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A eletrencefalografia nos tumores intracranianos. Considerações sobre nove casos cirurgicamente verificados

Os autores, trabalhando com um eletrencefalógrafo Grass, de 6 inscritores, trazem os seus primeiros resultados em casos de tumores intracranianos cirurgicamente verificados (além de 2 já publicados anteriormente). São eles em número de 9. No primeiro, um abscesso profundamente situado no lobo frontal era traduzido por ondas delta e figuras de reverso, no eletrencefalograma do lobo frontal correspondente, ao lado de alterações difusas no restante do hemisfério cerebral, melhoradas em EEG feito ulteriormente, em perfeita concordância com o edema cerebral e o quadro clínico de hipertensão intracraniana inicial. No segundo, ondas extremamente lentas» difusas por todo um hemisfério, com figuras de reverso pré-fronto-parietais e ondas teta, indicavam um glioma difuso e grandemente lesivo para o parênquima nervoso. No terceiro, disritmias paroxísticas frontais predominantes se correlacionavam com antiga epilepsia devida a grande meningioma da foice naquela localização. O caso 4 mostrava ondas lentas difusas por todo um hemisfério cerebral, de predominância pré-frontal, com figuras de reverso bem assisaladas, coincidindo com carcinoma metastático de grande volume, de localização subfrontal. O caso 5 mostrava alterações eletrencefalográficas localizadas, parietoccipitais, à esquerda, coincidentes com meningioma angioblástico parasagital parietoccipital. O sexto se refere a um tumor enorme e consistente, com aspecto de papiloma, que, do prolongamento temporal de ventrículo lateral, comprimia as formações cerebrais suprajacentes, cujo EEG evidenciava alterações focais nítidas frontais e temporais, com ondas e figuras de reverso bem caracterizadas. O caso 7, pelo contrário, evidenciava alterações eletrencefalográficas difusas por todo um hemisfério e repercutindo sôbre a área frontal do hemisfério oposto, indicando lesão cerebral pré-central, concordando inteiramente com a clínica, com a ventrigulografia e com o aspecto do cérebro na craniotomia fronto-partietal, cujo exame histopatológico revelou tecido cerebral próximo a glioma maligno. Finalmente, as observações 8 a 9, com EEG normal, são respectivamente de um adenoma da hipófise e de um neurinoma do acústico, tumores que não afetam direta ou indiretamente os hemisférios cerebrais. O material eletrencefalográfico apresenta alterações focais do tipo de ondas lentas, ondas extremamente lentas com figuras de reversão de fases, ondas teta ou disritmias epilépticas de início e predominância localizadas, nos casos de tumores bem delimitados, ou alterações difusas por todo um hemisfério com predominância em determinadas áreas e repercussão para áreas simétricas do hemisfério oposto, nos casos de tumores difusos e infiltrativos. Tais elementos mostram que o EEG, além do diagnóstico e localização dos tumores intracranianos, pode também fornecer elementos sobre o próprio tipo do tumor. Com tais resultados, os AA. consideram a eletrencefalografia um método de alto valor na semiologia dos tumores intracranianos.


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