto simples e didático, obtendo um ótimo resultado.

A sequência de capítulos inicia com a evolução histórica do conhecimento do sono seguindo até a visão neurofisiológica atual e o surgimento da Medicina do Sono. Descreve a arquitetura do sono normal, com seus ciclos e estágios. Mostra a ontogênese do ciclo sono-vigília, desde o lactente ao idoso, com sua superficialização e fragmentação progressivas, no correr dos anos. Inclui a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono, seguida de exemplos de casos clínicos típicos. Nos textos seguintes, atém-se às insônias, hipersônias, ronco, apnéia, sono e demência, narcolepsia, crises noturnas e finaliza tecendo considerações sobre os sonhos.

Dentre tantos temas, ressaltamos os textos - introdutórios mas completos - que abrangem as crises epilépticas durante o sono e as alterações do ciclo circadiano em pacientes com demência.

RUBENS REIMÃO

APNEA DEL SUEÑO Y RONQUIDO: CIRUGÍA AMBULATORIA CON LÁSER CO2. OSCAR A. BUEZO, editor. Um volume (18,5x26 cm) encadernado, com 196 páginas e 189 figuras. Madrid, 1997: McGraw-Hill (MacGraw-Hill-Interamericana de España SA, Basauri, 17 - 1ª planta, 28023 Madrid, España).

Dentre os distúrbios do sono que provocam sonolência excessiva diurna, a síndrome de apnéia do sono do tipo obstrutivo (SASO) é a mais frequente. Sua prevalência é de 1,6% nos homens adultos. De evolução crônica, sua morbidade está associada a hipertensão arterial sistêmica e obesidade. Torna-se marcante o interesse em novas modalidades terapêuticas.

Esta obra é dividida em duas partes, a primeira nos traz uma atualização em todos os aspectos da patologia da SASO e a segunda é dedicada ao tratamento específico com Laser CO2. Dos aspectos gerais da SASO, inicia com epidemiologia, anatomia e fisiopatologia. Ressalta a importância da polissonografia para o diagnóstico e estagiamento; descreve a nasofibroscopia e a cefalometria como dados adicionais. Da vasta gama de tratamentos disponíveis, atualmente em uso para a SASO, relata os cuidados clínicos, incluindo perda de peso, o uso de aparelhos de pressão aérea nasal positiva contínua (continuous positive airway pressure, CPAP) e aparelhos orais. Descreve e enfatiza as diversas cirurgias em uso, como a palatofaringoplastia, tonsilectomia, glossectomia, cirurgia ortognática, hioidéa, de avanço maxilomandibular e traqueostomia.

A cirurgia de Laser CO2, de introdução mais recente, abarca a segunda parte do tomo. É descrita a experiência cirúrgica sistemática e o seguimento de 250 pacientes com SASO e ronco intenso. Traz numerosas figuras, a cores, fornecendo detalhes para a melhor compreensão dos passos cirúrgicos. Por ser uma nova modalidade terapêutica, este volume é de interesse a todos os que atendem pacientes com SASO.

RUBENS REIMÃO

FORENSIC ASPECTS OF SLEEP. COLIN SHAPIRO & ALEXANDER McCALL SMITH, editores. Um volume (15,5x23,5 cm) encadernado, com 208 páginas, 14 figuras e 15 tabelas. Chichester, 1997: John Wiley & Sons, Ltd (Chichester, Baffins Lane, Chichester, West Sussex PO19 1UD, England, UK).

Os aspectos legais e os litígios relacionados à prática médica têm recebido atenção redobrada - por vezes até em demasia - em alguns países, e principalmente na América do Norte. No ponto atual, nenhuma área da medicina é exceção, inclusive a que lida com os distúrbios do sono. Ainda é um tema inicial e talvez este livro seja o primeiro dedicado a aspectos forenses das alterações do sono.

Um grupo de dezoito colaboradores contribuiu com capítulos, sendo dez do Canadá, seis dos Estados Unidos da América, um do Japão e um do Reino Unido - entre médicos e advogados. Os temas abrangem as leis próprias daqueles países. Alguns textos discutem a forma de proteger legalmente os pacientes com patologias, como apnéia do sono e narcolepsia, quando apresentam falhas no trabalho ou mesmo acidentes automobilísticos, por sonolência excessiva diurna. Relatam exemplos de pacientes com apnéia do sono vítimas de acidentes ao dormir na direção do veículo.

