No estado de Mendoza (Argentina), as políticas estatais favoreceram desde o século XIX a centralização e distribuição da água em benefício dos "oásis de rega" e da atividade vitivinícola, controlada pela elite política e imigrantes europeus. Esta distribuição foi legitimada por argumentos que postularam uma suposta racionalidade ambiental científica universal, ulteriormente associada ao cuidado da água e a natureza. A partir do recente conflito pela instalação de projetos de mega mineração que seriam fontes de exploração e contaminação da água em grande escala, analisamos as concepções do estado sobre as relações socioambientais, as suas contradições e os efeitos tanto nas políticas de distribuição social dos recursos quanto na própia configuração ambiental. Concluímos que o Estado mendocino interpela à natureza segundo seu potencial valor de câmbio, sob a apelação retórica à eficiência técnica, ao desenvolvimento, à modernização e ao consenso, em detrimento de direitos sociais e culturais.
Administração da agua; Estado e mineração; Natureza, cultura e política.