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A formação de mestres na pós-graduação específica em terapia ocupacional: panorama da produção de pesquisa

La formación de maestros en el posgrado específico en terapia ocupacional: un panorama de la producción investigativa

Resumo

O mapeamento da produção de pesquisa de um programa de pós-graduação é fundamental para identificar resultados exitosos e implementar mudanças que aprimorem sua qualidade. Este artigo analisa características das dissertações defendidas no programa inaugural de pós-graduação strictosensu específico em Terapia Ocupacional. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo exploratório, com abordagem quantitativa, por meio da consulta a 107 dissertações no período de 2012 a 2019. Constatou-se que 67,3% das pesquisas obtiveram financiamento; os temas mais estudados foram avaliação, contexto e fundamentos (67,2%); predominou o método qualitativo (57,9%), e 65,4% resultaram em artigos. A aplicação do conhecimento produzido na pós-graduação em cenários da formação acadêmica e da prática profissional é um desafio.

Palavras-chave:
pós-graduação; pesquisa; terapia ocupacional

Resumen

Mapear la producción investigativa de un programa de posgrado es fundamental para identificar resultados exitosos e implementar cambios que mejoren su calidad. Este artículo analiza las características de las disertaciones defendidas en el primer programa de posgrado específico stricto sensu en Terapia Ocupacional. Tratase de un estudio exploratorio descriptivo con enfoque cuantitativo a través de la consulta de 107 disertaciones de maestría del 2012 al 2019. Se encontró que el 67,3% de las investigaciones obtuvo financiamiento; los temas más estudiados fuerón evaluación, contexto y fundamentos (67,2%); predominó el método cualitativo (57,9%) y el 65,4% resultó en artículos. La aplicación del conocimiento producido en los estudios de posgrado en escenarios de formación académica y práctica profesional es un desafío.

Palavras clave
posgrado; investigación; terapia ocupacional

Abstract

Mapping the research production of a postgraduate program is essential to identify successful results and implement changes that improve its quality. This article analyzes characteristics of the dissertations defended in the inaugural specific stricto-sensu graduate program in Occupational Therapy. This is a descriptive exploratory study with a quantitative approach through the consultation of 107 dissertations from 2012 to 2019. It was found that 67.3% of the research obtained funding; the most studied topics were assessment, context and foundations (67.2%); the qualitative method predominated (57.9%) and 65.4% resulted in articles. The application of the knowledge produced in postgraduate studies in scenarios of academic training and professional practice is a challenge.

Keywords:
postgraduate; research; occupational therapy

1 Introdução

Marco seminal da pós-graduação brasileira, o Parecer do Conselho Federal de Educação nº 977, relatado por Newton Sucupira em 1965, discriminou os principais motivos que justificavam a urgência de sua criação. Tais propósitos estavam ligados à qualificação do corpo docente para o ensino superior, a fim de elevar a qualidade desta oferta, ao estímulo do desenvolvimento da pesquisa e à formação de técnicos e intelectuais de alto nível que pudessem contribuir para o desenvolvimento nacional em diferentes áreas. Desde então, e já são quase seis décadas, é o nível de educação superior que mais tem avançado no país, e pode-se afirmar que as atividades dos cursos têm contribuído para a nossa expansão científica, econômica e social, constituindo-se em um caso de sucesso (Alexandre Netto, 2018ALEXANDRE NETTO, C. Princípios para um novo modelo de avaliação da pós-graduação. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 70, n. 3, p. 47-51, jul./set. 2018. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v70n3/v70n3a12.pdf. Acesso em: 31 mar. 2024.
http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v7...
; Medeiros; Leta, 2020MEDEIROS, L. C.; LETA, J. Formação de mestres e doutores no Brasil: uma análise do currículo das pós-graduações em Ciências Biológicas. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 25, n. 02, p. 375-394, jul. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/YszVkhssxsJX6QwjpFy8rcQ/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

Pode-se situar a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), criada em 1951 a partir de uma campanha nacional com a meta de aperfeiçoar o pessoal de nível superior, como a pedra angular desta história. O Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) foi implantado pela Capes em 1976 e, desde então, vem cumprindo papel fundamental para o desenvolvimento da pós-graduação e da pesquisa científica e tecnológica no país. Destaca-se sua função de avaliar a qualidade dos programas existentes ou em processo de criação. Considerado um processo bem sistematizado e complexo, que vem sendo submetido a modificações incrementais e operacionais, recebe críticas quanto à necessidade de revisão dos pressupostos e dos instrumentos de avaliação, tendo em vista alguns efeitos indesejados. Dentre eles, um apontamento recorrente incide no maior peso conferido à quantidade de publicações científicas, sem contestar sua importância, mas reconhecendo que outros aspectos, como por exemplo a formação acadêmica e para a docência, ficam relegados (Barata, 2019BARATA, R. B. Mudanças necessárias na avaliação da pós-graduação brasileira. Interface: comunicação, saúde, educação, Botucatu, v. 23, p. 1-6, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/gBkWRwqC5svbVNL3R8QN4sx/?lang=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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; Marques et al., 2020MARQUES, C.. A.; VEIGA, A. de C.; BORGES, L., M. C. A avaliação da pós-graduação no Brasil: resultados e determinantes da avaliação da Capes (2013-2016). Meta: Avaliação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 37, p. 979-1003, out./dez. 2020. Disponível em: https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/view/2825/pdf. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). Ainda que sujeito a divergentes opiniões, deve-se reconhecer a importância do desenho e expansão desse modelo de avaliação para o fortalecimento de um sistema nacional de avaliação que se “converteu em bússola”, modelando padrões institucionais e comportamentais no ensino superior brasileiro (Serafim; Gonçalves Junior; Dias, 2022SERAFIM, M. P.; GONÇALVES JUNIOR, O.; DIAS, R. A debandada da CAPES: um novo capítulo na história da Pós-Graduação Brasileira. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 27, n. 01, p.1-4, mar. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/jYj9FHvmKGFWpDXJQ79QhsG/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

