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Enxaqueca oftalmoplégica: estudo clínico e eletrencefalográfico de dois casos

As acerbas discussões ainda hoje verificadas na literatura sobre a existência ou não de uma enxaqueca oftalmoplégica, bem como as divergências de opinião sobre sua fisiopatologia, são abordadas de início pelos autores que, como contribuição, apresentam duas observações próprias. Em ambos os casos havia crises de enxaqueca bem evidenciadas (cefaléia de início mais ou menos súbito, hemicrânica, acompanhada de fenômenos neurovegetatives, vômitos e fotofobia). Em ambos os casos, no eletrencefalograma, havia disritmia paroxística bilateral, simétrica, indicando tratar-se de verdadeira enxaqueca, em pacientes sem manifestações comiciais e sem antecedentes familiares de epilepsia. Em ambos, a oftalmoplegia sobreveio em média uma vez por ano (enquanto que as crises de enxaqueca eram muito mais freqüentes), sendo ipsilateral, acompanhando crises mais intensas de cefaléia, com comprometimento total do motor ocular comum (musculatura intrínseca e extrínseca do globo ocular), tendo a duração variável entre 1 e 30 e mais dias, desaparecendo depois completamente. Baseados nestas duas observações em que crises de enxaquecas (edema cerebral localizado) se seguiram de repetidas paralisias tronculares do terceiro nervo craniano, ipsilateral, os autores pensam poder concluir favoravelmente à teoria de Foster-Kennedy - compressão do tronco nervoso pelo cérebro edemaciado - e à existência de uma verdadeira forma oftalmoplégica da enxaqueca, no sentido de Charcot.


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