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Autoavaliação como estratégia de planejamento em um programa de pósgraduação

La autoevaluación como estrategia de planificación en un programa de posgrado

Resumo

A autoavaliação caracteriza-se por um processo de autoanálise realizada coletivamente pelos atores envolvidos no processo, destacando as potencialidades, as fragilidades e as oportunidades de melhorias. A autoavaliação representa um esforço coletivo para a implementação de um processo de reflexão crítica, democrática e participativa. Este artigo tem por objetivo apresentar o processo de formação e atuação da Comissão de Autoavaliação (CAA) do Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde-Mestrado Profissional da Universidade Federal de São Paulo no período de 2021 e 2022. Um Plano de Autoavaliação foi desenvolvido por um grupo de trabalho constituído no âmbito da CAA, com participação de membros da Comissão de Ensino de Pós-Graduação e de reunião ampliada com docente e discente. O plano abordou a importância da autoavaliação como estratégia potente para o planejamento e intervenções em busca de melhorias do programa. Para o alcance dos objetivos, a CAA fundamentou suas ações na proposta PDSA (plan-do-study-action). O processo resultou em envolvimento de diferentes atores para a construção do Plano de Autoavaliação e implementação de ações prioritárias a curto e médio prazo.

Palavras-chave:
autoavaliação; pós-graduação; ensino.

Resumen

La autoevaluación se caracteriza por un proceso de autoanálisis realizado colectivamente por los actores involucrados en el proceso, destacando fortalezas, debilidades y oportunidades de mejora. La autoevaluación representa un esfuerzo colectivo para implementar un proceso de reflexión crítica, democrática y participativa. Este artículo tiene como objetivo presentar el proceso de formación y actuación del Comité de Autoevaluación (CAA) del Programa de Posgrado en Ciencias de la Salud-Maestría Profesional de la Universidade Federal de São Paulo en el período 2021 y 2022. Se desarrolló un Plan de Autoevaluación mediante un grupo de trabajo constituido en el ámbito del CAA, con la participación de miembros del Comité Docente de Posgrado y una reunión ampliada con profesores y estudiantes. El plan abordó la importancia de la autoevaluación como una poderosa estrategia de planificación e intervenciones en busca de mejoras al Programa. Para lograr sus objetivos, CAA basó sus acciones en la propuesta PDSA (plan-do-study-action). El proceso resultó en el involucramiento de diferentes actores para crear el Plan de Autoevaluación e implementar acciones prioritarias en el corto y mediano plazo.

Palabras clave:
autoevaluación; posgraduación; enseñando.

Abstract

Self-assessment is characterized by a self-analysis process carried out collectively by the actors involved in the process, highlighting strengths, weaknesses and opportunities for improvement. Selfassessment represents a collective effort to implement a process of critical, democratic and participatory reflection. This article aims to present the process of formation and performance of the Self-Assessment Committee (SAC) of the Graduate Program in Health Sciences-Professional Master’s at the Universidade Federal de São Paulo in 2021 and 2022. A Self-Assessment Plan was developed by a working group constituted within the scope of SAC, with the participation of members of the Graduate Teaching Committee and an extended meeting with professors and students. The plan addressed the importance of self-assessment as a powerful strategy for planning and interventions in search of improvements to the program. To achieve its objectives, SAC based its actions on the PDSA proposal (plan-do-study-action). The process resulted in the involvement of different actors to create the Self-Assessment Plan and implement priority actions in the short and medium term.

Keywords:
self-assessment; graduate studies; teaching.

1 Autoavaliação como estratégia de planejamento, implementação e monitoramento

[...] a autoavaliação, desenvolvida de forma sistemática e contínua, assegura proximidade entre avaliador e avaliado e permite aprofundamentos de natureza qualitativa e contextualizada (CAPES, 2019CAPES. Autoavaliação de Programas de Pós-Graduação. Relatório do Grupo de Trabalho. Brasília: CAPES, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/capes/ptbr/centrais-de-conteudo/10062019-autoavaliacao-de-programas-de-pos-graduacaopdf. Acesso em: 04 nov. 2019.
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, p. 5).

Existe um movimento crescente sobre a autoavaliação na pós-graduação e os seus impactos no sistema de avaliação, cujo desdobramento ocorre tanto na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) quanto nas universidades.

A avaliação com função de regulação, de responsabilidade da CAPES, instaura procedimentos de controle e fiscalização, buscando assegurar as condições de existência de um sistema de pós-graduação de boa qualidade. No entanto, essa função regulatória não deve se esgotar em si mesma. Deve se articular com a função da avaliação educativa que se desenvolva como prática social voltada à produção da qualidade do programa de pós-graduação (Dias Sobrinho, 2003DIAS SOBRINHO, J. Avaliação da educação superior regulação e emancipação. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 8, n. 2, p. 31-47, 2003. Disponível em: https://periodicos.uniso.br/avaliacao/article/view/1221. Acesso em: 15 mar. 2022.
https://periodicos.uniso.br/avaliacao/ar...
).

