Resumo
O artigo tem como objetivo consolidar dados referentes à formação em Educação Física (EF) no Brasil no período de 1995 a 2020. Para essa análise, foram utilizadas as principais fontes disponíveis sobre esses dados, tanto na literatura científica sobre Educação Física, quanto nas Sinopses Estatísticas da Educação Superior fornecidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Os resultados, indicam discrepância significativa entre os dados das Sinopses Estatísticas com os dados encontrados na literatura disponível, evidenciando problemas metodológicos, em uma parcela considerável dos artigos que tratam dos cursos de EF. Estes artigos omitem fontes, procedimentos e não utilizam filtros adequados na obtenção de dados. Durante o período analisado, houve expansão da formação em Educação Física, especialmente no ano de 2020, quando o número de matrículas em cursos à distância se sobressaiu e a predominância dos cursos de bacharelado, que se tornou maioria a partir de 2019. A criação dos cursos à distância, demanda revisão dos indicadores de crescimento da formação em EF, os quais devem considerar o número de cursos, a modalidade, as matrículas e os concluintes. Apesar do crescimento constante nos indicadores desde o início da elaboração da Sinopse Estatística em 1995, houve uma diminuição no número de cursos e matrículas a partir de 2017, sugerindo um possível saturamento na procura por formação em Educação Física.
Palavras-chave:
sinopses estatísticas; educação física; cursos.
Resumen
Tiene como objetivo consolidar los datos sobre el entrenamiento en educación física en Brasil, en el intervalo de tiempo entre 1995 y 2020. Se analizaron las principales fuentes disponibles sobre estos datos, así como las utilizadas por la literatura científica en el campo de la Educación Física, y se construyeron indicadores para la extracción de datos estableciendo como base de datos las Sinopsis Estadísticas de la Educación Superior, del Instituto Nacional de Estudios e Investigaciones Educativas Anísio Teixeira. Los resultados indican discrepancia significativa entre los datos de las Sinopsis Estadísticas y los de la literatura, ya que una parte significativa de los artículos que presentan datos sobre los cursos contienen problemas metodológicos, al no indicar las fuentes, procedimientos y no utilizar filtros adecuados para determinar los datos encontrados. Hubo una expansión de la formación en Educación Física en el período, que en 2020 tuvo un mayor número de matrículas en cursos de educación a distancia y los cursos de licenciatura se convirtieron en la mayoría a partir de 2019. Con la creación de cursos a distancia, solo el indicador del número de cursos no es el más adecuado para analizar el crecimiento de la formación, que debe combinarse con otros como modalidad, matrícula y graduación. Desde el inicio de la elaboración de la Sinopsis Estadística, el número de cursos y sus indicadores fueron aumentando, pero en 2017 el número de graduados e inscripciones comenzó a disminuir, lo que puede indicar una saturación en la demanda de formación en Educación Física.
Palabras clave
sinopsis estadística; educación física; cursos.
Abstract
The article aims to consolidate data on physical education (PE) training in Brazil from 1995 to 2020. It analyzed the main sources available on these data as well as those used by the scientific literature in the field of PE and built indicators for data extraction establishing as a database the Statistical Synopses of Higher Education, of the National Institute of Educational Studies and Research Anísio Teixeira. The results indicate a significant discrepancy between the data from the Statistical Synopses and those from the literature, since a significant portion of the articles that present data on PE courses contain methodological problems, by not indicating the sources, procedures and not using adequate filters to determine the data found. There was an expansion of training in PE in the period, which in 2020 had a higher number of enrollments in distance learning (DL) courses and bachelor's degree programs courses become the majority from 2019. With the creation of distance courses, only the indicator of the number of courses is not the most appropriate to analyze the growth of training, which should be combined with others such as modality, enrollment, and graduation. Since the beginning of the elaboration of the Statistical Synopsis, in 1995, the number of courses and their indicators were increasing, but in 2017 the number of courses and enrollments began to decrease, which may indicate a saturation in the demand for training in PE.
Keywords
statistical synopsis; physical education; courses
1 Introdução
Seja na atividade acadêmica formando novos estudantes de graduação e de pós-graduação, ou participando das mudanças curriculares e pesquisando sobre a formação em Educação Física (EF), temos nos deparado com problemas para compreendermos a quantidade de cursos de EF existentes, devido as diferentes fontes nas quais esses dados são obtidos, às mudanças na legislação, à publicação de resultados de pesquisas com falta de metodologia clara e imprecisões na extração e tratamento dessas informações.
Isso dificulta a avaliação e o dimensionamento dos cursos de EF existentes, fazendo emergir questionamentos acerca do rigor científico desses dados, o que é fundamental para o desenvolvimento da atividade científica. Diante desse cenário, a comunidade acadêmica científica têm problemas para fazer análises sobre o real crescimento, desenvolvimento e progresso desses cursos com base em informações confiáveis, e consequentemente, em contribuir com a construção de políticas públicas e com o progresso do conhecimento.
