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Análises de livros

ANÁLISES DE LIVROS

ELEMENTOS EM PSICOANÁLISE. W. R. BION. Um volume (14x12 cm) com 125 páginas. Rio de Janeiro, 199: Imago Editora. Preço: R$8,00.

O psiquiatra inglês Wilfred Ruprecht Bion (1879-1979) é um dos vários bem conhecidos comentaristas sobre a obra da psicoanalista freudiana Melanie Klein (1882-1960). Bastante conhecido no Brasil, onde esteve mais de uma vez, ensinando e discursando, Bion tem seus discursos de 1973 e 1974 apresentados no livro Conferências Brasileiras 1, publicado em 1975 pela Imago Editora, Rio de Janeiro.

Melanie Klein ensinou que o período mais importante no desenvolvimento da personalidade corresponde aos três primeiros anos da vida. Como todos os freudianos, Klein achou que as estruturas básicas mentais que determinam as características de uma personalidade e quaisquer desordens neuróticas ou psicóticas em qualquer época de vida são formadas antes da idade de 7 anos, e que acontecimentos depois dessa idade agem como precipitantes de doenças, e não como causas verdadeiras.

Na nossa opinião, o psiquiatra ou psicólogo que tenta ler este livro, e outros de Bion, tem uma tarefa árdua em sua frente. Tanto em inglês ou em português, a prosa de Bion é difícil de compreender, e sua taquigrafia especial é às vezes quase incompreensível. Um exemplo típico da sua prosa é (página 82) "O contexto da afirmação, tomado junto com o elemento xi de psi xi, denotando o estado mental do paciente, talvez aponte o significado de, para o paciente, expulsão disfarçado do flato; no caso o analista avalia a hipótese de elemento -B pertencente à fileira A.". Um exemplo da taquigrafia de Bion é (página56) "De modo similar, revela a capacidade de ação peculiar de EP -» D -» EP (2º ciclo) -» D (2º ciclo) -» EP (ciclo n-1)".

O escritor mais velho desta análise lê livros e artigos freudianos desde 1945 e considera Bion o freudiano mais vago e obscuro que ele já encontrou. Assim, um leitor não deve achar a sua inabilidade a entender Bion um defeito. Qualquer obra psiquiátrica ou psicológica bem escrita deve ser simples, lúcida e fácil de ser entendida.

Nós achamos que qualquer psiquiatra, psicólogo ou outro profissional do campo da saúde mental que queira informações sobre as teorias e métodos da escola de Melanie Klein deve, em lugar de Bion, ler outros livros mais acessíveis, como a Introdução à Obra de Melanie Klein, por Hanna Segal, Imago Editora, Rio de Janeiro, 1974.

A. H. Chapman

Simone A. Teixeira

Hospital Samur, Caixa Postal 98, 45100-000 Vitória da Conquista BA, Brasil

DESCARTES' ERROR: EMOTION, REASON AND HUMAN BRAIN. ANTONIO R. DAMASIO. Um volume (13,5x20,5 cm) em brochura, com 313 páginas, em inglês (ISBN 0-380-72647-5). New York: Avon Books, 1994.

Antonio Damasio nos oferece, no encerramento do século, um conjunto de reflexões que, certamente marcadas pela ousadia intelectual, fazem o mapeamento amplo e fundamentado do ramo mais fascinante na neurologia comportamental, o que cuida das bases fisiológicas de sentimentos e emoções.

Sustentado por sua condição de autoridade mundial no campo da neuropsicologia, herdeiro que é da escola norte-americana e responsável pelo Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa, onde coordena importante grupo de trabalho dedicado à neurologia do comportamento, Damasio articula os mais avançados conhecimentos da fisiologia do sistema nervoso às ancestrais questões sobre a mente, desde sua definição até suas relações com o organismo e as implicações do ambiente físico e social em sua constituição e expressão. O resultado é a formulação de um sólido modelo teórico que tem por objetivo principal sustentar, antes de tudo, a inegável e necessária conjunção entre os aspectos racionais e emocionais do comportamento humano, separados pela tradição de pensamento cartesiano que afirma a autonomia completa da razão em relação tanto aos fenômenos afetivo-emocionais quanto em relação ao organismo.

