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Narco-analysis. J. Stephen Horslev

ANÁLISES DE LIVROS

Narco-analysis. J. Stephen Horslev. 1 volume com 134 páginas, Oxford University Press, Humphrey Milford, Londres, 1943

Firmado o conceito da psicanálise como meio terapêutico de eficiência indiscutível nos casos adequados, inicia-se atualmente uma nova fase de sua evolução: a de facilitar sua difícil técnica, tornado-a de maior valor prático. Neste sentido, surgiu o método ativo de Stekel que já tem encontrado entre nós adeptos entusiastas e, agora, um novo processo está se divulgando e mostrando-se bastante promissor: a narco-análise. A finalidade deste livro é descrever esta nova técnica de encurtar o curso da análise mental profunda e da psicoterapia: J. S. Horsley desde 1931, vem aplicando o método com resultados excelentes, quer na clínica civil, quer nos serviços de guerra.

Partindo de detalhado estudo sobre o hipnotismo, seu histórico, naturesa, métodos de aplicação e indicações, o A. estuda a hipno-análise que consiste no uso do hipnotismo para conseguir a exteriorização dos conflitos e experiências emocionais relacionadas com a perturbação mental e o aproveitamento destes dados para, por meio da sugestão hipnótica, obter o reajustamento da atitude do paciente à experiência recalcada. Descreve o método da hipnose narcótica em que os fenômenos de hipnose são facilitados por leve narcose prévia. Dedica um capítulo ao estudo dos barbituratos usados em psiquiatria, dissertando sobre a natureza química, ação e posologia nas quatro principais indicações: como simples hipnóticos, auxiliares da narcose prolongada, como recurso terapêutico para controlar as convulsões epilépticas e como auxiliares da psicoterapia permitindo estabelecer contacto com pacientes reticentes ou inacessíveis. Antes de descrever o seu método, procura analisar aquele criado por Bleckwenn que já havia empregado os barbituratos (amital sódico) para a produção da hipnose em pacientes não hipnotizáveis pelos processos comuns, O A. desconhecia este método que consiste na obtenção de narcose profunda como base para futura psicoterapia. A principal vantagem deste método, "drug-analytical method", é a de oferecer um meio simples de acesso aos pacientes até então inacessíveis e de descobrir os fatores que podem ter tido parte etiológica na moléstia. Difere da narcoanálise na qual a psicoterapia é conduzida sob leve narcose e do método de Klaesi (narcose somnifênica) no qual se produz profunda inconciência num período de pelo menos 5 dias, com escassa utilisação da psicoterapia. A narco-análise é um método eclético, baseado na observação de que uma combinação de narcose com a psicoterapia é mais perfeita e, algumas vezes, mais eficiente do que os métodos formais da psicologia analítica. Esta técnica oferece vantagens como meio de descobrir experiências ocultas, experiências estas que devem ser reconhecidas e aceitas pelo paciente: será um autoesclarecimento no qual o paciente é auxiliado a ver-se como ele realmente é, devendo aceitar todas as implicações emocionais e intelectuais dos fatos descobertos e incorpora-los em sua atitude para a vida. O método consiste em produzir narcose pela lenta e gradual administração de um barbitúrico de curta duração (nembutal, pentotal, narconumal) e durante a fase de leve narcose induzir, por sugestão verbal, um verdadeiro estado hipnótico, submetendo então, o paciente, à análise psicológica e subsequente síntese psicodinâmica. Em continuação, a narcose profunda pode ser provocada em virtude de seu particular valor em aliviar a inquietação psicomotora. Na prática particular omite-se a fase da narcose profunda, injetando-se apenas a dose mínima da droga. Refere o A. que, com este método, tem obtido revelações inconcientes em muito curto tempo, o que só seria possível após muitos meses de psicanálise. Com está técnica não mais se admite a impraticabilidade do uso da hipnose por resistência do paciente ou imperícia do médico, assim como não há mais necessidade do uso de enormes doses de drogas sedativas para produzir um razoável sono. Os resultados terapêuticos são encorajantes. Pequenas modificações do método são propostas pelo autor para sua aplicação em ambulatório. Dedica ainda um capítulo ao seu emprego em tempo de guerra, o que tem sido feito já por muitos outros cuja opinião é transcrita Em outros capítulos, analisa os fenômenos da abreação e da transferência observados no decorrer do tratamento. Descreve um caso de esquizofrenia tratado por seu método com resultado satisfatório e faz um estudo sobre a análise dos sonhos em relação com a narcose. Num capítulo final, focalisa o problema da simulação, salientando sua experiência em tais casos com a narco-análise. Concluindo, coloca a narco-análise ao lado dos métodos psicoterápicos conhecidos, mostrando ser ela um dos mais práticos e rápidos, devendo-se, entretanto, considerá-la não como um método substitutivo dos demais, porem um processo de encurtamento que pode ser usado em conjunção com os métodos aceitos de análise mental profunda.

Joy Arruda

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Set 1944
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