RESUMO
Antecedentes:
Poucos estudos brasileiros investigaram fatores de risco para disfagia e suas complicações associadas em uma grande coorte.
Objetivo:
Investigar frequência, preditores e desfechos associados da disfagia em pacientes até três meses após acidente vascular cerebral (AVC).
Métodos:
Selecionamos pacientes admitidos consecutivamente em um centro especializado em AVC agudo. Excluímos pacientes com ataque isquêmico transitório, hemorragia subaracnóidea, trombose venosa cerebral, AVC hemorrágico de causa secundária, AVC não agudo ou aqueles que não consentiram em participar. A deglutição foi avaliada por fonoaudiólogos, por meio do teste de deglutição de volume-viscosidade. A função geral foi avaliada usando-se escala de Rankin modificada, índice de Barthel e medida de independência funcional.
Resultados:
Foram admitidos 831 pacientes e incluídos 305. A idade média foi 63,6±13,3 anos, o tempo médio da avaliação foi 4,2±4,1 dias e 45,2% apresentavam disfagia. Idade (razão de chances [OR] 1,02; intervalo de confiança [IC95%] 1,00-1,04; p=0,017), história médica conhecida de apneia obstrutiva do sono (OR=5,13; IC95% 1,74-15,15; p=0,003) e gravidade do AVC na admissão hospitalar (OR=1,10; IC95% 1,06-1,15; p<0,001) foram independentemente associados à disfagia. Disfagia (OR=3,78; IC95% 2,16-6,61; p<0,001) e gravidade do AVC (OR=1,05; IC95% 1,00-1,09; p=0,024) foram independentemente associadas com morte ou dependência funcional em três meses.
Conclusões:
A disfagia esteve presente em quase metade dos pacientes com AVC. Idade, apneia obstrutiva do sono e gravidade do AVC foram preditores de disfagia, que esteve independentemente associada com morte ou dependência funcional em três meses.
Palavras-chave:
Deglutição; Transtornos de Deglutição; Acidente Vascular Cerebral; Avaliação de Resultados em Cuidados de Saúde