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Manifestações neurológicas da malária

O envolvimento do sistema nervoso central pela malária é revisto neste artigo. Malária cerebral, a encefalopatia que complica exclusivamente a infecção pelo Plasmodium falciparum, atinge essencialmente crianças e adolescentes em áreas hiperendêmicas. Uma das hipóteses para a sua patogênese consiste no desvio dia circulação capilar por obstrução de capilares e vênulas cerebrais por eritrócitos parasitados. Outra, a teoria humoral, propõe que a resposta inflamatória, imunomediada e inespecífica, liberta substâncias vasoativas capazes de produzir alterações endoteliais e de permeabilidade. Malária cerebral tem taxa de mortalidade até 50% e também considerável morbidade a longo prazo, particularmente em crianças. A sintomatologia cerebral pode ser complicada por hipoglicemia, principalmente em doentes tratados com quinino. Outras manifestações incluem hemorragia intracraniana, oclusão arterial cerebral e sintomatologia transitória extrapiramidal e neuropsiquiátrica. Em Sri Lanka, alguns doentes em recuperação têm mostrado ataxia cerebelar, autolimitada, provavelmente devida a mecanismos imunes. Malária é causa frequente de convulsões febris nos trópicos e contribui para o desenvolvimento posterior de epilepsia. Envolvimento medular e dos nervos periféricos também têm sido descritos. Durante episódios febris, alguns doentes têm apresentado paralisia transitória semelhante à paralisia periódica. A patogênese das manifestações neurológicas na malária continua por ser esclarecida e oferece excelentes perspectivas de investigaçção tanto clínica como experimental.

malária; Plasmodium falciparum; sistema nervoso


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