A fundamentação da hipótese principal requer a formulação de novos conceitos e a atualização de antigos; Damasio desincumbe-se disso com elegância de estilo e impressionante simplicidade (sem concessões ao simplismo), propondo, por exemplo, um conceito neurofisiologicamente alicerçado para a idéia de "mente" e de "atividade mental". Discute e afirma a base puramente orgânica de emoções e sentimentos, preparando-se para nos apresentar o conceito, tão poderoso quanto original, de marcador-somático, idéia que sustentada pelas premissas já mencionadas, traz em si e consolida de uma vez por todas o argumento da inseparabilidade entre razão e emoção. Segundo o autor, o processo racional de tomada de decisões é antecipado, sempre, pela representação neural (não-verbal e, na maioria das vezes, inconsciente) das consequências envolvidas e, graças a mecanismos de memória evocativa (também não-verbais), pela experimentação fugaz mas suficientemente nítida para "marcar" a escolha dos estados orgânico-sensitivos (definidos anteriormente como emoções) conforme sejam dotados de conteúdo agradável ou desagradável.

O ponto de partida adotado pelo autor é a apresentação (detalhada até o ponto do preciosismo anatômico) do primeiro caso de lesão frontal relatado na literatura médica, o do operário norte-americano Phineas Gage, ocorrido em 1848; amplia em seguida a discussão sobre os distúrbios do lobo frontal, acrescentando descrições de pacientes observados por ele mesmo e outros apresentados mais recentemente em publicações. O método se revela aos poucos: formula-se o modelo a partir de relatos que sugerem correlação entre certas apresentações clínicas e rupturas estruturais e funcionais circunscritas anatomicamente; fundamenta-se a teoria no conhecimento da fisiologia e da fisiopatologia, atualizado e consolidado; testa-se o modelo na prática, aplicando-o a novos casos surgidos.

Para os neurologistas, Damasio traz a lição definitiva da impossibilidade de considerar o sistema nervoso como entidade apartada do organismo, proposição aparentemente inocente, de fácil e generalizada aceitação, mas que contradiz radicalmente concepções e práticas há muito encastoadas na especialidade. Da mesma maneira, a psiquiatria e a medicina de um modo geral são questionadas pelo autor naqueles que seriam seus pressupostos cartesianos.

As implicações apontadas por Damasio são de imensa amplitude, ultrapassando o âmbito da neurologia e da medicina e atingindo diretamente o interesse de filósofos, educadores, cientistas sociais e todos aqueles que, em sua prática cotidiana ou em suas abstrações sobre as dimensões do ser humano, esbarram com indagações sobre o funcionamento do complicado aparato cerebral. Já o texto, na forma em que está organizado, na renúncia ao jargão técnico-científico, mostra-se destinado a público de formação diversificada (e parece bem sucedida essa busca de leitores não especializados, a julgar pelos altos índices de vendagem atingidos nos Estados Unidos e na Europa; no Brasil, o texto foi publicado recentemente pela Editora Cia. das Letras, dirigida para mercado leitor não segmentado).

O trabalho surge, já se mencionou inicialmente, no último quinquênio do século XX, que teve entre seus temas centrais de reflexão o das origens e dimensões dos fatos psíquicos; o modelo proposto por Damasio estará, não se duvide, no centro das discussões mais significativas a serem desenvolvidas em futuro próximo, tanto na condição de referência obrigatória pela síntese abrangente que realiza, quanto por ser fonte de conceitos originais, carregados de possibilidades teóricas e práticas que certamente serão desenvolvidas.