As agências de avaliação e fomento, Capes juntamente com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), compreendem dois pilares que fundamentam a solidez do sistema de pós-graduação, associados também aos Planos Nacionais de Educação (PNE) (Carvalho; Oliveira, 2022CARVALHO, R. R. da S.; OLIVEIRA, J. F. Expansão e qualidade da educação superior: um balanço das metas 12, 13 e 14 do Plano Nacional de Educação - (PNE) 2014-2024. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 27, n. 02, p. 227-247, jul. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/rxNDLXGXR8H53YDzgrwZvGk/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). De acordo com o PNE 2014-2024 (Brasil, 2014BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE). Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília : Câmara dos Deputados, 2014. Disponível em: https://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-deeducacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 09 abr. 2024.
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), as metas 13 e 14, específicas da pós-graduação stricto sensu, visam, respectivamente, “Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores”; e “Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil mestres) e 25.000 (vinte e cinco mil doutores)”.

Especificamente em relação à meta 14, uma análise recente constatou que esta está muito próxima de ser cumprida, pois, considerando-se o período de 2012 a 2018, observou-se um aumento significativo no quantitativo de mestres e doutores, atingindo, em 2018, 64.432 títulos de mestre, com importante crescimento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; e 22.984 títulos de doutorado, principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. No entanto, a despeito de grande parte dessa formação de mestres e doutores ocorrer em programas de pós-graduação de universidades públicas, esse perfil está sujeito a mudanças devido a políticas de corte ou congelamento de recursos orçamentários para essas instituições nos últimos anos, que afetam diretamente as atividades da pós-graduação e da pesquisa (Carvalho; Oliveira, 2022CARVALHO, R. R. da S.; OLIVEIRA, J. F. Expansão e qualidade da educação superior: um balanço das metas 12, 13 e 14 do Plano Nacional de Educação - (PNE) 2014-2024. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 27, n. 02, p. 227-247, jul. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/rxNDLXGXR8H53YDzgrwZvGk/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). Considerando-se o grande contingente de programas de pósgraduação em âmbito nacional, torna-se importante o exercício de mapeá-los e investigar sua produção científica. Esse processo pode oferecer informações que contribuem para a reflexão sobre a atual situação de determinada área do conhecimento. Nesse sentido, ações de melhoria podem ser implementadas no programa a partir do momento em que os coordenadores desses Programas também poderão tomar consciência dos resultados expostos (Medeiros; Leta, 2020MEDEIROS, L. C.; LETA, J. Formação de mestres e doutores no Brasil: uma análise do currículo das pós-graduações em Ciências Biológicas. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 25, n. 02, p. 375-394, jul. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/YszVkhssxsJX6QwjpFy8rcQ/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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; Silva et al., 2019SILVA, L. C. da et al. Perfil dos programas de pós-graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento no Brasil e seu panorama da produção científica. Avaliação, Campinas; Sorocaba, v. 24, n. 1, p. 328-351, mar. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aval/a/mqj53CmYnh9PVf7StmzjJrJ/abstract/?lang=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

Desta forma, o objetivo principal deste estudo é oferecer um panorama sobre a pesquisa da pós-graduação dentro de um programa específico em terapia ocupacional, a fim de identificar aspectos sinalizadores da produção alcançada pela área ao longo de nove anos desde a implementação do mestrado acadêmico. Nesses termos, este estudo é duplamente inédito uma vez que trata do primeiro curso de pósgraduação da profissão e analisa o percurso inaugural de sua pesquisa no mestrado acadêmico.

1.1 Terapia Ocupacional: 40 anos entre a regulamentação da profissão e a criação da pós-graduação

Recentemente, em 2017, comemorou-se o centenário do surgimento da profissão de terapia ocupacional, que ocorreu nos Estados Unidos, em linhas gerais, no contexto da primeira guerra mundial com o apelo da inserção dos incapacitados ao mercado de trabalho. No Brasil, a profissão foi regulamentada em 1969, há cinquenta e três anos e tem-se buscado, nessa trajetória, constituir a especificidade de sua área de atuação e de seu campo de conhecimento.

Resgatando aspectos pontuais da história, os primeiros cursos de terapia ocupacional no Brasil foram implantados pela Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro, em 1956, e pelo Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, em 1957. Nesse primeiro momento, os cursos de terapia ocupacional eram marcados por uma formação técnica. Em 1961, com a promulgação da Lei do Currículo Mínimo, o curso se tornou de nível universitário (Soares, 1991SOARES, L. B. T. Terapia ocupacional: lógica do capital ou do trabalho. São Paulo: Hucitec; 1991.). Atualmente, são 34 cursos de graduação em Terapia Ocupacional em funcionamento na modalidade presencial, com a maior concentração na região Sudeste (41,2%), sendo 61,8% ofertados em Instituições de Ensino Superior (IES) públicas (Reneto, 2020).

