ANÁLISES DE LIVROS
DIE BEURTEILUXG DER HANDSCHRIFT IN DER PSYCHIATRIE. P. WORMSER. Um volume com 176 páginas. Rascher Verlag, Zürich, 1947.
Pelo título original e pelo texto, esta obra tanto poderia chamar-se, em português, "Análise da Escrita em Psiquiatria"', como "Avaliação da Grafologia em Psiquiatria". De fato, não se trata de manual técnico, como adverte o autor no 1.° capítulo: "A tarefa de escrever um tratado de grafologia patológica especial deve competir a um grafólogo treinado em psiquiatria". O intento do autor é "mostrar a posição da grafologia entre os métodos psicodiagnósticos e de que modo pode ela tornar-se útil à psiquiatria", como afirma linhas antes, na dissertação inaugural da Clínica Psiquiátrica do Prof. Staehelin, em Basiléia. Entretanto, apresenta, em capítulos especiais, as alterações grafológicas encontradas em condições neurológicas, e na paralisia geral progressiva, na epilepsia, na psicose maníaco-depressiva, na esquizofrenia. Além disso, revê nos capítulos 6 e 7, respectivamente, a "análise propriamente psiquiátrica da escrita" e a "grafologia psiquiátrica em pessoas não psicóticas". Neste último, refere pesquisas interessantes em personalidades psicopáticas - no sentido correto do têrmo - e em neuróticos. A seção precedente menciona alterações grafológicas obtidas em pessoas submetidas a hipnose para efeito experimental, entre outros estudos dignos de menção.
No segundo capítulo do livro - Psicodiagnóstico - que é o mais extenso, Wormser faz considerações conceptuais, referindo-se por exemplo aos estudos de Klages e ao conceito de "psicomotilidade" (Psychomotorik) de Wernicke. Também aí examina as preferências entre a grafologia e o psicodiagnóstico de Rorschach. Algumas considerações merecem acolhida, como quando mostra a necessidade de se instituir o cargo de grafólogo nas clínicas e hospitais psiquiátricos e lembra que é isso mais acertado que designar psiquiatras ou assistentes de psiquiatria para estuda grafologia. A outros respeitos, porém, não assiste razão ao autor: tal a objeção que faz ao teste de Rorschach, de colocar o examinando em situação artificial de pesquisa ou ainda, o que é hoje inverídico, a de que constitui apreciação subjetiva da personalidade. Da mesma forma é improcedente, em nossos dias, a reserva quanto à análise "às cegas" do protocolo, hoje perfeitamente exeqüível, como já o era há 20 anos nas mãos de Binder.
O capítulo 10 resume a parte de texto e apresenta as conclusões. Vêm aí observações judiciosas, entre as quais salientamos proposta para regulamentação da grafologia a fim de se evitarem os abusos crescentes e a tendência de o grafólogo fazer diagnóstico. "A grafologia deveria reconhecer o próprio papel de recurso psiquiátrico e psicológico científico e sair do isolacionismo".
A segunda parte do volume consiste em bibliografia extensa (896 itens) e selecionada, metodicamente distribuída em 14 seções. O autor não incluiu tôdas as indicações bibliográficas que compulsou porque - acentua-o explicitamente - muitas não satisfazem cinetificamente ou constituem apanhados errôneos de psiquiatras sobre grafologia.
ANIBAL SILVEIRA
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
11 Fev 2015 -
Data do Fascículo
Jun 1949