As orientações atuais da CAPES (2019)CAPES. Autoavaliação de Programas de Pós-Graduação. Relatório do Grupo de Trabalho. Brasília: CAPES, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/capes/ptbr/centrais-de-conteudo/10062019-autoavaliacao-de-programas-de-pos-graduacaopdf. Acesso em: 04 nov. 2019.
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, os pressupostos do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) (2021)PDI UNIFESP. Plano de desenvolvimento institucional Unifesp: PDI 2021-2025. São Paulo: Unifesp, 2021. v. 1. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1jfhmaYxeBF8RO2xgtmkLZHOlWUUz6XIN/view. Acesso em: 02 jan. 2023.
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e o Projeto Pedagógico Institucional (PPI) (2021)PPI UNIFESP. PPI Projeto pedagógico institucional 2021-2025. São Paulo: Unifesp, 2021. v. 2. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1jfhmaYxeBF8RO2xgtmkLZHOlWUUz6XIN/view. Acesso em: 02 jan. 2023.
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da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) balizaram a estrutura da proposta autoavaliativa do Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde - Mestrado Profissional (PPGECS-MP) da UNIFESP. Uma Comissão de Autoavaliação (CAA) foi constituída com o objetivo de orientar a construção do processo de autoavaliação e elaborar o planejamento estratégico do PPGECS-MP.

Para Leite (2005)LEITE, D. Reformas universitárias: avaliação institucional participativa. Petrópolis: Vozes, 2005., a gestão democrática e participativa promove a cogestão, sendo considerada uma condição fundamental para a qualidade e aprimoramento de programas de pós-graduação. Nesse sentido, o envolvimento de diferentes atores permite um olhar ampliado para os processos de autoavaliação e a tomada de decisão coletiva.

A autoavaliação é entendida como “um processo de autoanálise realizado pela comunidade envolvida, destacando pontos fortes e pontos fracos de suas realizações com vistas à melhoria da qualidade do seu fazer institucional, com vistas à superação de fragilidades e dificuldades diagnosticadas” (Leite, 2008LEITE, D. Ameaças pós-rankings sobrevivência das CPAs e da auto-avaliação. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 13, n. 3, p. 833-840, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/bFwqzg6NNKTFRWqwT9YGG6M/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 20 nov. 2022.
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, p. 466).

Quando referindo às organizações, a autoavaliação tem como seu principal objetivo o desenvolvimento de aprendizagem sobre determinado tema ou processo, possibilitando uma reflexão sobre contextos e políticas adotadas, culminado na sistematização de dados, por meio de processo participativo e colaborativo, que levam à tomada de decisão, uma vez que é planejada, conduzida, implementada e analisada por indivíduos que são formuladores e agentes das ações a serem avaliadas (CAPES, 2019CAPES. Autoavaliação de Programas de Pós-Graduação. Relatório do Grupo de Trabalho. Brasília: CAPES, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/capes/ptbr/centrais-de-conteudo/10062019-autoavaliacao-de-programas-de-pos-graduacaopdf. Acesso em: 04 nov. 2019.
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).

Compreende-se que a autoavaliação representa um esforço coletivo para a implementação de um processo de reflexão crítica e eminentemente democrático e participativo. Assim, considera-se que permanente olhar avaliativo e reflexivo, por diferentes atores (docentes, discentes, egressos e técnicos administrativos e técnicos de assuntos educacionais), é condição fundamental para a identificação de potencialidades, lacunas e possibilidades de melhorias do PPGECS-MP.

Autores como Saul (2002)SAUL, A. M. A sistemática da autoavaliação no programa de pós-graduação em educação (currículo) da PUC/SP. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 26, p. 97-109, jul./dez. 2002. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/2187/2144. Acesso em: 10 nov. 2022.
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e Leite et al. (2020)LEITE, D.; VERHINE, R.; DANTAS, L. M. V.; BERTOLIN, J. C. G. A autoavaliação na PósGraduação (PG) como componente do processo avaliativo CAPES. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 25, n. 2, p. 339-353, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/whfJzmNx7Vgpcr7c6Zj5kXz/?lang=pt. Acesso em: 10 nov. 2022.
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ressaltam a importância da autoavaliação como um caminho que, ao lado da avaliação externa, pode compor um modelo para o aperfeiçoamento dos programas de pós-graduação. Para Saul (2002)SAUL, A. M. A sistemática da autoavaliação no programa de pós-graduação em educação (currículo) da PUC/SP. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 26, p. 97-109, jul./dez. 2002. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/2187/2144. Acesso em: 10 nov. 2022.
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, a avaliação externa e a autoavaliação são modalidades complementares e dimensões importantes de um mesmo processo de avaliação educacional.