A decisão de obter carteira de habilitação para dirigir é discutida pormenorizadamente, em pacientes com sonolência excessiva diurna, como apnéia do sono e narcolepsia. Nota-se que a legislação varia, por vezes sendo regida por códigos diferentes em cada estado de um mesmo país. Discute a responsabilidade do médico e do paciente, uma vez feito o diagnóstico, à luz da legislação que regula a direção no trânsito.

Outros capítulos descrevem casos em que o indivíduo comete delito durante o sono, por exemplo, ao atacar ou mesmo assassinar em um episódio de sonambulismo. As bases deste dilema são revistas sob a perspectiva médico-legal.

Como o trabalho em turnos é exercido por cerca de um quinto da população em grandes metrópoles, torna-se cada vez mais frequente o acidente causado pela falta de sono adequado. Este está associado ao mal planejamento dos turnos. Tais itens são apresentados sob a visão do direito do trabalho.

Os textos evidenciam que mesmo naqueles países não há legislação adequada, atualizada, para os distúrbios do sono. Mostram tentativas de elaboração de leis, ora em curso, e reafirmam a necessidade premente de ser criada uma legislação atual referente às patologias do sono.

RUBENS REIMÃO

DEMÊNCIA TIPO ALZHEIMER: DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E ASPECTOS SOCIAIS. PAULO ROBERTO DE BRITO MARQUES. Um volume (15,5x21,5 cm) encadernado, com 367 páginas. Recife, 1997: Universidade de Pernambuco, Faculdade de Ciências Médicas, Disciplina de Neurologia, Núcleo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento.

Lluís Barraquer i Bordas é lembrado com carinho na mensagem ao mestre com que Brito-Marques inicia este livro dedicado ao estudo da demência tipo Alzheimer. O conteúdo é dividido em quatro partes: aspectos gerais, diagnóstico, tratamento e evolução.

Aspectos Gerais abrange cinco capítulos sobre: preparação para a leitura, introdução, epidemiologia, fisiopatogenia e classificação. Diagnóstico contém quatro capítulos em que o autor visita: anamnese, exame clínico, diagnóstico e exames complementares. Tratamento contém dois capítulos: tratamento farmacológico e tratamento suportivo. Evolução tem dois capítulos sobre: curso clínico e aspectos sociais. Referências bibliográficas encerram cada um dos capítulos.

Cada um dos textos é tratado de modo atualizado, dentro da visão do autor sobre a problemática da demência tipo Alzheimer. A distribuição da matéria em cada capítulo obedece a uma orientação didática. Assim, por exemplo, a propósito dos aspectos sociais, a problemática da assistência social é primeiramente focalizada. A reação da família é o segundo aspecto discutido, precedendo ao emergente estudo do importante aspecto da "queda do cuidador", isto é, dos diferentes aspectos que podem assumir os desgastes daquele parente que mais de perto acompanha a longa evolução do quadro demencial do paciente.

Trata-se de livro em que a vivência e os pontos de vista do autor sobre o tema são avaliados em função da extensa literatura sobre o assunto e a respeito da qual a contribuição das diferentes escolas brasileiras que cuidam da matéria é igualmente analisada.

ANTONIO SPINA-FRANÇA

NEUROCISTICERCOSIS. CAMILO ARRIAGADA R., JORGE NOGALES-GAETE, WERNER APT B., editores. Um volume (18x25,5 cm) em brochura, com 334 páginas. ISBN 956-272-689-4. Santiago, 1997: Arrynog Editores (Enrique Foster Norte 203, Santiago, Chile). E-mail: jnogales@ctc-mundo.net

O livro, escrito em sua maioria por autores latino-americanos (chilenos e mexicanos), com a participação de dois autores norte-americanos, é apresentado em capítulos que cobrem praticamente todos os aspectos da doença, desde epidemiologia, a biologia e a patologia do parasita, às síndromes clínicas, o diagnóstico (imageológico e imunológico) e o tratamento.