Para se ter uma dimensão das dificuldades enfrentadas, as pesquisas que inferiram sobre a quantidade de cursos de EF utilizaram fontes de dados distintas. Dentre elas estão o Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de Educação Superior (e-MEC) (Martins; Tostes; Mello, 2018MARTINS, R. L. Del Rio; TOSTES, L. F.; MELLO, A. da S. Educação infantil e formação docente: análise das ementas e bibliografias de disciplinas dos cursos de Educação Física. Movimento, Porto Alegre, v. 24, n. 3, p. 705-720, 2018. DOI 10.22456/19828918.77519. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/77519. Acesso em: 04 ago. 2023.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
), as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Educação Física (DCNCGEF) (Taffarel; Lacks; Santos Júnior, 2006TAFFAREL, C. Z.; LACKS, S.; SANTOS JUNIOR, C. de L. Formação de professores de educação física: estratégia e táticas. Motrivivência, Florianópolis, v. 26, n. 26, p. 89111, 2006. DOI 10.5007/%x. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/681. Acesso em: 04 dez. 2023.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) (Silva et al., 2009SILVA, A. M. et al. A formação profissional em educação física e o processo político social. Pensar a Prática, Goiânia, v. 12, n. 2, p. 1-16, 2009. DOI 10.5216/RPP.V12I2.6588. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/6588/4960. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
Além disso, alguns estudos se referenciaram em outras pesquisas para embasar a informação sobre a quantidade de cursos (Almeida; Montagner; Gutierrez, 2009ALMEIDA, M. A. B. de; MONTAGNER, P. C.; GUTIERREZ, G. L. A inserção da regulamentação da profissão na área de educação física, dez anos depois: embates, debates e perspectivas. Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 275-292, 2009. DOI 10.22456/1982-8918.3051. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/3051. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Farret; Terra; Figueiredo, 2016FARRET, E. C.; TERRA, D. V.; FIGUEIREDO, C. A. O tratamento do esporte como currículo no curso de graduação em Educação Física. Pensar a Prática, Goiânia, v. 19, n. 3, p. 653-664, 2016. DOI 10.5216/RPP.V19I3.33936. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/33936. Acesso em: 04 ago. 2023.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
; Reis; Castellani, 2012REIS, H. H. B. dos; CASTELLANI, R. M. Caracterização dos cursos de handebol nas instituições de ensino superior públicas. Conexões, Campinas, v. 10, n. 2, p. 103-120, 2012. DOI 10.20396/CONEX.V10I2.8637677. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8637677. Acesso em: 04 ago. 2023.
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) e ainda há os que não indicaram a fonte de onde se constatou essa quantidade (Castellani Filho, 2016CASTELLANI FILHO, L. A formação sitiada. Diretrizes curriculares de educação física em disputa: jogo jogado? Pensar a Prática, Goiânia, v. 19, n. 4, p. 758-773, 2016. DOI 10.5216/RPP.V19I4.42256. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/42256. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Daolio, 1998DAOLIO, J. Fenômeno social esporte na formação profissional em educação física. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 9, n. 1, p. 111-115, 1998. Disponível em: https:/silo.tips/download/fenomeno-social-esporte-na-formaao-profissional-emeducaao-fisica-1. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Faria Junior, 2001FARIA JUNIOR, A. G. Reflexões sobre a educação física brasileira: a carta de Belo Horizonte. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 23, n. 1, p. 19-31, 2001. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/317. Acesso em: 04 ago. 2023.
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBC...
; Taffarel et al., 2006TAFFAREL, C. Z. et al. Formação de professores de educação física para a cidade e o campo. Pensar a Prática, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 153-180, 2006. DOI 10.5216/RPP.V9I2.166. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/166/1482. Acesso em: 04 ago. 2023.
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). Por fim, na maioria dos estudos, há a tendência em se utilizar os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que parece ser, até o momento, a fonte de dados mais utilizada pelas pesquisas (Martins; Tostes; Mello, 2018MARTINS, R. L. Del Rio; TOSTES, L. F.; MELLO, A. da S. Educação infantil e formação docente: análise das ementas e bibliografias de disciplinas dos cursos de Educação Física. Movimento, Porto Alegre, v. 24, n. 3, p. 705-720, 2018. DOI 10.22456/19828918.77519. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/77519. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Nunes et al., 2017NUNES, H. F. P. et al. Treinamento desportivo: perfil acadêmico dos professores de educação física no ensino superior Brasileiro. Movimento, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 265-280, 2017. DOI 10.22456/1982-8918.65685. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/65685. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Pimentel et al., 2013PIMENTEL, F. C. et al. Expansão do ensino superior e formação profissional em educação física: um mapeamento dos cursos na modalidade de educação a distância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 4, p. 1187-1201, 2013. DOI 10.5216/RPP.V16I4.26072. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/26072. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Tucunduva; Bortoleto, 2019TUCUNDUVA, B. B. P.; BORTOLETO, M. A. C. O circo e a inovação curricular na formação de professores de educação física no Brasil. Movimento, Porto Alegre, v. 25, p. 1-14, 2019. DOI 10.22456/1982-8918.88131. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88131. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
Essa imprecisão nos números é identificada, inclusive, nas redações dos textos que intencionam inferir sobre o número de cursos, que apresentam termos como “aproximadamente”, “nos mais de”, “em torno de” para se referir a esse quantitativo (Almeida; Montagner; Gutierrez, 2009ALMEIDA, M. A. B. de; MONTAGNER, P. C.; GUTIERREZ, G. L. A inserção da regulamentação da profissão na área de educação física, dez anos depois: embates, debates e perspectivas. Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 275-292, 2009. DOI 10.22456/1982-8918.3051. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/3051. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Castellani Filho, 2016CASTELLANI FILHO, L. A formação sitiada. Diretrizes curriculares de educação física em disputa: jogo jogado? Pensar a Prática, Goiânia, v. 19, n. 4, p. 758-773, 2016. DOI 10.5216/RPP.V19I4.42256. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/42256. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Daolio, 1998DAOLIO, J. Fenômeno social esporte na formação profissional em educação física. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 9, n. 1, p. 111-115, 1998. Disponível em: https:/silo.tips/download/fenomeno-social-esporte-na-formaao-profissional-emeducaao-fisica-1. Acesso em: 04 ago. 2023.
https:/silo.tips/download/fenomeno-socia...
