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Análises de livros

Análises de livros

MORPHOLOGIE UND PHYSIOLOGIE DES NERVENSYSTEMS. PAUL Glkes. Um volume encadernado (17x23,5) com 445 páginas e 141 figuras. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1957.

Para o neurologista clínico e para o neurocirurgião, primàriamente interessados no diagnóstico, prognóstico e terapêutica das moléstias nervosas, são sempre úteis elementos essenciais de morfologia e de fisiologia do sistema nervoso; além da impressão da lesão e, conseqüentemente, do que ela pode destruir, êles devem ter conhecimentos básicos de neurofisiologia para entender o mecanismo cinético das conseqüências dessa lesão, ou seja o mecanismo determinante da sintomatologia objetiva e subjetiva. Em geral os livros de patologia neurológica expõem esses elementos correlacionados, o que facilita o trabalho mental do neurologista.

Entretanto, nestes últimos anos, a morfologia microscópica e a fisiologia do sistema nervoso têm progredido de maneira extraordinária, fazendo com que certas explicações patogênicas, outrora admitidas sem discussão, sejam consideradas como ultrapassadas e insatisfatórias, quando não inteiramente errôneas. Infelizmente nem sempre os trabalhos de pesquisadores de laboratório em matéria neurológica - morfologistas. histologistas, químicos - são publicados em revistas habitualmente manuseadas pelos clínicos, do que resulta que êstes últimos se desatualizam em relação a assuntos que, às vêzes, têm capital importância. Por outro lado, acresce que a linguagem técnica e a metódica dos pesquisadores de laboratório, ou cientistas puros se os chamarmos assim, se complica cada vez mais em virtude da aplicação cada vez maior dos intrincados métodos da físico-química moderna; na verdade, há, atualmente, trabalhos de neurofisiologia cuja leitura e compreensão é difícil, senão impossível, para o neurologista clínico. Tudo contribui para ampliar a distância que separa a neurologia clínica da pesquisa experimental pura. Aliás, isto não é fato novo; os memoráveis trabalhos experimentais de Sherington, que constituem a base da Neurologia e da Neurocirurgia, sòmente entraram para o domínio da clínica prática muitos anos depois de publicados em revistas especializadas. Assim, todo o neurologista fica satisfeito quando tem oportunidade para incorporar dados morfológicos e fisiológicos atualizados ao seu acervo de conhecimentos para refundir o entendimento e a interpretação de quadros sintomatológicos. E a satisfação será maior quando esses dados lhe forem fornecidos em conjunto, sem grandes minúcias técnicas e, especialmente, sem o emprego excessivo de terminologia arrevezada.

Por estas razões, pode-se dizer que o trabalho de Paul Glees - renomado neuro-fisiologista da Escola de Oxford - reunindo em um livro noções básicas e recentes aquisições da neuromorfologia e da neurofisiologia, vem preencher grande lacuna, permitindo aos clínicos uma aproximação à metódica e aos conceitos hauridos da experimentação. O autor procurou expor os métodos de trabalho da Neurologia Experimental, os aspectos anatômicos, fisiológicos, bioquímicos e fisioquímicos das pesquisas, a metódica das lesões e do estudo das funções nervosas, os processos de excitação e de inibição, sempre correlacionando-os com as conseqüências clínicas e neuropatológicas. Acrescente-se a isto noções de embriologia e ter-se-á idéia do valor deste livro.

Idéia geral do conteúdo será dada pela enumeração dos 18 capítulos: 1) Métodos de trabalho da Neurologia Experimental (anatômicos, fisiológicos e psicológicos); 2) Aspectos bioquímicos da Neurologia Clínica e Experimental; 3) Receptores; 4) Condução nervosa; 5) Papel e função das sinapses; 6) Neurofisiologia da medula espinhal; 7) Tálamo; 8) Córtex sensitivo; 9) Córtex motor e feixe piramidal; 10) Cerebelo; 11) Ganglios da base; 12) Hipotálamo e hipófise; 13) Sistema nervoso autónomo; 14) Sistema reticular do tronco cerebral; 15) Atividade eléctrica induzida e espontânea do córtex cerebral; 16) Sistema auditivo; 17) Sistema visual; 18) Desenvolvimento e fisiologia das circunvoluções cerebrais.

