Resumo
Objetivo:
Investigar associação entre analgesia farmacológica e desfechos do parto.
Métodos:
Estudo transversal que utilizou amostra representativa dos partos realizados em 2013, em uma maternidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foram incluídos dados de 978 partos, excluindo-se as cesarianas eletivas. A exposição principal foi o uso de analgesia farmacológica durante o trabalho de parto e o desfecho classificado como parto vaginal, vaginal instrumentalizado e cesariana. Verificou-se a associação entre analgesia e os desfechos do parto por meio de regressão logística multinominal para obter as estimativas de Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de 95% de confiança, e o modelo final foi ajustado por idade da mulher, número de partos anteriores, presença de acompanhante ou doula e dilatação cervical no momento da analgesia.
Resultados:
Do total de nascimentos, 87,1% foram vaginais e 12,9% cesariana. A prevalência do uso de analgesia farmacológica foi 34,2% e do parto instrumentalizado de 8,4%. Cerca de 70% das mulheres tiveram gestação de risco habitual. Mesmo após ajuste por confundidores, o uso da analgesia aumentou em 3,5 vezes a chance de parto instrumentalizado (p<0,0001) e para as mulheres com gestação de alto risco esse aumento foi ainda superior (OR=4,62; p<0,0001). Não houve associação do uso da analgesia com a cesariana (p=0,320).
Conclusão:
O uso de analgesia farmacológica modifica o desfecho do parto, aumentando as chances de parto instrumentalizado, principalmente em mulheres com gravidez de alto risco. Nesse contexto considera-se importante orientar as mulheres quanto aos potenciais riscos e benefícios da analgesia para uma escolha segura.
Descritores
Dor do parto; Analgesia obstétrica; Trabalho de parto; Extração obstétrica