; Farret; Terra; Figueiredo, 2016FARRET, E. C.; TERRA, D. V.; FIGUEIREDO, C. A. O tratamento do esporte como currículo no curso de graduação em Educação Física. Pensar a Prática, Goiânia, v. 19, n. 3, p. 653-664, 2016. DOI 10.5216/RPP.V19I3.33936. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/33936. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Nunes et al., 2017NUNES, H. F. P. et al. Treinamento desportivo: perfil acadêmico dos professores de educação física no ensino superior Brasileiro. Movimento, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 265-280, 2017. DOI 10.22456/1982-8918.65685. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/65685. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Taffarel et al., 2006TAFFAREL, C. Z. et al. Formação de professores de educação física para a cidade e o campo. Pensar a Prática, Goiânia, v. 9, n. 2, p. 153-180, 2006. DOI 10.5216/RPP.V9I2.166. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/166/1482. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Taffarel; Lacks; Santos Júnior, 2006TAFFAREL, C. Z.; LACKS, S.; SANTOS JUNIOR, C. de L. Formação de professores de educação física: estratégia e táticas. Motrivivência, Florianópolis, v. 26, n. 26, p. 89111, 2006. DOI 10.5007/%x. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/681. Acesso em: 04 dez. 2023.
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; Tucunduva; Bortoleto, 2019TUCUNDUVA, B. B. P.; BORTOLETO, M. A. C. O circo e a inovação curricular na formação de professores de educação física no Brasil. Movimento, Porto Alegre, v. 25, p. 1-14, 2019. DOI 10.22456/1982-8918.88131. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/88131. Acesso em: 04 ago. 2023.
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), com a intenção de não fazer uma afirmação diretiva e escapar da apresentação de dados imprecisos.
Nesse imbróglio, surgem diferentes problemas e inquietações, já que no geral, há diferentes fontes e formas para se extrair a quantidade de cursos de EF existentes. Por exemplo, qual o número de cursos de EF em funcionamento em determinado ano? Além disso, existe uma base confiável para a identificação desse número? E se ela existe, como esses dados devem ser extraídos para diminuir a margem de erros?
Nesse cenário, para além dos estudos que indicaram em algum momento no corpo do texto a quantidade de cursos de EF no Brasil, já citados anteriormente, há dois que intencionaram apresentar dados mais precisos sobre tal quantidade, identificando ao longo de determinado intervalo temporal o número de cursos de EF. Ambos, inclusive, utilizaram como base de dados o INEP para realização de suas constatações e análises.
O primeiro teve como objetivo analisar a trajetória dos cursos de EF no Brasil, no período entre 2000 e 2006 (Collet et al., 2009COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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). Tal estudo concluiu que nos anos iniciais do século XXI, a formação em licenciatura ainda predominava, apesar de haver uma expansão dos cursos de bacharelado, principalmente nas instituições privadas. Já o segundo estudo objetivou apresentar considerações acerca do cenário de expansão da EF no contexto do ensino superior brasileiro, entre os anos de 1991 e 2015 (Broch et al., 2020BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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). Os resultados desses estudos indicaram um aumento no número de cursos de EF, sendo esse crescimento maior no setor privado.
A partir do contexto exposto, emerge esta pesquisa, que se diferencia dos dois estudos anteriores por abranger um período temporal mais amplo em comparação ao estudo de Collet et al. (2009)COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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, e pelo acréscimo de dados analíticos que Collet et al. (2009)COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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e Broch et al. (2020)BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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não analisaram, com o objetivo de consolidar dados sobre a formação em Educação Física no Brasil, no intervalo temporal entre 1995 e 2020, apresentando indicadores como: o número total de cursos de EF, a modalidade do ensino (presencial ou EaD), o número de matrículas e concluintes, o tipo de formação (licenciatura e bacharelado) e a categoria administrativa da instituição (pública e privada).
2 Metodologia
Existem várias fontes disponíveis para a coleta de dados referentes ao número de cursos de EF, no entanto, a fonte predominantemente utilizada nas pesquisas é o INEP. Isso ocorre porque as Sinopses Estatísticas do INEP são elaboradas a partir das informações coletadas pelo Censo da Educação Superior, que é “o instrumento de pesquisa mais completo do Brasil sobre as instituições de educação superior (IES) que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica, além de seus alunos e docentes” (INEP, 2020INEP. Orientações gerais do censo da educação superior. Brasília: INEP, 2020. Disponível em: https:/www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisasestatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior/orientacoes. Acesso em: 01 jun. 2023.
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). Este instrumento “[...] tem como objetivo oferecer à comunidade acadêmica e à sociedade em geral informações detalhadas sobre a situação e as grandes tendências do setor” (INEP, 2020INEP. Orientações gerais do censo da educação superior. Brasília: INEP, 2020. Disponível em: https:/www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisasestatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior/orientacoes. Acesso em: 01 jun. 2023.
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), tornando-o a fonte de dados mais completa que fornece a maior quantidade de informações sobre cursos de graduação e suas características no Brasil.
Após o processo de seleção da fonte de dados, a metodologia adotada neste trabalho consistiu na análise das Sinopses Estatísticas da Educação Superior - Graduação, do INEP, que veiculam dados oficiais sobre o Ensino Superior no Brasil a partir de 1995. Os dados foram coletados a partir dos arquivos disponibilizados no site da instituição (INEP, 2023INEP. Educação superior - graduação: sinopse estatística da educação superior 2020. Brasília: INEP, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-ainformacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas/educacao-superior-graduacao. Acesso em: 07 jan. 2024.
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).
O processo de obtenção dos arquivos consistiu no acesso ao site e download de todos os arquivos correspondentes aos anos que selecionamos para analisar, 1995 a 2020. Buscamos dentro desses documentos indicadores que abordassem: a) mudanças na estrutura dos documentos; b) número de cursos de EF; c) modalidades de ensino: presencial e EaD; d) estudantes: matrícula e concluintes; e) tipos de formação: licenciatura e bacharelado; f) natureza das instituições: públicas e privadas.