Em todos os capítulos são relatados os métodos empregados, os resultados obtidos, as deduções Hsiopatológicas, sendo apresentadas as ilações úteis para aplicações práticas ao diagnóstico e prognóstico. A cada capítulo é apensa extensa bibliografia onde o leitor poderá encontrar maiores detalhes. Extenso e completo índice remissivo final facilita sobremodo a consulta.

Em suma, trata-se de livro que, sem favor algum, é indispensável aos neurologistas clínicos, aos neurocirurgiões e para aqueles que desejem se iniciar no estudo da morfologia e da fisiologia do sistema nervoso. Como de hábito, a editora Georg Thieme apresenta trabalho tipográfico impecável, sendo perfeitas as ilustrações, quase todas elas com legendas que dispensam a leitura do texto. Pena é que o livro tenha sido impresso em alemão, língua não universalmente acessível. Temos a certeza de que êste compêndio se tornará livro de cabeceira dos neurologistas quando fôr vertido para o inglês, para o francês ou para o castelhano.

O. Lange

FISIOPATOLOGIA DELLA CEFALEA NELLA IPERTENSIONE ARTERIOSA. Osservazioni sperimentali e cliniche. F. Sicuteri, R. Monfardini e M. Ricci. Monografia com 142 páginas. Edizioni "Omnia Médica", Pisa, 1957.

Embora cêrca de dois terços dos hipertensos arteriais se queixem de dôres de cabeça, ainda são pouco conhecidos o mecanismo e_ o significado clínico dessas cefalalgias. É questão passiva, no entanto, a falta de proporção entre os níveis tensionais e a presença ou intensidade das ceíaléias. Sicuteri e col. estabeleceram um protótipo de cefaléia experimental comparável às cefalalgias dos hipertensos; trata-se das dôres de cabeça surgirias após crises hipertensivas induzidas farmacologicamente por injeções de noradrenalina. Essas crises cefalálgicas se aproximam sensivelmente das apresentadas pelos pacientes com crises paroxísticas de hipertensão, sobretudo nos portadores rie feocromocitoma. Essas dores - surdas, contínuas e raramente pulsáteis - se projetam nas regiões nucais, estendendo-se para as regiões têmporo-parietais; não se acompanham de náuseas ou vômitos; freqüentemente os pacientes se queixam de dôres precordiais. As experiências foram controladas pelo registro das condições circulatorias extracerebrais (determinação do pulso temporal e do pulso occioital) e intracerebrais (registro do pulso ocular e da pressão do liqüido cefalorraquidiano).

Concluíram os autores que a cefaléia se acompanha das seguintes modificações: aumento da tensão arterial sistêmica e da pressão da arteria central da retina e, menos constantemente, elevação da pressão venosa e liquórica; há, concomitantemente, vasoconstrição geral e cefálica, mais intensa nas porções extracranianas que nas intracranianas. É interessante assinalar que as cefalalgias induzidas pela noradrenalina são mais pronunciadas e mais duradouras em indivíduos normotensos mas sujeitos a ceíaléias vasculares ou a dores de cabeça psicógenas. Os autores consideram as cefalalgias noradrenalinicas como decorrentes de uma insuficiente adaptação das grandes artérias (que se caracterizam por uma estrutura elástica) a um fenômeno generalizado de vasoconstrição. Ao lado desse fator vascular, Sicuteri e col. admitem a ação de um fator tissular, traduzido por maior excitabilidade do sistema nervoso encarregado da algorrecepção das terminações situadas nas paredes arteriais.

