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Alucinações musicais associadas a perda auditiva

Apesar das alucinações musicais causarem grandes repercussões na vida dos pacientes, sempre foram pouco valorizadas e estudadas pelos profissionais. Alguns investigadores sugerem uma combinação de disfunções periféricas e centrais como o mecanismo causador das alucinações. A fisiopatologia mais aceita entre os pesquisadores de alucinação musical associada à hipoacusia ou anacusia (causada por lesão coclear, de nervo coclear ou interrupção de informação na ponte ou mesencéfalo) é a desibinição de circuitos de memória auditiva devido à deprivação sensorial. Em relação às áreas corticais envolvidas na alucinação musical, há evidência de que um mecanismo excitatório no córtex temporal superior, como nas epilepsias, seja responsável pela alucinação musical. Finalmente, considerando a lateralidade, estudos funcionais de percepção e imagética em indivíduos normais mostraram que canções com letras levam a ativação temporal bilateral e melodias ativam apenas o lobo temporal direito. É bem documentado o efeito de aparelhos auditivos na alucinação musical através de uma melhora da perda auditiva. Neurolépticos, antidepressivos e anticonvulsivantes têm sido usados no tratamento de alucinação musical na experiência clínica, mas não há eficácia comprovada na maioria dos casos. Há casos descritos na literatura com melhora das alucinações musicais com uso de carbamazepina, meclobemide e donepezil, entretanto sem resultados consistentes.

alucinações musicais; alucinações auditivas; perda auditiva; surdez


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