RESUMO
A mania crônica constitui uma condição subinvestigada e alguns trabalhos têm associado esta desordem a um substrato orgânico. O presente manuscrito analisa a descrição fidedigna de Kraepelin de mania crônica a partir de um ponto de vista atual da neurologia comportamental. Concebemos que ele havia descrito um conjunto de sintomas que atualmente é reconhecido como manifestações centrais do fenótipo clínico da variante comportamental da demência frontotemporal (bvFTD). Também realizamos uma revisão adicional de manuscritos originais de pares contemporâneos de Kraepelin, a fim de procurar por um único relato de caso que poderia preencher critério diagnóstico atual de bvFTD. Mesmo que não tenhamos conseguido encontrar um caso perfeitamente exemplar, identificamos que alguns estudiosos da época pareciam concordar que a mania crônica devesse ser considerada uma forma especial de demência. O presente trabalho destaca por meio de dados históricos a sobreposição entre transtornos psiquiátricos primários e sintomas neuropsiquiátricos secundários a doenças neurodegenerativas.
transtorno bipolar; demência frontotemporal; psiquiatria geriátrica; fenótipo