Stênio Correia Miranda

Pós-Graduando do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

DÉMENCE. A. S. HENDERSON. Um volume (16x24 cm) em brochura com 69 páginas, em francês (ISBN 92 4 2S6164 9). Genebra, 199S: OMS, Organisation Mondiale de la Santé (1211 Genève 27, Suisse). Preço: Fr.s. 11,90 [BIREME, Rua Botucatu 862, 04023-901 São Paulo SP, Brasil].

Este livro faz parte da série "Épidemiologie des troubles mentaux et des problèmes psychiatriques" editada pela Divisão de Saúde Mental da OMS. Seu autor pertence à Universidade Nacional da Austrália, em Camberra. O livro é prefaciado por G. de Girolamo e W. Gulbinat, da Divisão de Saúde Mental da OMS, que salientam a importância da série de que este livro faz parte e, também, sua relevância epidemiológica frente à CID-10.

Em função do presente aumento da população com mais de 65 anos de idade, a importância da demência no plano social e da saúde pública é salientada na Introdução, primeiro capítulo do livro. O Capítulo 2 focaliza problemas diagnósticos das demências: critérios diagnósticos, métodos de avaliação, métodos de identificação, fatores de risco para doença de Alzheimer. Estudos epidemiológicos são motivo do Capítulo 3, que trata da incidência, da prevalência, dos limites dos estudos de prevalência e da evolução da prevalência através dos tempos. Fatores de risco são considerados no Capítulo 4, com ênfase aos da demência vascular e da doença de Alzheimer. O Capítulo 5 contém as conclusões e recomendações para estudos futuros que possam beneficiar principalmente o diagnóstico e a terapêutica. É inegável a contribuição que poderá advir de estudos de biologia molecular para o melhor conhecimento da neuropatologia da doença de Alzheimer, assim como para elucidar suas causas. Estes e estudos farmacológicos contribuirão para o desenvolvimento de medicações que possam alentecer ou, mesmo, interromper o inexorável comprometimento das funções cognitivas, inexorável aspecto da doença até o presente. Bibliografia extensa, cuidadosamente preparada, encerra o texto. Completam o livro dois apêndices, ambos reproduzidos da CID-10. O primeiro, sobre descrição clínica das demências e diretivas para o diagnóstico. O outro, sobre critérios diagnósticos para pesquisa.

Este livro apresenta, portanto, oportuno e atual apanhado sobre as demências. Sua leitura é particularmente recomendada aos neurologistas e aos psiquiatras.

Antonio Spina-França

SCHIZOPHRÉNIE. R. WARNER, G. DE GIROLAMO. Um volume (16x24 cm) em brochura com 146 páginas, em francês (ISBN 92 4 256171 1). Genebra, 1995: OMS, Organisation Mondiale de la Santé (1211 Genève 27, Suisse). Preço: Fr.s. 22,40 [BIREME, Rua Botucatu 862, 04023-901 São Paulo SP, Brasil].

Este livro também faz parte da série "Epidemiologic des troubles mentaux et des problèmes psychosociaux", editada pela Divisão de Saúde Mental da Organização Mundial de Saúde (OMS). Richard Wagner é Professor Associado da Universidade do Colorado, em Boulder. Giovanni de Girolamo é membro da Divisão de Saúde Mental da OMS, em Genebra. Ambos são os autores do compêndio, cujo conteúdo obedece ao que é postulado na CID-10.

