Provas de aglutinação do látex no líquido cefalorraqueano em meningites bacterianas: análise de 333 casos

Moreno-Carvalho, O. A.; Livramento, J. A.; Machado, L. R.; Spina-França, A.

doi:10.1590/S0004-282X1988000400004

Resumos

Foram estudadas 333 amostras de liqüido cefalorraqueano (LCR) de pacientes com suspeita clínica e/ou diagnóstico de meningite bacteriana aguda para avaliar o comportamento das provas do látex para os agentes etiológicos H. influenzae Upo b, N. mening tidis A e C, S. pneumoniae. Os resultados foram comparados aos do exame bacteriscópico direto pelo método de Gram e do exame bacteriológico feito a partir do isolamento bacteriano em culturas. Os resultados mostraram que as provas do látex, quando realizadas no LCR, são de grande auxílio diagnóstico imediato para a identificação do agente etiológico em meningite bacteriana aguda devido à sua rapidez e facilidade de execução. Das 106 amostras de LCR em que um desses três agentes etiológicos era o responsável pelo quadro de meningite bacteriana aguda, sua presença foi evidenciada pela prova do látex em: 98,2% para H. influenzas tipo b, 15,8% para N. meningitidis A ou C, 96,S% para S. pneumoniae. Discute-se o fato de estar iniciada a antibioticoterapia em grande número de casos de meningite bacteriana em nosso meio, antes que seja colhida a amostra de LCR que se destina a comprovar a infecção meníngea.

The study is based on 333 cerebrospinal fluid (CSP) samples from patients with clinical diagnosis of acute bacterial meningites. The aim of the study is a critical evaluation on latex agglutination tests in CSF for H. influenzae type b, N. meningitidis A and C, and S. pneumoniae. These tests are compared with direct examination (Gram method), and culture results. It was shown that results of the latex test in the CSF are basic for rapid diagnosis of etiological agent in a bacterial meningitis. Data on 106 CSF samples confirmed the etiology through latex tests in 98.2% for H. influenzae type b, in 15.8% for N. meningitidis A or C, in 96.8% for S. pneumoniae. Emphasis is given for evidence of antibiotic therapy previous to CSF collection, which may be responsible for the great number of negative results registered in the present series.

O. A. Moreno-Carvalho^I; J. A. Livramento^II; L. R. Machado^II; A. Spina-França^III

^IMédico Estagiário de Complementação Especializada em Liqüido Cefalorraqueano (CIN-FMUSP) - Trabalho do Centro de Investigações em Neurologia (CIN), do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

^IIMédico Assistente - Trabalho do Centro de Investigações em Neurologia (CIN), do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

^IIIProfessor Titular. Pesquisa financiada em parte por FINEP, Financiadora de Estudos e Projetos - Trabalho do Centro de Investigações em Neurologia (CIN), do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

RESUMO

Foram estudadas 333 amostras de liqüido cefalorraqueano (LCR) de pacientes com suspeita clínica e/ou diagnóstico de meningite bacteriana aguda para avaliar o comportamento das provas do látex para os agentes etiológicos H. influenzae Upo b, N. mening tidis A e C, S. pneumoniae. Os resultados foram comparados aos do exame bacteriscópico direto pelo método de Gram e do exame bacteriológico feito a partir do isolamento bacteriano em culturas. Os resultados mostraram que as provas do látex, quando realizadas no LCR, são de grande auxílio diagnóstico imediato para a identificação do agente etiológico em meningite bacteriana aguda devido à sua rapidez e facilidade de execução. Das 106 amostras de LCR em que um desses três agentes etiológicos era o responsável pelo quadro de meningite bacteriana aguda, sua presença foi evidenciada pela prova do látex em: 98,2% para H. influenzas tipo b, 15,8% para N. meningitidis A ou C, 96,S% para S. pneumoniae. Discute-se o fato de estar iniciada a antibioticoterapia em grande número de casos de meningite bacteriana em nosso meio, antes que seja colhida a amostra de LCR que se destina a comprovar a infecção meníngea.

SUMMARY

The study is based on 333 cerebrospinal fluid (CSP) samples from patients with clinical diagnosis of acute bacterial meningites. The aim of the study is a critical evaluation on latex agglutination tests in CSF for H. influenzae type b, N. meningitidis A and C, and S. pneumoniae. These tests are compared with direct examination (Gram method), and culture results. It was shown that results of the latex test in the CSF are basic for rapid diagnosis of etiological agent in a bacterial meningitis. Data on 106 CSF samples confirmed the etiology through latex tests in 98.2% for H. influenzae type b, in 15.8% for N. meningitidis A or C, in 96.8% for S. pneumoniae. Emphasis is given for evidence of antibiotic therapy previous to CSF collection, which may be responsible for the great number of negative results registered in the present series.

