RESUMO
Objetivo:
Descrever a primeira série de casos de transplante autólogo de condrócitos (TAC) em membrana de colágeno realizada no Brasil.
Métodos:
Doze joelhos de onze pacientes, com idade de 32,1 ± 10,9 anos, com lesões de cartilagem de espessura total do joelho de tamanho de 5,3 ± 2,6 cm2 foram submetidos ao TAC, com seguimento mínimo de seis meses. Realizamos dois procedimentos cirúrgicos: biópsia artroscópica de cartilagem para isolamento e expansão de condrócitos, que foram semeados em uma membrana de colágeno implantada no leito da lesão. Foi realizada caracterização com imunofluorescência para colágeno tipo II (COL2) de células cultivadas e implantes, viabilidade celular e microscopia eletrônica no implante. Foram avaliados a segurança clínica, os escores funcionais KOOS e IKDC e a ressonância magnética. Utilizamos teste ANOVA para medidas repetidas, com comparações post-hoc, α = 5%.
Resultados:
COL2 foi identificado no citoplasma da célula, viabilidade celular foi superior a 95% e houve distribuição adequada e adesão celular na membrana. O seguimento mediano foi de 10,9 meses (7 a 19). Como complicações, ocorreram dois casos de artrofibrose, um de hipertrofia do enxerto e um de infecção superficial, nenhum deles havendo comprometimento da melhora clínica. Escalas KOOS e IKDC passaram de 71,2 ± 11,44 e 50,72 ± 14,10, no pré-operatório, para 85,0 ± 4,4 e 70,5 ± 8,0, aos 6 meses (p = 0,007 e 0,005). Ressonância magnética mostrou tecido regenerado compatível com cartilagem hialina.
Conclusão:
TAC em membrana de colágeno foi viável e seguro em seguimento de curto prazo, apresentando formação de regenerado visualizado através de imagens de ressonância magnética e melhora de função clínica. Nível de evidência IV, Série de casos.
Descritores:
Cartilagem; Terapia Baseada em Transplante de Células e Tecidos; Transplante Autólogo; Condrócitos