Os autores fazem uma síntese sobre o problema atual das doenças desmielinizantes do sistema nervoso, salientando o papel da alergia, de acordo com os trabalhos mais modernos, em particular os de Ferraro e col. Assinalam a dificuldade para o estabelecimento de uma classificação, em virtude da falta de conhecimento dos agentes etiológicos desencadeantes na maioria dos casos. Apresentam uma observação anátomo-clínica de mielo-patia neuro-óptica com artério e arteriolosclerose, em que a doença se iniciou pelo acometimento do nervo óptico direito, e, somente dois meses depois, surgiram os primeiros sinais de acometimento da medula espinal. No quarto mês de doença estabeleceu-se, de modo completo, o quadro medular, com uma sindrome motora tetraplégica pirâmido-extrapiramidal, outra motora primária nas extremidades distais dos membros superiores, por acometimento das pontas anteriores e, finalmente, uma sindrome sensitiva de tipo cordonai, abrangendo todas as formas de sensibilidade, a partir de C3. A enfermidade evoluiu em 12 meses, ocorrendo a morte em conseqüência de insuficiência respiratória de origem bulbar provável. O exame anátomo-patológico mostrou atrofia e esclerose total dos nervos ópticos, discretos infiltrados parvicelulares em torno de alguns vasos intracerebrais e piais e, na medula, um quadro histopatológico comparável ao que de regra se encontra na oftalmoneuromielite; apenas, no segmento cervical, onde as lesões eram muito extensas, havia foco de amolecimento mais pronunciado do que aqueles que se observam mais freqüentemente. 0 fato talvez decorra de esclerose arterial concomitante existente neste caso. Havia, também, lesões bulbares discretas.