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1. Baker CJ - Group B streptococcal in neonates. Pediatr Rev 1 :5, 1979.
2. Denis F, Saulnier M, Chiron JP - OMS Bulletin 59: 143, 1981.
3. Denis F, Cadoz M, Dio-Pmar I, Saulnier M - Bacterial antigen concentrations in cerebrospinal fluid and prognosis of purulent meningitis. Lancet 1: 1361, 1981.
4. Denis F, David-Prince M, M'Boup S, Terrot C, Cadoz M, Chiron JP, Dio-Pmar I - Test d'agglutination au latex et contre immunoelectrophorèse dans le diagnostic des meningites a Hemophilus influenzae. Path Biol 2: 97, 1983.
5. Feigin RD, Dodge PR - Bacterial meningitis: newer concepts of pathology and neurologic sequelae. Pediatr Clin North 23: 541, 1976.
6. Fraser DW, Darby CP, Koebler RE - Risk factors in bacterial meningitis. J Infect Dis 127: 271, 1973.
7. Grover, RV, Sutherland JM, Lanoing BM - Purulent meningitis of newborn infants. N Engl J Med 264: 1115, 1961.
8. Mangi RJ, Quintiliani R, Andrioli VT - Gram negative bacillary meningitis. Am J Med 59: 829, 1975.
9. Overturf GD, Powars DP, Baraff LB - Bacterial meningitis and septicemia in sickle cell disease. Am J Dis Child 131: 543, 1977.
10. Robbins JB, McCracken GHJr, Gotschliech EC, Orskov F, Orskov I, Hanson LA - Escherichia coli Kl capsular polysaccharide associated with neonatal meningitis. N Engl J Med 290 ; 1216, 1974.
11. Schlech WF, Band JB, Hightower AW - Bacterial meningitis in the United States 22nd. Interscience Conference Antimicrob Agents Chemother, 1982, Abstr 311.
12. Spina-França A, Livramento JA, Machado LR, Nóbrega JPS, Bacheschi LA - Líquido cefalorraqueano em acidentes vasculares cerebrais. Arq Neuro-Psiquiat (São Paulo) 45: 168, 1987.
13. Spina-França A, Livramento JA, Machado LR, Bacheschi LA, Nóbrega JPS - Líqüido cefalorraqueano na síndrome de imunodeficiência adquirida: análise de 50 casos. Arq Neuro-Psiquiat (São Paulo) 45: 412, 1987.
14. Swartz MN, Dodge PR - Bacterial meningitis: a review of selected aspects. N Engl J Med 272: 725, 1965.

Provas de aglutinação do látex no líquido cefalorraqueano em meningites bacterianas: análise de 333 casos

Latex agglutination tests in cerebrospinal fluid in bacterial meningites: analysis of 333 cases

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
21 Jun 2011
Data do Fascículo
Dez 1988

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[1] 1. Baker CJ - Group B streptococcal in neonates. Pediatr Rev 1 :5, 1979.

[2] 2. Denis F, Saulnier M, Chiron JP - OMS Bulletin 59: 143, 1981.

[3] 3. Denis F, Cadoz M, Dio-Pmar I, Saulnier M - Bacterial antigen concentrations in cerebrospinal fluid and prognosis of purulent meningitis. Lancet 1: 1361, 1981.

[4] 4. Denis F, David-Prince M, M'Boup S, Terrot C, Cadoz M, Chiron JP, Dio-Pmar I - Test d'agglutination au latex et contre immunoelectrophorèse dans le diagnostic des meningites a Hemophilus influenzae. Path Biol 2: 97, 1983.

[5] 5. Feigin RD, Dodge PR - Bacterial meningitis: newer concepts of pathology and neurologic sequelae. Pediatr Clin North 23: 541, 1976.

[6] 6. Fraser DW, Darby CP, Koebler RE - Risk factors in bacterial meningitis. J Infect Dis 127: 271, 1973.

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[8] 8. Mangi RJ, Quintiliani R, Andrioli VT - Gram negative bacillary meningitis. Am J Med 59: 829, 1975.

[9] 9. Overturf GD, Powars DP, Baraff LB - Bacterial meningitis and septicemia in sickle cell disease. Am J Dis Child 131: 543, 1977.

[10] 10. Robbins JB, McCracken GHJr, Gotschliech EC, Orskov F, Orskov I, Hanson LA - Escherichia coli Kl capsular polysaccharide associated with neonatal meningitis. N Engl J Med 290 ; 1216, 1974.

[11] 11. Schlech WF, Band JB, Hightower AW - Bacterial meningitis in the United States 22nd. Interscience Conference Antimicrob Agents Chemother, 1982, Abstr 311.

[12] 12. Spina-França A, Livramento JA, Machado LR, Nóbrega JPS, Bacheschi LA - Líquido cefalorraqueano em acidentes vasculares cerebrais. Arq Neuro-Psiquiat (São Paulo) 45: 168, 1987.

[13] 13. Spina-França A, Livramento JA, Machado LR, Bacheschi LA, Nóbrega JPS - Líqüido cefalorraqueano na síndrome de imunodeficiência adquirida: análise de 50 casos. Arq Neuro-Psiquiat (São Paulo) 45: 412, 1987.

[14] 14. Swartz MN, Dodge PR - Bacterial meningitis: a review of selected aspects. N Engl J Med 272: 725, 1965.