Quando a prática profissional da Terapia Ocupacional era essencialmente clínica, os terapeutas ocupacionais buscavam capacitação em cursos de especialização, que respondiam às necessidades do mercado de trabalho. Ao final da década de 1970, com a abertura de novos cursos de graduação na área, vislumbrou-se um novo campo de atividade profissional voltado para o ensino superior e a carreira docente. Essa mudança tornou imprescindível a formação de professores e pesquisadores especializados em Terapia Ocupacional (Emmel; Lancman, 1998EMMEL, M. L. G.; LANCMAN, S. Quem são nossos mestres e doutores? O avanço da capacitação docente em terapia ocupacional no Brasil. Caderno de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 7, n. 1, p. 29-38, 1998. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/264/216. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

O processo de capacitação de terapeutas ocupacionais brasileiros, mediante a inserção em programas de pós-graduação, tornou-se mais expressivo quantitativamente a partir da década de 1990, com a particularidade de a pósgraduação ser cursada em áreas afins, dada à inexistência de um programa específico de terapia ocupacional. Essa qualificação foi pautada na necessidade de produzir conhecimento para cotejar às demandas da profissão, assim como para qualificar docentes para atuarem nos cursos de graduação (Lancman, 1998LANCMAN, S. A influência da capacitação dos terapeutas ocupacionais no processo de constituição da profissão no Brasil. Caderno de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 7, n. 2, p. 49-57, 1998. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/253/205. Acesso em: 31 mar. 2024.
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; Malfitano et al., 2013MALFITANO, A. P. S. et al. Programa de pós-graduação stricto sensu em terapia ocupacional: fortalecimento e expansão da produção de conhecimento na área. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Pelotas, v. 18, n. 1, p. 105-111, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/RBAFS/article/view/2401. Acesso em: 31 mar. 2024.
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; Folha et al., 2018FOLHA, O. A. A. C. et al. Quem são nossos(as) mestres(as) e doutores(as)? Formação pósgraduada e atuação profissional de terapeutas ocupacionais no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 92-103, maio-ago. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/145693/150539. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

A oferta de um programa de pós-graduação stricto sensu específico em Terapia Ocupacional saiu da condição de sonho (Lancman, 1998LANCMAN, S. A influência da capacitação dos terapeutas ocupacionais no processo de constituição da profissão no Brasil. Caderno de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 7, n. 2, p. 49-57, 1998. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/253/205. Acesso em: 31 mar. 2024.
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), ao final dos anos de 1990, e se tornou realidade com a criação do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que iniciou suas atividades em 2010, oferecendo o mestrado acadêmico, e, a partir de 2015, o doutorado acadêmico. É importante ressaltar que dois programas de Ciências da Reabilitação, criados em 2002 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em 2005, pela Universidade de São Paulo (USP), vinculados à área 21 da Capes, contavam com a participação de terapeutas ocupacionais e pesquisadores de áreas afins (Malfitano et al., 2013MALFITANO, A. P. S. et al. Programa de pós-graduação stricto sensu em terapia ocupacional: fortalecimento e expansão da produção de conhecimento na área. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Pelotas, v. 18, n. 1, p. 105-111, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/RBAFS/article/view/2401. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

Recentemente, a criação de dois novos programas ofertados por universidades públicas na região sudeste do país, ambos em 2019, têm relevância pelo potencial de virem a contribuir com o aumento do número de pesquisadores na área para o fortalecimento da produção científica (Borba et al., 2021BORBA, P. L. O. et al. IV e V edições do Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional: registro das memórias, futuros-presente. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e 2010, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/VZK5f6bDVWYB4hrKkZqsvdM/?lang=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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), e também favorecer a disseminação dos saberes da terapia ocupacional (Monzelli, 2018MONZELLI, G. A. et al. Perspectivas e tendências da Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais: um olhar sobre o Congresso Mundial 2018 - Cidade do Cabo, África do Sul. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 26, n. 3, p. 511-512, 2018. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/2334/1010 . Acesso em: 31 mar. 2024.
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). O mestrado acadêmico da UFMG, intitulado “Estudos da Ocupação”, e o mestrado profissional da USP, nomeado “Terapia Ocupacional e Processos de Inclusão Social”, são constituídos principalmente por terapeutas ocupacionais e contam com a parceria de outras especialidades.