Na Introdução (Capítulo 1), o conceito e a importância em saúde pública da esquizofrenia são revistos. O restante da matéria do livro é desenvolvida dentro da finalidade de oferecer uma visão geral dos conhecimentos atuais da epidemiologia da esquizofrenia. Problemas diagnósticos são analisados no Capítulo 2. Problemas epidemiológicos são focalizados no Capítulo 3, destacando-se aqueles da prevalência: menor em países em desenvolvimento, maior em ambientes com condições sócio-econômicas melhores, menor na zona rural que na urbana. Segue-se, no Capítulo 4, a análise da ocorrência da esquizofrenia através dos tempos. É lembrada a propósito, em paralelo, a célebre asserção de Kraepelin (1926) sobre a demência da paralisia geral "rara até então, havia aumentado no século precedente, a partir do qual progressivamente diminuirá" - perfil comportamental também defendido por vários pesquisadores em relação à esquizofrenia. Conclusões e recomendações para estudo (Capítulo 5)) encerram a matéria do livro. Nele, são focalizados problemas metodológicos, de grupos de risco e de condições de risco - entre as quais meio social e urbanização, migração e o papel de doenças intercorrentes e fatores genéticos. Fatores sociais e biológicos de risco são igualmente discutidos. Na constelação de fatores desencadeantes, não se exclui e não está claramente definido até o presente o desempenho de fatores ligados ao neurodesenvolvimento. Entre eles, o do trauma obstétrico e o da infecção materna durante a gestação. O papel desses fatores é uma das presentes fronteiras da pesquisa em esquizofrenia.

Após acurada lista de referências bibliográficas, seguem-se dois apêndices, reproduzidos da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnosticas, critérios diagnósticos para pesquisa.

Trata-se de livro do maior interesse para psiquiatras e para os que se ocupam da neuropsicologia.

Antonio Spina-França

NEUROEPIDEMIOLOGIA: BASES E FATOS. MARLEIDE DA MOTA GOMES. Um volume (14x2Icm) em brocura, com 144 páginas. Rio de Janeiro, 1995: ECN, Editora Científica Nacional (Rua da Glória 366 /3o.andar, 20241-180 Rio de Janeiro RJ, Brasil).

Assim como a neuroprofilaxia, a neuroepidemiologia brasileira carece de textos essenciais. Este livro é a primeira obra nacional que analisa, à luz do método epidemiológico e de modo sistematizado, as principais patologias clínicas de interesse neurológico. Este aspecto é muito bem salientado por Sylvia da Silveira de Mello Vargas, na Apresentação. Outro aspecto pioneiro é o fato de ter a autora, Marleide da Mota Gomes, Docente Livre de Neurologia, dado ênfase às principais desordens neurológicas registradas em nosso meio.

Como a Autora salienta no Prefácio, em epidemiologia é básica a preocupação de reconhecer a qualidade das evidências clínicas no contexto da realidade em que se pretende aplicar o conhecimento. Empreendeu ela, assim, a tarefa de cuidar do objeto mais conhecido da neuroepidemiologia: o do estudo da frequência das desordens neurológicas, aí incluídas sua distribuição e suas causas na população. Dentro desse enfoque, ela salienta ainda a importância da integração do neurologista ao princípio da abordagem clínico-epidemiológica. Com isto, será obtida melhor formulação de estudos que, por sua vez, poderão contribuir para a melhoria de decisões clínicas e da Política de Saúde Pública em âmbito neurológico - com o evidente reflexo propulsor que trará para a neuroprofilaxia.

A Autora reconhece o incentivo e o apoio que recebeu, na elaboração do livro, de Sylvia da Silveira de Mello Vargas e da escola epidemiológica do Rio de Janeiro e, também, de conceituados neurologistas brasileiros. Dentre eles, salienta a colaboração de Lúcia Maria da Costa Fontenelle, coautora do capítulo de defeitos do tubo neural.

A matéria do livro é distribuída em 14 capítulos: fundamentos da neuroepidemiologia, doenças do cérebro e sua relevância epidemiológica no Brasil (tomando como base de classificação a CID-9), cefaléias, epilepsias, desordens do sono e do despertar, acidente vascular cerebral, neuropatias periféricas, doença de Parkinson, demências, tumores primários do sistema nervoso central, esclerose múltipla, doenças (crônicas) das células do corno anterior da medula, defeitos do tubo neural, panencefalite esclerosante subaguda. Referências bibliográficas atualizadas e cuidadosamente selecionadas encerram cada capítulo.