Após essa etapa, desenvolvemos indicadores para balizar futuras buscas nas Sinopses Estatísticas, que consistem no acesso aos arquivos de cada ano das sinopses, realizando um estudo minucioso de sua estrutura e organização das informações nelas contidas. Para isso, dois pesquisadores tiveram a função de analisar as sinopses, em busca de identificar nos arquivos, os dados referentes ao número de cursos de EF, bem como outras informações complementares para análises. Cada pesquisador ficou responsável por anotar os locais de coleta dos dados (planilhas específicas, páginas, nome do curso dentro da estrutura de organização do documento) e extrair as informações relevantes, que foram compiladas em pastas de trabalho do Excel®.
Na sequência, os pesquisadores compararam os dados extraídos no intuito de verificar possíveis divergências. Estas divergências foram discutidas com outra dupla e um pesquisador supervisor, no intuito de estabelecer critérios para sua resolução.
Após a resolução das divergências identificadas, avançamos para a compilação dos dados que compõe este artigo. Estes dados incluem: número de cursos de EF por ano; modalidade do ensino (presencial ou EaD); números de matrículas e concluintes dos cursos; tipos de formação (licenciatura e bacharelado); categoria administrativa das IES (públicas e privadas).
3 Apresentação e discussão dos dados sobre cursos de Educação Física segundo o INEP
Verificamos que não é possível indicar uma única forma de extração dos dados de interesse nas planilhas, pois com o passar do tempo esses documentos foram se modificando, ampliando, e sendo incorporados a eles novos elementos, como capa, sumário e resumo, que permitiram maior “organização” dos dados. Por exemplo, ao compararmos a primeira Sinopse Estatística disponível em 1995 com a de 2020, notamos alterações na “Área detalhada” e no “Tipo de curso” onde se encontravam os dados sobre a EF. O mesmo ocorreu em outros anos.
Na Sinopse Estatística do ano de 1995, os cursos de EF estão classificados somente na “Área de Conhecimento das Ciências da Saúde”, semelhante à classificação das áreas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e os dados sobre categoria administrativa devem ser localizados em planilhas distintas e somados separadamente.
Na Sinopse do ano de 2020, os dados dos cursos de EF estão distribuídos em duas áreas distintas: a) Área Geral da Educação; b) Área Geral da Saúde e Bem-Estar. Essas áreas, se verticalizam nas áreas detalhadas como “Formação de professores em áreas específicas (exceto Letras)” e “Promoção, prevenção, terapia e reabilitação”, que tinham como Tipo de Curso, os termos “Educação física formação de professor” e “Educação Física”, respectivamente. Ressaltamos que esta alteração não é apenas na forma de organizar os dados, mas ao longo do tempo, reflete também evolução na organização da Educação Superior no Brasil, tornando-a complexa e expansiva.
A nomenclatura utilizada para se referir aos cursos também é bastante variada, bem como os tipos de cursos que encontramos. Neste sentido, percebemos que os cursos tiveram diferentes nomenclaturas ao longo dos anos, ainda que o termo “Educação Física” correspondesse à maioria dos cursos de graduação, as diferentes nomenclaturas foram utilizadas para denominar cursos da área da saúde e educação. Para esse estudo delimitamos os cursos de EF constituídos com base nas Resoluções e Diretrizes Curriculares Nacionais da área de Educação Física e Diretrizes Curriculares Nacionais de Formação de professores (Metzner; Drigo, 2021METZNER, A. C.; DRIGO, A. J. A trajetória histórica das leis e diretrizes curriculares nacionais para a área de formação em educação física. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v. 21, n. 1, p. 1.27, 2021. DOI 10.4025/RBHE.V21.2021.E154. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbhe/a/BvnwNPjjKtt8H5fPgjq9CXd/. Acesso em: 18 maio. 2023.
https://www.scielo.br/j/rbhe/a/BvnwNPjjK...
).
A partir dos cursos apontados no quadro 1, verificamos em cada Sinopse Estatística o número geral, segundo a categoria administrativa das IES que os ofertam, e da modalidade do curso. Optamos por excluir os cursos “Formação de técnicos e treinadores esportivos”, “Gestão desportiva e de lazer”, “Ginástica”, “Recreação e Lazer”, “Treinamento Físico (Esportes)”, “Lazer, Recreação e Eventos”, “Tecnologia e Gestão do Lazer”.
Passados os percalços metodológicos para a escolha da base de dados INEP e as formas de extração dos dados dentro dela, apresentamos a Tabela 1, que mostra a quantidade de cursos de EF por ano, modalidades, matrículas e concluintes, grau e categoria administrativa. Ao delimitar licenciatura e bacharelado, observamos que nas planilhas dos anos de 1995 até 1999 todos os cursos de EF constavam na Área de Conhecimento das Ciências da Saúde, impossibilitando inferirmos sobre o grau do curso. Somente nas planilhas dos anos 2000 em diante houve divisão entre os cursos da Área Geral da Educação, que são cursos de licenciatura, e da Área Geral de Saúde e Bem-Estar Social, que são cursos de bacharelado.
Quantitativo de cursos de EF, matrículas e concluintes, segundo a modalidade, grau e categoria administrativa das IES no período de 1995 até 2020
3.1 Número de cursos, matrículas e concluintes segundo as modalidades de ensino
A partir dos dados da tabela 1, percebemos que no período de 1995 a 2020 houve crescimento do número de cursos de EF, principalmente daqueles ofertados por instituições de ensino privadas. Conforme exposto nos Gráficos 1 e 2, a maior parte dos cursos ainda é ofertada na modalidade presencial, apesar do crescimento da oferta de cursos EaD. Importante destacar que o número de cursos EaD é diferente do número de polos destes cursos, uma vez que um curso EaD pode ser replicado em diferentes polos.