O processo de autoavaliação procura romper com avaliações burocráticas e quantitativas que, muitas vezes, distantes dos programas, não refletem sua realidade e cultura. Além disso, traz em seu bojo o processo democrático e colaborativo que prevê a participação dos diversos protagonistas que compõem o programa.

De acordo com Leite (2018)LEITE, D. A autoavaliação na pós-graduação. Alternativa, sistemática e componente do processo avaliativo CAPES. In: SEMINÁRIO DA SÉRIE REPENSANDO A AVALIAÇÃO - AVALIAÇÃO COMPARADA DA PÓS-GRADUAÇÃO, 3., 2018, Brasília. Anais [...]. Brasília: CAPES, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-deconteudo/20181003_AvaliacaoComparadaPG_DeniseLeite_UFRGS.pdf. Acesso em: 02 dez. 2022.
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, a autoanálise, realizada pela comunidade a partir da sistematização dos dados que lhe interessam, é transposta pela negociação oriunda de uma etapa de sensibilização quando estudados os valores e entraves de um processo autogerido. Para a autora, o autogerenciamento, quando regido pela colaboração entre vários atores, certamente terá mais sucesso.

Leite (2018)LEITE, D. A autoavaliação na pós-graduação. Alternativa, sistemática e componente do processo avaliativo CAPES. In: SEMINÁRIO DA SÉRIE REPENSANDO A AVALIAÇÃO - AVALIAÇÃO COMPARADA DA PÓS-GRADUAÇÃO, 3., 2018, Brasília. Anais [...]. Brasília: CAPES, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-deconteudo/20181003_AvaliacaoComparadaPG_DeniseLeite_UFRGS.pdf. Acesso em: 02 dez. 2022.
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ainda retrata que uma autoavaliação realizada de forma eficiente e competente resulta em conhecimentos sobre uma dada realidade, vista pelo olhar dos atores em relação aos resultados a serem construídos, considerando a responsabilidade social, profissional e pública de um programa ou instituição. O processo, realizado de forma colaborativa e participativa, contribui para que os princípios éticos, de honestidade e transparência sejam observados e respeitados, dando relevo à autoavaliação.

Um processo de autoavaliação de um programa de pós-graduação trata da prática da democracia por meio da avaliação, assegurando “a qualidade do que nos diferencia e a diferença desta qualidade - a inserção social, a internacionalização, a produção científica, o respeito ao estudante em sua diversidade e à sua formação, face a um futuro incerto” (Leite et al., 2020LEITE, D.; VERHINE, R.; DANTAS, L. M. V.; BERTOLIN, J. C. G. A autoavaliação na PósGraduação (PG) como componente do processo avaliativo CAPES. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, v. 25, n. 2, p. 339-353, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/whfJzmNx7Vgpcr7c6Zj5kXz/?lang=pt. Acesso em: 10 nov. 2022.
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, p. 335). Esses autores acrescentam que a reflexão sobre os resultados obtidos é central ao processo e leva em conta a correção de trajetórias e de futuros projetados, reforçando que a autoavaliação exige tempo, recursos e dedicação.

2 Contextualizando o cenário da proposta autoavaliativa

O PPGECS-MP é vinculado ao Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde (CEDESS), órgão complementar de natureza científica da UNIFESP, administrativamente localizado no campus São Paulo e academicamente vinculado à Escola Paulista de Enfermagem (EPE).

O CEDESS tem como objetivo refletir e contribuir com a formação e o desenvolvimento docente no contexto da educação superior, com ênfase ao binômio saúde e educação, além de discutir diferentes estratégias metodológicas e práticas avaliativas para o processo de ensino-aprendizagem, implementando e desenvolvendo estratégias pedagógicas inovadoras e recursos instrucionais de maneira contínua e sistemática.

O PPGECS-MP assume como objetivos pesquisar e produzir conhecimentos sobre o ensino em ciências da saúde, bem como propiciar uma qualificação técnica, criativa e potencialmente transformadora de professores e profissionais de nível superior para o ensino na área da Saúde.

Nas últimas avaliações da CAPES, o PPGECS-MP tem expressado a consolidação de sua natureza interunidade administrativa (CEDESS e Instituto Saúde e Sociedade (ISS) e intercampus, uma vez que o CEDESS é vinculado ao campus São Paulo e o ISS é vinculado ao campus Baixada Santista, ampliando seus espaços de publicização e divulgação de suas pesquisas e produtos educacionais, com especial destaque ao Repositório Institucional da UNIFESP e à página oficial do programa. Outro ponto a ser destacado é a contínua articulação do PPGECS-MP com as políticas indutoras da reorientação da formação em saúde, avançando na produção científica e elaboração de produtos de intervenção sobre a educação interprofissional e o cuidado integral em saúde.

