Entrevista: Francisco Lopez Segrera* * Francisco López Segrera é doutor em Estudos latino-americanos (Paris VIII, Sorbonne); atualmente trabalha como assessor acadêmico da Global University network for Innovation (GUNI-UNESCO); francisco.lopez-segrera@upc.edu
Interview: Francisco Lopez Segrera
1. Avaliação: Em sua opinião, quais seriam, para a educação superior da América Latina, os principais desafios e problemas relacionados com o desenvolvimento humano sustentável?
Francisco López Segrera: Em que pese a expansão quantitativa, o acesso desigual à educação superior persiste por diversas razões: geográficas, econômico-sociais, de gênero, éticas, religiosas. O aumento da privatização e o incremento de pseudo-universidades com fins de lucro se contrapõem aos ideais das instituições de educação superior públicas e das instituições privadas sem fins de lucro. Um grande desafio para as IES consiste em superar suas deficiências em servir a sociedade, sua falta de pertinência e suas dificuldades em promover conhecimentos e atividades que tenham relevância para a comunidade. As IES, públicas e privadas, precisam assumir um compromisso público com a sociedade em que estão inseridas.
2. Avaliação: Quais deveriam ser as principais características dos processos de avaliação e acreditação na América Latina? Quais os papéis dos Estados e das comunidades acadêmicas?
Francisco López Segrera: Os processos de avaliação e acreditação devem facilitar o trânsito da cultura de avaliação a uma cultura responsável, autônoma, pertinente e eficiente nas IES. Os Estados têm o dever de zelar pela qualidade da educação como serviço público a que todos têm direito. As IES devem prestar contas à sociedade e ao Estado, o que implica uma prestação social de contas que vai além do meramente contábil. Os processos de avaliação e acreditação na América Latina devem valorizar o esforço das IES no que se refere à formação de cidadãos conscientes e responsáveis, ao fortalecimento da democracia, ao desenvolvimento humano sustentável, à cultura de paz e eqüidade, entre outros valores essenciais.
3. Avaliação: Para alcançar a garantia de qualidade na América Latina seria adequado criar agências multilaterais independentes dos Ministérios de Educação nacionais e orientadas por critérios gerais estabelecidos nos círculos acadêmicos e científicos centrais?
Franciso López Segrera: Como propõe a UNESCO, a educação superior na região, para ser proativa e dinâmica, requer uma política de Estado, uma estratégia de longo prazo, que transcenda o âmbito temporal dos governos. A internacionalização da educação superior demanda critérios e ações avaliativas que sejam consensuados entre os diversos países latino-americanos e que correspondam às realidades, necessidades e projetos desta região. Desta forma, são importantes as redes de cooperação solidária e os intercâmbios entre IES e agências nacionais, sem hegemonias. O IESALC-UNESCO pode ser uma agência importante para o fortalecimento de intercâmbios acadêmico-científicos e redes de cooperação regional que promovam os processos de acreditação e avaliação, em comum acordo com os Estados nacionais.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
14 Nov 2008 -
Data do Fascículo
Nov 2008