O capítulo de patologia da doença é acompanhado de documentação fotográfica de alta qualidade, o que torna agradável a sua leitura. Os capítulos de diagnóstico imageológico, especialmente sobre tomografia computadorizada e ressonância magnética, são também ilustrados com grande quantidade de imagens de alta qualidade - provavelmente as melhores já publicadas sobre o assunto - que os tornam bastante didáticos e compreensíveis. Os capítulos referentes ao diagnóstico e ao tratamento apresentam ao seu final o item "Conclusões", que permite ao leitor uma memorização efetiva dos assuntos mais importantes neles tratados.

Este livro é sem dúvida a mais completa obra publicada especificamente sobre a neurocisticercose e, pela frequência da doença em nosso país, deve fazer parte das referências de neurologistas, neurocirurgiões e médicos generalistas, além de outros médicos que, de uma maneira ou de outra, estão envolvidos em problemas de saúde pública.

Estão de parabéns os Editores por esta obra, que vem preencher uma lacuna na literatura médica latino-americana.

BENEDICTO OSCAR COLLI

MARCOS DA HISTÓRIA DA NEUROLOGIA. MARLEIDE DA MOTA GOMES. Um volume (14x21 cm) em brochura, com 238 páginas. ISBN 85 85907-05-3. Rio de Janeiro, 1997: ECN Editora Científica Nacional (Rua da Glória 366 / 3º andar, 20241-180 Rio de Janeiro RJ, Brasil).

Recebemos com grande prazer esta obra magnífica, recém-lançada, sobre história da neurologia. Este é o segundo livro publicado em nosso país sobre o tema. O primeiro, tivemos o prazer de editar em 1996 com JL Alonso-Nieto e 28 colaboradores (Reimão R, Alonso-Nieto JL, eds. História da Neurologia no Estado de São Paulo. São Paulo, 1996: Lemos Editorial). Ambas estão inseridas na tendência atual de avaliação da medicina sob o ângulo da história. Neste sentido, no presente ano de 1997 foi fundada a Sociedade Brasileira de História da Medicina, da qual temos a honra de participar.

Marleide da Mota Gomes, Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, inicia relatando as origens na Grécia antiga. Descreve brevemente a história da ciência, desde seus primórdios, enfatizando sua trajetória sinuosa até chegar à medicina científica atual e sua inserção na sociedade. Compara com a evolução da medicina no Brasil, do período colonial até a primeira metade do século vinte. Aponta as dificuldades no contexto sócio-econômico e a necessidade do médico conhecer as ingerências políticas, econômicas e culturais que moldam as ciências, e em particular, a neurologia.

No texto seguinte, correlaciona a evolução das ciências básicas com a neurologia. Dentre aquelas, inclui anatomia, fisiologia, histologia, embriologia e bioquímica. Prossegue discutindo o início da neurologia como prática clínica e seus primórdios no século dezenove, principalmente na França. Mostra seu berço, comum em muitos aspectos, com a psiquiatria e os pontos de ligação ainda existentes entre ambas as especialidades. A semiologia e os exames complementares são relatados brevemente, como suporte do desenvolvimento da clínica neurológica.

Aponta, a seguir, ligações históricas entre neurologia e outras ciências médicas, como a cirurgia, pediatria, patologia, radiologia, fisiatria e fisiologia clínica. A evolução do estudo de cada grupo de doenças é vista em pormenores. Nestas inclui: cefaléia, afecção do sono e do despertar, epilepsia, acidente vascular cerebral, doença neuromuscular, doença extrapiramidal, tumor do sistema nervoso, esclerose múltipla, doença infecciosa e parasitária.

A evolução do ensino neurológico é discutida, detendo-se na Salpêtrière do século passado, modelo para as escolas em nosso meio. A seguir, focaliza as personalidades relevantes da história da neurologia. Começando com o mundo grego e romano, passa pela idade média e renascença. Cuida principalmente dos séculos dezenove e vinte, nos quais encontramos vultos da escola francesa como G. B. A. Duchenne, C. Bernard, P. P. Broca, J. M. Charcot, J. J. Dejérine e P. Marie; da escola anglo-americana , temos J. Huglings Jackson, W. R. Gowers, S. C. Sherrington, H. Cushing e W. Penfield. Outras escolas européias e latino-americanas são mencionadas brevemente. Dentre os brasileiros de destaque, encontramos J. V. Torres Homem, M. Couto, J. Moreira, A. Castro, E. Vampré, O. Lange, J. R. Portugal. A seguir, debate o papel das mulheres em neurociências e fornece uma lista interessante de ganhadores de prêmio Nobel de fisiologia ou medicina. Ainda que por curiosidade, a seção seguinte traz uma compilação de pacientes famosos e suas patologias neurológicas; segue-se uma série de escritores e seus personagens.

