Resumo
Objetivo:
Verificar a efetividade do processo de doação de órgãos para transplantes no Estado do Paraná.
Métodos:
Estudo transversal realizado com dados disponibilizados pelo Sistema Estadual de Transplantes do Paraná referentes ao processo de doação de órgãos, no período de 2011 a 2016. Das 3.872 notificações de potenciais doadores em morte encefálica, 2.600 foram incluídas neste estudo por se constituírem em doadores elegíveis de órgãos. Avaliou-se os desfechos dos protocolos e variáveis relacionadas aos doadores elegíveis, aos centros notificantes e às notificações. Os dados foram analisados descritivamente por frequências absolutas e relativas, e calculou-se odds ratio verificando-se a associação pelo teste de Qui-Quadrado de Wald, em que considerou-se p<0,05 como significância estatística.
Resultados:
Entre os 2.600 doadores elegíveis, 1.267 (48,7%) tornaram-se doadores efetivos de órgãos. Como principais obstáculos do processo destacaram-se a parada cardiorrespiratória, a sepse e a recusa familiar. As chances de efetivação da doação foram significativamente maiores nos indivíduos com menos de 60 anos (p<0,001), do sexo masculino (p=0,001) e notificados pelas Macrorregionais Leste e Oeste do Estado (p<0,001). O percentual de doações de órgãos aumentou de 38,8% para 66,5% no período estudado.
Conclusão:
O Paraná apresentou crescimento expressivo no número de notificações e doações de órgãos nos últimos seis anos. As fragilidades identificadas no processo se referiram às questões clínicas e culturais, que indicam a necessidade de intervenções gerenciais de capacitação dos profissionais de saúde na identificação e manutenção do potencial doador, bem como na sensibilização da sociedade quanto a importância do consentimento à doação.
Descritores
Morte encefálica; Obtenção de órgãos e tecidos; Coleta de tecidos e órgãos; Transplantes; Gestão em saúde