Nesses casos o máximo de efeito terapêutico é obtido pelo emprêgo rie terapêuticas hipotensoras - farmacológicas ou cirúrgicas - e por tratamentos dietéticos. A cefaléia pode ser abruptamente interrompida pela administração de drogas hipotensoras, de ação rápida e enérgica, por sangria, por aplicações de sanguessugas, por purgativos salinos ou pela imersão dos pés em água quente. Por outro lado, existem cefalalgias dependentes, essencialmente, não tanto do fator vascular mas do fator tissular, por "hiperalgesia" dos recepto;es de dor no sistema nervoso. Nesses casos flutuações mínimas dos níveis tensionais podem provocar cefalalgias desproporcionalmente intensas. Dessa forma, efeitos terapêuticos satisfatórios podem ser obtidos pelo emprêgo, além de hipotensores, de drogas com ação analgésica: aspirina, piramido, fenilbutazona e derivados da cortisona; foram registrados, também, bons resultados com a medicação anticoagulante.

Éste esquema de mecanismo patogênico condicionado por dois fatores que agem em proporção diferente de caso para caso, permite, além de especulações acadêmicas, o emprêgo de terapêuticas diferentes, possibilitando melhores resultados clínicos.

R. Melaragno Filho

AFECCIONES VASCULARES QUIRÚRGICAS DEL ENCÉFALO. Alfonso Asenjo. Enrique Uiberall e Juan Fierro. Um volume com 303 páginas e 162 figuras. Editora Zig-Zag, Santiago (Chile), 1957.

Os autores expõem minuciosamente a experiência obtida com relação aos 289 casos de afecções vasculares encefálicas estudados no Instituto de Neuro-Cirurgia de Santiago (Chile). O livro contém, de original, dois capítulos, num dos quais os autores propõem uma nova classificação das afecções vasculares cirúrgicas do encéfalo baseada na vasculogênese; em outro, mediante estudo anátomo-patológico dos sacos aneurismáticos congênitos, verificam a inexistência da camada elástica e muscular nos aneurismas denominados vestigiais. Referem de interessante, também, que na grande maioria das vezes, os aneurismas congênitos dotados de colo alongado e, portanto, os mais acessíveis ao tratamento cirúrgico mediante ligadura, são os vestigiais. Os aneurismas denominados saculares, situados principalmente ao nível das bifurcações das grandes artérias, são geralmente sésseis, tornando difícil ou mesmo impossível a utilização da mesma tática e técnica cirúrgicas.

Êsse livro representa, a nosso ver, excelente fonte de consulta não só pelas pesquisas pessoais dos autores como pela revisão cuidadosa do que já foi publicado a respeito das afecções vasculares cirúrgicas do encéfalo.

Rolando A. Tenuto

CEREBRAL APOPLEXY. AN ARTERIOGRAPHICAL AND CLINICAL STUDY OF 100 CASES. John Riishede. Monografia com 210 páginas e 88 figuras. Suplemento n° 118 de Acta Psychiatrica ei Neurológica Scandinavica, vol. 32, Copenhague, 1957.

Chocado com a discrepância entre os diagnósticos clínicos e os achados de necropsias, o autor se propõe a fazer uma revisão crítica dos diagnósticos, empregando a angiografia cerebral como rotina nos casos rotulados de apoplexia cerebral. Sem precisar o significado da expressão "apoplexia cerebral", o autor baseia o trabalho no estudo de 100 pacientes de mais de 40 anos portadores de lesões supratentoriais unilaterais, de instalação rápida e de origem presumivelmente vascular.

A primeira parte do trabalho é dedicada ao estudo angiográfico dos casos. Após apresentar noções sumárias sobre o angiograma normal, o autor tece, em 4 capítulos, considerações minuciosas sobre oclusões vasculares, circulação colateral, insuficiência circulatória cerebral e hematomas intracerebrais. Nesses 4 itens foi feita cuidadosa revisão da bibliografia, procurando o autor estabelecer conceituação definida, tanto do ponto de vista de terminologia como do ponto de vista angiográfico. O material é apresentado em 88 figuras, na maioria esquemas das angiografias obtidas. Ainda na primeira parte são apresentados os achados angiográficos de 7 casos de lesões não vasculares, incluidos ocasionalmente na série, sendo feitas, também, considerações sobre as complicações da angiografia cerebral.

