Depoimentos
|
Inferências
|
“Já trabalhei em outras UTI, e existe uma comparação de terminalidade em cada uma delas. Na oncologia isso é claro, porque o paciente já entra com início de cuidado paliativo” (Enfermagem P24). “Aqui não é uma UTI com alta mortalidade porque a assistência não é adequada, é porque os pacientes já chegam graves; isso faz com que sejamos uma UTI para cuidados de fim de vida [...]” (Fisioterapia P6). |
Alta complexidade do perfil da clientela, relacionada à rápida evolução da doença, à agressividade dos seus tratamentos e à elevada mortalidade. |
“Existe dificuldade de definir o paciente fora de possibilidade. Imagino que por falta de conhecimento e dificuldade de assumir isso [...]” (Fisioterapia P12). |
Déficit de conhecimento relacionado ao tema. Demora no estabelecimento do prognóstico. Receio das repercussões ético-legais. |
“Acho que tem mais doentes de cuidados de fim de vida do que de terapia intensiva no nosso setor, então, das duas uma, ou deveríamos rever os doentes que vem para cá, ou receber mais informação sobre cuidados paliativos” (Enfermagem P25). |
Predomínio de paciente em cuidado de fim de vida na UTI oncológica. Necessidade de triar cada caso para facilitar a indicação apropriada do cuidado crítico, bem como de educação permanente. |
“A gente fica muito restrito a poucos cuidados, na verdade fazemos o básico, que é tirar a dor. Poderíamos dar um suporte mais abrangente ou talvez oferecer o cuidado paliativo bem antes. Depois que você já entubou, já sedou, aí acha que iniciar morfina é fazer cuidado paliativo [...]” (Medicina P18). |
Medicalização como principal recurso para aliviar sintomas. Obstinação terapêutica e comprometimento da autonomia do paciente. Necessidade de integração precoce entre cuidados críticos e paliativos. |
Categoria 2. Promovendo o conforto ao paciente em cuidados ao fim da vida na UTI oncológica
|
Depoimentos
|
Inferências
|
“A dedicação dos profissionais não pode mudar, o que muda é o foco assistencial, que passa a ser um atendimento mais voltado para a correção de sintomas [...]” (Medicina P8). |
Promoção do conforto como meta do planejamento do cuidado. Valorização de sintomas físicos. |
“[...] manter a integridade física, o respeito pelo corpo, pela vida que está ali, pela família que vem vê-lo, e que quer chegar e ver seu parente dentro do possível, apresentável, com aparência de estar cuidado [...]” (Enfermagem P10). |
Respeito ao corpo. Sensibilidade na atenção às necessidades da família, assegurando a dignidade da pessoa, objetivando o cuidado a partir da aparência asseada e confortável. |
“Não fazer nenhum procedimento, nenhum exame invasivo, nada que implique transporte, não trazer nenhum tipo de desconforto do tipo glicemia horária, furar dedo, tentar deixar o doente bem acoplado, que é o que se tem aqui, a ventilação mecânica, não tratar a hipotensão, deixar a coisa transcorrer no rumo natural da doença dele” (Medicina P22). |
Minimizar a terapia fútil para promover conforto, contudo, associando recursos tecnológicos para prolongar a vida, o que se torna contraditório. |
Categoria 3. Limites e desafios no planejamento da assistência ao paciente em cuidados ao fim da vida na UTI oncológica
|
Depoimentos
|
Inferências
|
“Cuidado paliativo não cabe na terapia intensiva. O doente é cuidado porque ocupa um leito, mas não tem uma relação direta com as condutas dessa unidade [...]” (Medicina P20). “[...] Às vezes um paciente fora de possibilidade ocupa uma vaga que poderia ser de um paciente com possibilidade. Penso que este paciente de cuidado paliativo poderia ter uma qualidade de vida melhor ficando com a família, do que vir para a UTI, ser invadido, passar por procedimentos desnecessários [...]” (Enfermagem P1). |
Incompatibilidade entre o cuidado crítico e o paliativo. Indicação inapropriada da terapia intensiva. Pacientes sem uma perspectiva razoável de recuperação não devem ser admitidos na UTI, pois não irão se beneficiar. |
“O objetivo normalmente é traçado por quem vai fazer o tratamento, ou seja, o médico. Então, se o objetivo é definido por ele como fora de possibilidades, e se ele não consegue definir isso... a gente se perde nos nossos objetivos também [...]” (Fisioterapia P12). |
Tomada de decisão concentrada no médico. Dificuldade de trabalho em equipe e de comunicação. |
“É cansativo cuidar de um paciente que você não tem nada estabelecido, pois um dia você tem que fazer tudo e no outro você tira tudo. Isso tecnicamente não é bom e emocionalmente pior ainda [...]” (Enfermagem P25). |
Despreparo profissional para lidar com os pacientes em processo de morrer e morte. Déficit na formação profissional. Indica a necessidade suporte emocional. |
“Se o doente grave é sempre doente de UTI, sem importar o que o levou a agravar, tem-se uma ocupação indevida dos leitos. Agimos de acordo com as demandas solicitadas, são pressões, mesmo que disfarçadas, e não tem um local específico para o paciente sem possibilidades [...]” (Medicina P20). |
Necessidade de criação de enfermaria de cuidados paliativos. Questões éticas complexas que podem envolver decisões judiciais e política institucional. |