O capítulo sobre acidente vascular cerebral é enriquecido pela experiência da Autora. Ele abre caminho para avaliar os acidentes vasculares cerebrais da cardiopatia chagásica crônica. A comprometimento do sistema nervoso na doença de Chagas será o passo seguinte e, igualmente, abrirá ele caminhos para o estudo das doenças inflamatórias do sistema nervoso central, que respondem por 15,53% de 185 655 internações de pacientes com desordens neurológicas hospitalizados na rede hospitalar da Previdência Social em 1993, como a Autora registra no Capítulo 2.

A leitura deste livro e a reflexão sobre os dados que contém são recomendadas a todos os estudiosos do sistema nervoso, em particular neurologistas e neurocirurgiões, assim como aos colegas em formação nessas áreas da Neurologia.

Antonio Spina-França

EPILEPSIA. CARLOS A. M. GUERREIRO, MARILISA M. GUERREIRO (editores). Um volume (16x23,5 cm) encadernado com 478 páginas (ISBN 85-85561-10-6). São Paulo, 1996: Lemos Editorial [Rua Sílvia 416, 01331-010 São Paulo SP, Brasil].

Trata-se de livro que segue a experiência do Curso de Epilepsia do Curso de Pós-Graduação em Neurociências da UNICAMP de 1995, a exemplo do que ocorrera com sua primeira edição que foi baseada nesse mesmo curso, em 1992. Só este fato garante a qualidade e o caráter didático do compêndio, a que se acrescem o valor e os conhecimentos de seus Editores, Carlos Alberto e Marilisa Mantovani Guerreiro. Como na Introdução salienta Elza Márcia Targas Yacubian, Presidente de Liga Brasileira de Epilepsia, estão condensados neste volume grande número de informações publicadas nas últimas décadas e a experiência de diferentes serviços que cuidam da epilepsia. Salienta ela ainda que os Editores não mediram esforços no sentido de criar um livro, em português, para servir de referência atualizada acerca de diferentes aspectos da epilepsia, apresentados nos sucessivos capítulos do livro por especialistas brasileiros e de outros países.

A matéria é analisada em 37 capítulos, que reúnem a colaboração de 41 especialistas. O enunciado desses capítulos (e seus autores) permite aquilatar a qualidade do texto: aspectos gerais (Carlos A. M. Guerreiro), mecanismos básicos (Luiz Eugênio A. M. Mello), neurobiologia da epilepsia do lobo temporal (Timothy A. Pedley), conceitos básicos de eletrencefalografia (Paulo C. Ragazzo), eletrencefalograma nas epilepsias e em síndromes epilépticas (Américo C. Sakamoto, Eliana Garzon, Regina Maria F. Fernandes), monitorização eletrencefalográfica ambulatorial (John R. Ives, Norman R. Mainwaring, Donald L. Schomer), aspectos em ressonância magnética da epilepsia do lobo temporal (Suely K. Nagahashi-Marie), estudo volumétrico da amígdala e hipocampo na epilepsia do lobo temporal (Fernando Cendes, Frederick Andermann), imagens funcionais com SPECT e PET (Edwaldo E. Camargo, Heloísa H. Ruocco), aspectos genéticos (Iscia Lopes-Cendes, Eva