Nos capítulos finais discorre sobre as publicações (livros e periódicos), as instituições e as sociedades. Das últimas, destacam-se alguns dados da Academia Brasileira de Neurologia. Em um breve parágrafo, discorre sobre métodos e fontes de pesquisa que utilizou para realização desta obra. Segue-se a bibliografia referente ao tomo completo.

É um texto notável, resumindo séculos de evolução da neurologia. Deve ser lido por todos que desejam conhecer a história de sua especialidade, principalmente das escolas francesa, norte-americana e inglesa, bem como de alguns de seus desdobramentos em nosso país.

RUBENS REIMÃO

TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL. FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO Jr., editor. Um volume (14x21 cm) em brochura, com 142 páginas. ISBN 85-85561-40-8. São Paulo, 1997: Lemos Editorial (Rua Rui Barbosa 70, 01326-010 São Paulo SP).

Francisco B. Assumpção Jr. foi feliz em realizar esta monografia multidisciplinar abordando "transtornos globais do desenvolvimento", embora empregando o termo "invasivo" utilizado na DSM IV (1995). Na realidade, este último termo não fica bem explicitado de que maneira os distúrbios abordados na monografia em questão são invasivos: invasivos onde? do quê? invasivos com o quê? Teria sido interessante que o editor explicasse melhor porque a adoção deste termo _ invasivo _ para alguns dos transtornos globais do desenvolvimento do sistema nervoso da criança. Entretanto, para o não especialista, em geral, e mesmo para o que se inicia nas especialidades neurológica e psiquiátrica da criança, muito se tem a aprender com esta equipe multidisciplinar abrangendo não somente a criança autista, como também síndromes que se confundem com o autismo infantil, a saber: síndrome de Rett e síndrome de Asperger. Não cabe numa análise enumerar os onze capítulos escritos por doze autores, cada qual renomado em sua especialidade. Cabe, sim, enumerar alguns problemas e dúvidas que tive com esta agradável leitura.

Assim, no Capítulo 1 - "Distúrbios globais do desenvolvimento" - o autor (Francisco Assumpção) poderia ter se estendido e abordado mais explicitamente a terminologia do título da monografia, já que "distúrbios globais do desenvolvimento" poderia dar vazão a incluir vários distúrbios decorrentes de fatores genético-estruturais ou malformativos, desde a concepção, passando pelo período embrionário e fetal, até os problemas decorrentes de fatores pré e perinatais e que poderiam interferir com o desenvolvimento do sistema nervoso da criança. Quanto à revisão do conceito de autismo, poderiam ter sido abordados alguns aspectos atuais sobre estudos de neuroimagem em indivíduos autistas, além de aspectos de neuroquímica.

No Capítulo 2 - sobre a "Teoria da mente" a autora poderia ter sido mais explícita, de modo a dar a entender para o não especialista o que vem a ser tal teoria, mormente levando em conta os conhecimentos atuais quanto à relação cérebro-mente, brilhantemente abordada por António Damásio no seu livro "O Erro de Descartes".

Na síndrome de Rett, Arita desenvolve muito bem o tema, porém não inclui bibliografia nacional quando aborda alterações cromossômicas e a síndrome em questão; refiro-me ao trabalho de Otto & cols. relativo ao atraso provável da inativação de um dos cromossomas X.

A farmacoterapia do distúrbio autista, escrita por Mercadante, está bem adequada aos sintomas apresentados, revelando experiência pessoal no lidar com as diferentes drogas que vêm sendo utilizadas na prática diária, a maioria sem muitos resultados animadores.

O capítulo de encerramento da monografia - sobre o Método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) - fecha com chave de ouro esta abordagem, pois nos introduz nesta moderna técnica de tratamento que abrange as crianças, suas famílias e a comunidade para uma terapêutica adequada dessas crianças, inclusive criando "residências permanentes" no intuito de independizá-las da família.