Esses pontos de avanço e fortalezas guardam relação político-acadêmica com o PDI UNIFESP (2021) e PPI UNIFESP (2021), que se comprometem a induzir processos permanentes de autoavaliação para a melhoria contínua dos cursos e à criação de quadro referencial para a formulação de propostas e políticas para autoavaliação sistemática, com forte ênfase na construção de uma universidade socialmente referenciada e uma orgânica relação entre ensino, pesquisa e extensão/assistência.

Tendo como direcionador o Relatório da Avaliação Quadrienal (CAPES, 2017CAPES. Relatório da Avaliação: ensino: avaliação quadrienal 2017. Avaliação de Programas Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Programa Ensino em Ciências da Saúde - Modalidade Profissional. Brasília: CAPES, 2017. Disponível em: file:///C:/Users/crism/Downloads/ficha_recomendacao _33009015066P5%20(1).pdf. Acesso em: 04 fev. 2022.), destacam-se alguns aspectos e dimensões do PPGECS-MP que demandam melhorias e aprimoramento: indicadores ainda tímidos quanto à coprodução entre orientados/as e orientadores/as em artigos, livros, capítulos de livros, produtos educacionais (PE); os PE elaborados em consonância às dissertações do programa têm apresentado, ainda, um impacto regular a médio no tocante às demandas e necessidades da comunidade, requerendo novos redimensionamentos; a produção intelectual docente é de alta qualidade, porém tem apresentado uma relativa concentração em alguns professores; e a produção bibliográfica e a técnica/educacional são consideradas como regular.

Com o intuito de explorar as observações contidas na avaliação da CAPES e planejar ações para sanar ou minimizar os aspectos apontados como fragilidades do programa, foi composta, em janeiro de 2021, no âmbito da Comissão de Ensino da Pós-Graduação (CEPG), a CAA do PPGECS-MP, com representantes docentes das três linhas de pesquisa do programa (linha 1 - Avaliação, Currículo, Docência e Formação em Saúde; linha 2 - Educação Permanente em Saúde; e linha 3 - Educação em Saúde na Comunidade), além de discentes de ambos os campi e representante dos técnicos administrativos em educação (TAE). A coordenação da CAA foi assumida por uma docente permanente integrante da CAA. A referida comissão iniciou as atividades com a análise do relatório de avaliação CAPES do quadriênio 2013-2016 e desenvolveu a proposta de um Plano de Autoavaliação, que foi apreciado e aprovado pela comunidade do PPGECS-MP e demais instâncias envolvidas.

3 Processo de criação do Plano de Autoavaliação

O Plano de Autoavaliação do PPGECS-MP do CEDESS/UNIFESP foi desenvolvido coletivamente por um grupo de trabalho (GT) de autoavaliação constituído no âmbito da CAA, com participação de membros da CEPG e de reunião ampliada com representação docente e discente.

Para o alcance dos objetivos, a CAA fundamenta suas ações na proposta PDSA, acrônimo das palavras em inglês plan-do-study-action, apreendidas como planejamento/plano, realizar/fazer/desenvolver, estudar/analisar e ação/agir; esse último ancorando as decisões coletivas sobre a manutenção do planejamento ou seu redirecionamento e/ou redimensionamento (Leis; Shojania, 2017LEIS, J. A.; SHOJANIA, K. G. A primer on PDSA: executing plan-do-study-act cycles in practice, not just in name. BMJ Quality & Safety, London, v. 26, p. 572-577, 2017. DOI 10.1136/bmjqs-2016-006245. Disponível em: https://www.semanticscholar.org/paper/A-primer-on-PDSA%3A-executing-plan%E2%80%93do%E2%80%93study%E2 %80%93act-in-in-Leis-Shojania/06a859895662feb76d1bfa4cd7091d5d3fac4878 . Acesso em: 04 jan. 2023.
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).

O plano elaborado estabeleceu metas de autoavaliação a partir de princípios, diretrizes e marcos metodológicos no que se refere à implementação de autoavaliação como prática processual e sistemática no decorrer do próximo quadriênio 2021-2024.

O GT de autoavaliação, em seu processo de trabalho, analisou as práticas avaliativas de outros programas de pós-graduação, assim como se debruçou sobre documentos emitidos pela CAPES (2019)CAPES. Autoavaliação de Programas de Pós-Graduação. Relatório do Grupo de Trabalho. Brasília: CAPES, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/capes/ptbr/centrais-de-conteudo/10062019-autoavaliacao-de-programas-de-pos-graduacaopdf. Acesso em: 04 nov. 2019.
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, artigos sobre a temática e materiais disponibilizados em conferências científicas. Além desses materiais, o GT também utilizou como material de apoio documentos oficiais, como o PDI UNIFESP (2016-2020), o PDI UNIFESP (2021-2025), o PPI UNIFESP (2021), as diretrizes da Comissão Própria de Avaliação (CPA), as diretrizes da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIFESP, as fichas de autoavaliação da área de ensino da CAPES, propostas para a avaliação dos programas no âmbito do Relatório Sucupira, assim como a experiência da formulação do Plano de Autoavaliação dos programas de pós-graduação da EPE e do ISS da UNIFESP.

