RESUMO
O presente artigo parte de várias considerações de Bakhtin a respeito do discurso romanesco (especialmente aquelas presentes nos textos Epos e romance e em O discurso no romance) a fim de compreender alguns aspectos discursivos do Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Procede-se, então, a uma comparação com o discurso de outra obra que reproduz parcialmente o Dom Quixote: o conto Pierre Menard, autor do Quixote, de Jorge Luis Borges. Por fim, discute-se brevemente o problema da quase ausência do Dom Quixote nas discussões de Bakhtin sobre o romance, apresentando-se a hipótese de Walter Reed de que, tal como no conto de Borges, a própria teoria bakhtiniana também reproduz parcialmente o peculiar pensamento do Quixote.
PALAVRAS-CHAVE:
Heterodiscurso; Dialogismo; Miguel de Cervantes; Jorge Luis Borges