As áreas de concentração dos três programas ofertados pelas universidades públicas, em linhas gerais, buscam formar profissionais cujo conhecimento produzido se associe às temáticas dos contextos de desenvolvimento, dos cotidianos e dos processos de inserção social (Malfitano et al., 2013MALFITANO, A. P. S. et al. Programa de pós-graduação stricto sensu em terapia ocupacional: fortalecimento e expansão da produção de conhecimento na área. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Pelotas, v. 18, n. 1, p. 105-111, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/RBAFS/article/view/2401. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). Outra ênfase é formar recursos humanos para lidar com questões ocupacionais que acometem o público atendido pela terapia ocupacional (Van-Petten; Fortini; Magalhães, 2019VAN PETTEN, A. V. N.; FORTINI, I. F.; MAGALHÃES, L. C. Um novo mestrado em terapia ocupacional: perspectivas e desafios, Caderno Brasileiro de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 2, p. 231-232, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GzvqBG7vV4hf7NR9J9ZPzgy/?lang=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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); e ainda preparar terapeutas ocupacionais para a prática ligada a políticas públicas inclusivas (Almeida; Oliver, 2019ALMEIDA, M. C.; OLIVER, F. Mestrado profissional em terapia ocupacional: apostando na força dos processos coletivos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 2, p. 233-234, jun. 2019. Disponível em: https://www.cadernosdeto.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/2573/1114. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). A oferta desses programas, uma vez que conjugam a produção do conhecimento com a formação de recursos humanos, pode ser um grande aliado na busca por soluções para problemas regionais e nacionais (Rodacki, 2015RODACKI, A. L. Editorial. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Calos, v. 23, n. 2, p. 235-236, 2015. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/1324/604. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

Considerando-se as particularidades dos programas, o ponto convergente é a possibilidade de aumentar a produção do conhecimento no campo da Terapia Ocupacional, que permanece um objetivo desafiador, a fim de que a profissão consolide sua legitimidade acadêmico-científica. Visando contribuir para essa discussão, este estudo se propôs a caracterizar as dissertações defendidas no primeiro programa de pós-graduação em Terapia Ocupacional, esboçando-se, assim, aspectos sinalizadores do perfil da produção alcançada pela área ao longo de nove anos de implementação do programa.

2 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo exploratória com abordagem quantitativa. Esse tipo de pesquisa foi utilizado em trabalhos anteriores para analisar a literatura científica produzida pela profissão (Lopes et al., 2016LOPES, R. E. et al. A divulgação do conhecimento em terapia ocupacional no Brasil: um retrato nos seus periódicos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 24, n. 4, 2016. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/1513/780. Acesso em: 31 mar. 2024.
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; Folha et al., 2017FOLHA, O. A. A. C, et al. Mapeamento de artigos publicados por TO brasileiros em periódicos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 358-367, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/135218/138060. Acesso em: 31 mar. 2024.
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, Folha et al., 2019FOLHA, O. A. A. C. et al. Caracterização de publicações científicas sobre terapia ocupacional em periódicos não específicos da profissão no período de 2004 a 2015. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 3, p. 650-662, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GK3cYCWsNpQmwskbndFSXLz/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

A amostra foi composta pelas dissertações defendidas no primeiro programa de pós-graduação stricto sensu em Terapia Ocupacional, mestrado acadêmico de uma universidade pública brasileira. À época da coleta de dados (março de 2020), embora estivesse disponível no repositório as teses da primeira turma do doutorado (iniciado em 2015), optou-se por trabalhar exclusivamente com o acervo das dissertações produzidas até dezembro de 2019.

2.1 Procedimento de coleta de dados

Os dados foram acessados no site do departamento de Terapia Ocupacional da referida universidade, especificamente na aba pós-graduação. Investigou-se o volume total de dissertações defendidas desde a primeira turma, em 2012, até 2019. Para fins de caracterização consideraram-se:

  1. o número de dissertações produzidas por ano;

  2. o financiamento: foram consultadas em todas as dissertações se havia menção/agradecimento aos órgãos de pesquisa pela concessão de bolsa;

  3. o tema das dissertações, baseados nos objetivos elencados, foram pensados a partir de categorias listadas em estudos anteriores (Borell et al., 2012BORELL, L. et al. Qualitative aproachs in occupational therapy research. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 19, p. 521-529, 2012. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/11038128.2011.649782. Acesso em: 31 mar. 2024.
    https://www.tandfonline.com/doi/full/10....
    ; Folha et al., 2019FOLHA, O. A. A. C. et al. Caracterização de publicações científicas sobre terapia ocupacional em periódicos não específicos da profissão no período de 2004 a 2015. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 3, p. 650-662, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GK3cYCWsNpQmwskbndFSXLz/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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    ), sendo elas: Avaliação: estudos destinados à avaliação incluindo a descrição, adaptação transcultural e propriedades psicométricas de instrumentos de medida (Folha et al., 2018FOLHA, O. A. A. C. et al. Quem são nossos(as) mestres(as) e doutores(as)? Formação pósgraduada e atuação profissional de terapeutas ocupacionais no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 92-103, maio-ago. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/145693/150539. Acesso em: 31 mar. 2024.
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    ) e estudos que buscaram avaliar uma condição de saúde ou ocupacional ou outra; Intervenção: estudos de prognóstico e descrição situacional do público investigado, utilização de recursos, técnicas, métodos e processos de tratamento, bem como a descrição da efetividade das intervenções; Serviços: descrição de serviços, programas e ações; Formação: metodologias de ensino e experiências da formação profissional em terapia ocupacional; Fundamentos: aspectos teóricos e históricos relacionados à constituição e à prática da terapia ocupacional e também a percepção dos profissionais sobre sua prática (Folha et al., 2019FOLHA, O. A. A. C. et al. Caracterização de publicações científicas sobre terapia ocupacional em periódicos não específicos da profissão no período de 2004 a 2015. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 3, p. 650-662, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GK3cYCWsNpQmwskbndFSXLz/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
    https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GK3cYCW...
    ); Condições de vida: foco na situação de vida de pessoas ou grupos (Borell et al., 2012BORELL, L. et al. Qualitative aproachs in occupational therapy research. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 19, p. 521-529, 2012. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/11038128.2011.649782. Acesso em: 31 mar. 2024.
    https://www.tandfonline.com/doi/full/10....
    ). Este tema foi nomeado pelas autoras como contexto. O tema Política Pública foi acrescentado para marcar os estudos que se ativeram às ações, metas e planos que os governos (Federal, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar social;

