RESUMO
Introdução:
A migrânea é uma doença neurológica prevalente que causa fortes dores de cabeça. Além disso, é a mais comum entre as cefaleias primárias que causam cefaleia por uso excessivo de medicamentos (CUEM). O córtex orbitofrontal (OF) é uma das estruturas mais associadas ao uso excessivo de medicamentos.
Objetivo:
Determinar alterações microestruturais no córtex OF em pacientes com migrânea que desenvolveram CUEM, por meio da técnica de imagem por tensor de difusão (ITD).
Métodos:
Cinquenta e oito pacientes com diagnóstico de migrânea, com base na Classificação das Cefaleias (ICHD-III-B), foram incluídos no estudo. Os pacientes foram subclassificados em dois grupos, com e sem CUEM, com base nos critérios de CUEM da ICHD-III-B. A ITD foi aplicada a cada paciente. Os valores de anisotropia fracionada OFC (AF) e coeficiente de difusão aparente (CDA) dos dois grupos foram comparados.
Resultados:
A média de idade de todos os pacientes foi de 35,98±7,92 anos (variação: 18‒65), sendo 84,5% (n=49) do sexo feminino. Os dois grupos, com CUEM (n=25) e sem (n=33), são semelhantes em termos de idade, sexo, história familiar, migrânea com ou sem aura e duração da doença. Verificou-se que houve diferença significativa nos valores de AF do córtex OF esquerdo entre os dois grupos (0,32±0,01 versus 0,29±0,01; p=0,04).
Conclusões:
Foi encontrada associação entre o CUEM e as alterações na microestrutura do córtex OF. A determinação da neuropatologia e dos fatores associados ao uso excessivo de medicamentos entre pacientes com migrânea é crucial para identificar a população de pacientes em risco e melhorar as estratégias de tratamento adequadas específicas para esses pacientes.
Palavras-chave:
Transtornos de Enxaqueca; Cefaleia por Uso Excessivo de Medicamentos; Córtex Pré-Frontal; Imagem por Tensor de Difusão