Infelizmente, tenho a acrescentar críticas quanto ao aspecto gráfico - a meu ver faltou uma boa e ampla revisão do Editor a fim de evitar erros como: 1) citações bibliográficas não encontradas no texto (exemplo: no Capítulo 9 constam 19 citações e somente 3 são encontradas no texto); 2) citações do texto não constantes das referências (em vários capítulos); 3) citações incompletas (Capítulo 4: citações com pontos de interrogação no lugar do nome dos autores). Entretanto, tais críticas só têm caráter construtivo e que em nada desmerecem o valor desta preciosa monografia.

ARON DIAMENT

PÂNICO: CONTRIBUIÇÃO À PSICOPATOLOGIA DOS ATAQUES DE PÂNICO. MÁRIO EDUARDO COSTA PEREIRA. Tradução de Cilene Margarida Cruz, Clémence M. C. Jouët-Pastré, Edilena Cristina Marezzi e Renata Balarini Coelho. ISBN 85-85561-52-1. Um volume (13,5x21 cm) em brochura, com 253 páginas. São Paulo, 1997: Lemos Editorial (Rua Rui Barbosa 70, 01326-010 São Paulo SP).

O livro decorre de uma linha de pesquisa sobre o pânico iniciada há mais de uma década no Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da UNICAMP. Contém doze capítulos e vasta citação bibliográfica. O autor, que é psiquiatra, dedica-se ao tema há muitos anos. Sua dissertação de mestrado (UNICAMP, 1989) e sua tese de doutorado (Universidade de Paris, 1995) versam sobre o pânico. Como o livro resultou de um trabalho escrito originalmente em francês, foi traduzido para o português.

Até o quarto capítulo, o autor traça o perfil histórico-doutrinário do pânico. No Capítulo 5, aborda a crise de angústia na neurose de angústia segundo a teoria freudiana, ressaltando a semelhança entre os acessos de angústia e os ataques de pânico.

O autor chama a atenção para o fato de que os ataques de pânico eram considerados no DSM-III (Manual of Diagnostic and Statistic of the American Psychiatric Association) como uma disfunção neurobiológica, provavelmente de caráter genético. A implicação terapêutica dessa conceituação é a de priorizar um controle farmacológico (medicamentoso) para os ataques de pânico. Os trabalhos sobre o transtorno de pânico, no entanto, permitiram entrever a participação de fatores emocionais. Os pacientes apresentavam em seus históricos de vida o que Klein denominou ansiedade de separação. A dificuldade que a criança pequena apresenta em separar-se da figura de apego assim como o medo de perdê-la foram brilhantemente estudados por John Bowlby em sua famosa trilogia: apego / separação / perda. Segundo Klein, a ansiedade de separação da infância tem sua contrapartida nos ataques de pânico no adulto. Contudo, Klein acabou interpretando seus achados dentro de uma perspectiva biológica.

Conforme assinala o autor, Juliette Boutonier, em 1956, publica um artigo sobre angústia, no qual considera que, sob o ponto de vista clínico, é importante estabelecer as particularidades da angústia normal em relação àquelas de caráter neurótico e psicótico. A angústia do sujeito normal é a de libertação. A neurótica pode assumir a forma da angústia de impotência ou de escravidão. A angústia mais próxima da depressão e da psicose é a de aniquilamento. Esta última é importante no estudo do pânico.

Na década de 50, a medicina européia descobre a ação antipsicótica da clorpromazina. Nos anos 60, assiste-se ao nascimento da chamada revolução psicofarmacológica que propicia o aparecimento de sistemas classificatórios como, por exemplo, o DSM-III. Até a época em que começava a ser descrito o transtorno de pânico (1980), a psicanálise e a psiquiatria americanas mantinham relações muito próximas. A descrição do transtorno de pânico pelo DSM-III pode ser considerada o marco, a partir do qual, passa a prevalecer a abordagem empírico-operacional, ou seja pragmática, na psiquiatria contemporânea. Em relação ao pânico, procurava-se a resolução dos sintomas por meio de tratamento específico pois buscava-se, clinicamente, caracterizar os pacientes que responderiam ao tratamento com imipramina (Donald Klein, capítulo 7) sem se levar em conta uma fundamentação psicopatológica. A partir do DSM-III, surgiram várias tendências teóricas procurando criar modelos que pudessem explicar os ataques de pânico. Assim, surgem várias teorias: a de Klein (já citada), a metabólica de Sheeham , os modelos cognitivos e comportamentais de Clark e Margraf e as abordagens psicodinâmicas como as de K. Shear, B. Milrod e a de M. E. Costa Pereira. No Capítulo 8, são analisadas exaustivamente as relações entre pânico e agorafobia. O Capítulo 9 é dedicado a relatos de casos clínicos.