Andermann), convulsão febril (Marilisa M. Guerreiro, Maristela Costa), crises neonatais (Maria Valeriana L. de Moura-Ribeiro, Ednéa A. Silva), epilepsias benignas da infância (Ana E. Scotoni M. Silva, Marilisa M. Guerreiro), epilepsias graves da infância (Ednéa A. Silva, Marílisa M. Guerreiro), epilepsia mioclônica juvenil (Elza M. Targas Yacubian), avaliação neuropsicológica (Maria Joana Mãder), avaliação neuropsicológica pré-cirúrgica (Mirna Wetters Portuguez), qualidade de vida (Elisabete Abib P. de Souza, Marílisa M. Guerreiro), psicopatologia e comportamento (Benito P. Damasceno), aspectos endócrínos da epilepsia em homens (Andrew G. Herzog), disfunções sexuais (Diosely de Castro Silveira ), aspectos endócrínos da epilepsia em mulheres (Andrew G. Herzog), epilepsia e gravidez (Alberto L. C. da Costa, Carlos A. M. Guerreiro), epilepsia e neurocisticercose (Elizabeth M. A. B. Quagliato), epilepsia e doenças neuromusculares (Anamarli Nucci)*, epilepsias mioclôncias progressivas (Iscia Lopes-Cendes), displasias corticais (André Palmini), aspectos gerais do tratamento e aderência ao tratamento (Carlos J. Reis de Campos), quando e como iniciar e interromper as drogas antiepilépticas (Tânia M. O. Cardoso, Carlos A. M. Guerreiro), drogas antiepilépticas (André Palmini, Maria Elisa Calcagnotto, Andréa Julião Oliveira), novas drogas (Marílisa M. Guerreiro, Carlos A. M. Guerreiro), doenças clínicas e epilepsia (Fernando G. Oliveira, Carlos A. M. Guerreiro), estado de mal epiléptico (Eliana Garzon, Américo C. Sakamoto, Carlos A. M. Guerreiro), diagnóstico sindrômico, topográfico e etiológico das epilepsias refratárias (André L. F. Palmini, Maria Elisa Calcagnotto), avaliação pré-cirúrgica (Américo C. Sakamoto, Eliana Garzon, Regina M. F. Fernandes, Hans O. Lüders), tratamento cirúrgico (Raul Marino Júnior), cirurgia da epilepsia na infância (Jaderson Costa da Costa). Cada um dos capítulos é seguido das referências bibliográficas pertinentes. Cuidadoso índice remissivo encerra o volume.

Com mãos de mestre, souberam os Editores reunir e homogenizar a apresentação dos capítulos, permitindo ao leitor uma visão atualizada e segura sobre as epilepsias. A emergente escola brasileira de epilepsia construiu, com este livro, seu tratado. Ao mesmo tempo, ele prepara o terreno para o árduo caminho das perspectivas de estudos voltados para patologias regionais do Brasil dentre as quais as carências alimentares crônicas da infância, os efeitos da exposição continuada a poluentes ambientais, nossas endemias. Entre estas, a neurocisticercose foi motivo da acurado capítulo. Serve ele de modelo para reunir estudos acerca da epilepsia e doença de Chagas, intrigante tema já investigado em nosso meio mas que é motivo de questões não ainda inteiramente elucidadas. Creio que este é um dos temas a ser focalizado em futuras edições deste excelente tratado brasileiro de epilepsia.

Este livro deve constar das obras de estudo obrigatório dos que se especializam em neurologia, assim como dos cultores da especialidade.

Antonio Spina-França

NEUROINFECÇÃO 96. L. R. MACHADO, J. A. LIVRAMENTO, A. SPINA-FRANÇA, J. P. S. NÓBREGA (editores). Um volume (16x23 cm) em brochura, com 324 páginas. São Paulo, 1996: Clínica Neurológica HC / FMUSP (Caixa Postal 5199, 01061-970 São Paulo SP, Brasil).

Este livro contém os textos preparados pelos expositores do Simpósio Neuroinfecção 96 (São Paulo, 19 e 20-abríl-1996), realizado pela Clínica Neurológica dos Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC / FMUSP) com o apoio da Academia Brasileira de Neurologia e que foi organizado pelos Editores.

Quarenta especialistas prepararam os 38 capítulos do livro, distribuídos em 6 módulos, cada qual com um coordenador. O texto se inicia por capítulo sobre Perspectivas e controvérsias, a que sucedem os módulos. Os títulos destes, seus coordenadores e os textos neles reunidos (e seus autores) são os que seguem.

