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Histamino-insulinoterapia nas doenças mentais: (contribuição ao conhecimento de um novo método terapêutico). Napoleão Lyrio Teixeira

ANÁLISES DE LIVROS

Histamino-insulinoterapia nas doenças mentais. (contribuição ao conhecimento de um novo método terapêutico). Napoleão Lyrio Teixeira. Tese de concurso à Livre-Docência da cadeira de Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná. 1 volume com 48 páginas, João Hapt & Cia., Curitiba, 1944

Esta tese, versando sôbre um novo tratamento, a histamino-insulinoterapia, traz uma boa contribuição ao progresso psiquiátrico. Digna de elogios pela maneira clara e sintética em que é escrita e pela contribuição pessoal. Inicialmente critica a convulsoterapia e esposa as idéias de Hill, creador do novo método em estudo; salienta com traços negros os perigos da convulsoterapia, estribando-se em vários trabalhos, dentre os quais os de Yahn e Pupo; em conclusão, relega para um plano muito secundário êste tão útil processo curativo nas doenças mentais. Nesta questão, o A. considera-se "como mero observador" e confessa-se "um adepto não fervoroso da convulsoterapia, porém, não um inimigo incondicional". Utiliza-se da convulsoterapia cardiazólica sòmente quando não possui outros meios e provoca no máximo 3 crises convulsivas.

Consiste o método que relata agora no emprêgo da associação histamino-ínsulina, esta em doses pequenas (5 a 10 u.) por via intravenosa e aquela por via intramuscular em doses progressivas de 0,1 a 2 mgrs. A histamina atuaria intensificando a circulação nos capilares, aumentando-lhes a permeabilidade das paredes, de maneira tal que os elementos do plasma circulam livremente através delas, carreando às células cerebrais, como às demais, oxigênio e elementos imprescindíveis à sua normal atividade. O A. lembra a semelhança desta ação com a dos derivados da colina, denominada por Flam-berti de "burrasca vascolare". A insulina provocará, não o choque insulinico (coma) observado no tratamento de Sakel, mas apenas o que o A. denomina de "golpe insulinico" consistente apenas nos sintomas hipoglicêmicos que desaparecem espontaneamente, acarretando uma "fome de açúcar por parte das células cerebrais", acreditando ainda que ela mobilize a adrenalina endógena. Esta hipoglicemia, associada à dilatação capilar histamínica, traz como conseqüência grande modificação no metabolismo hidrocarbonado cerebral, estimulando os processos normais de oxidação, e promovendo uma boa circulação e portanto boa oxigenação cerebral.

A casuística do A. consta de 12 casos, sendo 6 esquizofrênicos, 3 com psi' cose maníaco-depressiva, 2 com melancolia de involução e 1 com psicose traumática. Em dois, o A. associou 3 crises cardiazólicas, considerando isto uma inovação útil ao método de Hill. Em 7 casos houve remissão total, em 3 remissão parcial, 1 inalterado e em 1 o tratamento foi interrompido. Os seus resultados foram, pois, bastante favoráveis, tornando o método promissor e digno de ser experimentado por todos os especialistas.

JOY ARRUDA

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Mar 1945
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