Como o autor enfatiza, P. Bercherie assinala que "o grande problema da psiquiatria moderna reside precisamente na dificuldade de determinar a natureza dos transtornos mentais". Em relação a eles, Costa Pereira considera, com muito discernimento e sólida argumentação, que os sistemas operacionais de classificação de transtornos especificamente mentais (DSM-III, DSM-III-R, DSM-IV) são passíveis da seguinte crítica: a abolição do debate psicológico em favor de um acordo pragmático. O autor ressalta que o empirismo pragmático tem prevalecido na maioria dos discursos psiquiátricos contemporâneos sobre o pânico. Utilizando-se, entre outros dados, da contribuição do psiquiatra e analista existencialista Ludwig Binsangwer, apresenta, como hipótese, uma perspectiva psicopatológica sobre o pânico que vai além desse empirismo pragmático. Em seus esforços, o autor se coloca como o mediador de um diálogo ente a psiquiatria e a psicanálise. Tanto essa mediação como esse diálogo se fazem necessários, senão vejamos: o transtorno do pânico já havia sido assinalado por Freud, quando descreveu a neurose de angústia que, prontamente, foi assimilada pela psiquiatria. A neurose de angústia conseguiu - como se fosse uma espécie de "corpo caloso" - relacionar dialeticamente a psicanálise e a psiquiatria. No que diz respeito a essa relação, observa muito bem o autor que Freud manteve duas atitudes distintas e, até certo ponto, contraditórias entre si. Na primeira, conciliadora, ele advogava as contribuições recíprocas entre as duas disciplinas. Na segunda, saindo dos limites psicológicos propriamente ditos e adentrando o terreno da epistemologia, ele reivindicava a completa autonomia da psicanálise em relação a todas as disciplinas médicas e/ou psiquiátricas.

Com este livro, M. E. Costa Pereira contribui para a edificação do estatuto psicopatológico desse tema tão atual. Consegue fazê-lo de maneira erudita, clara e convincente. Para tanto, elabora os seguintes passos: 1. Apresenta uma hipótese em que a perspectiva psicopatológica vai além do empirismo pragmático. 2. Patrocina o diálogo entre a psiquiatria e a psicanálise do qual resultam as colocações freudianas de que toda angústia sinaliza a possibilidade do surgimento de um estado de falência do funcionamento psíquico, o qual Freud denominou desamparo. 3. Considera o pânico como a última cidadela que procura evitar esse risco de aniquilamento da organização psíquica. Para ele, o pânico não é uma descarga psíquica pura e simples; pelo contrário, é um ato psíquico prenhe de desespero; por meio dele, o sujeito encontra a via psicopatológica para enfrentar o desamparo radical de sua existência e da linguagem. 4. Propõe, a partir dos cânones psicanalíticos, inscrever o pânico na história de vida do paciente e, dessa maneira, relacioná-lo com a dimensão do inconsciente, assinalando, assim, a necessidade de aliar a psicoterapia aos medicamentos no tratamento do pânico.

É um livro que enriquece qualquer biblioteca médica. É atual e atualizado. É um convite à reflexão epistemológica sobre os sistemas classificatórios como os DSM. Permito-me recomendá-lo para clínicos, neurologistas e psiquiatras.

PAULO BEARZOTI

THE TREATMENT TECHNIQUES OF HARRY STACK SULLIVAN. A. H. CHAPMAN. Um volume (13,5x21 cm) em brochura com 235 páginas. ISBN 1-56821-673-4. Northvale, 1995: Jason Aronson (230 Livingstone Street, Northvale, New Jersey, 07647 USA).