- Encefalites e meningoencefalites a vírus, coordenado por Luís dos Ramos Machado: aspectos clínicos (Abelardo de Queiroz-Campos Araújo), líquido cefalorraqueano (Hélio Rodrigues Gomes), aplicação diagnóstica de PCR (Marcos Wolff), terapêutica (Getúlio Daré Rabello), neuroimagem (Luiz Alberto Bacheschi).

- Granuloma ou neoplasia ?, coordenado por José Paulo Smith Nóbrega: manifestações clínicas e diagnóstico diferencial (Sylvia Regina Mielli), neuroimagem (Nélio Garcia de Barros), líquido cefalorraqueano (José Antonio Livramento), estratégias clínicas no tratamento (Sérgio Augusto Pereira Novis), tratamento cirúrgico de granulomas do sistema nervoso (Manoel Jacobsen Teixeira), infecções subagudas na infância (Newra Tellechea Rotta).

- Aspectos atuais da AIDS, coordenado por David Everson Uip: aspectos virológicos (Aluísio Augusto Cotrim Segurado), imunologia e fisiopatogenia da infecção pelo HIV (Ricardo Tapajós), aspectos epidemiológicos (Ana Lúcia L. M. Lima), tratamento atual e novas drogas (Olavo Munhoz Leite), perspectivas e desafios (David Everson Uip).

- Meningites bacterianas agudas, coordenado por Antonio Alci Barone: etiologia, epidemiologia e patogenia (Antonio Alci Barone), profilaxia e vacinas (Marta Heloísa Lopes), tratamento (Antonio Carlos Nicodemo), abscesso cerebral (José Píndaro Pereira Plese).

- Neurocisticercose, coordenado por Antonio Spina-França: aspectos biológicos, imunológicos e epidemiológicos (Adelaide José Vaz), formas clínicas e aspectos anatomopatológicos (Ehrenfried O. Wittig), líquido cefalorraqueano (Luís dos Ramos Machado), neuroimagem (Suely Kazue Nagahashi-Marie e Maria Luíza Giraldes de Manreza), tratamento clínico (José Paulo Smith Nóbrega), tratamento cirúrgico (Benedicto Oscar Colli), profilaxia (Osvaldo Massaiti Takayanagui), controvérsias (Julio Sotelo).

- Temas emergentes, coordenado por José Antonio Livramento: doença de Lyme no Brasil (Natalino Hajime Yoshinari), câncer e infecção (Sílvio Donatangelo e Nise Hitomi Yamaguchi), demências em doenças infecciosas (Ricardo Nitrini), miopatias infecciosas (Alberto Alain Gabbai e Acary Souza Bulle Oliveira), avanços em meningoencefalite tuberculosa (Marcelo Ramos Muniz), neuro-hidatose (Ronald Salamano), malária e sistema nervoso (Marcos Boulos), aracnoiditis cisticercótica (Julio Sotelo), tromboflebites cerebrais (Eduardo Genaro Mutarelli).

A diretriz de cada capítulo foi oferecer textos atualizados e didaticamente expostos, baseados na experiência pessoal de seus autores e em revisão da literatura sobre o tema. Referências bibliográficas essenciais encerram cada capítulo.

Trata-se de livro voltado à prática clínica da neurologia e tem como alvo principal os médicos residentes da especialidade, assim como preceptores e docentes.

Embora não seja o hábito analisar um livro de que se participa como um dos editores, é minha obrigação apresentar aos cultores da neurologia o resultado deste esforço conjugado de várias das escolas neurológicas e de infectologia nacionais, a que se adiciona o de dois ilustres colegas estrangeiros: Ronald Salamano (Uruguai) e Julio Sotelo (México).

Antonio Spina-França

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Nov 2010
  • Data do Fascículo
    Set 1996
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