Evolução do número de matrículas em cursos de EF no período 19952020, segundo a modalidade de ensino
A literatura vem apontando o crescimento significativo dos cursos de EF (Broch et al., 2020BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Pimentel et al., 2013PIMENTEL, F. C. et al. Expansão do ensino superior e formação profissional em educação física: um mapeamento dos cursos na modalidade de educação a distância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 4, p. 1187-1201, 2013. DOI 10.5216/RPP.V16I4.26072. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/26072. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Silva et al., 2009SILVA, A. M. et al. A formação profissional em educação física e o processo político social. Pensar a Prática, Goiânia, v. 12, n. 2, p. 1-16, 2009. DOI 10.5216/RPP.V12I2.6588. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/6588/4960. Acesso em: 04 ago. 2023.
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) e os dados da tabela 1 e do gráfico 1, confirmam esse crescimento, que salta de 140 no ano de 1995 para 1.582 no ano de 2020. Também percebemos o surgimento de novos cursos na modalidade à distância a partir do ano de 2006, como forma de consolidação de políticas públicas de expansão do ensino superior nesta modalidade, por meio do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) (Pimentel et al., 2013PIMENTEL, F. C. et al. Expansão do ensino superior e formação profissional em educação física: um mapeamento dos cursos na modalidade de educação a distância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 4, p. 1187-1201, 2013. DOI 10.5216/RPP.V16I4.26072. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/26072. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
Ainda sobre a análise do número de cursos, identificamos divergências ao compararmos os quantitativos obtidos seguindo a metodologia deste artigo e os estudos publicados anteriormente. Por exemplo, para o ano de 2007, Taffarel, Lacks e Santos Júnior (2006)TAFFAREL, C. Z.; LACKS, S.; SANTOS JUNIOR, C. de L. Formação de professores de educação física: estratégia e táticas. Motrivivência, Florianópolis, v. 26, n. 26, p. 89111, 2006. DOI 10.5007/%x. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/681. Acesso em: 04 dez. 2023.
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indicaram a existência de aproximadamente 650, enquanto Silva et al. (2009)SILVA, A. M. et al. A formação profissional em educação física e o processo político social. Pensar a Prática, Goiânia, v. 12, n. 2, p. 1-16, 2009. DOI 10.5216/RPP.V12I2.6588. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/6588/4960. Acesso em: 04 ago. 2023.
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mencionaram1031, e nossos dados consolidados apontam 692 cursos. Já Castellani Filho (2016)CASTELLANI FILHO, L. A formação sitiada. Diretrizes curriculares de educação física em disputa: jogo jogado? Pensar a Prática, Goiânia, v. 19, n. 4, p. 758-773, 2016. DOI 10.5216/RPP.V19I4.42256. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/42256. Acesso em: 04 ago. 2023.
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afirmou que em 2016 havia mais de 1400 cursos, e encontramos 1218.
O crescimento do número de cursos implicou no aumento do número de matrículas, conforme apresentado no gráfico 2, assim como no aumento de concluintes, demonstrado no gráfico 3. Porém, a participação dos cursos EaD na composição deste quantitativo chama atenção, pois, mesmo com menor quantidade de cursos em comparação aos cursos presenciais, há crescimento do percentual de matrículas e formandos nas modalidades à distância. Em contrapartida, as modalidades presenciais, tiveram sua curva de crescimento menos acentuada, enfrentando queda a partir de 2018.
Evolução do número de concluintes dos cursos de EF no período 19952020 segundo a modalidade de ensino
Destacamos que até o ano de 2006 todos os cursos de EF eram ofertados na modalidade presencial, pois os cursos EaD registraram suas primeiras matrículas (144) somente no ano de 2007, todavia, já em 2008 ocorreram 1.543 matrículas no EaD, o que corresponde a um exponencial crescimento em curto intervalo temporal. O ano de 2014, marcou uma alteração significativa na curva de crescimento das matrículas em ambas as modalidades, mas com maior impacto no EaD, que saíram de 6.778 matrículas em 2013 para 27.877 em 2014, sem que houvesse crescimento proporcional no número de cursos, 16 em 2013, 18 em 2014. Em 2020, pela primeira vez, o número de matrículas nos cursos à distância (191.568, 51,7%) foi superior ao número de matrículas nos cursos presenciais (179.141, 48,3%). Esses dados demonstram significativa mudança de cenário, pois no ano de 2011, os 28 cursos de EF na modalidade EaD representavam 2,74% (4.976) das 181.406 matrículas (Pimentel et al., 2013PIMENTEL, F. C. et al. Expansão do ensino superior e formação profissional em educação física: um mapeamento dos cursos na modalidade de educação a distância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 4, p. 1187-1201, 2013. DOI 10.5216/RPP.V16I4.26072. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/26072. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
O impacto desse crescimento é percebido no gráfico 3, com o aumento no quantitativo de concluintes no período, ainda que diante de oscilações como 2007 a 2011, 2012 a 2016, e queda percebida a partir de 2018. Essa redução, está majoritariamente relacionada aos concluintes dos cursos presenciais, visto que os cursos EaD tiveram crescimento observado desde os primeiros concluintes em 2009 (49) até seu pico em 2019 (20.040), com pequena queda em 2020 (18.041).
Na literatura disponível, encontramos poucos estudos sobre os números de matrículas e concluintes, e, de modo geral, todos indicam um crescimento destes indicadores (Broch et al., 2020BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Collet et al., 2009COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Martins; Tostes; Mello, 2018MARTINS, R. L. Del Rio; TOSTES, L. F.; MELLO, A. da S. Educação infantil e formação docente: análise das ementas e bibliografias de disciplinas dos cursos de Educação Física. Movimento, Porto Alegre, v. 24, n. 3, p. 705-720, 2018. DOI 10.22456/19828918.77519. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/77519. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Pimentel et al., 2013PIMENTEL, F. C. et al. Expansão do ensino superior e formação profissional em educação física: um mapeamento dos cursos na modalidade de educação a distância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 4, p. 1187-1201, 2013. DOI 10.5216/RPP.V16I4.26072. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/26072. Acesso em: 04 ago. 2023.
