RESUMO
Objetivo:
Analisar a transição do perfil epidemiológico de fraturas de pacientes atendidos em um hospital terciário referência em traumatologia durante a pandemia de COVID-19, a fim de verificar mudanças no atendimento traumatológico.
Métodos:
Análise retrospectiva e descritiva dos dados de lesões ortopédicas admitidas no Instituto Doutor José Frota entre 16 de dezembro de 2019 e 16 de junho de 2020 (três meses antes e depois do primeiro caso de COVID-19 no Ceará).
Resultados:
Dos 913 pacientes avaliados, 28,5% eram mulheres e 71,5% homens. Houve redução significativa (p < 0,05) nas proporções de mulheres operadas no tempo analisado. Houve aumento na média da idade, sendo 35,40 anos pré-pandemia, e 38,48 (p = 0,04) no período seguinte. Os mecanismos de trauma mudaram significativamente (p < 0,05), com aumento proporcional de fraturas por alta energia e redução no número daquelas por queda ao solo. A quantidade de cirurgias ortopédicas reduziu em 11,9%, de 655 antes do primeiro caso de COVID-19 para 577 posteriormente (p = 0,071). A média do número de dias diminuiu para duração do internamento (p < 0,001) e para o tempo até a realização da cirurgia (p < 0,001).
Conclusão:
O impacto do lockdown neste hospital de trauma se deu principalmente pela diminuição na quantidade de casos operados e pela mudança do perfil e mecanismo de trauma dos pacientes. Nível de Evidência III, Estudo Retrospectivo Comparativo.
Descritores:
COVID-19; Traumatologia; Fraturas Ósseas; Epidemiologia