Neste livro, Chapman apresenta as contribuições de H. S. Sullivan para as psicoterapias. Falecido em 1949, Sullivan era considerado, pela comunidade psiquiátrica da época, uma das figuras mais vitais e criativas. No entanto, durante toda a sua vida, teve apenas um de seus livros publicado, devido às contínuas revisões que propunha, mostrando-se sempre insatisfeito com suas próprias formulações. O Autor o considera como o mais proeminente psiquiatra americano durante a década 1930/40, cuja atitude perante a teoria era a de exigência contínua de novas conceituações, sendo um mordaz combatente do jargão psicanalítico.

Em 1927, Sullivan introduziu a palavra "interpessoal" no vocabulário psiquiátrico, alicerçando seu método psicoterápico sob esse conceito. Atualmente, é um autor quase esquecido, contando tão só com uma biografia surgida em 1982, escrita por Helen Swick Perry. É no preenchimento dessa lacuna que Chapman e sua colaboradora, Miriam Chapman-Santana, trazem à luz este livro.

Sullivan concebia o terapeuta como um observador participante, em vibrante diálogo com o paciente, e a terapia como um processo interpessoal no qual uma pessoa é reconhecida como tendo conhecimentos especializados sobre as relações interpessoais e o funcionamento emocional e a outra pessoa é um doente com problemas nessas áreas. Sullivan explicita o que o terapeuta diz e faz, ilustrando seus comentários com exemplos, enfatiza a economia do tempo nas entrevistas, para que cada sessão possa ser usada como experiência pelo paciente. Atento à linguagem verbal e não verbal, descreve minuciosamente a condução da entrevista.

No entender de Chapman, o ponto de vista psicoterápico americano é fortemente calcado nos princípios de Sullivan, mesmo o desconhecimento disso. Seu livro tem a finalidade de explicitá-los, bem como facilitar e contribuir para a sua melhor aplicação.

O livro tem onze capítulos, em dez dos quais os conceitos sullivanianos são entremeados por fragmentos de sessões terapêuticas, o que confere uma vivacidade a tais conceitos, permitindo ao leitor um espaço para as suas próprias hipóteses, crítica e, por que não, aprendizado.

No capítulo 11, Chapman fornece alguns dados biográficos sobre o autor que, no seu entender, auxiliam o entendimento da obra de Sullivan, além de indicações bibliográficas destinadas ao aprofundamento da leitura para o leitor interessado.

Parafraseando Freud, Chapman nomeia o seu capítulo VII de "Disfunções parapráxicas na terapia e na vida cotidiana", discutindo as diferenças entre esse conceito e o conceito de transferência, ignorando o conceito de transferência como repetição e como resistência, presente já nos Escritos Técnicos de Freud e amplificados no artigo "Construções em análise".

Considerados os diversos modelos em que Freud retoma o conceito de transferência, vê-se que há, com relação ao conceito de Sullivan, mais semelhanças que diferenças. As diferenças apontadas com relação à aplicação clínica dos conceitos estariam ligadas à estratégia e à tática, presentes em qualquer terapia ou análise. Não serviriam, portanto, à distinção de conceitos como pretende Chapman.

De qualquer modo, este livro pode ser visto como uma contribuição para qualquer linha de abordagem psicoterápica, e para os chamados analistas, para que repensem seus conceitos, ajudando a desprovê-los do que chamamos de "a mitologia psicanalítica" e descamando os conceitos para repensar a operacionalidade.

É um livro sensível, delicado e engajado na melhor tradição clínica, vale dizer, com a preocupação com a operacionalidade clínica dos conceitos.

Fiando-nos no autor, diríamos que The Treatment Techniques of H. S. Sullivan é um livro sullivaniano, na medida em que pode contribuir para a clínica livrar-se de seus jargões.

Podemos sublinhar ainda os méritos de um trabalho que busca recordar aos psiquiatras americanos as tradições de sua ciência, numa época tão dominada pela influência da indústria farmacêutica, por um certo empirismo, e pelos aspectos biologizantes e reducionistas, sobretudo nos EUA. De resto, lição a que não nos deveríamos furtar a aprender ou relembrar.

MARIA LUCIA BALTAZAR

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Nov 2000
  • Data do Fascículo
    Mar 1998
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