A segunda parte, dedicada ao estudo clínico, segue o mesmo esquema de exposição, sendo omitido apenas o estudo sôbre circulação colateral. Baseado não só nos achados clínicos como em noções de fisiopatologia da circulação cerebral, o autor procura correlacionar o diagnóstico angiográfico com o diagnóstico clínico. O objetivo principal é a maior precisão diagnostica, especialmente no que se refere à indicação de procedimento cirúrgico em casos de apoplexia cerebral. Os comentários finais versam, de modo ligeiro, sôbre os vários tratamentos em uso e salientam a crescente incidência desses tipos de afecção.

Ê interessante salientar que, dos 100 casos estudados, 27 se referiam a pacientes portadores de oclusões arteriais, 29 de insuficiência circulatória cerebral, 37 de hematomas intracerebrais e 7 de lesões não vasculares. Êsses achados mostram uma incidência bastante elevada de hematomas intracerebrais cuja existência indicaria, quase sempre, a necessidade de intervenção cirúrgica.

As últimas 50 páginas da monografia incluem os resumos das 100 observações, completados com os achados radiológicos, a evolução, o seguimento e os achados cirúrgicos e necroscópicos nos casos em que estes procedimentos foram utilizados.

Pedro Henrique Longo

PSYCHIATRY AND THE CRIMINAL. John M. Mac Donald. Um volume (15,50 x 23,50) com 227 páginas. Charles C. Thomas, Springfield, 1958.

O propósito dêste livro é o de fornecer normas para o exame psiquiátrico de indivíduos criminosos em cuja defesa são alegadas anormalidades psíquicas e o de guiar para a resolução de todos os problemas atinentes à Psiquiatria Forense Criminal. O autor que, entre outros títulos, exerce o cargo de Consultor Psiquiatra das Côrtes Distritais do Estado de Colorado (U.S.A.), inicia o livro estudando os fatores pessoais, familiares, ambientais, sociais e educacionais que dão origem e motivação ao comportamento criminoso e às reações ofensivas de caráter violento, assim como os testes para documentar a responsabilidade criminal e as condições determinantes do agravamento e da atenuação da punição. Na parte relativa ao exame psiquiátrico pròpriamente dito são analisados os fatos e informações de diversas fontes, as causas de êrro inerentes à chamada síndrome de Ganser e às simulações, conscientes ou não. O valor dos dados fornecidos sob narcoanálise é amplamente comentado em seus aspectos legais e éticos, sendo dadas as interpretações mais corretas às confissões feitas em tais circunstâncias. Parte importante é aquela que se refere à amnésia invocada freqüentemente apôs a prática de atos delituosos, estudando o autor as várias causas que a podem produzir e que devem ser cuidadosamente pesquisadas pelos peritos. A epilepsia e estados afins, assim como os exames complementares que permitem um diagnóstico seguro, são estudadas detalhadamente, procurando o autor diferençar cuidadosamente os ataques histéricos ou simulados. A influência do alcoolismo e do abuso de tóxicos é encarada sob o ponto de vista diagnóstico e médico-legal. Capítulos especiais são dedicados aos crimes de caráter sexual e à delinqüência juvenil. As últimas partes do livro se referem à aplicação dos testes psicológicos, ao diagnóstico médico-legal, à ação testemunhal do perito psiquiatra, à punição e ao eventual tratamento visando a reabilitação de criminosos.

Bem organizado índice final, por autores citados e por assuntos, facilita sobremodo a consulta a êste livro, digno de figurar entre os compêndios de manuseio diário para todos os que se defrontem com problemas relativos à Psiquiatria Forense.