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), porém percebemos novas divergências em relação aos valores encontrados nesta pesquisa. Collet et al. (2009)COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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indicaram dados sobre número de matrículas e concluintes para os anos de 2000 (27.383 matrículas e em torno de 10 mil concluintes) e 2006 (59.586 matrículas e 27.093 concluintes). Os dados que consolidamos indicam que no ano 2000 foram 69.317 matrículas e 8.217 concluintes, 171.987 matrículas e 25.823 concluintes em 2006. Broch et al. (2020)BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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, analisaram somente matrículas em cursos presenciais, indicaram 40.484 em 1995, 159.484 em 2005 e 228.212 em 2015. Destes valores apresentados, apenas o ano de 2005 não corresponde aos valores encontrados nesta pesquisa, 159.114 matrículas.
A comparação entre as duas modalidades, evidencia que o ensino à distância possibilita um maior número de matrículas e concluintes por curso do que os cursos presenciais. Dentre as distintas causas, isto pode ser atribuído à possibilidade de alocar um número maior de alunos em vários polos distribuídos geograficamente, que podem acessar os cursos por meio de internet ou aulas semipresenciais.
3.2 Grau acadêmico: licenciatura e bacharelado
As diversas legislações e normas que regulamentaram a EF promoveram alterações significativas na configuração dessa profissão. A resolução CFE nº 03/1987 estabeleceu a possibilidade de duas formações distintas: o bacharelado e/ou a licenciatura. Posteriormente, as resoluções nº 07/2004; nº 07/2009; nº 02/2015 e nº 06/2018, dentre outras normalizações, definiram critérios e reorganizaram a formação em EF, solidificando essa dupla possiblidade formativa (Metzner; Drigo, 2021METZNER, A. C.; DRIGO, A. J. A trajetória histórica das leis e diretrizes curriculares nacionais para a área de formação em educação física. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v. 21, n. 1, p. 1.27, 2021. DOI 10.4025/RBHE.V21.2021.E154. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbhe/a/BvnwNPjjKtt8H5fPgjq9CXd/. Acesso em: 18 maio. 2023.
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).
Os dados demonstram alterações na dinâmica entre as formações em licenciatura e bacharelado, conforme ilustrado no gráfico 4, ao menos nos indicadores referentes ao crescimento do número de cursos em cada grau. Percebe-se que ambos mantêm uma taxa de crescimento com o passar dos anos, ainda que em 2010 os cursos de licenciatura (644) tenham tido maior crescimento se comparados ao ano de 2009 (434), em um movimento inverso em relação ao bacharelado, que sofreu uma queda de 397 cursos em 2009 para 351 em 2010.
A partir de 2011, em alguma medida, houve disparidade na criação/surgimento de cursos para cada grau, um processo influenciado por fatores econômicos e pelas demandas do mercado de trabalho da EF, seja na educação formal, seja nos espaços de saúde e lazer, que tiveram significativo crescimento nos anos 1990 e 2000 (Fonseca; Souza Neto, 2020FONSECA, R. G.; SOUZA NETO, S. Educação Física, profissionalização e mercado de trabalho: uma análise sobre o projeto profissional. Movimento, Porto Alegre, v. 26, n. 1, p. 1-16, 2020. DOI 10.22456/1982-8918.98699. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/98699. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Proni, 2010PRONI, M. W. Universidade, profissão educação física e o mercado de trabalho. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p.788-798, jul./set. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/motriz/a/YfxscBvpHmYMVfcmqV9pkBQ/. Acesso em: 04 ago. 2023.
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), que demandou formação específica e especializada.
Destaca-se que em 2019 o número de cursos de bacharelado (772) superou o de licenciatura (739), essa, tendência se manteve no ano seguinte, processo inédito no período deste estudo. Esse dado contrasta com os achados de Collet et al. (2009)COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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, que indicavam a licenciatura como formação predominante dentre os cursos de EF nos anos 2000 a 2006. Essa predominância ocorreu em parte devido ao curto período desde a criação dos cursos de bacharelado, ainda que na época já houvesse uma tendência de equilíbrio em relação ao número de concluintes.
Neste contexto, o crescimento substancial dos cursos de bacharelado está associado à expansão das atividades econômicas relacionadas às práticas corporais fora do ambiente escolar, portanto lócus do bacharel em EF (Fonseca; Souza Neto, 2020FONSECA, R. G.; SOUZA NETO, S. Educação Física, profissionalização e mercado de trabalho: uma análise sobre o projeto profissional. Movimento, Porto Alegre, v. 26, n. 1, p. 1-16, 2020. DOI 10.22456/1982-8918.98699. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/98699. Acesso em: 04 ago. 2023.
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). Esse cenário, impulsionaria a criação destes cursos para atender à demanda de mercado, a prestação de serviços especializados nas áreas de esportes e saúde (Broch et al., 2020BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
Por outro lado, a baixa atratividade pela docência enquanto atividade profissional (Cericato, 2016CERICATO, I. L. A profissão docente em análise no Brasil: uma revisão bibliográfica. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 97, n. 246, p. 273-289, 2016. DOI 10.1590/S2176-6681/373714647. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/ZGXLgG4kzTjqx5bqcc9pshS/abstract/?format=html⟨=pt. Acesso em: 04 ago. 2023.