Como metodologia de trabalho da CAA do PPGECS-MP, foram realizadas reuniões quinzenais no período de janeiro de 2021 a abril de 2022, nas quais foram discutidos os aspectos teórico-metodológicos da autoavaliação. Foi organizada uma matriz (Figura 1) contendo metas, ações a serem implementadas e resultados esperados, culminando no impacto social esperado do programa.

Figura 1
Matriz de metas, ações e resultados esperados para o PPGECS-MP, UNIFESP, 2021

As demandas e o andamento da CAA foram compartilhados com a CEPG do PPGECS-MP, que participou ativamente, contribuindo com conteúdos referentes às necessidades e desafios do programa.

Como uma primeira ação, a CAA, após a análise do Relatório da Avaliação Quadrienal da CAPES (2013-2016), destacou as possibilidades de melhorias relacionadas à produção entre orientadores e orientandos, relevância dos PE junto à comunidade e produção intelectual concentrada em alguns docentes.

Após uma imersão na temática da autoavaliação, uma primeira versão do Plano de Autoavaliação foi encaminhada para apreciação da CEPG do PPGECS-MP, com consequente aprovação. A seguir, apresenta-se uma síntese das ações realizadas até o momento.

4 Diagnóstico e planejamento

Buscando um desempenho apropriado da CAA, uma matriz de ações e um cronograma de execução foram elaborados.

Dois GT foram estabelecidos: o GT1 trabalhou com o levantamento de dados e elaboração de instrumentos para coleta de dados com diferentes atores envolvidos no programa; e o GT2 assumiu a incumbência de elaborar um projeto de pesquisa para ser apreciado por Comitê de Ética em Pesquisa, já que, segundo a prospecção da CAA, dados de opinião e sugestões serão coletados junto à comunidade do PPGECS-MP.

O projeto de pesquisa “Autoavaliação do Mestrado Profissional Ensino em Ciências da Saúde da UNIFESP: do protagonismo da comunidade acadêmica científica aos resultados à sociedade” obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP, Projeto CEP/UNIFESP nº 1167/2021, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 52312321.0.0000.5505, sob Parecer nº 5.171.614 de 16/12/2021.

O projeto versou sobre as etapas de implementação do processo da autoavaliação, com vistas ao monitoramento da qualidade do programa, compreendendo seu processo formativo, produção de conhecimentos, atuação e impacto social e educacional. Esses aspectos foram preconizados por Barata (2019)BARATA, R. B. Mudanças necessárias na avaliação da pós-graduação brasileira. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 23, p. 1-6, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/gBkWRwqC5svbVNL3R8QN4sx/?lang=pt . Acesso em: 20 jan. 2023.
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, que abordou sobre a necessária mudança para a avaliação da pós-graduação brasileira.

Para o conhecimento sobre a produção referente ao programa, levantaram-se, junto à Plataforma Sucupira e também na página oficial do PPGECS-MP, as dissertações e as produções técnicas-educacionais publicizadas de 2017 a 2020, período seguinte à última avaliação quadrienal, com o objetivo de identificar os formatos de divulgação e congruência entre as produções, considerando que os dados contidos na Plataforma Sucupira são utilizados para a realização da avaliação do programa.

Outra ação foi o levantamento da opinião de docentes, discentes e egressos, pois, para garantir o sucesso das ações propostas pela CAA, considerou-se essencial iniciar com a escuta dos atores envolvidos no processo, compartilhando os achados e envolvendo os atores na criação de propostas de intervenção, ancoradas nas suas perspectivas, demandas e pontos de vista.

A CAA elaborou formulários eletrônicos, instrumentos específicos para cada uma das categorias: docentes/TAE, discentes e egressos.

Os instrumentos seguiram as propostas do Plano de Autoavaliação e abordaram a estrutura do programa, a proposta pedagógica, a atuação docente, os conhecimentos sobre o PE e as percepções sobre o impacto social do programa.

Conhecer as opiniões de estudantes e docentes e contrapor as opiniões dos egressos propicia ao programa desvelar fragilidades e potencialidades do processo de formação, avançando para além da avaliação restrita à produção científica ou tecnológica, como bem destacado por Barata (2019)BARATA, R. B. Mudanças necessárias na avaliação da pós-graduação brasileira. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 23, p. 1-6, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/gBkWRwqC5svbVNL3R8QN4sx/?lang=pt . Acesso em: 20 jan. 2023.
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. Afinal, para que ocorram mudanças nos resultados, são necessárias as alterações no processo.