O. Lange

THE RELATION OF PSYCHIATRY TO PHARMACOLOGY. Abraham Wikler. Um volume com 322 páginas, publicado pela American Society for Pharmacology and Experimental Therapeutics. The Williams and Wilkins Co., Baltimore, U.S.A.

Embora seja vultoso o número de contribuições ã terapêutica das psicoses e psiconeuroses, a utilização de compostos químicos é ainda, e largamente, uma questão de experiência clínica e opinião pessoal, justificada às vêzes por brilhantes observações, mas não baseada em documentação experimental de caráter científico. Isso se deve, ao menos em parte, à falta de contactuação entre psiquiatras e farmacologistas, pois, em geral, os fatos verificados por uns não são suficientemente apreciados pelos outros. Assim, Abraham Wikler se propôs, revendo a literatura psiquiátrica e farmacológica de 1930 a 1955, a reunir os dados de utilização comum, visando obter um entrosamento mais efetivo para o emprego terapêutico de drogas correntemente mais utilizadas. O autor procurou não apenas reunir dados esparsos verificados por êsses dois círculos de especialistas, mas também apresentar as teorias, analisar as deduções e criticar os dados em que se basearam as conclusões.

Assumindo a posição de psiquiatra experimental, intermediária entre o psiquiatra clínico e o farmacologista puro, o autor coordenou o vasto material condensado neste livro em duas grandes partes. Na primeira - Efeitos das drogas sôbre o comportamento humano - são equacionadas as dosagens empregadas com os efeitos clinicamente perceptíveis. Na segunda parte - Teorias e mecanismos de ação dos agentes químicos - são correlacionadas as modificações que os preparados estudados determinam no comportamento humano com as alterações que seu emprêgo determina sôbre o metabolismo cerebral e sôbre a organização neural.

Na primeira parte são estudados os processos terapêuticos, as provas para diagnóstico e prognóstico, os métodos para a produção de psicoses modêlo; entre os primeiros são estudadas as drogas e dosagens que determinam estados comatosos (Insulina, dióxido de carbono, barbitúricos), as que permitem a psico-exploracão (dióxido de carbono, barbitúricos, éter, Metanfetamina, Mescalina, dietilamida do ácido lisérgico), as que têm efeitos tranqüilizadores (Clorpromazina, Reserpina, meprobamatos), as que têm efeitos ataráxicos (Anfetamina, Metanfetamina, Meratran). Na segunda parte, que é a mais importante pelas ilações que permitem compreender o mecanismo de ação das drogas habitualmente usadas em Psiquiatria, são expostas as teorias relacionando as alterações do comportamento com as alterações do metabolismo cerebral, os mecanismos bioquímicos da ação das drogas medicamentosas, os aspectos neurofisiológicos da ação dessas drogas, as teorias que explicam os efeitos psicológicas que permitem modificações da readaptação ambiental e social.

Trata-se, pois, de uma revisão crítica de dados esparsos na literatura - 889 referências bibliográficas - com idéias e sugestões construtivas para a justa interpretação de resultados farmacológicos para a compreensão de efeitos neuropsicológicos. O autor considera seu tratralho como simples contribuição para uma apreciação conjunta de problemas que ainda deverão ser resolvidos. Êste livro tem subido valor para psiquiatras, psicologistas e, mesmo, para neurologistas obrigados a medicar pacientes portadores de distúrbios do comportamento devidos a afecções orgânicas cerebrais. Excelente índice remissivo final facifita sobremodo a consulta em relação a qualquer assunto nêle discutido.

O. Lange

TRAVAUX DU SERVICE MEDICO-PEDAGOGIQUE DE GENÈVE. Um volume (14,5 x 21) com 64 páginas. Éditions Médecine et Hygiène, Genebra, 1957.