  4. o método: consultou-se em cada dissertação a seção método/metodologia/procedimentos metodológicos e congêneres a fim de checar a natureza do método utilizado, se quantitativo, qualitativo ou misto;

  5. a publicação: para investigar se a pesquisa desenvolvida na dissertação resultou em publicação no formato de artigo, consultou-se o currículo do orientador na Plataforma Lattes checando se havia produção em parceria com o orientando. Em caso positivo, acessava-se o artigo a fim de verificar se havia menção de que o artigo decorria da dissertação desenvolvida no programa. Esta informação era fornecida, com mais frequência, mas nem sempre, quando a publicação ocorria nos periódicos específicos da terapia ocupacional. Nos demais veículos de publicação, amiúde, não se fazia menção explícita à dissertação, no entanto, foi possível constatar que o objetivo, a metodologia e a amostra do artigo eram equivalentes aos da dissertação, deduzindo-se que o artigo era um produto da dissertação. Foram consultados também os periódicos nacionais pioneiros de Terapia Ocupacional: a Revista de Terapia Ocupacional da USP e os Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, por meio dos nomes do professor e do acadêmico.

2. 2 Análise dos dados

Organizou-se um banco de dados com as informações em planilha do Excel e realizou-se a análise quantitativa por meio de estatística descritiva (frequência absoluta e relativa).

3 Resultados

Foram acessadas 107 dissertações concluídas num período de oito anos (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição das frequências absoluta e relativa de dissertações defendidas/ano

Os dados referentes ao financiamento estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2
Distribuição das frequências absoluta e relativa do financiamento/ano

Quanto à origem do financiamento, 95,7% foram provenientes da Capes e 4,3%, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

No tocante à publicação das pesquisas em periódicos, constatou-se que 65,4% das dissertações defendidas resultaram em publicações, conforme registrado na Tabela 3.

Tabela 3
Distribuição das frequências absoluta e relativa das publicações (artigos) /ano

Os temas das dissertações estão ilustrados na figura 1.

Figura 1
Distribuição dos temas das dissertações

Quanto ao método da pesquisa, verificou-se que prevaleceu a metodologia qualitativa, sendo os principais procedimentos de coleta as entrevistas, a análise documental e a revisão bibliográfica, conforme exibido na Figura 2.

Figura 2
Descrição dos métodos de pesquisa utilizadas

4 Discussão

Considerando-se as cento e sete dissertações produzidas no período analisado, o primeiro curso de pós-graduação específico em Terapia Ocupacional obteve a média de 13,4 dissertações por ano ao longo de oito anos. Verificou-se um número de dissertações acima da média no início das defesas, com 17 dissertações em 2012 e 18 dissertações em 2014. Esse dado compõe, parcialmente, o cenário descrito no estudo de Folha et al. (2018)FOLHA, O. A. A. C. et al. Quem são nossos(as) mestres(as) e doutores(as)? Formação pósgraduada e atuação profissional de terapeutas ocupacionais no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 92-103, maio-ago. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/145693/150539. Acesso em: 31 mar. 2024.
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que constataram que, em âmbito nacional, nesses anos houve o maior número de terapeutas ocupacionais concluindo o mestrado, com 91 e 88 profissionais, respectivamente.

Conjugando-se os resultados da pesquisa em tela com a publicação de Folha et al. (2018)FOLHA, O. A. A. C. et al. Quem são nossos(as) mestres(as) e doutores(as)? Formação pósgraduada e atuação profissional de terapeutas ocupacionais no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 92-103, maio-ago. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/145693/150539. Acesso em: 31 mar. 2024.
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, pode-se afirmar que o programa de pós-graduação da universidade que foi consultado neste estudo contribuiu, em 2012, com a formação de 18,6% dos mestres em Terapia Ocupacional, e em 2014, com 20,5%. Esse dado revela que expressiva parcela dos terapeutas ocupacionais continua buscando qualificação em áreas correlatas, talvez, ainda em virtude da pouca oferta de programas específicos e concentrados na região sudeste.