De acordo com Engstrom, Hortale e Moreira (2020)ENGSTROM, E.; HORTALE, V. A.; MOREIRA, C. O. F. Trajetória profissional de egressos de curso de mestrado profissional em atenção primária à saúde no município de Rio de Janeiro, Brasil: estudo avaliativo. Ciênc. saúde coletiva, Manguinhos, v. 25, n. 4, p. 1269-1280, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/i/2020.v25n4/. Acesso em: 04 mar. 2022.
https://www.scielo.br/j/csc/i/2020.v25n4...
, outro aspecto importante, que pode ser desvelado a partir da opinião dos egressos, é a adequação do processo formativo vivenciado, alinhando às reais demandas dos cenários da prática profissional, bem como aos impactos da formação para a vida pessoal e profissional dos egressos.

Os atores foram convidados a acessar o instrumento de coleta de dados por meio de link fornecido, a colaborar com o preenchimento e, também, a divulgar entre seus pares a importância da participação na perspectiva da efetivação do processo de autoavaliação do PPGECS-MP. Os formulários foram disponibilizados no período de outubro de 2021 a fevereiro de 2022 via redes sociais do CEDESS e no site do programa.

O instrumento preparado para avaliação junto aos docentes coletou dados sobre: caracterização da amostra; número de orientações por docente; coordenação e/ou colaboração na oferta de disciplinas; participação nos processos seletivos internos; representações e participação em comissões relativas ao PPGECS-MP; atividades de desenvolvimento docente; e publicações originadas do PE e/ou dissertação.

Para avaliação junto aos discentes, o instrumento coletou informações sobre: a caracterização da amostra; temas de pesquisa e produto desenvolvidos; a estrutura do programa; a proposta pedagógica do programa; as disciplinas que contribuíram para a elaboração do PE; a atuação docente; a classificação do PE em consonância com a tipologia da CAPES; os momentos da discussão, definição e elaboração do PE no decorrer da formação no mestrado; a implementação do PE; e o impacto social do programa.

Para avaliação junto aos egressos, o instrumento buscou informações sobre: a caracterização da amostra; as contribuições das disciplinas obrigatórias do programa e das linhas de pesquisa; os conteúdos e carga horária das disciplinas; a classificação do seu PE em consonância com o proposto pela CAPES; a influência do programa na vida pessoal e profissional; o local de trabalho atual; e a progressão na carreira em função da titulação de mestre.

Outro formulário foi elaborado e encaminhado aos docentes permanentes e colaboradores do programa contendo as ações constituintes do Plano de Autoavaliação para que eles indicassem suas prioridades em relação a temas emergenciais. A resposta a essa demanda subsidiou o planejamento e implementação das ações iniciais da CAA.

Os temas de preferência, elencados por ordem de prioridade, foram os seguintes: qualificação do PE; qualificação da produção científica; revisão da matriz curricular do programa; avaliação da infraestrutura do programa; verificação do impacto social do programa; aspectos referentes à participação docente, considerando a equidade nos processos de orientação; formação docente; e maior integração entre as unidades do programa sediadas no campus São Paulo e no campus Baixada Santista.

5 Ações implementadas a partir das prioridades identificadas entre os atores

Ressalta-se, como já comentado anteriormente, que a implementação das ações contou com o planejamento conjunto, elaborado entre CAA, coordenação do PPGECSMP, CEPG e atores vinculados ao programa.

Para responder à demanda relacionada à qualificação do PE, item com maior indicação de preferência e prioridade pelos docentes, foi planejado um ciclo de oficinas temáticas. As oficinas foram inseridas no sistema de cadastro de ações de extensão da UNIFESP, que viabilizou as inscrições no evento e a certificação dos participantes, destacando que a participação nas oficinas ficou restrita aos atores do PPGECS-MP.

Para cada uma das oficinas, materiais de apoio foram encaminhados previamente para o endereço eletrônico dos inscritos, tendo a finalidade de aproximar os participantes à temática e otimizar as reflexões e discussões na palestra com os professores convidados e nas salas de trabalho. Cada oficina teve a duração de quatro horas, percorrendo a metodologia de palestra de abertura, trabalho em pequenos grupos, plenária para compartilhar as discussões e elaboração da relatoria final. As oficinas foram realizadas de modo virtual.

A primeira oficina teve como indicação a leitura prévia do artigo de Rizzatti et al. (2020)RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pósgraduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. ACTIO, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, maio/ago. 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657. Acesso em: 10 nov. 2022.
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. A Profa. Dra. Gisele Roças, do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), foi a palestrante convidada, que versou sobre os “Fundamentos para a elaboração dos produtos técnico-educacionais”, fornecendo elementos teórico-conceituais para subsidiar as discussões nas salas temáticas e na plenária.