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), a crescente desvalorização da carreira do professor na educação básica (Gomes; Cruz, 2023GOMES, P. V.; CRUZ, S. P. S. da. Produção acadêmica sobre as condições de trabalho docente na América Latina (2000-2020). Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 103, n. 265, p. 675-696, 2023. DOI 10.24109/2176-6681.RBEP.103I265.5176. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/gnmnXRcjRBRpDbbSF7hTmSy/abstract/?format=html⟨=pt. Acesso em: 04 ago. 2023.
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), associada à percepção de que o trabalho na escola é precarizado, são elementos que possivelmente podem ter contribuído para essa mudança, ainda que tais características possam ser identificadas fora do trabalho no ambiente escolar (Furtado; Santiago, 2015FURTADO, R. P.; SANTIAGO, L. P. Educação física e trabalho: considerações a respeito da inserção profissional de egressos da FEF - UFG. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 325-336, 2015. DOI 10.1590/1807-55092015 000200325. Disponível em https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/99806. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
Ao compararmos os dados obtidos nesta pesquisa com outros estudos que abordam os mesmos indicadores, percebemos novas divergências entre os dados. Por exemplo, Martins, Tostes e Mello (2018)MARTINS, R. L. Del Rio; TOSTES, L. F.; MELLO, A. da S. Educação infantil e formação docente: análise das ementas e bibliografias de disciplinas dos cursos de Educação Física. Movimento, Porto Alegre, v. 24, n. 3, p. 705-720, 2018. DOI 10.22456/19828918.77519. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/77519. Acesso em: 04 ago. 2023.
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indicaram que no ano de 2017 havia 752 cursos de licenciatura, enquanto nossos dados indicam 698 cursos para o mesmo período. Nunes et al. (2017)NUNES, H. F. P. et al. Treinamento desportivo: perfil acadêmico dos professores de educação física no ensino superior Brasileiro. Movimento, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 265-280, 2017. DOI 10.22456/1982-8918.65685. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/65685. Acesso em: 04 ago. 2023.
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afirmaram que, em 2014 havia 654 cursos de licenciatura e 462 cursos de bacharelado, ambos na modalidade presencial, enquanto nossos dados indicam 655 e 453 cursos respectivamente. Collet et al. (2009)COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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indicaram que em 2000 havia 220 cursos de licenciatura e 94 de bacharelado, e em 2006 havia 510 cursos de licenciatura e 232 cursos de bacharelado. Entretanto, novamente, nossos dados divergem, pois para os anos 2000 encontramos 175 cursos de licenciatura e 90 de bacharelado, e em 2006, 389 cursos de licenciatura e 224 de bacharelado.
3.3 Categoria administrativa das instituições: públicas e privadas
O período analisado demonstra uma expansão na oferta de cursos de EF, concentrados nas IES de categoria administrativa privada. Conforme exposto no Gráfico 05, o equilíbrio inicial na distribuição dos cursos não se manteve, visto que o quantitativo das IES privadas cresceu de maneira significativa, saindo de 71 cursos em 1995 para 1313 no ano de 2020, o maior valor registrado no período, enquanto nas IES públicas os números evoluíram em proporções menores, havia 69 cursos em 1995, e 269 em 2020.
Evolução do número de cursos de EF no período 1995-2020, segundo a categoria administrativa das IES
Ressalta-se ainda que o ápice do número de cursos oferecidos pelas IES públicas ocorreu no ano de 2012, com 327 cursos, enfrentando queda nos números nos anos seguintes. Essa variação pode estar relacionada ao período de implementação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que foi implementado no ano de 2008 e seus efeitos puderam ser observados nos anos subsequentes (Carvalho; Oliveira, 2022CARVALHO, R. R. da S.; OLIVEIRA, J. F. de. Expansão e qualidade da educação superior: um balanço das metas 12, 13 e 14 do Plano Nacional de Educação - PNE 2014-2024. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 27, n. 2, p. 227-247, 2022. DOI 10.1590/s1414-40772022000200002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/rxNDLXGXR8H53YDzgrwZvGk/?lang=pt. Acesso em: 02 jun. 2023.
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).
Outros estudos também apresentaram indicadores sobre cursos ofertados em IES públicas e privadas (Collet et al., 2009COLLET, C. et al. Formação inicial em educação física no Brasil: trajetória dos cursos presenciais de 2000 a 2006. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 493-502, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2605/2412. Acesso em: 04 ago. 2023.
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; Nunes et al., 2017NUNES, H. F. P. et al. Treinamento desportivo: perfil acadêmico dos professores de educação física no ensino superior Brasileiro. Movimento, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 265-280, 2017. DOI 10.22456/1982-8918.65685. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/65685. Acesso em: 04 ago. 2023.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
; Reis; Castellani, 2012REIS, H. H. B. dos; CASTELLANI, R. M. Caracterização dos cursos de handebol nas instituições de ensino superior públicas. Conexões, Campinas, v. 10, n. 2, p. 103-120, 2012. DOI 10.20396/CONEX.V10I2.8637677. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8637677. Acesso em: 04 ago. 2023.
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/in...
). No entanto, apenas o estudo de Pimentel et al. (2013)PIMENTEL, F. C. et al. Expansão do ensino superior e formação profissional em educação física: um mapeamento dos cursos na modalidade de educação a distância. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 4, p. 1187-1201, 2013. DOI 10.5216/RPP.V16I4.26072. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/26072. Acesso em: 04 ago. 2023.
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apresentou dados que corresponderam aos achados desta pesquisa, referentes ao ano de 2011, sendo 293 cursos em IES públicas e 765 cursos em IES privadas.