Por outro lado, nos anos de 2017, 2018 e 2019, constatou-se menor volume na produção de dissertações, foram 11, 12 e 10 defesas respectivamente conforme ilustrado (Figura 1). Este dado também é corroborado na pesquisa de Folha et al. (2018)FOLHA, O. A. A. C. et al. Quem são nossos(as) mestres(as) e doutores(as)? Formação pósgraduada e atuação profissional de terapeutas ocupacionais no Brasil. Revista de Terapia Ocupacional Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 92-103, maio-ago. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/145693/150539. Acesso em: 31 mar. 2024.
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, que, avaliando o intervalo de 2012 a 2017, aponta nesse último ano o menor número de terapeutas ocupacionais que concluíram o mestrado. Uma publicação recente de Marques (2022)MARQUES, F. Crise na geração de recursos humanos. REVISTA FAPESP, São Paulo, Edição 315, p. 28-35, maio, 2022. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/crise-na-geracaode-recursos-humanos/. Acesso em: 31 mar. 2024.
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pode auxiliar na compreensão desse cenário. Mediante o abalo no sistema de pós-graduação brasileiro causado pela pandemia de COVID-19, identificou-se uma redução de 15% no quantitativo de pessoas que receberam o título de mestre e de 18% no título de doutor, no entanto, os sinais dessa crise já se manifestavam antes do quadro de emergência sanitária. Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) constataram que, entre os anos de 2009 e 2020, embora tenha ocorrido crescimento no contingente de formandos, houve redução de matrículas, entre 2016 e 2019, nos programas de notas mais elevadas e incremento nas taxas de desistência e de desligamento. Ainda sem a total clareza sobre a ocorrência desse fenômeno, os especialistas chamam atenção para fatores conjunturais, como o arrefecimento da economia, e também para questões estruturais que englobam o valor depreciado das bolsas concedidas pelas agências federais de financiamento à pesquisa e a reversão da expectativa dos estudantes quanto à carreira docente (Marques, 2022MARQUES, F. Crise na geração de recursos humanos. REVISTA FAPESP, São Paulo, Edição 315, p. 28-35, maio, 2022. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/crise-na-geracaode-recursos-humanos/. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

Os dados da pesquisa em tela revelam que, até 2019, 67,3% dos projetos de pesquisa executados tiveram bolsas das agências de fomento, principalmente da Capes, a despeito da conjuntura desfavorável para o ensino superior nos últimos seis anos, que ameaça a perspectiva de desenvolvimento da produção da pesquisa no país em diversas áreas. A alta porcentagem de financiamento de bolsas sugere que o pioneirismo do curso é marcado pelo investimento do corpo docente na orientação de projetos de pesquisa com relevância social.

No tocante à publicação dos resultados das dissertações, constatou-se que 65,4% das dissertações concluídas resultaram em publicação no formato de artigo, embora não houvesse necessariamente uma correspondência direta entre obter financiamento e conseguir publicar, conforme indicam as tabelas 2 e 3. Para abordar essa “dobradinha” entre publicação e financiamento, é interessante citar a experiência do Reino Unido, onde a Terapia Ocupacional conta com uma Fundação de Pesquisa que oferece bolsas, exigindo dos pesquisadores a submissão de artigo em um periódico inglês e a submissão de resumo a um evento anual das faculdades de terapia ocupacional inglesas. Desse modo, verificou-se que a maioria dos pesquisadores publicaram em diversos periódicos e divulgaram descobertas em conferências (Sainty, 2013SAINTY, M. Research impact: a United Kingdom Occupational Therapy Research Foundation perspective. British Journal of Occupational Therapy, EUA, v. 76, n. 12, p. 528-537, 2013. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.4276/030802213X13861576675204. Acesso em: 31 mar. 2024.
https://journals.sagepub.com/doi/10.4276...
). Além da publicação, outros impactos importantes das pesquisas financiadas revelados nesse estudo inglês referem-se ao uso dos resultados das pesquisas em atividades educacionais, ao estabelecimento de parcerias colaborativas em termos da aplicação clínica dos resultados de pesquisa e ao surgimento de oportunidades para o financiamento subsequente ou outros projetos. Embora não seja possível fazer esta correlação com a pesquisa em tela, pode-se inferir que deve haver semelhanças da interface que se estabelece entre a produção das dissertações com o ensino da graduação, ou seja, este último tende a ter sua qualidade aprimorada. É importante ainda se atentar à afirmativa de que deixar de publicar, por qualquer razão, é romper um elo do processo e, consequentemente, interromper um avanço da área de pesquisa em que o ciclo se insere (Meneghini, 2012MENEGHINI, R. Publicação de periódicos nacionais de ciência em países emergentes. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 28, n. 2, p. 435-442, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/yK68MmT5KfQsdzn9bcbzKMr/?lang=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
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).

Examinou-se que, do total de publicações, 70% dos artigos foram publicados em periódicos nacionais específicos de Terapia Ocupacional. Quanto aos possíveis fatores que influenciam a centralização dessa publicação, pondera-se o fato de que a produção de conhecimento gerada por este programa de pós-graduação stricto sensu, mestrado é um importante canal de fomento à edição do principal periódico nacional da profissão. Outro ponto passível de análise é que o perfil de docentes com expertise para publicação em periódicos de maior impacto está em processo de constituição, e conta-se, portanto, com um grupo ainda reduzido com a produção acadêmica que atenda às suas exigências.