Foram criadas três salas temáticas, compreendendo os temas “Concepção do Produto Técnico/Educacional”, “Criação e Desenvolvimento do Produto Técnico/Educacional” e “Implementação e Divulgação do Produto Técnico/Educacional”. Cada sala foi gerenciada por uma equipe de coordenador, facilitador e relator previamente selecionados e treinados para as funções. Como participantes, estiveram presentes docentes, discentes e TAE, que expuseram suas opiniões a partir de perguntas disparadoras sobre os desafios e as oportunidades de melhorias do PE no programa.

Essa primeira oficina serviu de disparadora para o debate sobre o PE, de modo a oferecer diretrizes e parâmetros para avançar na compreensão e aprimoramento dos produtos desenvolvidos no programa.

A segunda oficina, “Análise da elaboração de produtos educacionais”, teve como palestrante convidada a Profa. Dra. Elizabeth Teixeira, da Universidade Estadual do Pará (UEPA), e líder da Rede de Estudos de Tecnologias Educacionais (RETE), que versou sobre o “Ciclo de Desenvolvimento de Produtos e Estudos Metodológicos”, apresentando os elementos essenciais para o planejamento e elaboração do PE.

No planejamento da segunda oficina, a CAA realizou uma busca no Portal EduCAPES para identificar um PE que contemplasse os elementos essenciais relacionados à criação, desenvolvimento e aplicação do produto. Tendo selecionado uma produção educacional que atendesse aos critérios previamente estabelecidos, a CAA encaminhou o PE para o e-mail dos inscritos com instruções para a apreciação prévia do material.

Um roteiro para análise do PE foi elaborado pela CAA, tendo como base a ficha de avaliação da CAPES para o quadriênio 2017-2020 e o artigo de Rizzatti et al. (2020)RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pósgraduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. ACTIO, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, maio/ago. 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657. Acesso em: 10 nov. 2022.
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No dia da oficina, os participantes foram distribuídos em três grupos, garantindo a heterogeneidade entre docentes, discentes e TAE. O roteiro com itens de análise do PE foi compartilhado, por meio da apresentação em tela do computador, com os integrantes de cada sala virtual. Cada pequeno grupo contou com docentes no papel de coordenação e facilitação e uma relatora.

O PE, disponibilizado com antecedência, foi analisado a partir do entendimento de cada item do roteiro preparado para essa finalidade, o qual possuía espaço para assinalar a pertinência dos aspectos apreciados e uma coluna adicional para inserir comentários e sugestões de melhorias para a clareza e objetividade dos itens.

Após o tempo destinado para essa atividade de análise, os participantes se reuniram em plenária para compartilhar as percepções sobre as análises a partir da relatoria de cada grupo. Após a apresentação dos relatores, a plenária final discutiu sobre os pontos principais que poderiam compor o roteiro de análise dos PE, o qual será adotado como uma ferramenta para padronizar a elaboração e a avaliação dos produtos pelas bancas examinadoras nos momentos da qualificação e/ou defesa no PPGECSMP.

A segunda oficina forneceu elementos para avançar no processo de construção e finalização dos PE, oferecendo diretrizes e parâmetros para qualificação, aprimoramento dos produtos e possibilidades de classificação, em conformidade à tipologia existente.

De acordo Rizzatti et al. (2020)RIZZATTI, I. M. et al. Os produtos e processos educacionais dos programas de pósgraduação profissionais: proposições de um grupo de colaboradores. ACTIO, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 1-17, maio/ago. 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/actio/article/view/12657. Acesso em: 10 nov. 2022.
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, o produto é o centro, o cerne dos programas na modalidade profissional, devendo haver uma mudança na lógica até então adotada, na qual a dissertação era considerada o centro e o produto colocava-se em uma perspectiva de projeção futura. Agora deve-se dar maior ênfase ao PE, sendo esse o elemento-chave a ser desenvolvido, aplicado, avaliado e aprimorado no transcorrer do período de formação no mestrado profissional.

Diante desse entendimento, torna-se essencial ter uma maior clareza sobre as tipologias do PE e um planejamento minucioso para que o produto possa ser criado, desenvolvido e aplicado com o público-alvo. Esses aspectos requerem uma mudança de cultura e uma ampla discussão sobre o entendimento e definição dos parâmetros que permeiam o PE, elemento central e obrigatório nos programas de pós-graduação na modalidade profissional.

É preciso mudar a concepção sobre o trabalho realizado pelos pós-graduandos, em uma perspectiva de o produto constituir-se na devolutiva para o cenário de prática profissional e na contribuição dos programas para a sociedade, o que refletirá no impacto social. O mestrando ou doutorando deve assumir um papel de agente transformador e indutor de mudanças nos cenários de atuação.

