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Práticas na prescrição de medicamentos anticrise: está na hora de mudar?

Resumo

O tratamento da epilepsia avançou nos últimos 30 anos com o desenvolvimento de novos medicamentos anticrise (MAC). Infelizmente, nem todos estão aprovados no Brasil e muitos ainda são subutilizados. Os novos MAC não são mais eficazes que os antigos, mas apresentam melhor tolerabilidade, menos interações e efeitos colaterais a longo prazo, especialmente para pacientes com comorbidades ou que necessitam de politerapia. A indução enzimática causada pelos MAC antigos está associada ao aumento dos níveis de colesterol, interações medicamentosas com redução do efeito das estatinas e outros medicamentos cardiovasculares, anticoagulantes, quimioterapia, imunossupressores, agentes anti-infecciosos (incluindo tratamento do HIV), antidepressivos e contraceptivos. Além disso, podem reduzir os níveis de vitamina D e hormônios sexuais, podendo afetar a massa óssea. A crescente preocupação sobre estes efeitos ao longo da vida, com a exposição prolongada, levou a maioria dos países desenvolvidos a modificar o padrão de prescrição com maior uso dos novos MAC, especialmente levetiracetam e lamotrigina. Ambos são considerados as opções mais seguras para mulheres em idade fértil. Infelizmente, as tendências de prescrição no Brasil permaneceram praticamente inalteradas ao longo do tempo. Isto pode ser parcialmente explicado pela lentidão no processo de aprovação dos MAC e à resistência dos médicos generalistas e neurologistas em adotar estes novos conceitos. Nesta revisão, destacamos as vantagens dos novos MAC e a necessidade da mudança no padrão de prescrição também no Brasil. A escolha do MAC deve ser feita de acordo com as características individuais dos pacientes e sugestões práticas são apresentadas.

Palavras-chave
Epilepsia; Terapêutica; Anticonvulsivantes

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