A despeito da preponderância das publicações em revistas nacionais específicas da profissão, a literatura revela que tem ocorrido uma expansão da publicação por parte dos terapeutas ocupacionais brasileiros, sobretudo originada das IES, principalmente das públicas (Lopes et al., 2016LOPES, R. E. et al. A divulgação do conhecimento em terapia ocupacional no Brasil: um retrato nos seus periódicos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 24, n. 4, 2016. Disponível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/1513/780. Acesso em: 31 mar. 2024.
https://www.cadernosdeterapiaocupacional...
; Folha et al. 2017FOLHA, O. A. A. C, et al. Mapeamento de artigos publicados por TO brasileiros em periódicos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 358-367, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/135218/138060. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). De acordo com Folha et al. (2017)FOLHA, O. A. A. C, et al. Mapeamento de artigos publicados por TO brasileiros em periódicos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 358-367, set./dez. 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/135218/138060. Acesso em: 31 mar. 2024.
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, no ano de 2016, foram divulgados mais estudos do que toda a publicação realizada até 2000, expressando a tendência de crescimento observada no cenário nacional.

Considerando-se que ciência e educação ainda são temas periféricos na agenda político-econômica brasileira e fazer pesquisa é sempre um desafio, o quantitativo de dissertações que foram beneficiadas com bolsas e o volume de publicações produzidas delineiam, a despeito das limitações ainda presentes, o investimento da Terapia Ocupacional rumo à consolidação e reconhecimento deste campo de atuação e pesquisa.

Na pesquisa em tela, constatou-se que os temas de estudo, cuja abrangência abarcou sete categorias, versaram com mais frequência sobre avaliação, contexto e fundamentos (67,3%), conforme ilustrado na Figura 1, sublinhando-se que eles se entrelaçavam com frequência. Destaca-se, no entanto, que a análise realizada pelas autoras, quanto à categorização dos temas, está sujeita a interpretação diferente por outros pesquisadores, pois, embora contando com conceitos para classificar os estudos, checou-se que a redação dos objetivos por vezes dificultava a identificação do tema.

Ilustrando os estudos sobre avaliação, pode-se citar a pesquisa sobre os efeitos do posicionamento em tilt e recline na distribuição da pressão em assento de pessoas com tetraplegia, ou a pesquisa sobre a avaliação da acessibilidade de idosos em suas residências. A adaptação transcultural de questionários, como a do instrumento Functional Mobility Assessment (FMA), foi também um estudo de avaliação desenvolvido.

O tema de estudo classificado como contexto abrangeu pesquisas sobre a história de vida de jovens que fazem uso de drogas ilícitas e suas redes sociais, assim como teve o objetivo de conhecer os caminhos do cotidiano de adolescentes após o cumprimento de medida socioeducativa em meio fechado, ou ainda, a vida econômica e as dinâmicas das trocas cotidianas de mulheres africanas que escolheram São Paulo para residir, entre outros assuntos. Essa temática, que envolve populações em situações de vulnerabilidade social, é historicamente muito presente nos campos teórico e prático da Terapia Ocupacional, dada a nossa inserção em um país que se mantém socialmente desigual, com altos índices de desemprego, violência, baixa escolarização, dentre outros indicadores que comprometem a participação ocupacional no cotidiano (Drummond; Cruz, 2018DRUMMOND, A. F.; CRUZ, D. M. C. History of occupational therapy in Brazil: inequalities, advances, and challenges. Annals of International Occupational Therapy, EUA, v. 1, n. 2, p. 103-112, 2018. Disponível em: https://journals.healio.com/doi/epdf/10.3928/2476122220180409-01. Acesso em: 31 mar. 2024.
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). Deve-se sublinhar que tais pesquisas são relevantes à medida que podem facilitar tomadas de decisões e promover mudanças em políticas sociais.

As dissertações que abordaram os fundamentos da profissão podem ser exemplificadas, dentre outras, pela pesquisa sobre os processos da produção de conhecimentos sobre a terapia ocupacional brasileira por meio de trajetórias profissionais, produções, concepções e perspectivas teórico-metodológicas, e pelo estudo acerca da análise dos usos e dos conceitos dos termos atividade, ocupação e cotidiano na Terapia Ocupacional no Brasil.

A composição desta trinca de temas mais estudados - avaliação, contexto, fundamentos -, reconhecendo-se suas particularidades e sem desmerecer os demais assuntos, parece sugerir a importância deste programa de pós-graduação específico em Terapia Ocupacional como um lócus, acadêmico próprio para tratar de questões que conferem identidade à profissão. Concomitantemente, pode também revelar a necessidade de ajustar as lentes, a fim de desenvolver mais pesquisas que investiguem as intervenções e outros temas, que destaquem a relevância social da profissão e alavanquem a publicação de artigos em periódicos de qualidade ampla e internacionalmente reconhecida.

Embora a atuação clínica do terapeuta ocupacional frente às diferentes condições de saúde da população legitime as intervenções dos terapeutas ocupacionais em um vasto campo de prática, o tema intervenção foi abordado com menor frequência (10,3%) nas dissertações e, em sua maioria, referiu-se ao público infanto-juvenil. Dentre as pesquisas desenvolvidas, um estudo versou sobre os efeitos de um programa de intervenção domiciliar na satisfação, na qualidade de vida e nas ocupações de cuidadores de adolescentes com paralisia cerebral. Outra pesquisa focou em discutir as práticas de cuidado desenvolvidas nos Centros de Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSij) para as crianças e adolescentes em sofrimento psíquico intenso.