Nesse contexto, o processo de validação do PE tem início paralelamente ao desenvolvimento da pesquisa de mestrado ou doutorado profissional, tendo a sua validação certificada por meio do parecer da banca examinadora no momento da defesa como etapa de finalização do ciclo de formação.

Para viabilizar que essas mudanças ocorram, torna-se necessário estruturar a Prática Profissional Supervisionada, entendida como o acompanhamento realizado pelo orientador, junto ao orientando, para, em parceria, conhecerem a realidade do contexto de trabalho, de modo a levantar questões a serem estudadas, e, assim, contribuir efetivamente para melhorarias do ensino em/na saúde, considerando as singularidades regionais, culturais, econômicas e sociais do campo/ambiente de trabalho do pós-graduando. Nos programas na modalidade profissional, esse acompanhamento deve ocorrer desde a identificação da situação problema até a conclusão do processo formativo.

6 Considerações finais … o que fomos, o que somos e o que seremos …

O PPGECS-MP tem contribuído com a formação de profissionais comprometidos e qualificados para o ensino na saúde, apresentando esforços no sentido de acompanhar mudanças das necessidades e abordagens no que concerne ao fortalecimento da área de ensino. Tais contribuições podem ser alavancadas por meio dos processos avaliativos, especificamente pelos processos de autoavaliação, que promovem interações entre diferentes saberes e fazeres, e possibilidades de compartilhamentos de experiências, ações, projetos e construção de novos conhecimentos.

Com a criação da CAA e do Plano de Autoavaliação, foram possíveis aproximações referentes ao olhar de egressos, discentes, professores, orientadores e TAE sobre o PPGECS-MP e as prioridades elencadas a partir desses olhares, o que fundamentou a implementação das primeiras ações da CAA.

Entre as prioridades elencadas pelos docentes, a revisão do Projeto Pedagógico ficou entre as mais emergentes. A prioridade foi discutida como possibilidade de mudança, porém, nesse momento, ainda sem iniciativas intencionais para a operacionalização deste processo. Destaca-se que as oficinas, realizadas com a finalidade de qualificar o PE, fomentaram potentes discussões sobre as disciplinas e também sobre a necessidade de revisitar a estrutura curricular do programa.

Os docentes permanentes, influenciados pelas reflexões originadas das ações propostas pela CAA, iniciaram discussões com seus pares sobre os conteúdos e formatos das disciplinas ofertadas, respaldando-se nos resultados das opiniões dos atores nos formulários e no impacto dessas nos processos de elaboração do produto. Esse movimento, ainda discreto, tem propiciado algumas atualizações na estrutura curricular, o que está caminhando na direção de atender à exigência, conforme apontado no relatório de avaliação CAPES (2013-2016), garantindo a atualização das referências bibliográficas nos planos das disciplinas.

A revisão do Projeto Pedagógico possibilitará propostas de ações para maior integração intercampus, bem como novas modalidades de ensino atendendo demandas, principalmente dos discentes, que são profissionais atuantes nos cenários de prática e que buscam caminhos, fundamentados em evidências científicas, para atender aos desafios complexos e crescentes que se impõem nos ambientes de trabalho na saúde. A revisão também propiciará a qualificação dos conteúdos disciplinares que se mostrarem necessários.

Todo o processo de mudança implica movimento, escuta e consideração das possibilidades. Instaurar esse processo a partir dos resultados de uma autoavaliação contribui para que os atores possam perceber-se em um processo seguro, pois caminham amparados por estruturas construídas de forma compartilhada e participativa. Envolver a comunidade de um programa de pós-graduação não é uma tarefa fácil, mas é necessária, mostrando-se como um importante desafio.

Ressalta-se a complexidade da autoavaliação, que requer um olhar interno para avaliar as próprias estruturas curriculares, as atividades acadêmicas, o alinhamento dos docentes aos objetivos e missão do programa e os processos de formação do pósgraduando, em especial pela necessidade de alinhamento entre teoria e prática para promover uma sintonia com o trabalho, na perspectiva de induzir mudanças nos cenários de prática. Dessa forma, a autoavaliação demanda envolvimento de diferentes atores e tomadas de decisão coletivas e colaborativas.

Participar do desenvolvimento e realização de ações de autoavaliação de um programa de pós-graduação traz oportunidades não somente de apropriação sobre o mesmo, mas de admiração, pois implica compreender sua vocação, contribuição e impacto social.

Assim, espera-se que todos os atores do PPGECS-MP possam dar a si próprios a oportunidade de comprometer-se com a construção dos processos autoavaliativos.

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Editor de Seção: Rafael Ângelo Bunhi Pinto
Editora de Layout: Silmara Pereira da Silva Martins

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    15 Mar 2023
  • Aceito
    13 Dez 2023
  • Revisado
    26 Fev 2024
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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