Êste opúsculo, prefeciado pelo Prof. François Naville, fundador do Serviço Médico-Pedagógico de Genebra, contém 11 contribuições de diversos colaboradores dessa instituição. O Dr. Ivés Chesni, seu atual diretor, resume as realizações recentes da instituição e alguns dos problemas importantes que ainda existem ou já estão em fase de resolução, como sejam a reorganização das classes especiais, a extensão da ação médico-pedagógica à idade pré e pós-escolar. As outras contribuições tratam de: Métodos pedagógicos das classes especiais (Marguerite Fert); Ação médico-pedagógica sôbre crianças com distúrbios visuais (Colette Belavoine); Ação da assistente social na equipe médico-pedagógica (Andrée Menthonnex); Pesquisa sistemática de distúrbios da audição em escolares (Raymond Guyot); Papel do psiquiatra em instituições médico-pedagógicas (Sylvia Dupuis-Dami); Problemas de educação em uma casa de crianças (Edmond Amblet); Psicologia aplicada aos ambulatórios de crianças (Arielle Paunier e Florence Guignard); Ação médico-pedagógica em crianças epilépticas (François Martin); Pontos de vista de um educador sôbre observações médico-pedagógicas feitas em um semi-internato (André Grillet); O serviço ortofônico das escolas e classes de leitura (Yves Chesni).

Trata-se, pois, de coletânea de trabalhos feitos sob orientação rigorosa e critério científico, em instituto que vem funcionando desde 1908 e que tem renome universal. A experiência dos colaboradores, cada um em seu setor de especialização, exposta em artigos concisos, faz dêste pequeno livro, de fácil manuseio, um auxiliar de grande utilidade para psicologistas, psiquiatras e educadores que devam resolver problemas de crianças em idade escolar.

O. Lange

SCHIZOPHRENIA. SOMATIC ASPECTS. Um volume de 181 páginas, com 24 figuras e 11 tabelas, escrito por uma série de especialistas sob a coordenação de Derek Richter. Editado por Pergamon Press, Londres, 1957.

Sob os auspícios do Mental Health Research Fund e da Ciba Foundation, um grupo de investigadores inglêses se reuniu em Londres para discutir aspectos do problema da esquisofrenia. Os assuntos escolhidos representaram o próprio campo de investigações de cada um. Coordenados por Derek Richter, membro do Neuropsychiatric Research Centre (Cardiff), alguns desses cientistas foram encarregados de preparar um capítulo para este livro e no qual constasse a súmula daquilo que já se fêz no campo de suas pesquisas, bem como suas idéias e sugestões quanto ao caminho a ser seguido em pesquisas futuras.

Dessa forma, não é esta, obra que se proponha colocar o leitor a par de tudo que diz respeito à esquisofrenia, mas que procura detalhar problemas cujo estudo tem-se mostrado promissor. Assim, visa incentivar outros investigadores a prosseguir nesse caminho, permitindo ampliar os conhecimentos sobre moléstia de importância médica tão grande.

Os assuntos são revistos em 9 capítulos, compreendendo o primeiro o estudo dos caracteres físicos do paciente esquizofrênico (W. Linford Rees, Londres); no segundo é estudada a interação dos fatores genéticos e do meio ambiente na determinação da esquizofrenia (Martin Roth, Newcastle); os aspectos electrencefalográficos da moléstia são revistos no capítulo terceiro (Denis Hill, Londres) e os aspectos bioquímicos no capítulo quarto (Derek Richter, Cardiff). O capítulo quinto é dedicado ao estudo das alterações endócrinas (D. F. Sands, Epsom), e o sexto à anatomia patológica (G. B. David, Cardiff). As interrelações entre mecanismos de consciência, adaptação ao meio e a esquizofrenia são tratadas no capitulo sétimo (S. Sherwood, Londres). O metabolismo na esquizofrenia recorrente (H. Rey, Mauds-ley) e a ação das drogas (D. Stafford-Clark, Londres) constituem o objeto dos dois últimos capítulos. Ao final de cada capítulo segue-se a bibliografia respectiva.

