Já é de amplo conhecimento que a crise mundial da água é principalmente uma crise de governança. Entretanto, não existe uma opinião única sobre o que significa governança, como funciona e quais os atores envolvidos. As concepções prevalecentes sobre governança nos documentos da corrente dominante sobre política da água tendem a ser instrumentais e idealísticos. Talvez, a principal conseqüência das interpretações instrumentais e idealísticas sobre governança seja a despolitização retórica do que é, paradoxalmente, um processo político. O principal mecanismo desta despolitização de governança é a exclusão de fins e valores que abordam a política da água, do debate. As abordagens instrumental e idealista de governança constituem um grande obstáculo para a compreensão científica do processo e para alcançar sucesso em intervenções quanto á política mais adequada para enfrentar a crise da água. Este artigo discute sobre o desenvolvimento de um equilíbrio entre os aspectos tecno-científicos, sócio-econômicos, políticos e culturais da gestão da água, que podem contribuir para substituir a separação artificial entre pesquisa e prática sobre água nos feudos corporativos e disciplinares.
Governança da água; Cidadania; Direito da água; Conflitos pela água; Mercadorizaçao da água; Crise da água; Água e saneamento
