A paralisia oculosimpática parcial (síndrome de Horner) seguida por manifestações isquêmicas cerebrais ou retinianas são os principais sintomas da dissecção da artéria carótida interna (ACI) extracraniana. O acometimento de nervos cranianos é incomum. Apenas raramente a paralisia isolada do nervo oculomotor pode ser encontrada. CASO: homem de 50 anos, sem diabetes, apresentou cefaléia occipital de início súbito irradiada a seguir para a região retro-orbitária direita. Após 5 dias começou a notar diplopia e visão embassada no olho direito, quando procurou o hospital. O exame neurológico evidenciou apenas prejuízo da adução e do olhar vertical para cima no olho direito, com discreta dilatação pupilar ipsilateral, sem ptose. RNM foi normal. A angiografia digital revelou dissecção da ACI direita com oclusão a montante até a base do crânio. A anticoagulação foi iniciada. A cefaléia e a movimentação ocular melhoraram em 3 semanas. DISCUSSÃO: A paralisia isolada do nervo oculomotor dificilmente é reconhecida como um possível sinal clínico de dissecção da ACI. Se o estudo angiográfico for incompleto, sem a avaliação cuidadosa das artérias extracranianas, esse diagnóstico deixa de ser feito, impedindo assim o início precoce da anticoagulação para a prevenção dos eventos tromboembólicos. Por isso, reforçamos a importância do estudo das artérias cervicais nos pacientes com paralisia do nervo oculomotor. A compressão mecânica ou o estiramento do nervo são mecanismos possíveis, mas o prejuízo direto do suprimento sanguíneo arterial para o nervo é a explicação mais plausível.
terceiro nervo; nervo oculomotor; artéria carótida; dissecção; angiografia