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Hematomas subdurales: Alfonso Asenjo. Um volume com 251 páginas e 49 figuras. Edit. Stanley, Santiago, 1946

ANÁLISES DE LIVROS

Hematomas subdurales. Alfonso Asenjo. Um volume com 251 páginas e 49 figuras. Edit. Stanley, Santiago, 1946

Excelente sob todos os pontos de vista esta monografia na qual, com linguagem clara e despretenciosa, Asenjo ventila interessantes aspectos do assunto com abundante contribuição pessoal; o livro está dividido em 8 capítulos que, em síntese, tratam do histórico, etiopatogenia, classificação, quadro clínico e meios paraclínicos utilizados no diagnóstico dos hematomas subdurais. Todos os problemas são discutidos à luz de conceitos já estabelecidos e de experiência do autor, que nunca deixa de expor seu modo de encarar os problemas abordados, baseado em 67 casos pessoais, todos cuidadosamente observados. Observações reduzidas aos dados essenciais, muito bem escolhidas e habilmente encaixadas no texto, dando maior realidade à discussão e objetivando os pontos de vista do autor, além de gráficos, esquemas e reproduções de radiografias, ilustram fartamente a monografia.

Após breve introdução em que é traçado o plano e as normas seguidas na execução do livro, o A. recapitula dados históricos a propósito dos hematomas subdurais, chegando à conclusão de que, embora a afecção deva ter existido já nas eras pré-históricas, o conhecimento de seu quadro clínico remonta a 1519, tendo sido descrito por Meekrew. No capítulo "paquimeningite e hematoma", onde é discutida a etiopatogenia do processo, Asenjo se coloca ao lado dos que admitem ser o hematoma subdural acúmulo de sangue, na maioria das vezes de causa traumática e não secundário a processo inflamatorio meníngeo, como queria a antiga escola alemã. Apesar da alta porcentagem de casos com antecedente traumático, não deixa o A. de aceitar a possibilidade de formação do hematoma por rotura espontânea de vasos que atravessam o espaço subdural devida a causas de ordem geral como alcoolismo, discrasias sangüíneas, avitaminoses, etc. Baseado neste ponto de vista, aceito pela maioria dos autores modernos, ele classifica os hematomas subdurais em traumáticos e espontâneos, uns e outros podendo ser agudos ou crônicos; a ausência ou presença de membrana própria é o único critério para distinguir estes daqueles. São apontados os defeitos e imperfeições dos estudos estatísticos quanto à freqüência, à maior ou menor incidência nas diferentes idades e à percentagem de traumatismos crânio-encefálicos que se complicam com hematoma subdural; todavia, pela revisão feita em seu próprio Instituto e em serviços de anatomia patológica, pôde Asenjo concluir que a maior incidência corresponde a duas fases da vida: o momento do parto e a idade adulta, justamente as épocas em que o individuo está mais sujeito aos traumas crânio-encefálicos. A seguir, é discutido o porque da maior ocorrência de sinais homolaterais no caso do hematoma subdural, comparativamente com as neoplasias e analisa a questão do intervalo latente que, segundo a maioria dos autores, por ser ma's dilatado no caso do hematoma subdural, permitiria o diagnóstico diferencial com o epidural; embora haja razões de ordem anatômica e fisiológica rara que assim suceda, o A. demonstra que essa regra pode falhar. Estudando as manifestações clínicas, Asenjo separa os sintomas em gerais e focais: entre os primeiros são freqüentes os quadros psíquicos, mas o que predomina é a síndrome de hipertensão intracraniana. A raridade com que é referido o comprometimento da via sensitiva decorre, na opinião de Asenjo, da falta de cooperação no exame por parte do doente, devido ao distúrbio psíquico.

Entre os exames complementares, a pneumencéfalo e a pneumoventriculografia são colocadas em primeira plana; neste particular, o autor traz valiosa contribuição, descrevendo dois novos aspectos radiológicos: a imagem em esquadro e a angulação entre o septo pelúcido e o III ventrículo. A iodoventrículo e arteriograíia não são empregadas por serem de execução mais difícil e não fornecerem melhores dados. O exame do líquor é colocado em plano secundário, porque em geral não se altera e por não ser a punção inteiramente inócua. A eletrencefalografia é reputada como subsídio valioso e de grande futuro. Extensa e bem disposta bibliografia completa este livro, bem apresentado do ponto de vista tipográfico e de grande utilidade para os estudiosos.

J. Zaclis

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 1947
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