A expansão do ensino superior no Brasil é um reflexo de ações políticas e econômicas que remontam a segunda metade do século XX, tendo como objetivo a modernização do ensino e necessidade de formação superior no país (Broch; Breschiliare; Barbosa-Rinaldi, 2020BROCH, C.; BRESCHILIARE, F. C. T.; BARBOSA-RINALDI, I. P. A expansão da educação superior no Brasil: notas sobre os desafios do trabalho docente. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 25, n. 2, p. 257-274, 2020. DOI 10.1590/s1414-4077/s1414-40772020000200002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/fpjrVCm9bJpPn6LNsGZGLPH/?lang=pt. Acesso em: 04 ago. 2023.
https://www.scielo.br/j/aval/a/fpjrVCm9b...
; Queiroz et al., 2013QUEIROZ, F. C. B. P. et al. Transformações no ensino superior brasileiro: análise das instituições privadas de ensino superior no compasso com as políticas de Estado. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 21, n. 79, p. 349-370, 2013. DOI 10.1590/S0104-40362013000200009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/ZjxVZScb8SKnxtpXjNkGwqz/?lang=pt. Acesso em: 2 jun. 2023.
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; Schwartzman, 2022SCHWARTZMAN, S. Pesquisa e pós-graduação no Brasil: duas faces da mesma moeda? Estudos Avançados, São Paulo, v. 36, n. 104, p. 227-254, 2022. DOI 10.1590/S0103-4014.2022.36104.011. Disponível em: http://www.scielo.br/j/ea/a/mM4ZbvgxfKYSjWv6bwL7fMg/?lang=pt. Acesso em: 05 abr. 2023.
http://www.scielo.br/j/ea/a/mM4ZbvgxfKYS...
). A Reforma Universitária de 1968 impactou neste processo, sendo um dos reflexos a multiplicação de instituições de pequeno porte de caráter privado nas décadas de 1960 e 1970 (Queiroz et al., 2013QUEIROZ, F. C. B. P. et al. Transformações no ensino superior brasileiro: análise das instituições privadas de ensino superior no compasso com as políticas de Estado. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 21, n. 79, p. 349-370, 2013. DOI 10.1590/S0104-40362013000200009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/ZjxVZScb8SKnxtpXjNkGwqz/?lang=pt. Acesso em: 2 jun. 2023.
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). Entretanto, foi a partir dos anos 1990 que houve maior alinhamento entre as ações voltadas ao ensino superior e o modelo econômico neoliberal, com a proliferação de IES privadas e flexibilização das condições que permitiam o surgimento de instituições como centros universitários, faculdades, escolas superiores, que podem ofertar cursos em nível superior, mas não têm a obrigatoriedade de realizar a pesquisa e a extensão, funções indissociáveis das universidades (Broch; Breschiliare; Barbosa-Rinaldi, 2020BROCH, C.; BRESCHILIARE, F. C. T.; BARBOSA-RINALDI, I. P. A expansão da educação superior no Brasil: notas sobre os desafios do trabalho docente. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 25, n. 2, p. 257-274, 2020. DOI 10.1590/s1414-4077/s1414-40772020000200002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/fpjrVCm9bJpPn6LNsGZGLPH/?lang=pt. Acesso em: 04 ago. 2023.
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).
Nesse sentido, nossos dados corroboram a percepção de Broch et al. (2020)BROCH, C. et al. A expansão da educação física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, Maringá, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI 10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jpe/a/YrbPvrzsz4PVkVwSZ6mZyNB/abstract/?lang=pt&format=html. Acesso em: 04 ago. 2023.
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sobre o descompasso na oferta de cursos no Ensino Superior brasileiro, majoritariamente concentrados na iniciativa privada, que ganhou espaço na organização educacional enquanto uma atividade econômica e que atende preferencialmente às demandas do mercado de trabalho e à lógica empresarial.
4 Considerações finais
A consolidação dos dados das Sinopses Estatísticas do INEP sobre a formação em EF no período de 1995 a 2020 confirma o processo de expansão destes cursos, percebido nos números de matrículas e concluintes, aumento da presença da EaD na formação, crescimento e predominância dos cursos de bacharelado, sendo as IES privadas as detentoras da maior parte destes números. Isto implica que, somente o dado referente ao número de cursos, muito utilizado como forma de avaliar o crescimento e desenvolvimento da formação em EF, começa a ser insuficiente, pois com a entrada da EaD, um curso pode ter muitos polos, espalhados geograficamente, consequentemente agregam maior número de alunos. Portanto, recomendamos a combinação das análises com dados sobre matrículas, concluintes e outras variáveis que constam nas Sinopses Estatísticas.
Reitera-se que as Sinopses Estatísticas do INEP se modificaram e se complexificaram, o que dificultou a extração dos dados pelos próprios pesquisadores, requerendo um cuidado analítico minucioso, ano a ano, o que, aliado com à diversidade de fontes de dados disponíveis, pode explicar a imprecisão dos dados encontrados na literatura com o que foi consolidado nesta pesquisa. Isto é, as outras fontes de dados que permitem inferências acerca da quantidade de cursos de EF, apresentam limitações que impedem a recuperação de dados precisos sobre o assunto. Para exemplificar, podemos citar o e-MEC, que não permite um estudo delimitado temporalmente, além de oferecer informações sobre cursos que estão autorizados, mas não necessariamente estão em funcionamento.
Essas análises permitem afirmar que a expansão observada está enfrentando um período de estagnação, pois no ano de 2017 o número de cursos e de matrículas começaram a diminuir, o que pode indicar um saturamento na demanda de formação em EF, mais perceptível nos cursos de licenciatura, que perderam espaço formativo em comparação ao bacharelado.
Dessa forma, é necessário novos estudos que continuem acompanhando os dados sistematizados, que combinem dados brutos da formação com informações e indicadores que abordem a qualidade dessa formação, as perspectivas de emprego e renda e condições de trabalho, de modo a colaborar com a construção de políticas públicas sólidas, embasadas em dados precisos.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
03 Maio 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
-
Recebido
04 Ago 2023 -
Aceito
13 Dez 2023 -
Revisado
27 Fev 2024