Open-access Creating mental illness

Creating mental illness

ANÁLISES DE LIVROS

A. H. Chapman; Marta A. dos Reis

CREATING MENTAL ILLNESS. ALLAN V. HORWITZ. UM VOLUME (15 X 23 CM) COM 289 PÁGINAS. ISBN 0 – 226-35382-6. CHICAGO, 2002. THE UNIVERSITY OF CHICAGO PRESS (5801 SOUTH ELLIS AVENUE, CHICAGO, ILLINOIS 60637 USA).

Este livro começa com uma pergunta: o que é uma doença psiquiátrica e o que é um mal ajustamento social? Exemplo: uma pessoa com um bom emprego perde o seu emprego, não acha um outro emprego durante 3 anos, diariamente vê a miséria da sua família e escapa psicologicamente da sua situação virando um alcoólatra crônico, e assim não pode ver o sofrimento que ele vive todo dia. Isso é uma doença médica, como diz nomenclatura médica (DSM III e DSM IV) ou um mal ajustamento social causado por fatores socioeconômicos? É a cura pelo tratamento por médicos e medicamentos, ou por reformas da sociedade?

Doutor Horwitz examina detalhadamente os mais de 400 diagnósticos psiquiátricos do DSM III e DSM IV, e opina que a maioria das doenças lá listadas em verdade não são condições que tratamento médico pode resolver. Chamando elas de doenças médicas, evitam soluções sociais e econômicas, a verdadeira necessidade. Ele aceita que as psicoses como esquizofrenia, doenças bipolares, paranóia e outras acontecem em pessoas geneticamente vulneráveis, e é necessário tratamento médico. Mas ele defende a tese que muitas pessoas (talvez não todas) com psiconeuroses, distúrbios de conduta e desordens de personalidade são vítimas de condições sociais desfavoráveis, e devem ficar francamente visto assim.

O autor dedica muitas páginas para explicar como esta situação evoluiu entre 1950 e 1980. Em 1950, as doutrinas freudianas (e outros sistemas de psicologia) produziram centenas de quadros clínicos em que sintomas diversos definiram a condição de cada paciente. Quando, depois de 1970, psiquiatras voltaram a pensar em sistemas de doenças genéticas e biológicas, essa nomenclatura freudiana-psicológica não foi limpa, simplificada e limitada a quadros clínicos facilmente descritos. Todos os 400 quadros freudianos foram guardados, e receberam roupagens médicas complexas e confusas. As empresas farmacêuticas ajudaram nisso. Em vez de ter 40 ou 50 desordens para o uso dos seus produtos, tiveram 400. Estas empresas investiram grandes somas de dinheiro em pesquisas sobre vários tipos de depressão, por exemplo, cada um necessitando de um remédio, ou grupo de remédios, diferentes. Elas também financiaram muitas pesquisas que tiveram o alvo de provar que psicoterapia não ajuda pacientes, e que a solução da grande maioria de problemas psiquiátricos exige agentes farmacológicos. Assim, depois de 1970 aconteceu uma revolução na orientação de psiquiatria. Explicações psicológicas, interpessoais e sociais foram abandonadas, e explicações orgânicas tomaram seus lugares. Nos Estados Unidos, residentes em psiquiatria hoje recebem pouco treinamento nas técnicas de entrevistar pacientes terapeuticamente. Eles são treinados para descrever sintomas, e síndromes de sintomas (doenças), e receitar remédios para corrigir estas doenças.

Antes de ler este livro, os autores desta análise tiveram, independentemente, as mesmas opiniões que Dr. Horwitz tem. Nós não acreditamos que as ansiedades, pânico, miséria, desespero, perplexidade e mal ajustamento social dos seres humanos podem ser curados por cápsulas e injeções. Pacientes que tiveram tal tratamento passam em frente a nós, no nosso trabalho diário, e neles nós achamos confirmação dos nossos pontos de vista.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Abr 2005
  • Data do Fascículo
    Mar 2005
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