RESUMO
Neste artigo, partindo de discussões da ironia como estratégia discursiva, propomo-nos a analisar se, e como, a ironia serve de zona de diálogo e de tensão entre diferentes vozes/dizeres, evidenciando-se como um discurso de resistência da mulher. Para tanto, partimos do entendimento de linguagem do chamado Círculo de Bakhtin e das discussões sobre ironia como estratégia discursiva, além de considerações sobre a chamada cultura do estupro e os mitos a ela relacionados. Tomamos como corpus comentários de mulheres nos quais a ironia se faz presente, surgidos a partir de postagem anônima no Facebook, em páginas do tipo spotted1 1 Página que publica postagens de forma anônima. . A partir da análise dos dados, foi possível perceber que, por meio da apropriação dos discursos-mitos relacionados à cultura do estupro, as mulheres instauraram em seus enunciados zonas de tensão entre dizeres, caracterizando a ironia como discurso de resistência da mulher contra discursos machistas.
PALAVRAS-CHAVE:
Ironia; Discursos-mitos machistas; Ironia-resistência da mulher