Esse dado vai ao encontro da constatação de que a produção sobre a clínica da Terapia Ocupacional, ou seja, o que o terapeuta ocupacional faz, como faz e por que intervém, ainda é pouco frequente no âmbito nacional. Diferentemente da pesquisa de Folha et al. (2019)FOLHA, O. A. A. C. et al. Caracterização de publicações científicas sobre terapia ocupacional em periódicos não específicos da profissão no período de 2004 a 2015. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 27, n. 3, p. 650-662, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GK3cYCWsNpQmwskbndFSXLz/?format=pdf⟨=pt. Acesso em: 31 mar. 2024.
https://www.scielo.br/j/cadbto/a/GK3cYCW...
, que caracterizou as publicações de Terapia Ocupacional em periódicos não específicos da profissão, cuja origem dos textos foi principalmente de países da América do Norte (70%), identificou-se que 66,67% das produções tinham como assunto principal a discussão sobre estratégias de intervenção em terapia ocupacional.

Conforme destaca a Agenda de Pesquisa em Terapia Ocupacional dos Estados Unidos (Occupational [...], 2011OCCUPATIONAL Therapy Research Agenda. American Journal of Occupational Therapy, EUA, v. 65, n. 6 (supplement), p. S4-S7, nov./dec. 2011. Disponível em: https://research.aota.org/ajot/article-abstract/65/6_Supplement/S4/5617/Occupational-Therapy-ResearchAgenda?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 31 mar. 2024.
https://research.aota.org/ajot/article-a...
), é dada prioridade às pesquisas sobre intervenção em virtude ao imperativo de que a eficácia e a efetividade das intervenções sejam verificadas, a fim de atender às demandas dos clientes. Segundo esta fonte, a prática da ciência em Terapia Ocupacional é incipiente, e a prioridade definida é incluir trabalho que conduza à eficácia mediante pesquisa sob condições firmemente controladas ou ensaios de eficácia com pesquisa sob condições do mundo real. Nesses termos, foi identificado somente um estudo experimental e randomizado controlado, cujo objetivo foi comparar os efeitos da terapia por contensão induzida modificada na funcionalidade e no desempenho ocupacional pós Acidente Vascular Cerebral (AVC) crônico. Pondera-se que pesquisas desta natureza e com este rigor, como estudos clínicos, talvez tenham mais chances de serem desenvolvidas em projetos de doutorado, devido à necessidade de mais tempo.

O método de pesquisa utilizado para o desenvolvimento desse estudo foi predominantemente qualitativo, de natureza descritiva e exploratória, o que vai ao encontro da divulgação feita por Borell et al. (2012)BORELL, L. et al. Qualitative aproachs in occupational therapy research. Scandinavian Journal of Occupational Therapy, London, v. 19, p. 521-529, 2012. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.3109/11038128.2011.649782. Acesso em: 31 mar. 2024.
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, de que a maioria dos estudos qualitativos descrevem e categorizam os dados, diferentemente dos estudos interpretativos, que podem resultar no desenvolvimento de novos conhecimentos que contribuam para a profissão. Ressalta-se que os dados da pesquisa em tela tratam da produção de dissertações de mestrado, cujo escopo difere das teses de doutorado, pautada pelo caráter de ineditismo e com prazo maior para o desenvolvimento da pesquisa, o que, talvez, possa resultar em estudos explicativos.

Embora o programa já disponha de um acervo maior de dissertações, incluindo os últimos três anos (2020 a 2022), e conte também com as teses defendidas desde 2017 - sobre as quais esta pesquisa não se debruçou -, a discussão aqui desenvolvida é importante para balizar estudos futuros e avançar no aprofundamento da produção de pesquisa em Terapia Ocupacional e sua aplicação em cenários da formação e da prática. Cientes desta produção, cabe refletir sobre quais estratégias poderão ser lançadas para aprimorar o programa e obter resultados que consolidem sua importância na área.

5 Considerações Finais

O mapeamento e a discussão das dissertações defendidas até 2019 no curso de pós-graduação stricto sensu específico em Terapia Ocupacional endossou que está em curso a trajetória de produção do conhecimento, aferindo-se um importante volume de trabalhos executados com financiamento e que geraram publicações.

O resultado evidenciado nesta pesquisa, reconhecendo-se os esforços envidados por docentes e discentes para fomentar a produção científica em Terapia Ocupacional, aponta que a profissão começa a adquirir um outro contorno rumo à ampliação e consolidação de sua relevância acadêmica e social. Nesse sentido, acessar as dissertações revelou um horizonte de saberes que podem ser utilizados tanto em recursos de ensino quanto clínicos.

A esse desafio de aplicar o conhecimento produzido na pós-graduação em cenários de formação e prática profissional, somam-se a manutenção e o aprimoramento dos programas em curso, a oferta de novos programas para além da região sudeste, o exercício da publicação dos resultados das pesquisas, inclusive em âmbito internacional, e o investimento na qualificação de seus periódicos locais.

Referências

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Editor de Seção: Rafael Angelo Bunhi Pinto | Editor de Layout: Silmara Pereira da Silva Martins

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    29 Maio 2023
  • Aceito
    21 Fev 2024
  • Revisado
    03 Jun 2024
Publicação da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e da Universidade de Sorocaba (UNISO). Rodovia Raposo Tavares, km. 92,5, CEP 18023-000 Sorocaba - São Paulo, Fone: (55 15) 2101-7016 , Fax : (55 15) 2101-7112 - Sorocaba - SP - Brazil
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