Derek Richter, autor do quarto capítulo, dividiu a revisão dos aspectos bioquímicos segundo os aparelhos ou sistemas a que dizem respeito as alterações estudadas: sistema alimentar, função hepática, alterações no sangue, circulação e anóxia, metabolismo do nitrogênio (esquizofrenia recorrente), bioquímica do cérebro e do liqüido cefalorraquidiano e ação de drogas. Salienta, inicialmente, o fato de a idéia de poder ser a esquizofrenia devida a desordens bioquímicas já ter mais de 50 anos; entretanto, os trabalhos apontando anormalidades metabólicas na doença nem sempre se mostraram concordes, não permitindo conclusões definitivas. A finalidade que se propõe o autor é fazer revisão crítica das publicações feitas desde a revisão de McFarland e Goldstein (1938), no sentido de explorar até que ponto os conhecimentos adquiridos podem dar resposta a estas questões sôbre a doença. Entre estas, alinha-se, ao lado das investigações etiológicas, a questão de ser a esquizofrenia resultado de desordem cerebral primária ou reação secundária do cérebro a desordens sistêmicas mais gerais. Sôbre o liqüido cefalorraquidiano refere as poucas alterações conhecidas (hiperproteinorraquia discreta e esporádica; aumento do conteúdo de ferro; diminuição de acetilcoJina; aumento de nucleótidos; alterações do potássio relacionadas ao etipo de esquizofrenia. A revisão levou o autor a discutir o problema etiológico de esquizofrenia, permitindo-lhe salientar a importância do fator genético (que coloca entre os fatores primários) ao lado do qual são apontados outros, secundários ou incidentalmente associados. Através desse prisma é que são analisados os achados bioquímicos. Livro de investigadores, representa aquisição de grande utilidade para o neuropsiquiatra que deseja se colocar ao corrente dos progressos que se fazem nos conhecimentos sôbre a esquizofrenia, pois, ao mesmo tempo traz uma revisão criteriosa de cada assunto, assegura sua avaliação pela autoridade da crítica de cada autor, autoridade essa que é dada pela sua própria experiência sôbre a questão.

A. Spina-França

Livros Recebidos

Nota da Redação - A notificação dos livros recebidos não implica em compromisso da Redação da revista quanto à publicação ulterior de uma apreciação. Todos os livros recebidos são arquivados na biblioteca do Serviço de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Cerebral Apoplexy. An arteriographical and clinical study of 100 cases. John Riishede. Monografia com 210 páginas e 88 figuras. Suplemento 118 de Acta Psy-chiatrica et Neurológica Scandinavica. Editado por Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1957.

Clinical Experiences with Serpasil Treatment in a Mental Hospital. Aage Kirke-gaard e colaboradores. Coletânea de 7 trabalhos e um capítulo conclusivo final, com 82 páginas. Suplemento 117 de Acta Psychiatrica et Neurológica Scandinavica. Editado por Ejnar Munksgaard, Copenhague, 1957.

Studies on the Floculation Reactions of Serum Proteins. Por Lennart Adner. Monografia com 101 páginas, 20 tabelas e 22 figuras. Suplemento n? 6 de Acta Societatis Medicorum Upsaliensis. Editado por Almqvist & Wiksells Boktryckeri Ab, Upsala - Stockholm, 1957.

Fisiopatologia delia Cefalea nella Ipertensione Arterlosa. F. Sicuteri, R. Mon-fardini e M. Ricci. Monografia com 142 páginas e 28 figuras. Editada por Omnia Medica, Pisa, 1957.

Cisticercosis Cerebral. Fabián Isamat de La Riva. Um volume com 228 páginas e 38 figuras. Edição própria, 1957. Distribuída por Vergara S.A., Barcelona.

Morphologie und Physiologie des Nervensystems. Paul Gless. Um volume (17 x 24) com 445 páginas e 149 figuras. Editado por Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1957. Preço: DM 58.-

Clinico-Genetic Study of Hereditary Disorders of the Nervous System, especially on Problems of Phenogenesis. Ujihiro Murakami. Monografia (16 x 24) com 137 páginas e 208 figuras. Suplemento n« 1 de Folia Psychiatrica et Neurológica Japo-nica. Department of Neurology and Psychiatry, Niigata University College of Medicine, Niigata, Japão, 1957.

