O artigo tem o propósito de caracterizar e contribuir para o debate sobre a democratização do Ensino Superior português, quer no que se refere ao acesso como ao desempenho dos estudantes matriculados numa universidade pública. Analisam-se características sociodemográficas e percurso escolar dos 2697 alunos inscritos pela 1ªvez no 1ºano no ano letivo 2015/16 e a sua associação à escolha do curso, às expectativas sobre o ensino superior, condições de ingresso, bem como a associação com o desempenho ao longo do 1º ano. Os principais resultados indicam que o sexo, a origem socio-cultural das famílias e o percurso escolar estão associados à escolha do curso, à nota de candidatura e à opção de entrada. A análise de variância multivariada da classificação no final do 1º ano sugere que, ao nível de significância de 5%, o termo fixo de área científico-disciplinar e os termos de interacção entre opção do curso e área científica-disciplinar são estatisticamente diferentes de zero. Não foi encontrada associação estatisticamente significativa de origem socio-cultural com persistência no ensino superior. A origem dos estudantes parece não influenciar a decisão de abandonar, suspender ou transferir-se de curso, pelo menos durante o 1º ano. Os resultados associados ao percurso escolar sugerem a resiliência e/ou a acção institucional na promoção da equidade no ensino superior.
Palavras-chave:
Acesso ao ensino superior; Persistência; Sucesso académico; Género; Origem socio-cultural.