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Neurocisticercose: formas clínicas pouco freqüentes. I - formas hemiplégicas

Cysticercosis of the central nervous system: less frequent clinical forms. I - Hemiplegic forms

Os autores salientam a raridade dos déficits motores com distribuição mono ou hemiplégica, conseqüentes a lesões encefálicas de natureza cisticer-cótica. Ressaltam, outrossim, a dificuldade dos problemas diagnósticos que eventualmente se impõem nesses casos. Discutindo a patogenia dêsses processos, apontam dois mecanismos principais: as paralisias determinadas por focos encefálicos, constituídos por granulomas, cisticercóticos ou à distância, e os acidentes cerebrovasculares ocasionadas pelas alterações vasculares, cuja importância é realçada. São apresentados 19 casos de neurocisticercose, incluindo 17 formas hemiplégicas e 2 monoplégicas. Em todos, o diagnóstico etiológico foi estabelecido pela positividade da reação de fixação do complemento para cisticercose no liqüido cefalorraqueano, corroborado, em 2 casos, pela cirurgia e pela necropsia. Convulsões foram registradas em 10 casos (focais em 7 e generalizadas em 3). Sintomas de hipertensão intracraniana foram assinalados em 4 pacientes. A hemiplegia instalou-se sob forma de icto em 14 pacientes. Em 3 casos houve elementos altamente sugestivos de patogenia predominantemente vascular; em 3, a sintomatologia relacionou-se diretamente ao granuloma parasitário, embora deva ter havido participação do processo angiopático; em 1 caso, tratava-se, provavelmente, de paralisia pós-convulsiva; em 3, embora não houvesse suficientes dados complementares, os elementos clínicos levaram a salientar a importância do fator vascular na determinação da hemiplegia. Em 5 pacientes o déficit motor instalou-se de modo lento e progressivo. Em 2 casos foram encontrados e extirpados cisticercos situados no córtex cerebral, tendo a necropsia revelado, em um deles, amolecimento isquêmico na região parietal contralateral à hemiplegia; em 1 havia eisticercose da fossa craniana posterior, associada a lesão cortical traduzida por intensas alterações eletrencefalográficas; 2 casos careciam de elementos subsidiários que pudessem orientar melhor quanto ao mecanismo patogênico da hemiplegia. Os autores salientam a possibilidade de, em alguns dêsses casos, os comemorativos clínicos poderem ter conduzido ao diagnóstico errôneo, ora de tumor cerebral, ora de acidente cerebrovascular de etiologia indeterminada. Em tais eventualidades, os pacientes ficariam privados dos possíveis benefícios do tratamento adequado, cirúrgico ou medicamentoso.


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