Proceedings of the 5th Annual Meeting of Japan EEG Society. Opúsculo com 43 páginas, relacionando 71 trabalhos. Suplemento n? 3 de Folia Psychiatrica et Neurológica Japonica, Department of Neurology and Psychiatry, Niigata University College of Medicine, Niigata, Japão, 1956.

Proceedings of the Fifteenth Annual Meeting of Japan Neurosurgical Society. Opúsculo com 83 páginas relacionando 132 trabalhos. Suplemento m 4 de Folia Psychiatrica et Neurológica Japónica, Department of Neurology and Psychiatry, Nii-gata University College of Medicine, Niigata, Japão, 1956.

The Relation of Psychiatry to Pharmacology. Abraham Wikler. Um volume com 322 páginas, publicado pela American Society for Pharmacology and Experimental Therapeutics. Williams and Wilkins Co., Baltimore, 1957. Preço: US$ 4,00.

Psychiatry and the Criminal. John M. MacDonald. Urn volume com 227 páginas. Charles C. Thomas, Súringfield (Illinois), 1957. Preço: US$ 5,50.

La Douleur et les Douleurs. Th. Alajouanine e colaboradores. Um volume contendo 23 trabalhos de autores diversos, com 345 páginas (16,50x25). Masson et Cie., Paris, 1957.

Regulation Neuro-Vegetative de la Croissance et de l'Equilibre Tissulaires. Roger Coujard. Um volume (15,50 x 24) com 91 páginas e 32 figuras. Vigot Frères, Éditeurs, Paris, 1957.

The Spinal Cord. Um volume (13,5 x 20) contendo 20 trabalhos de autores diversos e as discussões provocadas em simpósio promovido pela Ciba Foundation. Little and Brown Co., Boston, 1953.

Travaux du Service Medico-Pedagogique de Genève. Um volume (14,5x21) com 64 páginas, contendo trabalhos de 11 colaboradores abordando questões que vêm sendo estudadas no Serviço Médico-Pedagógico de Genebra. Éditions Médecine et Hygiene (15, Boulevard des Philosophes), Genebra, 1957.

Le Encefalopatia Atroíizzanti Unilaterali. Roberto Reggiani. Monografia (16,5 x 24) com 101 páginas e 40 figuras. Suplemento ao fascículo IV da Rivista Speri-mentale di Freniatria, vol. LXXXI. Editado pela Società Editrice Age, Reggio Emilia, 1957.

Aspectos Fisiopatologicos Clínicos y Quirúrgicos de las Epilepsias. S. Obrador Alcalde e J. C. Oliveros. Um volume (17,5 x 24) com 217 páginas e 81 figuras. Editorial Paz Montalvo, Madrid, 1957.

Quantitative Untersuchungen an der Sehrinde. Herbert Haug. Monografia (17 x 24) corn 130 páginas e 49 figuras e gráficos. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1958. Preço: DM. 15.-

L'Elettroencefalografia Clinica (con particolare riferimento aile lesioni a foco-laio). Carlo Perrls. Monografia (17x24,5) com 264 páginas e 96 figuras. Istituto di Ricerche V. Baldacci Editore. Edição "Omnia Medica", Pisa, 1957.

L'Elettroencefalogramma del Bambino Normale. Alberto Fois. Manual (24,5x 16.5) com 140 páginas e 101 traçados electrencefalográficos. Istituto di Ricerche V. Baldacci Editore. Edição "Omnia Médica", Pisa, 1957. Preço: 2.000 liras.

Elektroencephalographische Studien bei Hirntumoren. Rudolf Hess. Um volume (16,5x24) com 100 páginas, 8 figuras e 34 tabelas. Georg Thieme Verlag, Stuttgart, 1958. Preço: D.M. 19,80.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Fev 2014
  • Data do Fascículo
    Mar 1958
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